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Biológico, São Paulo, v.72, n.1, p.47-50, jan./jun., 2010

Sintoma, etiologia e manejo da queima das folhas (Alternaria dauci; Cercospora carotae) na cultura da cenoura.DIVULGAÇÃO TÉCNICA SINTOMA, ETIOLOGIA E MANEJO DA QUEIMA DAS FOLHAS

(ALTERNARIA DAUCI; CERCOSPORA CAROTAE) NA CULTURA DA CENOURA

J.G .Töfoli; R.J. Domingues

Instituto Biológico, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal, Av. Cons. Rodrigues Alves, 1252, CEP 04014-002, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: tofoli@biologico.sp.gov.br

RESUMO

No Brasil, a queima das folhas por alternária (Alternaria dauci) e por cercóspora (Cercospora carotae) estão entre as mais importantes e frequentes doenças da cultura da cenoura. Afetam principalmente a parte aérea da planta, com reflexos negativos sobre a produção e a qualidade das raízes. A queima por cercóspora ocorre principalmente em plantas jovens e plantas em pleno desenvolvimento, enquanto que a por alternária afeta as folhas mais velhas ou plântulas recém- emergidas. Para o manejo da doença recomenda-se: rotação de culturas por 2-3 anos, uso de sementes sadias ou tratadas com fungicidas, incorporação dos restos culturais; plantio de cultivares com algum nível de resistência, níveis adequados de irrigação e nutrição para evitar situações de estresse para as plantas e a aplicação de fungicidas.

PALAVRAS-CHAVE: Daucus carota, doenças fúngicas, controle.

ABSTRACT

SYMPTOM, ETIOLOGY AND MANAGEMENT OF CARROT LEAF BLIGHT (ALTERNARIA DAUCI; CERCOSPORA CAROTAE). The alternaria and cercopora blight are the most imports carrot diseases in Brasil. They affect carrots leafs and petioles with yield and quality losses.

Cercospora leaf blights attacks young rapidly growing plants, alternaria leaf blight primarily infects older plants, although seedling may also be infected an integrated pest management approach is necessary for effective disease management. The latter involves integrating and applying a variety of proactive management options which: long rotations of 2-3 years, use certified pathogen-free seed or treat seed with fungicides, prompt incorporation of carrot residues after harvest speeds decomposition of the crop debris that harbors the pathogen, using resistant or more tolerant carrot varieties, reducing plant stress through adequate nutrition and irrigation, and fungicide application.

KEY WORDS: Daucus carota, fungal diseases, control.

Ampla versatilidade culinária e adaptabilidade a diferentes condições de cultivo tornaram a cenoura (Daucus carota L.) a apiácea mais cultivada no mundo.

Rica em ß-caroteno – precursor da vitamina A, cálcio, potássio e fibras, tem sido sugerida como um alimento funcional, por apresentar princípios ativos eficientes na redução do colesterol, controle de infec- ções e proteção contra alguns tipos de câncer.

No Brasil, a cenoura é cultivada tradicionalmente nas regiões Sul (Paraná, Rio Grande do Sul) e Sudeste (Minas Gerais e São Paulo), porém o desenvolvimento de cultivares tolerantes ao calor e com resistência a doenças tem expandido o cultivo nas regiões Nordeste (Bahia) e Centro-Oeste (Goiás).

As queimas foliares por alternária (Alternaria dauci) e por cercóspora (Cercospora carotae) estão entre as mais importantes e freqüentes doenças fúngicas da

cultura. As queimas afetam a parte aérea da planta, com reflexos negativos sobre a produção e a qualida- de das raízes. O plantio de cultivares e híbridos suscetíveis e a ocorrência de condições favoráveis favorecem o rápido desenvolvimento das queimas que podem causar destruição total da folhagem em poucos dias.

Sintomas

Os sintomas das queimas por alternaria e cercóspora são muito similares, fato que pode dificul- tar a diagnose e a definição de estratégias de controle.

As lesões foliares da queima por alternária são geralmente pequenas e se localizam nas margens e extremidades dos folíolos. São de tamanho e formato irregulares, apresentam coloração marrom escura ou

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preta e podem ser circundadas por halos cloróticos.

Em condições favoráveis, as manchas tornam-se numerosas e expandem-se até o coalescimento das mesmas. Neste estágio, os folíolos amarelecem, se- cam e morrem rapidamente, conferindo às folhas o aspecto de queima. Lesões negras, grandes e alongadas também podem ser observadas em pecíolos e inflorescências. Em plântulas, o fungo pode causar lesões no colo, seguidas de tombamento e morte.

Na queima por cercóspora, as lesões são inicial- mente pequenas, marrom-escuras, com o centro claro e margens definidas. Estas são circulares no interior das folhas e mais alongadas nas margens. Em condi- ções favoráveis a doença pode causar rápida destrui- ção das folhas. As lesões em pecíolo são marrons, circulares ou elípticas e podem possuir o centro cas- tanho claro.

As queimas por alternaria e cercóspora podem ocorrer no mesmo plantio, planta, ou lesão, fato que pode dificultar o diagnóstico. De maneira geral, A.

daucus afeta principalmente as folhas mais velhas, enquanto que C. carotae ocorre em folhas mais jovens.

A queima por alternaria ocorre com maior severida- de na fase em que a planta converge sua energia pra a formação das raízes, enquanto que a queima por cercóspora infecta preferencialmente plantas jovens.

A diferenciação também pode ser feita pela análise dos sintomas iniciais em pecíolos. Os causados por A. dauci são em geral lesões circulares, puntiformes e encharcadas, enquanto que as causadas por C.

carotae são lesões retangulares, alongadas e com centro claro.

Etiologia

Os dois fungos podem ser transmitidos por se- mentes contaminadas e podem sobreviver em restos de cultura, constituindo a fonte de inóculo inicial.

A velocidade de expansão dessas doenças no campo depende do nível de inóculo inicial (sementes contaminadas e/ou resíduos infectados de cultivos anteriores), temperatura do ar e da presença de água (chuva, irrigação ou orvalho).

A mancha de alternaria é favorecida por tempe- raturas elevadas e prolongado molhamento foliar.

De maneira geral, são necessárias de 8 a 12 horas de molhamento foliar a temperaturas de 15-25º C para que haja infecção. Os conídios germinam emitindo tubos germinativos que podem penetrar no hospe- deiro pelos estômatos ou ferimentos que eventual- mente possam existir na superfície do tecido. Os sintomas aparecem rapidamente e o fungo esporula facilmente sobre as lesões, estando os novos conídios aptos a serem dispersos e a causar novas infecções.

O vento e a água são os principais agentes de disper-

são da doença na cultura. A queima por alternaria apresenta rápido desenvolvimento após o fecha- mento da cultura pelo intenso crescimento vegetativo. Tal fato deve-se ao acúmulo de umidade no interior da densa folhagem e pela deficiente circu- lação de ar entre as plantas. A. dauci também pode infectar a salsa, o salsão, o coentro e plantas silves- tres como a Daucus maximus, Caucalis tenella e a Ridolfia segetum.

A mancha de cercóspora requer no mínimo 12 horas de molhamento foliar e temperaturas em torno de 20 a 30º C para seu desenvolvimento. Em condições favoráveis, os sintomas são visíveis 3 a 5 dias após a inoculação. O fungo C carotae afeta somente plantas do gênero Daucus tais como: D. hispanicus, D. maritimus, D. maximus e D. pusillus, entre outras.

Manejo

A adoção conjunta de diferentes práticas é funda- mental para o efetivo manejo dessas doenças. O diagnóstico seguro da doença é fundamental para definição das estratégias. O estabelecimento de um programa de manejo para as manchas de alternaria e cercóspora devem incluir medidas como: plantio de sementes sadias, plantio de cultivares e híbridos tole- rantes, rotação de cultura, redução do estresse das plantas pela correta nutrição e irrigação, bem como, a aplicação de fungicidas.

Plantio de semente sadia

Uso de sementes sadias ou tratadas com fungicidas é altamente recomendado, pois os fungos envolvidos são transmitidos por sementes. Esta medida de con- trole visa impedir a disseminação da doença e a sua entrada na área. O tratamento com os fungicidas iprodiona e tiram é considerado altamente eficiente na redução de A. dauci em sementes de cenoura con- taminadas. De maneira geral, os produtores de cenou- ra adquirem as sementes em empresas que disponibilizam materiais com elevados níveis de qualidade e sanidade.

Rotação de cultura

Devido a capacidade de A. dauci e C. carotae sobre- viverem em restos culturais, recomenda-se a de rota- ção de cultura por 2 a 3 anos para que haja queda natural na população dos patógenos. No caso de queima de alternaria deve-se evitar o plantio de salsa e salsão na área.

Cultivares e híbridos

Os cultivares e híbridos atualmente cultivados no Brasil podem ser agrupados em dois grandes grupos:

os materiais de outono-inverno e os de primavera/

verão (Quadro 1).

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Sintoma, etiologia e manejo da queima das folhas (Alternaria dauci; Cercospora carotae) na cultura da cenoura.

Quadro 1 – Característica de cultivares e híbridos de cenoura disponíveis no mercado brasileiro.

Cultivar Formato das raízes Ciclo (dias) Comprimento das raízes(cm) Resistente(R), Suscetível (S), Tolerante (T)

Verão

Alvorada Cilíndrica 100-105 15-20 R - queima das folhas

Juliana Cilíndrica 85-110 18-22 T – mancha de alternária

Brasília Cilíndrica 90-100 15-22 R - queima das folhas*

Tropical Ligeiramente Cônica 80-90 20-25 R - queima das folhas

Karine Cilíndrica 90-100 19 T – mancha de alternária

Kuroda Ligeiramente cônica 100 15-18 R- mancha de alternária

Kuroda Ligeiramente cônica 100 15-18 R- mancha de alternária

Kuronan Ligeiramente cônica 100-120 15-25 R - queima das folhas

Suprema Cilíndrica 75 21 R- queima das folhas

Esplanada Cilíndrica 90 20 R- queima das folhas

Bruna F1 Cilíndrica 120 18-20 R- queima das folhas

Primavera/verão

Prima Cilíndrica 90-100 16-18 R - queima das folhas

Carandaí Cilíndrica 80-90 18-20 R - mancha de alternária

Larissa Cilíndrica 110-120 20 T - mancha de alternária

Inverno

Nantes Cilíndrica 90-110 13-15 S – queima das folhas

Concerto F1 Cilíndrica 95 18-22 S – queima das folhas

Forto Cilíndrica 110-120 18-20 S – queima das folhas

Tim Tom Cilíndrica 110-120 20 T - mancha de alternária

Vedete F1 Cilíndrica 110-120 20 T – queima das folhas

Bolero F1 Cilíndrica 110-120 20 T – queima das folhas

Coral II Cônica 115 dias 18 T - mancha de alternária

Fonte: Catálogos de Companhias Produtoras de Sementes.

*Queima das folhas: Complexo de Alternaria dauci e Cercospora carotae.

Quadro 2. Características de fungicidas registrados no Brasil para o controle da queima das folhas na cultura da cenoura (Daucus carota).

Fungicidas* Alvo Grupo químico Risco de No máximo

resistência de aplica- ções/ciclo

clorotalonil A. dauci, C. carotae ftalonitrila Baixo -

mancozebe ditiocarbamato -

hidróxido de cobre cúprico -

oxicloreto de cobre cúprico -

sulfato de cobre A. dauci cúprico -

azoxistrobina estrobirulina Alto 4

Piraclostrobina+metiram Estrobirulina+ ditiocarbamato 4

boscalida Anelida -

Famoxadona+ mancozebe oxazolidinadiona+ ditiocarbamato 6

iprodiona dicarboximida 3-4

procimidona dicarboximida 3-4

tebuconazol triazol Médio 5

difenoconazol triazol 5

metconazol triazol 5

bromuconazol triazol 5

tetraconazol triazol 5

procloraz imidazol 5

pirimetanil anilinopiridina -

Trifloxistrobina + tebuconazol estrobilurina + triazol - -

*Fonte: Agrofit (http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons. Consulta em 22/9/2008).

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Os cultivares de inverno são em sua maioria de origem européia e são representadas principalmente pelo grupo Nantes (origem francesa) e Forto (origem holandesa). Apresentam raízes longas, cilíndricas, de excelente aspecto, coloração e sabor. Caracteri- zam-se por serem altamente suscetíveis às queimas de alternária e cercóspora sob condições elevadas de temperatura e umidade. Outras cultivares e híbridos tais como Tim Tom, Vedete F1, Bolero F1 e Coral II, também fazem parte deste grupo e considerados tole- rantes à mancha de alternária. De maneira geral, essas cultivares exigem a utilização preventiva de fungicidas sob condições favoráveis à doença.

Os cultivares de primavera e verão são resistentes ou tolerantes à queima das folhas e são, em grande parte, de origem brasileira. Nas cultivares resistentes, na maioria dos casos, não é necessária a utilização de fungicidas, enquanto que nas tolerantes, esta pode ser necessária em situações críticas. Entre as resistentes destacam-se principalmente: o grupo Brasília, Carandaí, Kuronan, Alvorada, Prima, Tropical, Esplanada, Suprema, Bruna F1 e entre as tolerantes:

Juliana, Karine e Larissa.

Os produtores de cenoura com histórico impor- tante dessas doenças devem consultar o serviço de extensão ou a assistência técnica das empresas de sementes para verificar quais são os materiais mais adequados para sua região.

Adubação equilibrada

As queimas de alternária e cercóspora, geralmen- te, são mais severas em plantas mal nutridas e estressadas. Portanto, recomenda-se o emprego de adubação equilibrada com base em análise prévia do solo. O uso com critério de nitrogênio pode aumentar o vigor das plantas, aumentando assim a emissão de novas folhas que venham a compensar as que foram destruídas pela queima das folhas.

Irrigação

As irrigações devem ser controladas nos períodos favoráveis à doença e realizadas preferencialmente no período da manhã para evitar que a folhagem permaneça úmida após o anoitecer.

Práticas culturais

Práticas que contribuem para a redução da umida- de, período de molhamento foliar e permeabilidade do solo tais como: evitar o plantio em áreas úmidas, maior espaçamento entre linhas, plantio em canteiros

elevados, evitar irrigações excessivas e eliminação de

“pés de grade”, são estratégicas que reduzem as condições favoráveis às doenças em questão.

A incorporação dos restos culturais logo após a colheita, para acelerar a decomposição pode auxiliar na redução do inóculo.

Controle químico

Embora um programa baseado em medidas cultu- rais possa minimizar o potencial destrutivo das quei- mas por alternária e cercóspora, o uso de fungicidas é necessário, em condições favoráveis e plantio de materiais suscetíveis (Quadro 2).

Para o controle da queima das folhas recomenda- se a aplicação preventiva de fungicidas inespecíficos (ditiocarbamato - mancozebe, ftalonitrila – clorotalonil e cúpricos) durante a fase vegetativa e o uso alternado de fungicidas específicos e de contato a partir do início do fechamento da folhagem.

A aplicação de fungicidas específicos (estrobilurinas – azoxistrobina, piraclostrobina, trifloxistrobina; anelidas – boscalida; triazóis – tebuconazol, difenoconazol, tetraconazol, metconazol, bromuconazol; imidazoles – procloraz;

dicarboximidas – iprodiona, procimidona;

anilinopiridina – pirimetanil e oxazolidinadiona – famoxadona) deve ser iniciada assim que ocorram condições favoráveis ou se evidenciem os primeiros sintomas da doença no campo (Quadro 2).

Melhores níveis de controle são obtidos quando se utiliza pressão e volume de calda suficiente para que os produtos possam atingir as folhas no interior da densa folhagem. A não proteção das folhas internas pode ser critica, pois uma vez infectadas estas folhas produzirão esporos que serão disseminados por toda a cultura, favorecendo a expansão da doença.

O uso alternado de fungicidas específicos e inespecíficos é recomendado para prevenir a ocorrên- cia de raças resistentes dos patógenos envolvidos. A ocorrência de resistência de A. dauci a iprodione já foi observada no Brasil.

Recentemente observou-se que plantas de cenou- ra tratadas com acido giberélico apresentam folhas mais eretas, menor acumulo de umidade na folhagem e consequentemente menor severidade de queima por alternaria.

Recebido em 14/1/09 Aceito em 5/5/10

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