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O desenvolvimento inicial da vesícula foi descrito no Capítulo 2. Cerca de 9 semanas pós- concepção, a vesícula vitelina constitui órgão rudimentar conectado ao intestino primitivo (Figura 3.21 C).

Significado da vesícula vitelina. Embora na espécie humana não desempenhe funções de armazenamento de material nutritivo, seu crescimento e diferenciação são essenciais para os seguintes fatores:

Transferir esse material nutritivo para o embrião durante a 2a e a 3a semana, quando não há

ainda a circulação uteroplacentária, apenas a vitelina

hematopoiética se inicia no fígado

Durante a 4a semana, a parte dorsal da vesícula vitelina se incorpora ao embrião, constituindo

o tubo endodérmico, o intestino primitivo; além do sistema digestivo, esse endoderma dará origem ao epitélio da traqueia, dos brônquios e dos pulmões

As células germinativas primitivas aparecem na vesícula vitelina ao início da 3a semana e

subsequentemente migram para desenvolver as gônadas, onde constituem as espermatogônias ou as oogônias.

Destino da vesícula vitelina. Em torno da 12a semana, a pequena vesícula vitelina jaz na

cavidade coriônica entre as vesículas amniótica e a coriônica (Figura 3.21 C). Tipicamente, no fim da 5a semana, ela se separa do intestino primitivo. Com o evoluir da gravidez, reduz-se,

tornando-se sólida e bem diminuta. Pode persistir durante toda a gravidez e ser reconhecida na superfície fetal da placenta, embaixo do âmnio, perto da inserção do cordão umbilical (Figura 3.21 C). Em cerca de 2% dos adultos, a porção intra-abdominal proximal da vesícula vitelina persiste como um divertículo do íleo (divertículo de Meckel).

Alantoide

A alantoide aparece no 16o dia após a fertilização, também como divertículo na zona caudal da

vesícula vitelina (Figura 3.23 A). Durante o 2o mês, a porção extraembrionária degenera, embora

traços possam ser vistos entre as artérias umbilicais, em local próximo ao cordão, por algum tempo.

Figura 3.23 Desenvolvimento e destino da alantoide. A. Três semanas pós-concepção. B. Doze semanas pós-concepção. C. Adulto. (Adaptada de Moore, K.L., 2004.)

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Durante os dois primeiros meses há formação de sangue em suas paredes Seus vasos sanguíneos se transformam nas artérias e veias umbilicais.

Destino da alantoide. A porção intraembrionária se estende do umbigo à bexiga, com a qual mantém continuidade. Quando a bexiga se desenvolve, a alantoide regride para formar tubo espesso, o úraco (Figura 3.23 B). Depois do nascimento, o úraco se transforma em cordão fibroso, ligamento umbilical mediano, que vai do fundo vesical ao umbigo (Figura 3.23 C).

Pontos-chave

Para o obstetra os anexos do feto são três: placenta, cordão umbilical e membranas (âmnio e cório).

A camada funcional do endométrio, modificada pela gravidez, se denomina decídua ou caduca, indicando que será eliminada após o parto. As células do estroma do endométrio são chamadas de células deciduais, ricas em glicogênio e lipídios.

Até o 4o mês de gestação distinguem-se três porções na decídua: basal (corresponde à zona de inserção), capsular (ligada às membranas) e parietal ou vera (restante da cavidade uterina). Após o 4o mês, com o desaparecimento da cavidade uterina, há apenas duas porções: decídua basal e capsular- parietal, indiretamente acoladas.

O trofoblasto constitui o cório, que pode ser dividido em cório liso ou membranoso (logo regride) e frondoso ou placentário (vilosidades coriônicas). A placenta definitivamente formada após o 5o mês é constituída por placa corial, septos (que a dividem em lóbulos ou cotilédones), vilosidades coriais, placa basal (é a própria decídua basal) e espaço interviloso.

Chama-se remodelação das artérias espiraladas a sua transformação nas artérias uteroplacentárias pelo trofoblasto invasivo. O endotélio e a capa musculoelástica são removidos e substituídos por trofoblasto e material fibrinoide em duas ondas de migração: 1a onda (porção decidual) e 2a onda (porção miometrial).

A circulação placentária pode ser dividida em fetoplacentária e uteroplacentária. A circulação placentária materna é feita por 80 a 100 artérias espiraladas que derramam sangue bem oxigenado no espaço interviloso. A circulação placentária fetal é feita pelas artérias umbilicais, que carreiam sangue pobre em oxigênio em direção à placenta, e pela veia umbilical, que retorna ao concepto o sangue bem oxigenado.

A placenta tem quatro funções principais: metabólica, endócrina, de trocas e imunológica.

O cordão umbilical normalmente inserido no centro da placenta é formado por tecido conjuntivo (geleia de Wharton), no qual correm os vasos umbilicais (duas artérias e uma veia) e os remanescentes da vesícula alantóidea e da vitelina; é todo revestido pelo âmnio funicular.

O sistema amniótico é a unidade morfofuncional formada pelo âmnio e pelo líquido amniótico, cujo volume pode atingir 1.000 mℓ próximo do termo. O concepto suspenso pelo cordão umbilical flutua livremente no líquido amniótico, o que lhe permite o crescimento e o desenvolvimento, livre de aderências anômalas.

■ ■ A. Endocrinologia da Gravidez

Secreção endócrina placentária

B. Trocas Materno-ovulares

Trocas transplacentárias Trocas amnióticas

A. Endocrinologia da Gravidez

Dentro do útero gravídico, a unidade decíduofetoplacentária produz uma quantidade extraordinária de hormônios esteroides, proteicos e neuropeptídios. Essas novas unidades conduzem ao fluxo unidirecional de nutrientes da mãe para o concepto, facultam ambiente favorável para o desenvolvimento in utero, o crescimento celular e o amadurecimento, além de sinalizarem o momento em que o produto está pronto para a vida extrauterina.

Em outras palavras, os eventos neuroendócrinos que se desenrolam dentro e entre os compartimentos (materno, fetoplacentário e amniótico) são críticos para o apropriado amadurecimento fetal, o início do parto e a lactação.

Didaticamente, costuma-se dividir a endocrinologia da gravidez em duas fases:

Ovariana: corresponde às primeiras 8 a 9 semanas da gravidez, quando o corpo amarelo gravídico, estimulado pela gonadotrofina coriônica humana (hCG), é o principal responsável

pela secreção de esteroides (Figura 4.1)

Placentária: a partir de 8 a 9 semanas, quando a placenta se incumbe da produção de

esteroides em quantidades crescentes.

O ovário também produz a relaxina, peptídio cuja principal função é, juntamente com a progesterona, inibir a contratilidade espontânea do útero, o que é útil para a manutenção inicial da gravidez.