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Capítulo 2. Sistema de coincidências

2.4. Fontes radioactivas e electrónica nuclear do sistema de coincidências

2.4.3. Unidade ACEMate 925-SCINT

Figura 2.15 Painel frontal (em cima) e traseiro (em baixo) da unidade ACEMate modelo 925-SCINT (adaptado de [28]). O ACEMate é um dispositivo autónomo da ORTEC que incorpora a sua própria fonte de tensão, pré-amplificador de baixo ruído, amplificador, discriminador diferencial (SCA), monitor de taxas de contagens, fonte de alimentação de alta tensão e um mostrador digital que permite monitorizar estas funções. Esta unidade permite a ligação directa por cabo coaxial a MCAs e a bases

de PMTs como o modelo 266 da ORTEC utilizado. De seguida descrevem-se dos componentes anteriores, os mais importantes para o sistema PET montado.

Pré-amplificador (linear)

À entrada da cadeia de amplificação, a função principal do pré-amplificador é “amplificar” os sinais provenientes do detector adicionando a menor quantidade possível de ruído. Uma vez que o sinal de entrada no pré-amplificador é geralmente fraco, estes são normalmente montados o mais próximo possível dos detectores. Desta forma reduz-se a captação de campos electromagnéticos e minimiza-se a capacidade dos cabos, melhorando assim a relação sinal - ruído. Nos detectores cintiladores onde há amplificação considerável antes de se entrar no pré-amplificador, o ganho e baixo ruído deste componente são menos críticos, efectuando principalmente neste caso um ajuste de impedâncias ente o detector e a restante electrónica [29]. O pré-amplificador convencionalmente não efectua formatação do impulso de saída [4].

O pré-amplificador do ACEMate é não inversor e a sua entrada com acoplamento AC está protegida por díodos contra picos de alta tensão positivos ou negativos. A ligação da base do PMT ao pré-amplificador é feita através do painel traseiro do ACEMate no conector BNC, LINEAR IN, ilustrado na Figura 2.15. O circuito impresso do ACEMate ilustrado no Anexo 4, incorpora um switch PWB (Printed Wiring Board) que permite alterar entre o pré-amplificador interno (posição IN) e um externo (posição OUT). Quando definido para a posição OUT, o ACEMate conduz o sinal directamente para o amplificador interno deste dispositivo [28].

Amplificador (linear)

O amplificador tem duas funções principais: primeiro amplifica o sinal do pré-amplificador e depois formata-o numa forma conveniente a ser processado. Em ambos os casos o amplificador deve sempre preservar a informação de interesse. No caso de experiências de medida em tempo é necessária uma resposta rápida. Quando se pretende informação da amplitude de impulso, o amplificador tem que preservar uma estreita proporcionalidade entre as amplitudes de entrada e saída (amplificador linear) [29].

O amplificador do ACEMate tem uma entrada de baixo ruído e uma saída linear entre 0 e 10 V, utilizando uma grande gama de ganhos possíveis. Este efectua formatação semi-gaussiana e bipolar dos impulsos para eliminar os desvios da linha de base com a mudança das taxas de contagens. A formatação bipolar dos impulsos elimina ainda a necessidade de ajustes de pólo zero, simplificando a configuração do ACEMate. Assim o sinal AMP OUT (conector BNC no painel traseiro do dispositivo com Zsaída <1 e ilustrado na Figura 2.15) é um sinal bipolar de lobo inicial positivo com uma gama de amplitudes que varia entre 0 V e 10 V, e que pode desta forma constituir um sinal de entrada de um MCA. A gama de amplificação neste instrumento é ajustável entre 5 e 1250 através de um switch de seis posições do ganho discreto (COARSE GAIN) e de um potenciómetro de leitura directa de 10 voltas do ganho contínuo (FINE GAIN), ambos no painel frontal do ACEMate. De notar que um switch PWB no circuito impresso do ACEMate (no Anexo 4) permite seleccionar a polaridade positiva ou negativa para o sinal de entrada no amplificador [28].

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Discriminador diferencial (SCA)

O SCA é um dispositivo que filtra sinais analógicos na sua entrada através de dois níveis de discriminação independentes. Como ilustrado na Figura 2.16, um SCA origina um impulso lógico de saída apenas se a amplitude do impulso de entrada se encontrar dentro da banda de amplitudes ou janela seleccionada pela unidade. No ACEMate os níveis de discriminação inferior (LLD) e superior (ULD) podem ser independentemente ajustados nos respectivos potenciómetros localizados no painel frontal [4, 28, 29].

Figura 2.16 Função do SCA: para os três impulsos de entrada ilustrados, apenas o de amplitude intermédia está dentro da

janela de aceitação e origina um impulso lógico de saída. No espectro de energia, apenas os impulsos que se encontram dentro da área a tracejado são aceites (adaptado de [4]).

Em sistemas de contagens o SCA é usado para seleccionar apenas uma gama limitada de amplitudes de todas as geradas pelo detector [4].

Nos SCAs comuns, o tempo em que ocorre o impulso lógico não corresponde ao tempo real de ocorrência do evento e o uso destes impulsos lógicos em aplicações de medida de tempo irá levar a resultados imprecisos. No entanto, o SCA do ACEMate incorpora um método de marcação de tempo na sua concepção, o que permite um impulso lógico correlacionado com o tempo real de ocorrência do evento, facto este importante nas medidas de coincidências neste projecto [4].

Em geral a marcação de tempo por cruzamento com um nível de discriminação fixo, permite a melhor resolução em tempo para impulsos cujas amplitudes estão limitadas a uma gama estreita e cujas características de forma não variam. Quando se processam impulsos numa grande gama de amplitudes este método manifesta um grande desvio em amplitude (“amplitude walk”). O método de marcação de tempo por fracção constante é muito eficaz na redução do desvio em amplitude quando a forma do impulso não muda. Esta técnica substituiu largamente o método de marcação de tempo na passagem por zero, que em comparação com o método por cruzamento com um nível de discriminação fixo reduz em muito o desvio em amplitude, embora à custa de um aumento da flutuação em tempo. O método de marcação de tempo do SCA do ACEMate é o mais simples e directo dos métodos e corresponde portanto ao primeiro caso. Esta unidade gera um impulso lógico de saída no instante de tempo em que ocorre o cruzamento da parte descendente do sinal de saída do amplificador com o LLD [4, 28].

Como referido a entrada do SCA é obtida directamente da saída do amplificador. Este SCA trabalha no modo diferencial no qual o ULD e o LLD podem ser ajustados numa gama dinâmica de 200:1 desde 50 mV até 9,99 V. De notar que um aumento do LLD resultará automaticamente num

aumento do ULD no mesmo valor. Já no caso contrário, a diminuição do ULD só é permitida pelo sistema até ao valor do LLD. Fora destas duas situações, se por exemplo se pretende seleccionar sinais entre 1 V e 2,5 V, o LLD deve ser regulado para 1 V e o ULD para 2,5 V. Como resultado o SCA providencia um sinal SCA OUT (conector BNC no painel traseiro do ACEMate ilustrado na Figura 2.15) compatível com a lógica TTL de amplitude >3 V e de largura 0,5 .

De notar que um jumper PWB no circuito impresso do ACEMate (no Anexo 4), permite seleccionar se o ajuste do LLD é efectuado pelo potenciómetro LL no seu painel frontal ou por um sinal de tensão positiva aplicado ao conector BNC, EXT LL REF, no painel traseiro do dispositivo [28].

Fonte de alta tensão

A fonte de alta tensão do ACEMate fornece a tensão necessária para a correcta operação do PMT acoplado ao cintilador através de um conector SHV, HV OUT, no painel traseiro do dispositivo ilustrado na Figura 2.15. A sua saída em tensão é continuamente ajustável entre 50 V e 2000 V DC por um potenciómetro de precisão de três voltas e cuja polaridade pode ser seleccionada por dois jumpers PWB no circuito impresso do ACEMate (no Anexo 4). No painel frontal um conjunto de díodos emissores de luz (LEDs) indicam a presença da alta tensão e a sua polaridade. A corrente de carga máxima desta fonte é de 1 mA (para os 2000 V). Um switch ON/OFF no painel frontal permite activar e desactivar a alta tensão [28].

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