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Vejamos como se constituiu esse povo de marcante influência na civilização

No documento História Da Educação e Da Pedagogia.pdf-1 (páginas 74-116)

ocidental até os tempos presentes.

Contexto histórico

1. A civilização micênica

Desde o início do segundo milênio a.C., a civilização micênica reuniu vários povos, sobretudo os aqueus, que se estabeleceram sob o regime de comunidade primitiva. Com o tempo, a figura do guerreiro adquiriu importância cada vez maior, formando-se uma aristocracia militar cujos chefes mais destacados viviam nos castelos de Tirinto e Micenas. Esta última cidade, no início do século XII a.C., era governada por Agamémnon, que, ao lado de Aquiles e Ulisses, partiu para sitiar e conquistar Troia, no lit- oral da Ásia Menor. No final daquele mesmo século, a invasão dos bárbaros dórios mergulhou a Grécia em um período

Periodização da história da Grécia antiga • Civilização micênica: séculos XX a XII a.C. • Tempos homéricos: séculos XII a VIII a.C. • Período arcaico: séculos VIII a VI a.C. • Período clássico: séculos V e IV a.C. • Período helenístico: séculos III e II a.C.

obscuro até o século IX a.C. Muitos aqueus fugiram para a Ásia Menor, onde foram fundadas colônias que mais tarde prosper- aram pelo comércio.

2. Tempos homéricos

Os tempos homéricos (séculos XII a VIII a.C.) são assim cha- mados porque naquela época teria vivido Homero, talvez no século IX ou VIII a.C. Predominava ainda a concepção mítica do mundo, pela qual se admitia que as ações humanas eram influ- enciadas pelo sobrenatural, pela interferência divina. Os mitos gregos, recolhidos pela tradição, recebiam forma poética e eram transmitidos oralmente pelos cantores ambulantes conhecidos como aedos e rapsodos, que os recitavam de cor em praça pública.

Dentre eles, destacou-se Homero, provável autor das epopei- as llíada e Odisseia. A primeira trata da Guerra de Troia (Ílion, em grego), e a outra relata o retorno de Ulisses (Odisseus, em grego) à ilha de Ítaca, após a Guerra de Troia. Não se pode afirmar com certeza que Homero tenha realmente existido, além de que alguns estudiosos atribuem aquelas obras a vários autores de diferentes épocas, devido às mudanças de estilo nos dois poemas.

Segundo os relatos míticos dessas epopeias, o herói vive na dependência dos deuses e do destino. Ter sido escolhido pelos deuses é sinal de valor e em nada desmerece a virtude, que para os gregos significa força, excelência e superioridade, alvo su- premo do herói. Trata-se da virtude do “guerreiro belo e bom”.

Hesíodo, outro poeta que teria vivido por volta do final do século VIII e princípio do VII a.C., produziu uma obra com cara- cterística já voltada para a época que se iniciou a seguir, ou seja, de busca da própria individualidade. Ainda assim, predomina na sua Teogonia a crença nos mitos.

3. Período arcaico

No período arcaico (séculos VIII a VI a.C.) ocorreram grandes transformações nas relações sociais e políticas, muito diferentes das que se conheciam em outras culturas, propor- cionando a lenta passagem da predominância do mundo mítico para a reflexão mais racionalizada e a discussão. Nesse processo foram importantes algumas novidades, tais como a introdução da escrita, a utilização da moeda, a lei escrita por legisladores, a formação das cidades-estados (póleis) e o aparecimento dos primeiros filósofos, novidades estas responsáveis por uma nova visão do mundo e do indivíduo. Vejamos por quê.

A escrita já existira na Grécia no período micênico, restrita aos escribas, mas desapareceu com a invasão dórica. Ao ressur- gir no final do século IX ou VIII a.C., por influência do alfabeto fenício, gerou uma nova idade mental, ao permitir maior ab- stração, propiciar o confronto das ideias e estimular o espírito crítico. No entanto, isso não significa que a escrita fosse acessível a todos e sim que ocorreu a sua dessacralização (des- ligamento do sagrado) ao mesmo tempo que deixou de ser o privilégio burocrático para uso dos poderosos. Segundo o helenista Jean-Paul Vernant, a escrita “terá correlação dorav- ante com a função de publicidade; vai permitir divulgar, colocar igualmente sob o olhar de todos, os diversos aspectos da vida social e política”.

A invenção da moeda ocorreu entre os séculos VII e VI a.C. devido ao incremento do comércio após a expansão do mundo grego com a colonização da Magna Grécia (atual sul da Itália e Sicília) e da Jônia (atual Turquia). A moeda representou um pa- pel revolucionário por superar o sistema de troca, facilitando a administração dos negócios. Além disso, no campo do

pensamento, constituiu um artifício racional, por estabelecer uma medida comum entre valores diferentes.

As cidades-estados (póleis) surgiram por volta dos séculos VIII e VII a.C. e provocaram grandes alterações na vida social e nas relações humanas. Isso muito se deve aos legisladores Drá- con, Sólon e Clístenes, que instituíram a lei escrita. A grande novidade é que a lei deixa de ser a vontade imutável dos deuses ou da arbitrariedade dos governantes, para ser uma criação hu- mana, sujeita à discussão e a modificações. Para Vernant, a ori- ginalidade da cidade grega é o fato de ela estar centrada na

ágora (praça pública), espaço onde eram debatidos os prob-

lemas de interesse comum.

No final do período arcaico, várias lutas denunciavam a crise social e política que resultou do conflito entre a aristocracia rur- al e os setores populares representados pelos comerciantes em ascensão. As leis escritas, decorrentes das reformas do legis- lador Sólon, favoreceram o acesso dos ricos comerciantes ao poder, e no final do século VI a.C. as reformas de Clístenes de- ram condições para o nascimento, no século seguinte, de uma nova ordem política, a democracia.

Se Esparta e Atenas (…) representaram os dois mod- elos opostos da pólis grega, a florescência das póleis difundiu-se em toda a Grécia (com Corinto, Olímpia, Epidauro etc.), depois desde os limites da atual Tur- quia (com Mileto e Pérgamo), até a Magna Grécia, que compreendia as costas da Puglia (com Brindisi e Taranto), da Calábria (com Crotona), da Sicília (com Siracusa e Agrigento), da Campânia (com Paestum e Eleia). (Franco Cambi)

A pólis se constituiu com a autonomia da palavra. Não mais a palavra mágica dos mitos, concedida pelos deuses, mas a palav- ra humana do conflito, da argumentação. A expressão da indi- vidualidade por meio do debate engendrou a política, libertando o indivíduo dos desígnios divinos, para que ele próprio pudesse tecer seu destino na praça pública. A instauração dessa ordem humana deu origem ao cidadão da pólis.

Decorre daí uma nova concepção de virtude, diferente do val- or do “guerreiro belo e bom”. Se antes a virtude era ética, aristo- crática, agora ela é política, voltada para o ideal democrático da igual repartição do poder.

É bem verdade que nem todas as póleis foram democráticas e mesmo as que o foram sofreram variações no tempo. Mas, ainda que mudasse o regime, permanecia o costume de organizar as- sembleias e estabelecer cargos eletivos.

Finalmente, houve o aparecimento do filósofo, nas colônias gregas. Esses pensadores – entre eles Tales e Pitágoras – tam- bém eram responsáveis por uma “física” nascente e pela formal- ização da matemática e da geometria.

A “filosofia é filha da cidade”, porque surgiu como problemat- ização e discussão de uma realidade antes não questionada pelo mito. O nascimento da filosofia, fato histórico enraizado no passado, achava-se, portanto, vinculado às já citadas transform- ações: a escrita, a lei, a moeda, o cidadão, a pólis, as instituições políticas.

Alguns autores costumam chamar de “milagre grego” a pas- sagem do pensamento mítico para o racional e filosófico. Mais recentemente, porém, outros estudiosos admitem que esse foi um processo preparado lentamente pelo passado mítico e cujas características não desapareceram como por encanto na nova visão filosófica do mundo. Segundo essa nova interpretação, a filosofia na Grécia não é, na verdade, um salto realizado por um

povo privilegiado, mas a culminância de um processo que se fez ao longo de milênios e para o qual concorreram as novidades in- troduzidas na época arcaica.

4. Período clássico

O período clássico (séculos V e IV a.C.) representou o apogeu da civilização grega. A esplêndida produção nas artes, literatura e filosofia delineou definitivamente o que viria a ser a herança cultural do mundo ocidental.

Na política, o auge do ideal grego de democracia é repres- entado por Péricles (século V a.C.), estratego[20]de Atenas. Tratava-se, no entanto, de uma “democracia escravista”, em que apenas os homens livres eram cidadãos. Ora, Atenas tinha cerca

de meio milhão de habitantes, dos quais 300 mil eram escravos e 50 mil, metecos (estrangeiros); excluídos estes, e mais as mul- heres e as crianças, apenas os 10% restantes tinham o direito de decidir por todos. Em todas as atividades artesanais, o braço es- cravo “libertava” o cidadão para que ele pudesse se dedicar às funções teóricas, políticas e de lazer, consideradas mais dignas. 5. Período helenístico

O período helenístico (séculos III e II a.C.) registrou a decadência política. Como vimos, a Grécia nunca constituiu uma unidade política, e as cidades-estados ora se rivalizavam em poder e influência, ora se uniam contra um inimigo comum, como no caso da ameaça persa. Ainda na época clássica, as de- savenças entre as poderosas cidades de Esparta e Atenas cul- minaram em guerra, da qual Atenas saiu derrotada. Dessa situação aproveitou-se o rei Filipe da Macedônia para con- quistar as cidades gregas, também convulsionadas por conflitos internos. Mais tarde, seu filho Alexandre expandiu suas con- quistas pela Ásia e África, formando um império.

Mesmo que a Grécia tenha sido dominada, não podemos falar em destruição da civilização grega. O próprio Alexandre teve como mestre o filósofo Aristóteles e amava a cultura grega. Após a morte precoce de Alexandre, o Grande, em 323 a.C., o império se fragmentou, e por volta dos séculos II e I a.C. os romanos não só se apropriaram desses territórios, mas assimilaram as ex- pressões culturais da civilização grega. A fusão da tradição grega com a oriental, resultante das conquistas alexandrinas, deu ori- gem ao que se chama cultura helenística.

Educação

O grau de consciência de si mesmos alcançado pelos gregos antigos não ocorrera até então em lugar algum. A nova con- cepção de cultura e do lugar ocupado pelo indivíduo na so- ciedade repercutiu no ensino e nas teorias educacionais. De fato, os filósofos gregos voltavam-se para uma formação que desenvolvesse o processo de construção consciente, permitindo ao indivíduo ser “constituído de modo correto e sem falha, nas mãos, nos pés e no espírito”.

A educação grega estava, portanto, centrada na formação in- tegral — corpo e espírito —, embora, de fato, a ênfase se deslo- casse ora mais para o preparo militar ou esportivo, ora para o debate intelectual, conforme a época ou o lugar.

Nos primeiros tempos, quando ainda não existia a escrita, a educação era ministrada pela própria família, conforme a tradição religiosa. Quando se constituiu a aristocracia dos sen- hores de terras, de formação guerreira, os jovens da elite eram confiados a preceptores. Apenas com o surgimento das póleis apareceram as primeiras escolas, visando a atender à demanda por educação. No período clássico, sobretudo em Atenas, a in- stituição escolar já se encontrava estabelecida.

Mesmo que essa ampliação da oferta escolar representasse uma “democratização” da cultura, a educação ainda permanecia elitizada, atendendo principalmente os jovens de famílias tradi- cionais da antiga nobreza ou pertencentes a famílias de comer- ciantes enriquecidos. Aliás, na sociedade escravagista grega, o chamado ócio digno significava a disponibilidade de gozar do tempo livre, privilégio daqueles que não precisavam cuidar da própria subsistência. O que não se confunde com o “fazer nada”, mas sim refere-se ao ocupar-se com as funções nobres de pensar, governar, guerrear. Não por acaso, a palavra grega para escola (scholé) significava inicialmente “o lugar do ócio”.

A educação física, antes predominantemente guerreira, milit- ar, passou a ser orientada sobretudo para os esportes. O hip- ismo, por exemplo, constituía um esporte elegante e restrito a poucos, por ser de manutenção cara. Com o tempo, o atletismo ampliou a participação do público frequentador dos ginásios.

Nas escolas, voltadas mais para a formação esportiva que para a intelectual, o ensino das letras e cálculos demorou um pouco para se difundir. Por volta do século VI a.C. (provavel- mente no século V a.C.), porém, já se tornara bem mais fre- quente. A inversão total do polo predominante na educação — da formação física para a espiritual — ocorreu bem depois no ensino superior, devido à influência dos filósofos.

Como aspecto comum às cidades gregas, a transmissão da cultura não era prerrogativa apenas da família ou das escolas nascentes, sendo as tradições também aprendidas nas inúmeras atividades coletivas. Convém destacar, nessa “comunidade ped- agógica”, a importância do teatro, acessível ao povo, que assistia às tragédias e comédias, bem como dos festivais pan-helênicos, que congregavam visitantes de todas as partes do mundo grego. Dentre os mais concorridos destacavam-se a cada quatro anos os jogos olímpicos, realizados na cidade de Olímpia, e que re- uniam desde o século VIII a.C. as cidades gregas — evento tão valorizado que os conflitos cessavam durante sua rea-lização. Eram educativos também os banquetes e as reuniões na ágora. Esta praça pública, no coração da cidade, servia ao mesmo tempo para o mercado e para as assembleias políticas.

A paideia

A ênfase dada à formação integral deu origem a um conceito de complexa definição, ou seja, à paideia, palavra que teria sido cunhada por volta do século V a.C., mas que exprimia um ideal de formação constante no mundo grego. De início significava

apenas educação dos meninos (pais, paidós, “criança”). Com o tempo, adquiriu nuanças que a tornaram intraduzível. O hel- enista Werner Jaeger, que escreveu uma obra com esse nome (Paideia), diz: “Não se pode evitar o emprego de expressões modernas como civilização, cultura, tradição, literatura ou

educação; nenhuma delas, porém, coincide realmente com o

que os gregos entendiam por paideia. Cada um daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele conceito global e, para abranger o campo total do conceito grego, teríamos de empregá- los todos de uma só vez”[21].

O conceito de paideia, entre os gregos, influenciou o que os romanos, nos tempos de Cícero, iriam chamar de humanitas (ver próximo capítulo) e que abrangia a formação integral do ser humano. É bem verdade que se tratava de uma orientação aris- tocrática, já que os “bem formados” não se ocupavam com as “artes servis”, ofício de escravos.

Apenas no Iluminismo do século XVIII veremos uma tent- ativa de estender a formação humanística a todos, num ideal de educação universal. No mundo contemporâneo, por vivermos uma crise de paradigmas, como veremos no capítulo 12, res- surge o ideal de superar a visão pragmática, utilitária da edu- cação, voltada muitas vezes para a estrita especialização, na busca de uma formação mais abrangente e globalizante.

A seguir, veremos os tipos de educação efetivamente exist- entes no mundo grego, conforme suas modificações no tempo e no espaço.

2. As origens: Homero, “educador da Grécia”

Na época da aristocracia guerreira, descrita sobretudo nas epopeias de Homero, a educação visava à formação militar do nobre. O conceito de virtude possui, nesse período, o sentido de

força e coragem, atributos do “guerreiro belo e bom”, aos quais se acrescentam a prudência, a lealdade, a hospitalidade, bem como a honra, a glória e o desafio à morte. Eram esses os valores de uma sociedade aristocrática que justificava os privilé- gios de uma linhagem nobre, de origem divina.

A criança nobre permanecia em casa até os 7 anos, quando era enviada aos palácios de outros nobres a fim de aprender, como escudeiro, o ideal cavalheiresco. Também se contratavam preceptores, para a formação integral baseada no afeto e no ex- emplo. São clássicas as figuras de Fênix, preceptor de Aquiles, e Mentor, mestre de Telêmaco.

Contrapondo Ulisses, “mestre da palavra”, a Ájax, “homem de ação”, o mestre Fênix recordava ao jovem Aquiles o fim para que foi educado: “Para ambas as coisas: proferir palavras e real- izar ações”. Ou seja, para participar da assembleia dos nobres e atuar nas guerras.

No período arcaico, que se seguiu aos tempos homéricos, e também na época clássica, ainda prevalecia a influência cultural das epopeias na educação. Ao relatar as ações dos deuses, trans- mitiam os costumes, a língua, os valores éticos e estéticos. Dur- ante séculos as figuras paradigmáticas de Telêmaco e Aquiles, por exemplo, serviram de modelo de “excelência moral e física” para os jovens gregos.

De início os poemas, transmitidos oralmente, eram recitados de cor em praça pública, e seu conteúdo oferecia os temas bási- cos de toda educação escolar. Por isso, apesar das restrições que Platão fez à poesia mítica de Homero, não deixou de denominá- lo “o educador da Grécia”.

3. Dois modelos de educação: Esparta e Atenas

Como as póleis eram autônomas politicamente, também o modo de educar variou entre elas. Por questões didáticas,

vamos privilegiar dois modelos radicalmente diferentes: o de Esparta, cidade militarizada, e o de Atenas, iniciadora do ideal democrático.

Diz o historiador da educação Franco Cambi: “Até seus ideais e modelos educativos se caracterizavam de maneira oposta pela perspectiva militar de formação de cidadãos-guerreiros, homo- gêneos à ideologia de uma sociedade fechada e compacta, ou por um tipo de formação cultural e aberta, que valorizava o indi- víduo e suas capacidades de construção do próprio mundo in- terior e social. Esparta e Atenas deram vida a dois ideais de edu- cação: um baseado no conformismo e no estatismo, outro na concepção de paideia, de formação humana livre e nutrida de experiências diversas, sociais mas também culturais e antro- pológicas”[22].

Educação espartana

Esparta era uma importante cidade-estado situada na penín- sula do Peloponeso. Após a fase heroica, ao contrário das de- mais cidades gregas, ainda valorizava as atividades guerreiras, desenvolvendo uma educação severa, orientada para a formação militar.

Por volta do século IX a.C. o legislador Licurgo (cuja existên- cia real é objeto de questionamento) organizou o Estado e a educação. De início, os costumes não eram tão rudes, e o pre- paro militar era entremeado com a formação esportiva e a mu- sical. Com o tempo — sobretudo no século IV a.C., quando Es- parta derrotou Atenas — o rigor da educação acabou assemelhando-se à vida de caserna.

Os cuidados com o corpo começavam com uma política de eu- genia — prática de melhoramento da espécie —, que recomen- dava fortalecer as mulheres para gerarem filhos robustos e

sadios, bem como abandonar as crianças deficientes ou frágeis demais.

Após permanecerem com a família até os 7 anos, as crianças recebiam do Estado uma educação pública e obrigatória. Viviam em comunidades constituídas por grupos de acordo com a idade e supervisionados pelos que se distinguiam no desempenho das tarefas exigidas. Como todos os gregos, os espartanos estu- davam música, canto e dança coletiva.

Até os 12 anos as atividades lúdicas predominavam. Depois, aumentava o rigor da aprendizagem, e a educação física se transformava em verdadeiro treino militar. Os jovens apren- diam a suportar a fome, o frio, a dormir com desconforto, a vestir-se de forma despojada. A educação moral valorizava a obediência, a aceitação dos castigos, o respeito aos mais velhos e privilegiava a vida comunitária. Sob esses aspectos, as organiza- ções da juventude espartana se assemelham bastante às dos Estados totalitários, como o nazismo, no século XX.

Ao contrário dos atenienses, os espartanos não eram dados a refinamentos intelectuais, nem apreciavam os debates e os dis- cursos longos. Aliás, a palavra laconismo, que significa “maneira breve, concisa, de falar ou escrever”, deriva de Lacônia, região onde viviam os espartanos.

De toda a Grécia, eram as cidades de Lacônia as que ofere- ciam maior atenção às mulheres, que participavam das ativid- ades físicas, como exercícios de salto, lançamento de disco, cor- rida, dança. Por ocasião das festividades, exibiam nos jogos públicos toda a força, a beleza e o vigor dos corpos bem treinados.

Educação ateniense

Segundo o historiador grego Tucídides (século V a.C.), Atenas foi “a escola de toda a Grécia”. De fato, a concepção ateniense de

Estado fez surgir a figura do cidadão da pólis. Ao lado dos cuid-

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