XXIV Congresso de Iniciação Científica
TEMA: ANÁLISE DOS IMPACTOS FISCAIS-FINANCEIROS DA CRISE ECONÔMICA SOBRE OS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Aluno-autor, Daniela de Oliveira Reami, daniela_reami@hotmail.com, Bolsista PIBIC Orientador: Dr. Cláudio César de Paiva, claudiopaiva@fclar.unesp.br
Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, UNESP, Departamento de Economia Palavras Chave: Finanças Públicas, crise financeira, municípios
Introdução
A crise econômica desencadeada nos Estados Unidos, em setembro de 2008, resultou em impactos sobre a demanda agregada e sobre a arrecadação tributária. As repercussões da crise foram significativas no Brasil, porém com diferentes intensidades sobre os entes subnacionais, em virtude de fatores econômicos, federativos e institucionais. A crise afetou o desempenho da arrecadação dos municípios brasileiros através das transferências de FPM (oriundas da União) e de ICMS (originárias dos Estados). Partindo da perspectiva que os impactos da crise foram diferenciados e que suas extensões não foram completamente mensuradas, a pesquisa procura mensurar o real impacto da crise sobre as finanças públicas dos municípios do Estado de São Paulo.
Material e Métodos
A pesquisa está limitada geograficamente aos 645 municípios que compõem o Estado de São Paulo, que foram estratificados pelo tamanho populacional, de modo a obter uma avaliação mais precisa dos impactos diferenciados e das distintas capacidades dos municípios responderem à crise financeira.
O período considerado na execução da pesquisa corresponde aos anos de 2007, 2008, 2009 e 2010, que deverá corresponder a um ciclo de ajuste completo da crise. A análise dos dados irá considerar o ano anterior ao epicentro da crise econômica devido à necessidade de excluir os impactos negativos sobre a arrecadação orçamentária proveniente de outros fatores não diretamente correlacionados com a crise. Para fins de análise do impacto real os valores nominais das receitas e das despesas apresentados nos relatórios orçamentários serão deflacionados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE.
Os dados contábeis sobre finanças municipais para a construção dos indicadores foram obtidos junto à Secretaria do Tesouro Nacional (STN), secretarias municipais de finanças, Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Ministério da Fazenda. A consistência desses dados será realizada por meio do cruzamento das informações contidas nos relatórios de transferências intergovernamentais
(STN), no SIAP - Sistema de Informações da Administração Pública (TCE-SP) e nos Relatórios Resumidos de Execução Orçamentária (RREO).
Resultados e Discussão
A partir da análise dos indicadores dos impactos da crise financeira sobre as receitas e as despesas orçamentárias dos municípios do Estado de São Paulo, constatou-se que os efeitos foram bastante diferenciados entre os municípios paulistas, afetando negativamente o comportamento das receitas, sobretudo em 2009, o que exigiu ajustes nos gastos, particularmente na rubrica investimentos, para a manutenção do equilíbrio orçamentário. Já em 2010 o conjunto dos municípios paulistas apresentou um crescimento de 12,3% das receitas orçamentárias em comparação com 2009. A análise das receitas dos municípios agrupados por faixas populacionais apontou que não houve grande discrepância, variando entre 9,6%
(municípios entre 30 e 50 mil habitantes) a 11,7%
(municípios acima de 300 mil habitantes). Por outro lado, também se verificou uma ampliação de 10,6%
das despesas municipais em 2010, quando comparado com 2009. As informações fiscais- financeiras de 2010, quando analisadas para o conjunto dos municípios, mostram que o item investimento foi o que mais cresceu, atingindo o patamar de R$ 10,42 bilhões, porém um montante ainda inferior aos gastos com investimentos observados em 2008.
Conclusões
De modo geral, observa-se a partir dos indicadores selecionados que os impactos da crise foram bastante distintos entre os municípios paulistas, assim como as estratégias para amenizar seus efeitos, tendo em vista que alguns municípios realizaram ajustes na rubrica investimentos, outros nos gastos com custeio da máquina pública e, em alguns casos, verificou-se um esforço de ampliação da receita própria. Os resultados da contas públicas dos municípios paulistas em 2010 revelaram o retorno aos padrões financeiros de 2007 e 2008, porém isso não sugere que os municípios estão em situação financeira confortável.
