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Capítulo I – Estudo da cobertura vacinal das vacinas integradas e não integradas no

1.5 Vacinas não incluídas no Programa Nacional de Vacinação

Estão disponíveis algumas vacinas que apesar de não fazerem parte do PNV são recomendadas pelos pediatras e médicos de família, sendo a sua aquisição da responsabilidade dos encarregados de educação. O esquema vacinal para as vacinas não estão incluídas no PNV está representado no anexo III (2).

1.5.1 Vacina contra Rotavírus

Estima-se que morram por ano aproximadamente 600.000 crianças com idade inferior a 5 anos devido a Gastroenterite Aguda (GEA) provocada por Rotavírus. Desta forma torna-se importante a imunização contra este agente de maneira a prevenir a infeção na criança, mesmo não estando esta vacina incluída no PNV. A OMS recomenda a inclusão da vacina em todos os programas nacionais de vacinação, particularmente em países com risco elevado de doença grave e fatal (33).

Existem atualmente em Portugal a comercialização de duas vacinas com estruturas e esquemas posológicos diferentes: RotaTeq® – vacina viva atenuada, oral, pentavalente num regime de 3 doses com intervalo entre elas de 1 mês; Rotarix® – vacina viva atenuada, oral, monovalente num regime de 2 doses com intervalo entre elas de 1 mês. O esquema de vacinação deve iniciar-se depois das 12 semanas de nascimento até aos 6 meses de vida. A vacina apresenta um bom perfil de eficácia e segurança (34).

A vacina confere proteção até pelo menos 2 anos após a sua administração, sendo este período que se manifesta a infeção com maior gravidade. Após este período, não se recomendada a sua administração. Os genótipos do Rotavírus sofrem variações anuais importantes, podendo coexistir várias estirpes de rotavírus numa região (33,34).

1.5.2 Vacina contra Vírus Hepatite A (VHA)

O VHA provoca a forma de hepatite aguda mais frequente mundo. A infeção na criança é vulgarmente benigna e assintomática, o mesmo não se passando no adulto, na qual pode originar uma morbilidade e até mortalidade significativa (35).

Nos países de altamente endémicos (maioritariamente subdesenvolvidos uma vez que a infeção é por transmissão oral-fecal, prevalente em condições sanitárias miseráveis) a infeção afeta crianças desde os primeiros anos de vida. Desta forma a maior parte da população adulta apresenta anticorpos protetores, sendo raro o aparecimento de surtos. Por outro lado, nos países com boas condições sanitárias, na qual a endemicidade é baixa, surgem por vezes casos esporádicos, atingindo estes maioritariamente adultos com consequente aumento da morbilidade e por vezes mortalidade. Assim nestes casos, há maior probabilidade de ocorrência de surtos (35).

A inativada vacina contra VHA é segura, conferindo elevado grau de imunogenicidade e proteção perdurável, não interferindo com outras vacinas. É administrada em duas doses, intramuscularmente na coxa ou no braço, em crianças após os 12 meses de idade uma vez que os anticorpos maternos podem neutralizar a vacina. Deve ser administrada a segunda dose preferencialmente após 1 ano da primeira, pois a resposta imunológica é mais longa. Após a primeira dose, a proteção é alcançada entre 2 a 4 semanas (35,36).

A vacina anti VHA pode ser combinada com a vacina anti VHB. De modo a garantir a prevenção, todas as crianças devem ser vacinadas, no entanto, no caso de crianças, adolescentes ou adultos que viajem para países endémicos ou tenham patologia hepática crónica ou pertençam a comunidade onde seja detetado um surto, todos eles são mais fortemente recomendados a receber a vacina. A vacina é contra indicada em caso de hipersensibilidade à dose anterior (35,36). Uma vez que o reservatório do VHA é maioritariamente humano, é possível a erradicação da doença com auxilio à vacinação universal e à melhoria nas condições sanitárias dos países subdesenvolvidos (35).

1.5.3 Vacina contra Varicela

A vacina viva atenuada contra a varicela é constituída por VVZ (estirpe Oka). Atualmente existem em Portugal duas vacinas contra a varicela a Varivax® e a Varilrix®. O esquema de vacinação recomendado atualmente é por via subcutânea de uma primeira dose entre os 12 meses e os 12 anos e uma segunda dose passando no mínimo 3 meses da primeira. A partir dos 13 anos o intervalo deve ser de 4 ou 6 a 8 semanas dependendo do laboratório (37,38).

Após a vacinação, no intervalo de 2 a 6 semanas após a inoculação, deve-se monitorizar diariamente o aparecimento de erupção cutânea. No caso de surgir deve evitar-se o contato com pessoas que não apresentem imunidade contra a varicela, até que todas as lesões desapareçam (37).

Comprovou-se que a vacina não confere imunidade de grupo, verificando-se ainda a transmissão secundária de vírus vacinal em situações em que se desenvolve uma erupção cutânea vacinal. Pode ainda ocorrer transmissão do vírus selvagem entre vacinados, no entanto nos vacinados que contraiam a doença esta é geralmente mais leve, observando-se inda nos vacinados uma maior proteção contra a sobre-infecção cutânea. Não é espectável que a vacina possibilite erradicar a varicela, uma vez que em cerca de 20% dos vacinados contraem a doença (37,39).

A vacina é contraindicada em caso de reação anafilática a um dose anterior ou algum componente da vacina, imunodeprimidos, grávidas, crianças de idade inferior a 1 ano, doença grave com ou sem febre e pessoas a receber medicamentos com salicilatos, não devendo ser tomados salicilatos até 6 semanas após a vacinação (37,39).

1.5.4 Vacina contra pneumococos

Em Portugal estão disponíveis duas vacinas conjugadas anti pneumocócicas, podendo ser adquiridas nas farmácias, mediante prescrição médica, sem comparticipação: Synflorix® 10 valente que inclui os serotipos 1, 4, 5, 7F, 6B, 9V, 14,18C, 19F e 23F, referida como VCP10 e a Prevenar13® 13 valente que além dos anteriores inclui os serotipos 3, 6A e 19A, referida como VCP13 (40,41).

As vacinas antipneumocócicas são constituídas por antigénios capsulares conjugados com proteínas, sendo administrada por via intramuscular na coxa direita em crianças com menos de 12 meses ou no braço direito em crianças com mais de 12 meses. A resposta à vacina é eficaz em lactentes e crianças com idade inferior a 2 anos, sendo até esta idade que há um maior risco de doença invasiva pneumocócica grave (DIP) (42,43).

De acordo com a European Medicines Agency (EMEA) a VCP10 está autorizada para administração em criança até aos 23 meses de idade para prevenção de DIP e otite média aguda causada pelo S.

pneumoniae, ao passo que a VCP13 está recomendada até aos 5 anos prevenindo, além dos

anteriores, a pneumonia. A vacina polissacárida conjugada recomendada é a VCP13, devido à maior abrangência de serotipos e devido ao facto de 20 % da DIP ser causada pelo serotipo 19A, apenas

contemplado na VCP13. O esquema posológico recomendado é em 3 doses aos 2, 4 e 12-15 meses de idade (42,43).

A vacina é contraindicada em casos de hipersensibilidade às substâncias ativas ou a qualquer dos excipientes. Deve ter-se especial atenção em casos de doença aguda grave com ou sem febre; imunodeficiência; risco potencial de apneia (43).

2. Objetivo

O presente estudo tem como objetivo conhecer a realidade portuguesa relativamente cumprimento das vacinas que fazem parte do PNV, tentando-se identificar possíveis grupos que não vacinam os seus filhos e quais as razões porque não o fazem.

Um outro objetivo do estudo prende-se com a determinação da taxa de cobertura vacinal das vacinas que não estão incluídas no PNV, tentando-se identificar os principais motivos pelos quais os encarregados de educação optam ou não pela administração destas vacinas às suas crianças.