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CAPÍTULO 4 A pesquisa

4.3. Coleta de dados

4.3.2. Caracterização das organizações de saúde e educação

4.3.2.1. A OSS Vila Maria/Vila Guilherme

A Coordenadoria Regional da região norte do município de São Paulo é formada por cinco Supervisões Técnicas de Saúde, entre as quais, a Vila Maria/Vila Guilherme, que ocupa uma área de 26,4 quilômetros quadrados, correspondendo a 1,75% da área total do município, com população estimada (2007) em 284.337 habitantes, que constitui 2,62% da população municipal. Sua densidade demográfica, de 10.770 habitantes por quilômetro quadrado, é superior à média municipal, de 7.077 habitantes por quilômetro quadrado.

As OSS gerenciam as unidades de Saúde da área de abrangência da Supervisão Técnica de Saúde em que estão inseridas. Na região de Vila Maria/Vila Guilherme, compreendem os distritos administrativos dos bairros Vila Maria, Vila Guilherme e Vila Medeiros, nomeadas como “microrregiões” pertencentes à Coordenadoria Regional Norte de Saúde.

A microrregião presta assistência integral/integrada de atenção básica e assistência médica de média complexidade, com referência e contra referência, a 300 mil moradores da região. Essa assistência é complementada por atendimento terciário prestado pelo Hospital Municipal Vereador José Storopolli, da Vila Maria.

2 Caracterização transcrita na íntegra do site dessa OSS (autoria de Copyright ©2011 PAIS / SPDM. Todos os

A OSS responsável por essa área administra 12 UBSs (Unidades Básicas de Saúde), três AMAs (Assistência Médica Ambulatorial) e uma AMA-E (Assistência Médica Ambulatorial de Especialidades). Duas dessas UBSs possuem o Programa Estratégia Saúde da Família (PSF), uma delas possui Unidade de Referência em Saúde do Idoso (URSI) e Núcleo Integrado de Reabilitação (NIR), e outra unidade possui Centro de Especialidades Odontológicas (CEO). Fundamentam-se todas nos conceitos do SUS e na Lei Federal 10.216/2001.

Desse conjunto, participam desta pesquisa-intervenção as seguintes organizações de saúde:

Unidades Básicas de Saúde (UBS)

As Unidades Básicas de Saúde (UBS) são responsáveis por ações que previnam e promovam a saúde da população de sua área de atuação, por meio de consultas médicas (clínica médica, pediatria e ginecologia), de enfermagem, do serviço social, consultas e procedimentos odontológicos, procedimentos médicos e de enfermagem, tais como imunizações, inalações, curativos, suturas, administração de medicamentos orais e injetáveis, exames ambulatoriais – raios-X, ECG, ultrassom e patologia clínica.

As AMA-Especialidades surgiram para prestar atendimento secundário, como complementação à assistência em nível primário. Têm por objetivo o atendimento aos pacientes, por meio de cartas-referências, encaminhados pelas demais unidades de saúde da região em que atuam e que precisam de atendimentos e tratamentos especializados, atualmente em sete áreas: angiologia, cardiologia, endocrinologia, neurologia, ortopedia, reumatologia e urologia.

Aos médicos especialistas cabe atender a essa demanda, de forma diagnóstica e terapêutica, na grande maioria medicalizante e intervencionista, contando com serviço de apoio diagnóstico e terapêutico - EEG (eletroencefalograma), ECG (eletrocardiograma), holter, teste ergométrico, monitoramento da pressão arterial (MAPA), ultrassonografia, ecodopler cardiograma, vascular periférico e cerebral. Possuem aparelhos de Raio X e farmácia de apoio terapêutico.

A capacidade de atendimento médio mensal prevista é de cerca de 6.500 consultas. A unidade opera de segunda-feira a sábado, das 7h às 19h, e o gerenciamento é feito em parceria com a Organização Social de Saúde sob fiscalização de um conselho gestor municipal, eleito de forma direta e democrática por membros da comunidade assistida, devendo as OSS prestar contas das ações realizadas e a serem promovidas ao conselho gestor eleito e pela coordenadoria regional na qual se insere.

Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPS Infantil)

O CAPS Infantil oferece assistência integral, com atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação e outros) e em grupo (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social); atendimentos em oficinas terapêuticas, visitas e atendimentos domiciliares; atendimento à família e atividades intersetoriais com escolas e abrigos da região.

A equipe do CAPS Infantil, que trabalha de forma integrada com as unidades básicas de saúde e comunidade, está formada por médicos, psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, fonoaudiólogos, psicopedagogos, nutricionistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticos, auxiliares de farmácia e equipe administrativa. Além dos consultórios de atendimento e farmácia, o CAPS conta com laboratórios de informática, cozinha experimental e brinquedoteca.

Esse investimento, estabelecido em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) por meio da Coordenadoria Regional da Área de Atuação e a Organização Social de Saúde da região atendida, permite realizar uma média de 1.200 atendimentos médicos mensais. Os grupos terapêuticos podem atender 600 pessoas/mês.

O CAPS infantil faz parte da Rede de Atenção Psicossocial instituída pela Portaria MS/GM nº 3.088, de 23/12/2011 - uma rede de atenção à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do SUS. A RAPS tem como objetivos gerais: permitir o acesso à atenção psicossocial à população em geral; reintegrar as pessoas que se encontram com transtornos mentais e necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas a suas famílias, mediante postos de atendimento ao usuário e família; promover a articulação e a integração dos pontos de atenção das redes de saúde no território; qualificar o cuidador por meio do acolhimento, do acompanhamento contínuo e da atenção às urgências.

Tem como objetivos específicos: promover saúde mental aos grupos mais vulneráveis (crianças, adolescentes, jovens, pessoas em situação de rua e populações indígenas); prevenir o consumo e a dependência de álcool e outras drogas e favorecer a redução dos danos provocados pelo consumo; promoção da reabilitação, com reinserção das pessoas com transtornos mentais e com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, pelo acesso ao trabalho, à renda e à moradia solidária.

A RAPS encontra-se organizada nos seguintes componentes:

 Atenção Básica em Saúde: UBS, NASF, consultório de rua, centros de convivência e cultura;

 Atenção Psicossocial Estratégica: centros de atenção psicossocial (nas suas diferentes modalidades);

 Atenção de Urgência e Emergência: samu 192; sala de estabilização; UPA 24 horas e portas hospitalares de atenção à urgência/pronto socorro, unidades básicas de saúde;

 Atenção Residencial de Caráter Transitório: unidade de acolhimento; serviço de atenção em regime residencial;

 Atenção Hospitalar: enfermaria especializada em hospital geral; leitos de SM no hospital geral;

 Estratégias de Desinstitucionalização: serviços residenciais terapêuticos; programa “De Volta para Casa”;

 Estratégias de Reabilitação Psicossocial: iniciativas de geração de trabalho e renda; empreendimentos solidários e cooperativas sociais.

Núcleo de Apoio à Saúde da Família

O Município de São Paulo, em 2009, apresentava 10.998.813 habitantes e 1.224 Equipes de Saúde da Família (ESF), distribuídas em 253 Unidades Básicas de Saúde (UBS) das 431 existentes, com potencial de 45% de cobertura populacional.

O processo de implantação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família no Município de São Paulo (MSP) iniciou-se em julho de 2008 com proposta de 86 equipes. Embasadas na Portaria 154/MS de 24 de janeiro de 2008, as cinco Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS) preparam as categorias profissionais transdisciplinares para compor os NASF de suas regiões, de acordo com o perfil epidemiológico, quantidade de serviços instalados e estudo das demandas prioritárias de cada área.

Na Zona Norte foram alocadas 12 equipes do NASF, sendo que a região de Vila Maria-Vila Guilherme, nosso objeto de estudo, é assistida por uma única equipe do NASF, responsável pela coordenação compartilhada de três unidades mistas de ESF compostas por UBS e AMA-Especialidades no mesmo território geográfico, com propostas distintas de funcionamento - a primeira, voltada para o atendimento primário, e a segunda, para o atendimento secundário à saúde.

O NASF tem como estratégia ampliar e qualificar o atendimento da comunidade territorial que abrange de forma compartilhada com os componentes da rede de atenção à saúde, e tem como referência a Equipe de Saúde de Família na UBS, a qual atua mediante exercício e compromisso dos atores envolvidos na ação horizontal e transdisciplinar.

Pode ter como apoio matricial o CAPS infantil ou ser o próprio apoio matricial na execução das ações, ou seja, facilitador do vínculo dos usuários ao sistema; pelo compartilhamento das corresponsabilidades nas ações a partir das reuniões de grupo, otimiza- se o sistema de referência e contrarreferência; com isso se pretende maior resolutividade da maioria dos casos na sua área territorial.

O NASF de Vila Maria - Vila Guilherme tem como apoio matricial o CAPS infantil Vila Maria que, juntamente com ESF da UBS Vila Izolina Mazzei, promove aulas, como pré- diagnosticar sinais sugestivos de doenças como TDAH, dislexia, discalculia e disgrafia, e treina professores para aplicação de um teste adaptativo do SNAP IV (Anexo 3), ações medicalizantes que promovem e perpetuam a biologização, vitimização e culpabilização do aluno e família.

Mapa 5- Distribuição dos 86 ENASF e 253 UBS/ESF com 1.224 equipes da Estratégia de Saúde da Família do Município de São Paulo (2009)

O gráfico apresentado a seguir mostra os serviços de saúde promovidos pelas Organizações Sociais de Saúde no município de São Paulo.

Figura 5- Serviços de Saúde promovidos pelas OSSs no município de São Paulo

Do diagrama acima representado participam do objeto de estudo desta tese a Unidade Básica de Saúde (UBS), Centro de Ação Psicossocial Infantil (CAPS) e Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF).