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CAPÍTULO II. O DISCURSO DO DESENVOLVIMENTO PARA AMÉRICA

2.2 O agenciamento da política de desenvolvimento na Colômbia

2.2.1 Violência e progresso econômico na Colômbia

O dia 9 de abril de 1948, o candidato liberal à presidência de Colômbia, Jorge Eliécer Gaitán, morre assassinado a tiros numa rua no centro da cidade de Bogotá. Gaitán representava

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politicamente à esquerda presente dentro do liberalismo colombiano. Com a morte do “tribuno del pueblo” ficou desfeita não só a possibilidade de lograr mudanças que melhorassem a condição de artesãos, operários e camponeses que seguramente levariam ele a ser eleito presidente, mas também a possibilidade de legitimar um sistema político inclusivo e participativo para o país.

O sistema bipartidário que se vinha perpetuando na Colômbia desde o século XIX logrou-se impor mais uma vez, pois se bem Gaitán era, além de candidato, o chefe do partido liberal, as elites liberais consideravam-no um perigo por suas ideias socialistas. Até hoje, juízo nenhum tem acontecido pela morte de Gaitán. Apenas Roa Sierras, o homem que supostamente atirou contra Gaitán, foi apanhado e despedaçado por uma turma dolorida e raivosa que se foi acrescentando com o passar do tempo e que logo se dirigiu ao Palácio Presidencial com a firme intenção de vingar o seu caudilho: eles pediam a cabeça do presidente, o conservador Ospina Pérez.

Porém, os dirigentes liberais, depois de reunir-se com Ospina e acordarem prebendas burocráticas, procuraram calmar a turma, o que deu tempo para que o Exército pudesse salvaguardar o palácio. Enquanto isto acontecia, a IX conferencia Pan-americana realizava-se em Bogotá. A conferência foi suspensa por alguns dias, mas finalmente ela foi encerrada no dia 30 de abril com a assinatura do acordo que criava a Organização dos Estados Americanos (OEA) e com a advertência para os países participantes de que qualquer ajuda econômica ficaria condicionada por um acordo político anticomunista entre as nações das Américas. Se a permanência de Ospina Pérez como presidente da Colômbia foi acordada no interior do sistema bipartidário, isto não impediu que a violência se espalhasse rapidamente por todo o país, tendo como consequência tanto a aparição das guerrilhas liberais seguidoras de Gaitán quanto do reforço das ainda incipientes guerrilhas comunistas, assim como também dos grupos paramilitares simpatizantes do governo conservador, o que ameaçou a já frágil institucionalidade na Colômbia.

Gaitán disse num de seus discursos: “Nenhuma mão do povo se levanta contra mim e a oligarquia não me mata, pois sabe que, se o faz, o país se arruína e as águas demorarão

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cinquenta anos em regressar a seu nível normal".6 Até hoje, depois de cinquenta anos da morte de Gaitán, as águas continuam sem se calmar.

Pode ser certo que a morte de Gaitán foi o fato que detonou as revoltas e desatou a cruel violência no país. Só que a violência já estava acontecendo principalmente nas zonas rurais. Isto era o que Gaitán denunciava às vezes em seus pronunciamentos públicos. O ganho dos comícios presidenciais por parte do conservador Ospina Pérez em 1946, após dezesseis anos de hegemonia liberal, fez que o novo governo iniciasse uma série de mudanças burocráticas no interior do Estado que pudessem garantir uma maquinaria eleitoral para conseguir mais um triunfo nas eleições vindouras.

Essas mudanças, no mais das vezes, aconteciam violentamente, principalmente nas zonas rurais onde existia menos fiscalização por parte dos partidos fortemente centralizados. O mesmo tinha acontecido quando em 1930 o Partido Liberal acabou com a hegemonia conservadora no governo, mas agora os conservadores voltavam ao poder para cobrar as ofensas. Só que em 1946 foi o erro dos liberais, ao apresentar dois candidatos à presidência, Gaitán e Turbay, por divisões internas ao interior do partido, que entregou o poder aos conservadores. Gaitán, que já era chefe único do Partido Liberal em 1947, estava seguro de retomar a hegemonia liberal nas eleições presidenciais de 1950, motivo pelo qual criticou de maneira veemente as estratégias tomadas pelos conservadores com vistas a ganhar adeptos. O assassinato de Gaitán e o não derrocamento do governo conservador por parte das turmas enfurecidas teve como consequência que Ospina tentasse governar oferecendo cotas administrativas aos líderes liberais no seu governo, na procura de que a violência não virasse mais revolta. Porém, a violência não diminuiu no país e em junho de 1949, nas eleições para o Congresso, os liberais conseguiram ser maioria e decidiram se retirar do governo de Ospina para buscarem de imediato controlá-lo a partir do Legislativo, mas em longo prazo pensavam destituí-lo via congresso.

Assim, após um confronto no recinto do congresso entre senadores liberais e conservadores que terminou com a morte a tiros do senador liberal Gustavo Jiménez no dia 8 de setembro de 1949 e da retirada dos liberais das eleições presidenciais próximas por considerar que não

6http://www.elespectador.com/noticias/nacional/y-los-restos-de-gaitan-articulo-232531. Acesso 20 de agosto, 2015. Tradução nossa.

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existiam garantias, o presidente Ospina respondeu impondo o estado de exceção7 e fechou o congresso dias antes das eleições, que aconteceram finalmente o dia 27 de novembro desse ano. Os liberais reagiram armando as guerrilhas liberais que já operavam em distintas regiões do país. O único candidato às presidenciais, o conservador Laureano Gómez, ganhou as eleições, mas só tomou posse da Presidência da república no dia 7 de agosto de 1950 (Henderson, 2006).

O sacerdote católico Félix Restrepo, primeiro como decano e depois como reitor da Universidade Javeriana de Bogotá, no período 1940-1949, foi quem de maneira mais entusiasta defendeu o corporativismo na Colômbia. Acusado de totalitarista, apresentou-se como hispanista e defensor do catolicismo. Restrepo exprimia que o corporativismo tinha tido seu máximo esplendor durante a Idade Média, quando os grêmios foram organizações que monopolizavam o nascente trabalho nos termos modernos em que o conhecemos hoje. Nessa época, só quem fosse membro dum grêmio, podia exercer um oficio.

Para Restrepo, foram os grêmios que mantiveram a concórdia entre os trabalhadores da Europa inteira, até que as ideias da ilustração espalhadas com a Revolução Francesas fizeram não só do individualismo burguês o principio reitor da ação humana, mas também o lucro pessoal como o intuito a ser atingido. (Figueroa e Tuta, 2005). É a defesa do bem comum e não das liberdades individuais o que se devia proteger.

Por isso, a sociedade tinha que se organizar de maneira gremial e hierárquica desde o Estado, tendo a família como núcleo natural da sociedade e sendo guiada por uma elite culta e de valores católicos que demarcara os rumos a serem seguidos. Assim, os inimigos de uma sociedade eram tanto os liberais quanto os comunistas, aos que se deveria combater para poder conseguir uma comunidade sem dissidências, uma sociedade em paz e harmoniosa.

No será por lo tanto el Estado liberal que separa totalmente el poder de toda organización viva del país y la ata al sufragio universal inorgánico, tampoco será el Estado socialista que absorbe todas las actividades individuales en beneficio del Estado y en contra de la libertad individual; será un Estado que respetando la libertad individual, la propiedad y el trabajo propios, exaltando las cualidades

7 Com a justificativa da desestabilização da ordem democrática no país, o estado de sitio foi o mecanismo constitucional utilizado com mais frequência pelos governos na Colômbia para restringir direitos á população e concentrar o poder. Ele foi abolido após a reforma constitucional que aconteceu na Colômbia em 1991. Segundo o jornalista colombiano Garcia Villegas, entre 1941 e 1991, Colômbia viveu quase 30 anos sob o estado de exceção. http://www.elespectador.com/impreso/politica/articuloimpreso43317-un-pais-de-estados-de-excepcion. Acesso 21 de agosto, 2015.

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propias de cada uno de estos factores y combinándolos ordenadamente según su doble finalidad individual y social, sepa organizar la sociedad más eficazmente en orden al bien común (Lara, 1937, citado por Figueroa e Tuta, 2005:126).

Assim, o comunismo e o anarquismo que ameaçavam a Europa na década dos anos 30 do século XX representava o mal que tinham que ser destruídos. Quanto aos liberais, historicamente se travava uma disputa com eles sobre a maneira que o Estado devia se estruturar para garantir o progresso econômico. A doutrina corporativista, assim como a liberal, defendia a propriedade privada e o a possibilidade de transmiti-la por herança como um direito natural que o Estado devia fazer respeitar, mesmo proteger.

É verdade que as disputas entre liberais radicais e conservadores católicos na Colômbia terminaram as mais das vezes em violência física durante o século XX; mas, certo é também que o longo bipartidarismo reinante permitiu que os índices do crescimento econômico fossem favoráveis para o país, além de conseguir que “la mancha roja” se mantivesse distante das possibilidades do poder na Colômbia.

Laureano Gómez era um conservador que tinha estudado no colégio jesuíta de San Bartolomé em Bogotá. Em 1909, graduou-se como engenheiro civil na Universidade Nacional de Colômbia. De 1909 até 1916, influenciado pelos jesuítas, Gómez dirigiu “La Unidad”, um jornal que serviu para defender-se dos ataques anticlericais que os liberais faziam aos conservadores. Depois de ocupar cargos no governo colombiano, saiu do país para viver primeiro na França e depois na Alemanha onde já se começava a transitar para o nazismo que triunfaria finalmente em 1933.

Gómez voltou à Colômbia para comandar a oposição à República liberal que duraria desde 1930 até 1946, quando os conservadores ganharam a presidência com Ospina Perez. Primeiro como senador e depois como chefe único do partido conservador colombiano, utilizando às vezes o recinto do congresso e outras o jornal El Siglo, de sua propriedade, Laureano Gómez foi peça-chave para que o conservadorismo colombiano pudesse recuperar o poder. Quando os liberais se dividiam entre Gaitán e Turbay para a presidência de 1946, Gómez dilatou a candidatura do partido conservador, sabendo que se ele era o candidato presidencial, os liberais iam se unir para derrotá-lo. Surpreendeu quando semanas antes propôs o nome de Ospina Pérez como candidato do partido. Ninguém em sua coletividade atreveu-se a contestar. Os liberais, divididos, perderam nas urnas com Ospina Perez (Vega Cantor, 2012).

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Quando aconteceu o assassinato de Gaitán, Laureano Gómez saiu para Espanha, de onde voltou em junho de 1949 para tomar posse como presidente um ano depois. Assim que chegar ao país, Gómez afirmou que a subversão comunista tinha tomado o Partido Liberal e que o assassinato de Gaitán tinha sido obra do comunismo internacional. Além disso, declarou que a sublevação liberal era mostra de que o partido comunista tinha aprendido como fazer que os liberais atuassem para ele.

Para os conservadores na Colômbia, as ajudas que o marginal Partido Comunista Colombiano fazia às guerrilhas liberais eram a mostra da ligação que se podia fazer entre o Partido Liberal colombiano e o comunismo internacional. Em 1952, quando Gómez era presidente da Colômbia, José María Bernal, o seu ministro de Guerra, dizia: “El comunismo opera a sus anchas bajo la bandera del liberalismo. Y el liberalismo, consciente o inconscientemente, sirve los planes del dominio internacional soviético” (citado por Atehortúa, 2008:69).

Durante o governo de Ospina Pérez já existiam acordos entre Estados Unidos e Colômbia quanto às ajudas prometidas por Truman no seu discurso de posse como presidente na procura de atingir o desenvolvimento. Sua posição radicalmente anticomunista facilitou para que Colômbia fosse o primeiro país da América do Sul a receber essas ajudas.

Así, cuando Colombia solicitó al Banco Mundial un empréstito por setenta y cinco millones de dólares poco después del asesinato de Gaitán, en 1948, la agencia, recién creada, asumió rápidamente el estudio de la propuesta y envió al prominente economista, Lauchlin Currie, para que explorara la factibilidad de una ayuda económica a gran escala a Colombia (Henderson, 2006: 483).

Mais foi durante o governo de Gómez que as ajudas para o desenvolvimento, vindas através das organizações internacionais, começaram a se concretizar. Os resultados do Informe Currie foram apresentados ao governo de Gómez em julho de 1950. A comissão fez um diagnóstico da situação colombiana:

Colombia cuenta con una oportunidad única en su larga historia. Sus abundantes recursos naturales pueden ser tremendamente productivos mediante la aplicación de técnicas modernas y prácticas eficientes. Su posición internacional favorable en cuanto a endeudamiento y comercio la capacita para obtener equipo y técnicas modernas del exterior. Se han establecido organizaciones internacionales y nacionales para ayudar técnica y financieramente a las áreas subdesarrolladas. Todo lo que se necesita para iniciar un período de crecimiento rápido y difundido es un esfuerzo decidido de parte de los mismos colombianos. Al hacer un esfuerzo tal, Colombia no solo

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lograría su propia salvación sino que al mismo tiempo daría un ejemplo inspirador a todas las demás áreas subdesarrolladas del mundo ([International Bank, 1950: 615] citado por Escobar, 2007: 54).

Os assessores de Currie aconselhavam a construção de uma infraestrutura de comunicação, uma reforma fiscal e uma reforma agraria.

Los colaboradores del gobierno de Gómez coincidieron con los funcionarios del Banco Mundial en que las reformas de carácter social debían subordinarse a aquellas de carácter estrictamente fiscal y administrativo. Por consiguiente, la reforma agraria propuesta por Currie fue archivada en favor de una serie de medidas heterogéneas que sólo penalizaban a los propietarios de las tierras más fértiles e inutilizadas (Henderson, 2006: 484).

Quanto à construção da infraestrutura e a reforma fiscal o governo colombiano não teve reparos, foi assim como:

Durante 1950, el Export-Import Bank del gobierno norteamericano autorizó créditos a Colombia por un total de seis millones de dólares. A su vez, en los meses finales de 1950, el Banco Mundial autorizó dos préstamos que sumaban 6,1 millones de dólares (Sáenz, 2001: 250).

Em março de 1951, o governo colombiano assinou um novo tratado comercial com os Estados Unidos. Nele, a Colômbia comprometeu-se a implantar mudanças no controle das taxas de câmbio, sugerido pela Comissão Currie, para atrair capitais internacionais, mesmo que, por pressão dos industriais e a necessidade fiscal do país, a Colômbia manteve os impostos aduaneiros sobre os produtos importados, numa política de claro protecionismo que vinha sendo estabelecida no país desde a crise dos anos 30, apesar da política econômica estadunidense que procurava sua eliminação.

Também a Colômbia comprometia-se a pagar indenizações às empresas norte-americanas, caso elas fossem expropriadas, e a facilitar-lhes a remissão das utilidades à casa matriz através do escritório de controle de câmbios em Bogotá. Em troca, a Colômbia conseguiu a promessa por parte dos Estados Unidos de manter estáveis os preços do café no mercado dos Estados Unidos. Em agosto saiu um decreto que autorizava a livre entrada de capitais no país enquanto o embaixador colombiano em Estados Unidos reunia-se com investidores em Nova York com o intuito de convidar-lhes para investir na Colômbia (Sáenz, 2001: 259).

Para Eduardo Sáenz, Laureano Gómez, que nas décadas dos 30 e 40 do século XX tinha sido o maior crítico das políticas liberais dos Estados Unidos,

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Como presidente era muy consciente de que después de la Segunda Guerra Mundial Estados Unidos se había convertido, de lejos, en la principal fuente de capital y tecnología para Colombia, y en el mercado para casi todas sus exportaciones agrícolas y mineras. Más que nadie, el antiguo "nacionalista" ayudó a crear las condiciones para atraer las inversiones de las multinacionales norteamericanas (1990:103).

Colômbia foi um dos países que mais cresceu na América latina no período do pós-guerra, por conta dos bons preços do café, das ajudas internacionais e de uma política de impostos aduaneiros às importações, realizada pelo conservadorismo colombiano a pedido principalmente dos industriais afiliados à Associação Nacional de Industriais (ANDI). A Colômbia respondia às políticas de desenvolvimento e de livre comércio impulsionadas pelas organizações da ONU, mesmo logrando negociar com os Estados Unidos algumas medidas protecionistas para alguns grêmios industriais.

Na década dos 50, a Colômbia teve um acelerado crescimento das suas cidades: “en 1958 ya había dos ciudades con más de dos millones de habitantes (Bogotá y Medellín) y dos más tenían más de un millón (Cali y Barranquilla), cuando en 1940 ninguna ciudad tenía más del medio millón de habitantes (Safford y Palacios, 2002).

Para Sanchez (2008), no caso colombiano, a tendência nos anos 70 foi explicar este fenômeno a partir das melhores condições de vida que a cidade oferecia pelos processos de industrialização, o que se fazia determinante para que as pessoas abandonassem o campo. Não obstante, a partir dos trabalhos de pesquisa de Aprile-Gniset nessa mesma época, paulatinamente começou-se a pensar que as migrações das pessoas para as cidades, que ele começou a chamar “cidades-refúgio”, eram predominantemente êxodos massivos de população por expulsão o desterro de seus lugares de origens, a qual tinha como causa o conflito armado. Aprile-Gniset consegue demostrar que são as zonas rurais mais prósperas na Colômbia as que mais aportam migrantes às cidades,

[…] no era la pobreza de los suelos sino su riqueza el motor de las migraciones. De hecho la región cafetera central experimentó entre 1950 y 1970 una duplicación de las áreas cultivadas mientras su población rural presentaba un marcado déficit en 1973 en relación con la población registrada en 1938. Es la misma región central donde más aguda, cruel y persistente fue la guerra agraria, y donde más se inflaron los centros urbanos periféricos (2012: 39-40).

Deste modo, o protecionismo estatal e os investimentos de capitais para o fortalecimento de uma incipiente indústria nacional associada em grêmios e o bom desenvolvimento do café,

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tanto no mercado interno quanto no exterior, devido aos acordos alcançados com os Estados Unidos, contrasta com a violência e o deslocamento forçado generalizado nas zonas rurais do país.

A estrutura agrária da Colômbia durante o período de “La Violencia” seguiu fortalecendo-se de acordo com o latifúndio. A reforma agrária proposta pela Comissão Currie não foi tomada em conta pelo governo de Laureano Gómez, mas o presidente criou seu próprio comitê de desenvolvimento econômico para discutir a possibilidade de cobrar impostos sobre terras férteis, o que tinha sido uma das propostas do informe apresentado por Currie. O Comitê sentenciou que:

El sistema antieconómico de comprar las tierras con criterio de inver-sión seguirá siendo uno de los obstáculos más serios para el desarrollo normal de la agricultura colombiana, porque impide a las personas aptas para trabajar en la agricultura, vincularse a la tierra, por su escasez o por los precios excesivos de su adquisición o arrendamiento. Tal situación […] implica una amenaza para la economía agraria y plantea al Estado la urgencia y el deber de garantizar soluciones adecuadas para prevenir la necesidad de medidas drásticas, como la expropiación de las tierras (Comité de Desarrollo Económico, 1951:115).

Mas, como afirma Machado (2009), apesar das suas críticas ao latifúndio improdutivo na hora de fazer uma proposta para o país, o Comitê optou por aplicar isenções tributárias para estimular a produção agrícola mecanizada e técnica no país. Era claro que o governo Gómez não ia a entrar em confronto com a estrutura latifundiária e rentista que se expressava no poder político colombiano. Assim, pode-se dizer que se bem o governo conservador de Gómez procurou uma modernização no campo, não foi igual seu esforço para tentar melhorar a concentração da terra. Será somente na década dos anos 60 quando a reforma agrária voltará a ser assunto de discussão na Colômbia.

Em relação à ajuda militar, apenas passado um mês de sua posse como presidente, Gómez apoiou a Estados Unidos em sua cruzada anticomunista quando Roberto Urdaneta, seu ministro de Guerra, anunciou na V Assembleia Geral da ONU que a fragata colombiana “Almirante Padilla”, junto com seus 150 marinheiros, estava à disponibilidade do comando unificado das Nações Unidas. A fragata zarpou da Colômbia o dia 01 de novembro de 1950 (Prieto, 2013).

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Além disso, no dia 14 de novembro de 1950, o embaixador colombiano em Washington, Eduardo Zuleta, pôs a disposição do comando unificado um batalhão de infantaria composto por 1.080 homens. Só que o embaixador solicitava aos Estados Unidos que o dotasse de armas e desse treinamento porque a Colômbia carecia de fundos monetários para fazê-lo. Além disso, ficou claro que a Colômbia contraía a obrigação de reembolsar depois o dinheiro investido pelos Estados Unidos nessa capacitação.

Aceita a proposta pelos Estados Unidos, na Colômbia criou-se por decreto presidencial o Batalhão Colômbia no dia 26 de dezembro de 1950. O treinamento do batalhão aconteceu na Colômbia, mas foi coordenado por militares dos Estados Unidos. Depois de um solene ato na Plaza Maior, em Bogotá, no qual Laureano Gómez recebeu das mãos do batalhão a bandeira