XXVIII Congresso de Iniciação Científica
As Capacidades e Incapacidades com o Advento do Estatuto da Pessoa com Deficiência
Paula Santiago Soares (aluno-autor), Maria Amália Figueiredo Pereira Alvarenga (orientador). Campus Franca, Curso de Direito, paula.s.soares@outlook.com, Bolsa Pró Reitoria.
Palavras Chave: Estatuto da Pessoa com Deficiência, Teoria das incapacidades, Validade do ato jurídico.
Introdução
O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n.
13.146/15), com o objetivo de inclusão social e cidadania para as pessoas com deficiência, revolucionou a teoria das incapacidades¹, determinando que as pessoas com deficiência intelectual possuem a plena capacidade para a realização dos atos da vida civil, retirando essas pessoas do rol dos incapazes, previsto nos Arts. 3º e 4º do Código Civil. Isto causou grande discussão entre os juristas, haja vista que nosso ordenamento sempre teve como regra a incapacidade das pessoas com deficiência intelectual. O Estatuto também determinou que essas pessoas podem continuar a ser curateladas, levando à existência de divergências entre os juristas pela questão da possibilidade de uma pessoa capaz ser curatelada.
Objetivos
A pesquisa realizada teve como objetivo a análise das mudanças realizadas no Código Civil pelo Estatuto, em relação aos artigos que tratam sobre a teoria das incapacidades civis. Buscando-se deste modo a resposta do que ocorrerá o tratamento jurídico das pessoas com deficiência intelectual, e se as mudanças trazidas pelo Estatuto realmente tiveram os efeitos esperados de acordo com as propostas e princípios deste, levando-se em consideração a proteção das pessoas com deficiência intelectual.
Material e Métodos
O método Dedutivo-bibliográfico foi utilizado em razão de ser uma pesquisa no campo teórico. Os processos metodológicos escolhidos baseiam-se no estudo dialético, em que ocorreu a investigação da realidade e das transformações causadas pelo advento do Estatuto, e no estudo comparativo de procedimento, pelo qual ocorreu a análise das mudanças através de comparações entre esta nova lei e as determinações que foram revogadas.
Realizou-se pesquisa bibliográfica em materiais já existentes e aqueles que foram produzidos ao longo da realização da pesquisa.
Resultados e Discussão
Uma das três principais discussões revolvendo essa pesquisa é o fato de se a retirada das pessoas com deficiência intelectual do rol dos incapazes realmente contribui para a proteção destes e sua inclusão em sociedade. A segunda discussão é referente ao fato de como se encontra a pessoa com deficiência intelectual que é submetida à curatela, se esta será uma pessoa capaz, mas curatelada, ou se será relativamente incapaz. E, por fim, atrelada a essa última, há a discussão quanto à validade do ato jurídico realizado por pessoa com deficiência intelectual submetida à curatela.
Conclusões
Por meio da pesquisa realizada, conclui-se que ao seguirmos o que determina o Estatuto da Pessoa com Deficiência e as suas intenções, haja vista os seus objetivos, a pessoa com deficiência intelectual mesmo que submetida à curatela, ainda deve ser considerada como capaz, pois, como mesmo define esta lei em seu Art. 6º, a pessoa com deficiência intelectual é plenamente capaz para, por exemplo, casar-se, votar, adotar, entre outros atos, além da previsão no Art. 85 de que a curatela afetará apenas os atos de natureza patrimonial e negocial. Assim, há de se concluir que os atos realizados somente pelas pessoas com deficiência intelectual submetidas à curatela são válidos, contanto que não sejam aqueles de natureza patrimonial e negocial, que nesse caso devem ser considerados como anuláveis. Assim, chega-se à conclusão de que o Estatuto contribui para a inclusão dessas pessoas, entretanto deve ser utilizado e defendido com cautela.
Agradecimentos
Primeiramente, gostaria de agradecer a minha orientadora Profa. Dra. Maria Amália pelo auxílio, orientação e apoio desde o momento em que propus o tema a ela e ao longo de todo o desenvolvimento desta pesquisa. Também gostaria de agradecer à Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da UNESP, Campus Franca pela oportunidade de realização da presente pesquisa e pela bolsa Pró Reitoria.
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1Tartuce, F. Manual de Direito Civil: São Paulo, 2016, p. 85. (v. único)