5. Análise da variabilidade das chuvas e do número de dias com chuva
5.6 Variabilidade dos anos-padrão habituais a extremos
A classificação dos anos-padrão habituais, seco, extremamente seco, chuvoso e extremamente chuvoso (ver parâmetros na pág. 71 e 72) com base na série histórica de 1976 a 2011 para os 63 postos estão representados no Quadro 2.
Os resultados das análises de chuva (Quadro 2a) e de NDC (Quadro 2b) concordam com parte das análises apresentadas anteriormente e, fornecem um processo comparativo mais detalhado, uma vez que a classificação desses resultados foi baseada nos valores verificados em cada posto separadamente.
A classificação dos anos-padrão com base na Técnica dos Quantis forneceu uma boa representação de uma variabilidade interanual, principalmente através de ordem máxima (extremamente chuvoso) e mínima (extremamente seco) e associações na pluviosidade com os ENOS.
Quadro 2 - Variação anual dos anos-padrão para os valores de chuva e dos NDC – 1976 a 2011.
Org.: Nascimento Júnior, L.
Quadro 2a - Variação dos anos-padrão para as Chuvas Quadro 2b - Variação anos-padrão para os NDC
Município 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Município 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
CORREGO COMPRIDO CORREGO COMPRIDO
Paranaguá Paranaguá
Antonina Antonina
Morretes Morretes
Adrianópolis Adrianópolis
São José dos Pinhais São José dos Pinhais
Curitiba Curitiba
Rio Branco do Sul Rio Branco do Sul
Quitandinha Quitandinha
Cerro Azul Cerro Azul
Campo Largo Campo Largo
Santana do Itararé Santana do Itararé
Castro Castro
Lapa Lapa
Joaquim Távora Joaquim Távora
Piraí do Sul Piraí do Sul
Tomazina Tomazina
Cambará Cambará
Ponta Grossa Ponta Grossa
Andirá Andirá
Bandeirantes Bandeirantes
São Mateus do Sul São Mateus do Sul
Tibagi Tibagi
Imbituva Imbituva
Leópolis Leópolis
Prudentópolis Prudentópolis
Ibiporã Ibiporã
Bela Vista do Paraíso Bela Vista do Paraíso
Londrina Londrina Arapongas Arapongas Guarapuava Guarapuava Turvo Turvo Palmas Palmas Cambira Cambira Pinhão Pinhão
Manoel Ribas Manoel Ribas
Bom Sucesso Bom Sucesso
Coronel Domingos Soares Coronel Domingos Soares
Paranacity Paranacity
Ivatuba Ivatuba
Campo Mourão Campo Mourão
Clevelândia Clevelândia
Paranavaí Paranavaí
Laranjal Laranjal
Mamborê Mamborê
Rio Bonito do Iguaçu Rio Bonito do Iguaçu
Cianorte Cianorte
Pato Branco Pato Branco
Quedas do Iguaçu Quedas do Iguaçu
Francisco Beltrão Francisco Beltrão
São Pedro do Paraná São Pedro do Paraná
Santa Isabel do Ivaí Santa Isabel do Ivaí
Cascavel Cascavel
Umuarama Umuarama
Salgado Filho Salgado Filho
Assis Chateaubriand Assis Chateaubriand
Planalto Planalto
Palotina Palotina
Entre Rios do Oeste Entre Rios do Oeste
São Miguel do Iguaçu São Miguel do Iguaçu
Pato Bragado Pato Bragado
Marechal Cândido Rondon Marechal Cândido Rondon
Foz do Iguaçu Foz do Iguaçu
Extemamento seco Seco
A variabilidade dos ENOS é constatada de forma bastante clara num padrão de variação que ocorre praticamente em todos os postos, especialmente quando apresenta os anos extremos em 1978, 1983, 1985, 1998, 2006 e 2009.
Outras variações tipo ENOS na variabilidade dos anos-padrões são visualizadas, contudo, seus sinais apresentam também diferentes resultados em boa parte dos postos. Essa consideração é percebida por meio de intervalos entre os anos citados que demonstram uma significativa variabilidade. Essa configuração, por outro lado, não define claramente associações com anos-padrões extremos com os padrões ODP de variabilidade.
Configurações de variação tipo ODP são, de certa forma, observadas no Quadro
4b, que representa a classificação dos anos-padrão para os valores NDC. O predomínio
de anos-padrão secos e extremamente secos de 1999 a 2008 e, outro período com marcada variabilidade com anos-padrão chuvosos e extremamente chuvosos de 1989 a 1998 corroboram para uma possível associação quase decadal as ODP- e ODP+, respectivamente.
O período de 1976 a 1988 apresentou um sinal com alta variabilidade de anos- padrão de NDC, pois praticamente toda a série dos eventos de ENOS pode estar associada à presença de desvios máximos e mínimos em todos os postos.
Essa configuração de não homogeneidade de classes para anos-padrão em ambas variáveis – chuva e NDC - mostram a complexidade já discutida nas seções anteriores. Pode-se inferir que teleconexões conjuguem a gênese e produção das chuvas nessas escalas temporais e espaciais distintas que fazem, por vezes, ter sinal forte e claro em determinadas áreas e anos, enquanto outros podem apresentar padrões contrários e ou habituais.
De forma geral, os anos-padrão habituais somam 27,8% entre as classes e se distribuem por praticamente toda a série histórica. Os anos-padrão secos e chuvosos e, extremamente secos e extremamente chuvosos resultam em suas classes a ocorrência com 25,1% e 11,1 respectivamente. Esses anos-padrão ocorreram, especialmente, em relação aos ENOS para chuva e NDC e, marcam os anos de 1989 a 1998 para chuvoso e, os anos a partir de 1999 para anos-padrão secos, exceto os anos de 2008 a 2010.
Um padrão espacial para as chuvas e NDC é observada nos postos do Litoral e do Primeiro Planalto (Córrego Cumprido, Paranaguá, Morretes, Antonina, Adrianópolis, São José dos Pinhais e Curitiba) que apresentam configurações similares dentre os
mesmos, mas são diferentes em relação aos demais postos do estado. Sendo que a maior variabilidade é observada para NDC quando se direciona ao interior do estado
Os valores pluviométricos máximos e mínimos absolutos mostram uma elevada concentração nos anos de 1983 e 1985, respectivamente. A relação de causa e efeito é que esses dois anos equivalem ao El Niño e La Niña mais fortes das ultimas três décadas.
Os mesmos valores aparecem em outros anos e, também, coincidem com anos de ENOS-, como os de 1978 e 1988, porém apresentam uma variabilidade espacial maior, onde especialmente os postos localizados na Região Norte e Oeste indicaram variações correspondentes.
Sob ENOS+, os anos de 1998 e 2009 apresentaram uma tendência similar, contudo, favorecendo a observação de anos recordes em expressiva variabilidade espacial.
Com relação aos valores recordes de NDC, os recordes máximos foram observados no ano de 1983, coincidente com a ocorrência de ENOS+ naquele ano, com sinal forte nas chuvas. No entanto, foi no ano de 1978 que se apresentaram os recordes de valores mínimos, associados ao ENOS-.
Essas características indicam aspectos específicos das repercussões dos fenômenos para produção de chuva e do número de dias com chuva, bem como seu padrão espaçotemporal. Neste último caso, os valores de NDC também mostram maior variação no espaço e menor variação no tempo, justamente, por que o último possui controles em escala interanual muito associados aos padrões ENOS.