Sociedade Brasileira de Química ( SBQ)
28a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química
“Cápsulas do Vento”: Identificação e caracterização de 4-bromo-2,5- dimetoxianfetamina (DOB).
Adriano Otávio Maldaner*1 (PQ), Márcio Talhavini1 (PQ), Marcos de Almeida Camargo1 (PQ) adriano.aom@dpf.gov.br
1-Instituto Nacional de Criminalística, SEPLAB/INC/D ITEC-SAIS Quadra 07 Lote 09 – Brasília–DF - CEP 70610-200
4-Bromo-2,5-Dimetoxianfetamina, DOB.
Introdução
O Consumo de drogas de abuso é um problema social de grande relevância. A busca por estados psicológicos variados torna intensa a procura por substâncias psicotrópicas capazes de produzir sensíveis modificações no sistema nervoso central, resultando em alterações de estados comportamentais.
Na última década tem se observado o crescimento das chamadas “drogas sintéticas”, a maioria sendo derivadas de anfetaminas. Elas atuam elevando o número de determinados neurotransmissores nas sinapses nervosas, provocando, entre outros efeitos:
aumento da vigília, excitação, sudorese, alucinações e psicose tóxica, podendo, inclusive, evoluir à morte.
Recentemente, nas cidades de Florianópolis/SC e Brasília/DF, foram apreendidas pelo Departamento de Polícia Federal diversas cápsulas gelatinosas incolores, batizadas pela imprensa como “cápsulas do vento”, por apresentarem diminutas quantidades de um material na forma de pó em seus interiores (aproximadamente 2mg).
O material foi encaminhado ao Instituto Nacional de Criminalística para a realização da Perícia e caracterização química dos componentes presentes.
Resultados e Discussão
O material encaminhado a exame foi, inicialmente, submetido a testes de cor clássicos para anfetaminas: Teste de Marquis, Teste do Ácido Sulfúrico e Teste de Simon. A cor verde no teste de Marquis indica a possibilidade da presença de DOB (Figura 1).
Figura 1. Testes de Marquis e material apreendido.
A amostra foi dissolvida em metanol e analisada por GCMS, utilizando um cromatógrafo HP 5980 series II acoplado a um detector seletivo de massas (operando a 70 eV) HP 5970 series e coluna e RTX-5 e por na região do Ultravioleta/Visível, através de um
Espectrofotômetro UV/Vis Cary-50, com cela de quartzo de 1cm de caminho ótico.
Por fim, uma parte do material foi misturada com Nujol e aplicada entre duas celas de NaCl para a obtenção do espectro na região do Infravermelho (FTIR) em um espectrofotômetro Nicolet FTIR Nexus (Figura 2).
Tabela 1. Principais dados Espectroscópicos.
Técnica Resultados
UV/Vis Max. 296 nm (solução metanol) FTIR 2739, 2568, 2502, 2031, 1493, 1388,
1212, 1047, 1033, 899, 869, 834, 791, 732 (emulsão em Nujol)
GCMS 232, 230, 215, 217, 77, 91, 273, 275
791732 834
859 899
1009
1033 1047 1119
1213 1261
1284
1307
14371388
1463
1493 1592 1610 2031 25682502
2739
2800
2853
2923 3067
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
%T
1000 2000
3000 4000
Wavenumbers (cm-1)
Figura 2. Espectro de FTIR (Nujol).
Conclusões
As análises químicas e instrumentais realizadas nas amostras questionadas, através de Cromatografia em Fase Gasosa/Espectrometria de Massas, Espectroscopias na região do Infravermelho e de Ultravioleta-Visível, revelaram a presença do hidrocloreto de 4-bromo-2,5-dimetoxianfetamina (DOB), um psico-disléptico proscrito no Brasil capaz de em pequenas doses da ordem de 2mg produzir efeitos com até 15 horas de duração (Figura 3).
Figura 3. 4-bromo-2,5- dimetoxianfetamina ou DOB
Agradecimentos
Br O H3C
O CH3
NH2
CH3
Sociedade Brasileira de Química ( SBQ)
25a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química - SBQ 2
Os autores agradecem à equipe do SEPLAB, à APCF e ao Diretor do INC PCF Brandão pelo apoio.
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1Furnari,C.; Otraviano,V. ; Rosati,F. Ann Ist Sup Sanita 2001, 37(2),297