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O Amor Enraiza o Corpo na Vida: Grounding e Sistemas Emocionais - em Nuvens

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Academic year: 2023

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5 REVISTA LATINO-AMERICANA DE PSICOLOGIA CORPORAL

No. 7, 2018 - EDIÇÃO ESPECIAL ANAIS DO I CONGRESSO LATONO-AMERICANO DE PSICOLOGIA CORPORAL:

HONRAR O CORPO NO AMOR E NA DOR – ISSN: 2357-9692 Edição eletrônica em http://psicorporal.emnuvens.com.br/rbpc

Revista Latino-americana de Psicologia Corporal

O Amor Enraiza o Corpo na Vida:

Grounding e Sistemas Emocionais

Ana Patrícia Peixoto1

Nos últimos anos, tenho me deparado na clínica, cada vez mais, com dificuldades relacionais, comportamentos autodestrutivos e ausências de limites aliados a sintomas como depressão, pânico, dor crônica, e estresse pós-traumático que me faz refletir sobre o papel do amor no desenvolvimento psicocorporal e sua relação no modo como, hoje, estamos vivendo o sentido de comunidade; sobre o vazio afetivo e o isolamento interpessoal; sobre a intolerância humana que tem gerado ódio e medo; sobre a ansiedade e angústia de viver em uma sociedade globalizada e virtual que cria liquidez afetiva como fala Z. Bauman. Esta vivência terapêutica fez nascer em mim uma inquietação que levou à reflexão sobre a minha vida e o meu trabalho como psicoterapeuta: Como as relações afetivas são incorporadas e que força elas têm? Qual o poder da relação terapêutica como uma experiência emocional corretiva? Como as primeiras experiências corporificam o amor e nos conecta com o mundo? A linguagem afetiva é uma linguagem que fala de processo evolutivo, de níveis de consciência e do amor através da história pessoal e familiar. Por meio desta conexão criamos raízes na vida. O grounding relacional é a capacidade de uma pessoa entrar em contato consigo mesma e com o mundo exterior, é reconhecer a importância da função paterna e materna na integração das sensações corporais e seus significados cognitivos, na capacidade de ajudar a criança a regular as emoções e mantê-las dentro de paramentos mais ou menos constantes de autorregularão. Na relação com seus cuidadores, principalmente com a figura materna, a criança vai construindo sua história afetorrelacional1, isto é, a conexão afetiva (o amor é um sentimento que induz a aproximar, a proteger, a buscar conservar o outro perto, e pelo qual se sente afeição, atração. Então, o amor nos conecta com a figura materna, a enraíza em nossa vida e, pelo enraizamento em si mesmo ele cria uma conexão enraizada com o mundo - da horizontalidade à verticalidade e de volta à horizontalidade. E, é através do diálogo tônico pulsiona -proto-comunicção - que se estabelece o vínculo amoroso e a sensação básica de segurança – neurocepção2 irá nos acompanhar pelo resto da vida. Para Porges, está na biologia a necessidade do ser humano de se relacionar. Os seres vivos sejam animais ou vegetais trazem em seu sistema biológico essa possibilidade de estabelecer relações, portanto, as relações interpessoais não estão sujeitas apenas aos processos educacionais ou sociais, mas também, é resultado das variadas e infinitas configurações biológicas e neurológicas. Em suma, é uma necessidade orgânica. Jerome Liss traz a ideia da família no espaço interno, isto é a nossa experiência com uma outra pessoa cria um traço de memória dentro de nós, seja consciente ou inconsciente. Que pessoas internalizamos? As principais figuras de nossas vidas: pai, mãe irmã, irmão, avô, avó... Estas internalizações criam certo impacto em algum nível, em nossa personalidade. Portanto, ser enraizado é existir no corpo, ter um chão e um lugar para se nutrir, é nossa relação com a terra, e com o outro; e, ser corporificado é criar um corpo vivo capaz de incorporar e canalizar o fluxo de excitação entre nós e o ambiente, o que intensifica nossa capacidade de estabelecer relações (afetivas, sociais), que

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2 Neuroceopção: um conceito novo empregado por Stephen Porges para se referi à capacidade subconsciente do sistema nervoso de reagir de determinada forma, quando um indivíduo identifica um ambiente como seguro e, de outra forma, quando o identifica como ameaçador.

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6 REVISTA LATINO-AMERICANA DE PSICOLOGIA CORPORAL

No. 7, 2018 - EDIÇÃO ESPECIAL ANAIS DO I CONGRESSO LATONO-AMERICANO DE PSICOLOGIA CORPORAL:

HONRAR O CORPO NO AMOR E NA DOR – ISSN: 2357-9692 Edição eletrônica em http://psicorporal.emnuvens.com.br/rbpc

Revista Latino-americana de Psicologia Corporal

igualam os seres na condição de organismos sociais. Sem o existir no mundo, sem a existência do outro, não há possibilidade de relacionamento, o ser morre, desaparece.

Palavra-chave: Biossistêmica, enraizamento/grounding, estilo afetorrelacional, Psicocorporalidade.

Referências

BAUMAN, Z. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de janeiro: Zahar, 2004;

BOADELLA, D. e LISS, J. La psicoterapia del corpo: Le nueve frontiere tra corpo e mente. Roma:

Astrolabio, 1986;

BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano - compaixão pela terra. 11ª ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

BUSNEL, M. C.; SOUSSUME, Y.; CUNHA, I. Relação mãe-feto: visão atual das neurociências. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002

KELEMAN, STANLEY. Amor e vínculos: uma visão somático-emocional. São Paulo: Summus, 1996.

LISS, J. & STUPIGGIA, M. A terapia biossistêmica. São Paulo: Summus, 1997.

LOWEN, A. Uma vida para o corpo: Autobiografia de Alexander Lowen. São Paulo: Summus, 2007.

PORGES, S.W. Teoria polivagal: fundamentos neurofisiológicos das emoções, apego, comunicação e autorregulação. Rio de Janeiro: SENSES, 2012.

STERN, Daniel N. O mundo interpessoal do bebê: uma visão a partir da psicanálise e da psicologia do desenvolvimento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

WINNICOTT, Donald W. Os bebês e suas mães. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

Sobre a autora:

1 Ana Patrícia Peixoto CRP-17/0092: Psicóloga, Psicoterapeuta Biossistêmica (SISPB, Bologna, Itália).

Certificado de Psicoterapeuta Biossistêmica reconhecido pela Federação Latino Americana de Psicoterapia.

Formação em Análise Bioenergética (IIBA, Nova York, EUA) e Biossíntese (CBI, Hiden, Suiça). Supervisora em psicoterapia corporal; Coordena workshop na área clínica e educacional; atua em clínica privada desde 1985. Diretora do IPS- Natal/RN; coordenadora local da Formação Internacional em Psicoterapia Biossistêmica e Trauma, Natal/RN. Diretora da DIALOGOS/DIALOGHI-revista Ítalobrasileira de Psicoterapia e Biossistêmica. Membro da ABRAP atualmente na função de Diretora de comunicação e afiliação. www.facebook.com/IPS.RN. IPS-Instituto de Psicologia Somática. Contato: anapatricia@ipsk.net.

Referências

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