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BRUNELLA VASCONCELLOS ALVES.pdf

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Academic year: 2023

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O presente trabalho visa questionar o tratamento dado pelo Estado ao direito de greve dos servidores públicos, visto na decisão do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 693.456/RJ, como exemplo privilegiado. Para tanto, toma-se como base de pesquisa uma análise crítica da história do direito de greve no tortuoso caminho da consolidação do Estado Social no Brasil. Nesse sentido, a Constituição Federal Brasileira de 1988, na esteira do Constitucionalismo Ocidental, após anos de resistência, os trabalhadores têm o direito de greve, como mito de base, dando origem a novos direitos, com vistas a um futuro melhor, deu Ascender.

Vale ressaltar que esta pesquisa segue uma análise histórico-hermenêutica do direito de greve, que mostra um caminho sinuoso para o reconhecimento de seu pleno exercício até os dias de hoje, a partir da observação de uma decisão judicial brasileira.

O DIREITO DE GREVE NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO NO BRASIL: UM BREVE HISTÓRICO

Após a Lei nº 3.353 de 1888, a conhecida Lei Áurea, o modelo escravista foi abolido, permitindo que o trabalhador livre fosse vinculado a um vínculo empregatício e, consequentemente, inserido em um sistema socioeconômico. No entanto, sob pressão de diversos grupos políticos e sociais, o então presidente, general Eurico Gaspar Dutra, aprovou o Decreto-Lei nº e impôs inúmeras restrições ao seu exercício, impossibilitando sua greve por conta própria. Conforme atestado em acórdão do tempo proferido no julgamento do TRT/RJ, a falta grave – não obstante o direito de greve a eles garantido pela Constituição Federal no artigo 158 – configura paralisação coletiva do trabalho em desacato à Medida Provisória nº 9.070, de março 15 de 1946”.

O direito de greve foi efetivamente regulamentado por lei específica em meados de 1964, ou seja, logo após o início do Regime Militar no Brasil, pela Lei nº 4.330. No entanto, logo após a criação dessa lei, foi promulgada a Constituição Federal de 1967, na qual o artigo 157, parágrafo 7º, dispôs que não serão permitidas greves nos serviços públicos e nas atividades essenciais, definidas em lei, ou seja, voltou ao que estava no decreto-lei n. 9.070. Além disso, quem não cumprisse o referido artigo ou tivesse objetivo político, que fizesse “propaganda subversiva”, incorre nas penas do decreto-lei n. 898 de 1969 sofreu.

Nesse contexto, em 1978, foi promulgada a Lei nº 6.620, que visava elencar os crimes contra a segurança nacional e, dentre eles, em seu artigo 27, considerou como crime "perturbar o funcionamento de serviços essenciais, que pelo Estado ser administrado, impedido ou impedido, ou exercido por concessão, autorização ou consentimento". atividades essenciais e de interesse da segurança. Embora a Constituição de 1988 tenha garantido o direito de greve, deixou seu exercício para norma infraconstitucional, por isso foi criada a Lei nº 7.783/89 para o setor privado, conhecida como "Lei de Greve", que estabelece atividades essenciais e regulamenta o atendimento de necessidades inadiáveis ​​para a comunidade, bem como a revogação expressa da Lei nº 4.330/64 e do Decreto-Lei nº.

Aos poucos, o Brasil passou por um processo de redemocratização e em 1988 entrou em vigor a atual constituição federal, garantindo o direito de greve em seu artigo 9º. Percebe-se que durante essa trajetória histórica, o direito de greve como direito oscilou bastante e sempre houve um esforço do Estado para não garantir o efetivo exercício do direito de greve. Com a redemocratização, a Constituição Federal de 1988 expressou o direito de greve na categoria de direito fundamental, no Título II “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, especificamente no Artigo 9º, indicando isso.

Assim, fica claro que a Constituição Federal resguarda um promissor direito dos trabalhadores brasileiros, porém, a inovação mais significativa dessa legislação foi o reconhecimento do direito de greve aos servidores públicos, expresso no art. 37, VII, CF, que indica que “o direito de greve será exercido nas condições e limites definidos em determinada lei”. Conforme consta no texto legal, o direito de greve dos servidores públicos carece de lei específica para seu exercício.

Sabe-se que o Estado tem como um de seus atributos a regulação do comportamento para não haver margem de erro com ampla liberdade, desta forma o direito de greve dos servidores públicos não poderia fugir à regulamentação. Ocorre que, até hoje, o projeto de lei 719/2011, que tramita no Congresso Nacional, não foi aprovado para regulamentar o direito de greve. O cerne da questão não é, per se, a falta de legislação que regule a greve, mas sim a negação do exercício do direito de greve por parte do Estado.

Coincidentemente, o legislador ainda não editou tal legislação, de modo que o Supremo Tribunal Federal, por meio do julgamento dos Mandados de Segurança 670 e 708.712, supriu a omissão legislativa e decidiu que a lei de greve do setor nº 7.783/89 deve ser aplicada aos privados setor para o setor público até que se estabelecesse uma prescrição normativa ideal para servidores públicos. Como pode ser observado no processo histórico de reconhecimento do direito à greve, as greves foram punidas pelo Estado por muitos anos, mas mesmo após seu efetivo reconhecimento pela Constituição Federal de 1988, é possível constatar que, em decorrência de ações judiciais, a situação não mudou, conforme decisão do Buitengewoon Beroep nº 693.456/RJ. Além disso, decidiu-se que o desconto não poderia ser concedido caso a greve fosse motivada por atos ilícitos do poder público.

A administração pública deve reduzir os dias de interdição decorrentes do exercício do direito de greve pelos servidores, em razão da suspensão do vínculo funcional dele decorrente, permitindo indenização em caso de acordo. No entanto, a dedução será inadmissível se ficar demonstrado que a greve foi motivada por conduta ilícita do Poder Público (2016, p. 32). Por outro lado, o Ministro Lewandowski expressou que o art.

Nota-se que houve muita polêmica na decisão sobre o tema, uma vez que o direito de greve dos servidores públicos não pode ser tratado da mesma forma que os direitos da iniciativa privada. Assim ocorre que o direito de greve dos servidores públicos, que não possui legislação especial, é tolhido de tal forma que o poder do poder público se sobrepõe às reivindicações dos servidores que asseguram o bom funcionamento da administração pública . Os servidores públicos são a base de todo o funcionamento do Estado, portanto, garantir-lhes plenamente o direito de greve equivale a alterar suas estruturas internas e deslegitimar o papel do poder público.

O direito de greve é ​​um exercício da democracia, é a luta dos trabalhadores pelos seus direitos, por isso o Estado deve instituí-lo. Nesse sentido, a Constituição Federal Brasileira de 1988 assim o fez, legitimando a greve nos artigos 9º e 37, VII, trazendo a promessa de que os trabalhadores, inclusive servidores públicos, poderiam exercer o direito de greve. A Constituição Federal de 1988, portanto, prometeu aos trabalhadores o direito de greve, mas tem havido um esforço do Estado, tanto legislativo quanto judicialmente, para torná-lo ilegal, ou como disse Benjamin (1986). , p O Estado pode muito bem alegar que a greve em todas as empresas é contra a lei, pois a greve em cada empresa não teve um motivo específico previsto pelo legislador".

A segunda figura que nos remete ao estado de emergência, entretanto, aparece quando discute as restrições que o poder estatal impõe ao direito de greve. Nesse sentido, percebe-se que o direito de greve está à mercê do mercado econômico, como expresso por Rafael B. Dessa forma, a exceção ao desenvolvimento do modelo de sociedade capitalista é um fato, uma constante, variável apenas ligada.

Cabe ressaltar aqui que o Estado não tem problemas em atacar o direito de greve e buscar soluções razoáveis ​​para a luta da classe trabalhadora, simplesmente o torna ilegal, mas quando se trata do direito de propriedade e preservação do patrimônio, o Estado age imediatamente (BIAS, 2015, p. 05). Se os trabalhadores grevistas interferirem nos direitos de alguém que está acima na escala social, como o direito dessa pessoa de ir e vir, ou contestar os direitos de propriedade, a polícia é chamada por meio de processos judiciais para intervir e intervir. , estão tentando dispersar a mobilização, fazer valer concretamente os direitos dos empregadores, mesmo que seus direitos incluam direitos liberais clássicos, como a liberdade de expressão, o direito à integridade física e o direito de manifestação. Então existe um ciclo: o direito de greve é ​​uma ameaça, assim como o Estado ameaça o direito de greve.

Os servidores públicos são a base do funcionamento do Estado, são eles que agem pelo e para o Estado. A partir do momento em que os servidores públicos cessem suas atividades por reclamar alguma coisa, o direito de greve que lhes assiste no art. Quem pratica os atos de todo poder público são os servidores públicos, que possuem relação jurídica com o Estado, que é seu empregador.

Dessa forma, assim como os servidores públicos, não é possível visualizar a estrutura dos contratados no setor privado, pois é muito mais fácil chegar e discutir violações de direitos com o empregador no setor privado. A partir do momento em que o Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário nº 693.456, decide cortar a folga dos servidores que fazem greve, há uma limitação no uso do direito de greve, ou seja, o Estado cria mecanismos para impedir ocorre o gozo do direito de greve. Dessa forma, os servidores públicos ficarão encurralados para não terem seus salários descontados e sofrerão injustiças, ficando a mercê de uma vontade legislativa de promulgar uma lei destinada a sanar a violação.

Coincidentemente, o Brasil vive uma crise econômica e política, com muitas reformas no ordenamento jurídico que podem comprometer os direitos trabalhistas e até mesmo prejudicar os servidores públicos. Com restrições ao direito de greve e até má visualização do movimento, as reivindicações são impedidas de tramitar, demonstrando um Estado dominante. O Estado, pela violência implícita dos atos de jurisdição, restringe e cerceia o exercício do direito de greve por temer a perda do controle e a ocorrência de uma greve geral revolucionária.

CONCLUSÃO

A Carta Magna de 1988 na História do Constitucionalismo Brasileiro: Desafios na (re)construção de uma Identidade Constitucional no Brasil.

Referências

Documentos relacionados

Inegável que a Constituição Federal de 1988 trouxe em seu corpo normativo diversas garantias e direitos constitucionais antes não previstos na história do