• Nenhum resultado encontrado

O acirramento das expressões da questão social no capitalismo contemporâneo : uma análise das suas principais expressões na realidade brasileira.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2023

Share "O acirramento das expressões da questão social no capitalismo contemporâneo : uma análise das suas principais expressões na realidade brasileira."

Copied!
72
0
0

Texto

Por fim, procuramos trazer o retrato das expressões da questão social no cenário brasileiro atual em aspectos gerais, bem como o índice de vulnerabilidade social (IVS) e desigualdade no Brasil. Palavras-chave: questão social; modo de produção capitalista; capitalismo contemporâneo; detalhes do Brasil; desigualdade social.

ASPECTOS GERAIS DO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA

O trabalho enquanto uma categoria central para compreender a constituição do ser social

O trabalho, através do qual o sujeito transforma a natureza (e, enquanto transformação material, é uma transformação prática), transforma também o seu sujeito: foi através do trabalho que, dos grupos primatas, surgiram os primeiros grupos humanos. - numa espécie de salto que deu origem a um novo tipo de ser, diferente do ser natural (orgânico e inorgânico): o ser social. As objetivações do ser social tornam-se diversas e complexas, emancipando-se do processo de trabalho.

A mercadoria como forma de sociabilidade humana e o funcionamento do Modo de Produção Capitalista

Segundo Marx (2013), o movimento do capital se expressa da seguinte forma: é com D (capital na forma equivalente a dinheiro) que o capitalista compra M (mercadorias), bem como força de trabalho e meios de produção a serem empregados . , com o objetivo de produzir uma mercadoria de valor agregado. A parte de D que é investida em meios de produção é chamada de trabalho morto ou capital constante; e a força de trabalho consiste em trabalho vivo ou capital variável.

O movimento de acumulação e reprodução do capital: a gênese da Questão Social

Com meios de produção cada vez mais eficientes, o capitalista reduz a capacidade do poder vivo dentro do processo de acumulação, fazendo com que os trabalhadores produzam mais em menos tempo. Segundo Marx (2013), a cada novo ciclo de produção, o capital assume novas formas e características, aumentando o processo de centralização e aumento.

Os marcos do Imperialismo: keynesianismo – fordismo como pilares

Fica evidente a necessidade de novas formas de organização do trabalho e intervenção do Estado na economia, pois devido à crise, as lideranças capitalistas foram obrigadas a buscar novas alternativas político-econômicas. De acordo com o processo de trabalho taylorista/fordista, era necessário um sistema de engajamento e regulação que, limitado a uma parte dos países capitalistas, transmitisse a ideia de que o metabolismo social do capital poderia ser concreto, permanente e, em última instância, controlado. , arranjados e resolvidos. num compromisso entre capital e trabalho, com a mediação do Estado. Da mesma forma, os conflitos econômicos passam gradualmente da esfera produtiva para o mundo político do estado democrático.

A intervenção do Estado mudará estruturalmente, mas permanece diretamente para garantir o modo de produção (mas nesta fase principalmente de acordo com os interesses monopolistas). Aparentemente, o taylorismo-fordismo e o keynesianismo, feitos um para o outro, consolidariam o "capitalismo democrático": a produção em massa encontraria um mercado em expansão sem fim e a intervenção regulatória do Estado controlaria as crises. Essa nova forma de Estado garantiu a preservação externa da produção capitalista, pois atua direta e continuamente para garantir superlucros.

Diante da regulamentação do estado keynesiano, aliada à lógica fordista de organização da produção, as crises ocorreram com menos choque. Nos anos da capital estava em processo de crise com superávit de verbas e inflações, o que significa que devido a forte deflação do estado entre outros fatores obrigou as empresas a entrarem numa fase de reestruturação, racionalização e intensificação dos processos de trabalho.

O capitalismo na contemporaneidade e suas implicações para a classe trabalhadora

12"A acumulação flexível [...] baseia-se na flexibilidade dos processos de trabalho nos mercados de trabalho, produtos e padrões de consumo. O desemprego estrutural é caracterizado por um desequilíbrio entre a oferta e a demanda por mão de obra qualificada em uma determinada economia. Podemos perceber que na fase do capitalismo moderno, o mercado de trabalho mudou significativamente por meio da reestruturação produtiva.

A precariedade e a informalidade das relações de trabalho trouxeram de volta formas de exploração que lembram as do passado. A tendência atual nos mercados de trabalho é reduzir o número de trabalhadores-chave e contratar cada vez mais uma força de trabalho que pode facilmente entrar e ser demitida sem nenhum custo quando as coisas vão mal." A estrutura do mercado de trabalho é detalhada e permite entender o que o as condições de trabalho estão em processo de acumulação flexível.

Netto e Braz (2012) apontam que nesse cenário a acumulação flexível se expressa na relação de trabalho como instrumento de ruptura. Ainda no cenário do capitalismo contemporâneo, conforme Netto e Braz (2012), observa-se a exponenciação da questão social, decorrente da incerteza e informalização das relações de trabalho, em que há um retorno das formas de exploração típicas do passado , como o aumento da jornada de trabalho; salário diferenciado por gênero, desregulamentação de direitos, entre outros.

A questão social na contemporaneidade do capitalismo no Brasil e as suas implicações e as suas implicações

Questão social: um debate contemporâneo

O que se chama de questão social é inerente ao capitalismo, é consequência e resultado da dinâmica do próprio sistema capitalista. O desenvolvimento capitalista necessariamente produz a "demanda social" - diferentes estágios capitalistas produzem diferentes manifestações da "demanda social", não é um adjetivo ou sucessor transitório do regime do capital. Outro ponto que merece destaque nas palavras de Netto (2001) diz respeito ao argumento incorreto de "uma nova expressão da questão social".

A tese aqui defendida – e aparentemente apresentada como hipótese de trabalho – é a de que não existe uma “nova questão social”. Castel (1995), ao analisar o que chama de metamorfoses da questão social, vinculada à crônica salarial, aponta para uma “nova questão social”, para surpresa de alguns escritores contemporâneos. Há realmente uma razão para levantar uma 'nova questão social' que, para surpresa dos contemporâneos, tem a mesma amplitude e centralidade da questão levantada pela pobreza na primeira metade do século XIX" (CASTEL, 1995 , p. 526 ) ) .

Segundo Castel (1995), a nova questão social se faz em três novas expressões: a primeira seria em relação à desestabilização dos trabalhadores. São esses argumentos que permitem a Castel (1995) identificar a presença de uma "nova questão social", o que parece contradizer as análises feitas pelos autores elencados neste capítulo, que acreditam haver novas expressões da questão social e não uma "nova questão social" em si.

Questão social e as particularidades da formação histórica do Brasil

Sua análise mostra que, em uma sociedade assalariada, a invasão de um sistema de proteção social, possibilitando a eliminação do conjunto de necessidades vitais básicas e dando ao trabalhador uma condição de vida mais justa, como sujeito de direitos, corresponde a um desvio da lógica capitalista desenvolvimento. e estabelece uma nova condição da classe trabalhadora, que suprime a questão social tal como surgiu com a revolução industrial. Para pensar a singularidade histórica do Brasil, é preciso primeiro compreender a noção de desenvolvimento desigual e combinado, fundamental para pensar a produção e reprodução da questão social. Para Santos (2012), o primeiro traço central para se pensar a questão social na particularidade do Brasil é compreender seu “lugar” na divisão internacional do trabalho capitalista, que se refere a uma condição periférica e subordinada desse capitalismo.

Segundo Santos (2012, p. 142 – grifo nosso) “[..] O Estado foi, assim, chamado a intervir na 'questão social' [..] esta deveria limitar-se às áreas urbanas, e [. .] aos de importância estratégica para a economia agroexportadora. Resta ressaltar que a repressão e o caráter antidemocrático predominante no manejo da "questão social" no Brasil não possuem apenas determinantes endógenos que se referem à cultura política classes sociais. Partindo da ideia de que a política social - como forma de enfrentamento do Estado com as diversas expressões da questão social - se desdobra em diferentes momentos históricos, determinados pelas tendências do movimento das mais forças produtivas gerais e pelos marcos políticos que ocorrem.

A economia e a política brasileiras foram fortemente abaladas pelos acontecimentos mundiais nas três primeiras décadas do século XX, e mais ainda após a crise, quando se iniciou entre nós uma era de acelerada expansão das relações capitalistas com intensas consequências para as classes sociais, Estado e respostas à questão social [.. ] (BEHRING, BOSCHETTI, 2008, p. 103). O caráter regulador e corporativista da atribuição deste tipo de proteção social pode ser detectado, e essa continuidade no tratamento das questões sociais será observada nas legislações seguintes.

A questão social no Brasil contemporâneo

Isso é confirmado pela queda do nível de emprego, que agrava os problemas sociais e pelo declínio das políticas sociais públicas, bem como pela queda dos índices de desenvolvimento econômico, social e humano. Nesse cenário, ao mesmo tempo em que as expressões da questão social foram radicalmente enfatizadas no campo brasileiro, ao contrário, há uma gradativa retirada de responsabilidade do Estado diante de seu enfrentamento. As expressões mais importantes da questão social são: a queda do emprego, a regressão na distribuição de renda e o alastramento da pobreza, acentuando-se as desigualdades de estratos socioeconômicos, de gênero e de localização geográfica urbana e rural, além da queda da escolaridade da população população, jovens.

Trata-se de “um novo padrão [..] para a função social de reações às consequências da ‘questão social’ segundo os valores da solidariedade voluntária e local, da autoajuda e da ajuda mútua” (MONTAÑO, 2010, pág. 22). Com base na mesma visão, segundo o autor Yazbek (2001, p. As consequências da “questão social”, expressa na pobreza, exclusão social e subordinação de grande parte dos brasileiros, tornam-se alvo de ações de solidariedade e filantropia retomadas) .Neste sentido, há uma desresponsabilização do papel do Estado, onde cai por terra uma mudança de realidade, que desmistifica a questão social e "satisfaz" as lutas sociais (o que é funcional para o projeto hegemônico de reconstrução capital).

Crescem os homicídios, o crime organizado, os sistemas prisionais inseguros, a falta de segurança e justiça criminal, o que intensificará ainda mais as expressões da questão social no Brasil contemporâneo. Como afirma Netto (2013, p. 29), “a articulação orgânica da repressão contra as 'classes perigosas' e o atendimento minimalista de políticas sociais voltadas para o enfrentamento da 'questão social' representam a face moderna da barbárie”.

Segundo Iamamoto (2013), no cenário contemporâneo de origem liberal, persistirão algumas tendências que inevitavelmente interferem nas respostas ao tratamento das expressões da questão social. A terceira tendência [..] é a assistencialização da barbárie do capital e a criminalização de suas manifestações: essa interseção atualiza o estado penal (WACQUANT, 2001) e permite romper uma antiga e persistente aliança entre repressão e auxílio para lidar com a “questão social”. ” em detrimento dos direitos civis, sociais e políticos do cidadão. Nesse sentido, sabendo que a questão social é fruto das relações capitalistas de produção e da lei geral da acumulação capitalista, que acaba por expulsar os trabalhadores do mercado – e que hoje se configura como um permanente exército de reserva – o desmantelamento das políticas sociais por o estado e a delegação da solução para a solidariedade e o mercado privado tem permeado a disputa pelos direitos de cidadania, o que traz desafios relevantes no campo de luta em que atuam diversos profissionais, inclusive o assistente social.

No Brasil, teoricamente após a Constituição de 1988, os brasileiros teriam seus direitos à educação, saúde, assistência, entre outros, mas diante do desmonte das políticas públicas, a intensificação das expressões da questão social nos últimos anos se agravou e por isso. aumenta a desigualdade social. No decorrer do que foi exposto no primeiro capítulo, entendemos que a questão social é fruto das relações capitalistas de produção e da lei geral da acumulação capitalista, que acaba por expulsar os trabalhadores do mercado - e que hoje é configurado como um exército de reserva permanente - o que traz muitas implicações no cenário brasileiro contemporâneo. No segundo capítulo, discutimos a questão social no Brasil contemporâneo, levando em conta primeiramente os traços históricos de nossa formação social, criados não apenas pelo nível de dependência externa das relações de produção, mas também pelos traços arcaicos e atrasados ​​do desenvolvimento desigual e combinado. ou seja, ao mesmo tempo em que há expansão da riqueza, há também expansão das desigualdades sociais, portanto também intensificação das expressões da questão social.

Dada a importância do tema, ao sinalizarmos o debate sobre a questão social e a intensificação de suas expressões no Brasil contemporâneo, sabemos que estamos tratando apenas de aspectos mais gerais de suas faces. A desintegração do Estado e o protagonismo da sociedade civil no trato da questão social: dilemas da cidadania e da democracia na contemporaneidade.

Figura 1 – Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) no Brasil no ano de 2010  Fonte: (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA 2018)
Figura 1 – Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) no Brasil no ano de 2010 Fonte: (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA 2018)

Imagem

Figura 1 – Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) no Brasil no ano de 2010  Fonte: (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA 2018)
Figura  2  –  IVS,  IDMH  e  Prosperidade  Social  no  Brasil  no  ano  de  2000,  2010  até  2015

Referências

Documentos relacionados

Deste modo, a cultura enquanto conjunto de símbolos, seja como representações da realidade, seja como modelos para o comportamento social, não constitui uma