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Constatou-se que a engrenagem da escola envolve a participação de vários agentes, pois o processo de aprendizagem depende de toda comunidade escolar

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¹Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA e Bacharela em Direito pela Estácio de São Luís. Email: angelica_spessoa@hotmail.com.

²Doutora em Educação, pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Professora Adjunta da Universidade Federal do Maranhão -UFMA. E-mail: vercar1407@gmail.com.

AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS E A GESTÃO ESCOLAR: contribuições para a efetivação do direito à educação

Angélica Telles de Souza Pessoa¹ Verônica Lima Carneiro Moreira² Eixo: Impasses e Desafios das Políticas de Educação

Resumo

Para compreender a Gestão Escolar e suas contribuições à efetivação do direito à educação, foi desenvolvido um estudo de caso em uma escola pública de Ensino Médio em São Luís.

Realizou-se análise bibliográfica, observações e entrevistas semiestruturadas, para avaliar a gestão e o cumprimento do direito à educação. Utilizou-se, além da Constituição, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e, como referencial teórico, Dourado (2007); Prado (2012). Constatou-se que a engrenagem da escola envolve a participação de vários agentes, pois o processo de aprendizagem depende de toda comunidade escolar.

Palavras-chave: Gestão escolar. Direito à educação.

Democracia.

Abstract

In order to understand of School Management and its contributions to the realization of the right to education, a case study was carried out in a public high school in São Luís. A bibliographic analysis, observations and semi-structured interviews, to diagnose compliance with the right to education and democratic management. In addition to the constitution, the Statute of the Child and Adolescent, the Law of Guidelines and Bases of National Education and, as theoretical reference, Dourado (2007). It was verified that the school gear involves the participation of several agents, because the learning process depends on the whole school community.

Keywords: School management. Right to education.

Democracy.

I. INTRODUÇÃO

A importância da garantia da educação enquanto um direito público subjetivo inalienável, inerente à pessoa humana, deve nortear a implementação das políticas públicas

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voltadas para a educação, bem como as ações de professores, gestores e demais membros da comunidade escolar. Dessa forma, a gestão, em sua perspectiva democrática, deve inserir a todos no processo ensino-aprendizagem, na tentativa de lhe proporcionar melhorias contínuas.

Sendo assim, esse artigo possui como base uma investigação voltada para as contribuições da gestão escolar no que tange à efetivação do direito à educação. Como forma de demonstrar como ocorre essa concretização sob o viés metodológico, foi traçada uma pesquisa de campo, a qual foi classificada como qualitativa e utilizou o estudo de caso, com a aplicação de entrevistas semiestruturadas.

O lócus escolhido para a realização da pesquisa empírica foi uma escola estadual que atende o ensino médio no município de São Luís, Maranhão. Foram entrevistados um Gestor auxiliar e uma Supervisora, buscou-se compreender a atuação e a importância de cada função no desenvolvimento das atividades da unidade, o planejamento de ações para o semestre e as dificuldades de colocar em prática melhorias no ensino.

Tendo em vista os aspectos descritos, e outros a serem tratados no decorrer desse estudo, o questionamento norteador da presente pesquisa é: Como a gestão escolar tem contribuído para a efetivação do direito à educação?

O objeto é fruto de discussões sobre os direitos da criança e do adolescente vivenciadas no decorrer da graduação, em especial o direito à educação, pois, assim como a Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90) prelecionam em seus artigos, esses são cidadãos com condições especiais em relação aos demais e o cumprimento de seus direitos é dever da sociedade.

A inquietação gerada pelas condições de vulnerabilidade as quais os menores têm sido expostos na atualidade levam profissionais que lidam com essa realidade a ficarem alarmados, e aqueles que ainda possuem uma esperança de mudança buscam de alguma forma melhorar a realidade atual.

Portanto, o interesse dessa pesquisa foi motivar a busca por melhorias no ensino e a efetivação dos direitos tão bem redigidos no ordenamento. É importante também destacar o quanto um pequeno recorte da realidade do município de São Luís do Maranhão, em termos da efetivação do direito à educação, poderá ser útil para gestores, estudiosos dessa temática e aos demais cidadãos.

Existem, autores como Cury (2008), Candau (2012) que defendem a necessidade das crianças conhecerem seus direitos desde o início de sua escolarização, no sentido de reforçar sua formação cidadã. Porém, o próprio contexto social dos alunos de escola pública do município de São Luís não favorece que esses se empenhem em buscar seus direitos.

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Este trabalho está dividido em duas seções, além desta Introdução e Conclusão, sendo que a primeira é embasada na revisão bibliográfica e, a segunda, constituiu-se dos resultados e discussões acerca dos dados levantados junto ao lócus da pesquisa empírica.

II. A GESTÃO ESCOLAR E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A EFETIVAÇÃO DO DIREITO À EDUCAÇÃO

Em meio aos outros princípios que devem nortear o ensino, previstos no artigo 3º da LDBEN/1996, está a gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino. Ainda com base nas diretrizes, o artigo 14º reforça: “Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes”.

Além dos mencionados artigos da LDBEN, temos o posicionamento da CRFB/88 onde o artigo 206 (BRASIL, 1988) em seu inciso VI preceitua como princípio do ensino, ser ofertada a gestão democrática do ensino público, na forma da lei. Conforme Prado (2012) os ideais democráticos foram responsáveis pela substituição da terminologia diretor por gestor:

Mas, em nome dos ideais de democracia e de descentralização o vocábulo “diretor”

(não necessariamente as práticas) é substituído não só na legislação, mas também na produção acadêmica que se sucede no período, por “gestor”, aquele que administra as tensões, que se envolve em todas as áreas da escola, que aproxima as questões burocrático-administrativas das pedagógicas e de pessoas, que delega poderes e tarefas, enfim, aquele que enxerga as especificidades da administração escolar para além da administração empresarial e que é (ou deveria ser)

“democrático” (PRADO, 2012, p. 25).

A previsão legislativa é um avanço, porém, ainda é superficial diante da necessidade de reformar a gestão escolar, como pressupõe os autores Bordignon e Gracindo:

A gestão democrática da educação requer mais do que simples mudanças nas estruturas organizacionais; requer mudança de paradigmas que fundamentem a construção de uma Proposta Educacional e o desenvolvimento de uma gestão diferente da que na atualidade é vivenciado. Ela precisa estar para além dos padrões vigentes, comumente desenvolvidos pelas organizações burocráticas.

(BORDIGNON e GRACINDO, 2000, p.148)

Como forma de ampliar a visão sobre a gestão, foi necessário compreender essa sua forma democrática, a qual, para Medeiros e Luce (2006), está associada ao estabelecimento de mecanismos institucionais e à organização de ações que desencadeiem processos de participação social: na formulação de políticas educacionais; na determinação

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de 5 objetivos e fins da educação; no planejamento; nas tomadas de decisão; na definição sobre alocação de recursos e necessidades de investimento; na execução das deliberações;

nos momentos de avaliação. Esses processos devem garantir e mobilizar a presença dos diferentes atores envolvidos nesse campo, no que se refere aos sistemas, de um modo geral, e nas unidades de ensino – as escolas e universidades.

As ações propostas visam ao comprometimento de todos os atores envolvidos no sistema e unidades de ensino, sendo assim, superam a proposta da LDBEN e ultrapassam os muros das escolas para efetivar políticas sociais. Em conformidade, Vieira (2007, p.65) aduz: “a gestão democrática da escola é, portanto, apenas um desses espaços de intervenção que se articula a outros, no campo da política sindical, partidária e em outras formas de exercício da cidadania e da militância”.

Dessa forma, fica demonstrada a relação da escola com outros espaços e seu papel político na conjuntura do Estado. Para retratar a relação entre a democracia já conceituada e a gestão, apresenta-se o seguinte pensamento:

A democratização da gestão escolar, por sua vez, supõe a participação da comunidade em suas decisões, podendo ocorrer através de órgãos colegiados e instituições auxiliares de ensino. A participação da comunidade não deve ficar restrita apenas aos processos administrativos, mas ocorrer nos processos pedagógicos que supõem o envolvimento da comunidade nas questões relacionadas ao ensino (SILVA, 2006, p.102).

Conforme o posicionamento mencionado acima, a comunidade deve ser participativa nos processos administrativos e pedagógicos dos ambientes de aprendizagem.

O avanço no número de vagas compreendeu-se como um grande feito para o ensino, entretanto, é apenas parte do direito assegurado. Afinal, é necessário combinar o aspecto quantitativo ao qualitativo nos espaços educacionais.

De acordo com a análise de Dourado (2007), qualidade da aprendizagem na educação básica, pressupõe, por um lado, identificar os condicionantes da política de gestão e, por outro, refletir sobre a construção de estratégias de mudança do quadro atual.

Ampliando o posicionamento do autor:

O conceito de qualidade, nessa perspectiva, não pode ser reduzido a rendimento escolar, nem tomado como referência para o estabelecimento de mero ranking entre as instituições de ensino. Assim, uma educação com qualidade social é caracterizada por um conjunto de fatores intra e extra-escolares que se referem às condições de vida dos alunos e de suas famílias, ao seu contexto social, cultural e econômico e à própria escola – professores, diretores, projeto pedagógico, recursos, instalações, estrutura organizacional, ambiente escolar e relações intersubjetivas no cotidiano escolar (DOURADO, 2007, p. 940-941).

Nessa perspectiva, demonstra-se a necessidade de todos os Entes Federados e agentes da educação trabalhar em prol de avanços para os recintos de aprendizagem, e

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consequentemente, na formação dos profissionais que sairão desse ambiente. Os investimentos na educação devem primar pela qualidade, ou seja, devem estar direcionados a ações e metas possíveis e eficientes.

Um contexto democrático no ambiente escolar pressupõe civilidade, como explica Beraldo e Pelozo (2007), a democracia promove o discurso e o debate num ambiente civilizado. Numa democracia, todos podem concordar, discordar e debater os problemas até chegar ao consenso. Este debate precisa ser conduzido com civilidade, o que não exclui paixão. Mas, uma vez encerrado, deverá haver respeito pelas diferentes opiniões e um envolvimento construtivo. No contexto da escola, a civilidade significa a capacidade de ouvir e promover o discurso de todos os grupos, independentemente de suas posições.

De certa forma, o respeito que se espera na vida em sociedade, conforme os autores, começa nas instituições de ensino, sendo implementado por meio das escolhas da maioria, como acontece nas eleições, onde o vencedor foi escolhido pelo quantitativo maior de votos e cabe aos demais respeitar essa escolha. Entretanto, a postura de compreensão mútua entre as partes não significa a total passividade da minoria, tanto na política quanto no meio estudantil é possível reivindicar e, principalmente, cobrar as promessas e o avanço das políticas essenciais.

Cabe ao gestor escolar mediar as relações e propiciar um ambiente participativo onde cada membro da comunidade compreenda sua importância enquanto parte da instituição. Para ampliar o posicionamento acima, Honorato (2012, p.5) ressalta que: “o papel do diretor tem ido além da administração centralizadora e técnica [...] o diretor possui uma visão do futuro e parte para a sua conquista junto com todos os seus seguidores”.

A liderança desse personagem da gestão escolar só não pode suprimir os direitos inerentes aos jovens, porém, é observada a utilização do cargo em uma posição de superioridade sobre os demais membros da comunidade estudantil. Pensamento sintetizando por Forno, Ferreira e Markowicz (2002) esse novo modelo pautado pela liderança do diretor pretende que este seja o pivô da administração escolar, ou seja, liderança seria uma subárea que transforma o diretor em uma espécie de gerente executivo que busca os recursos e os professores em técnicos da educação. O objetivo é claro, é a lucratividade e não a qualidade do serviço, não é apenas a lógica técnica, mas também a lógica comercial. Este tipo de profissionalismo tende a criar um abismo que divide ainda mais as categorias de professores, com os demais profissionais da escola e os pais e a comunidade escolar.

Cury (2007) sistematiza a gestão democrática da educação por meio da carta magna: é ao mesmo tempo, por injunção da nossa Constituição (art. 37) (BRASIL, 1988):

transparência e impessoalidade, autonomia e participação, liderança e trabalho coletivo,

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representatividade e competência. Voltada para um processo de decisão baseado na participação e na deliberação pública, a gestão democrática expressa um anseio de crescimento dos indivíduos como cidadãos e da sociedade enquanto sociedade democrática. Por isso, a gestão democrática é a gestão de uma administração concreta.

Ao final, ao mesmo tempo em que a gestão democrática propicia o posto de liderança aos gestores, ela resguarda os educandos, pois a autonomia proposta para a escola pressupõe os direitos e deveres de toda a comunidade escolar, bem como sua participação nas principais decisões e vislumbra melhorias para o ensino, de forma que a proposta não é tornar o gestor dono da instituição, mas, sim, mediador das relações e parte importante no avanço da aprendizagem.

O objetivo de melhor a aprendizagem deve juntar todos os sujeitos, inclusive na produção de documentos como a Proposta Político Pedagógica (PPP):

A legislação em vigor estabelece a construção do PPP pela própria escola, tendo em vista sua realidade, de forma a assegurar a participação dos profissionais da educação, dos pais, alunos e comunidade local. Ao construir, implementar e avaliar seu projeto, a escola propicia uma educação de qualidade e exerce sua autonomia pedagógica, o que possibilita a ampliação do espaço de decisão e participação da comunidade (CORDEIRO; ROCHA e SOUSA, 2009, p. 61).

O texto legislativo ao qual os autores se referem é a própria LDBEN (1996), que dispõe, em seu artigo 12, que: “Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de elaborar e executar sua proposta pedagógica”. Fica evidente, pela reiterada norma, a existência de muitos dispositivos que se coadunam com a efetivação do ensino de qualidade e a proposição de autonomia direcionada ao grupo responsável pela instituição.

A intenção de refletir sobre o papel da escola compõe as tarefas essenciais da escola e devem nortear a produção do PPP, de forma que seu resultado final norteie verdadeiramente a prática da escola e impulsione as aulas dadas pelos professores a um patamar superior de qualidade e compromisso.

Para os autores Cordeiro, Rocha e Sousa (2009), o PPP possui um papel social, deve ser construído de forma que aponte para as necessidades de reconstrução do homem como ser integral, por intermédio da integração de conhecimentos específicos, adaptados à realidade do educando, buscando sua integração com o meio social onde vive.

Sendo assim, compete aos gestores articular todo o processo ensino- aprendizagem na busca por alcançar os objetivos educacionais. Inúmeras são as dificuldades existentes para chegar ao patamar desejado, mas o diretor tem que ter, nesse percurso, o professor como aliado e não como mais um empecilho. Para tanto, é preciso

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ouvir o educador, pôr em prática ações que facilitem o dia-a-dia em sala de aula e promover incentivos à formação continuada.

Com base no posicionamento de Dourado (2007), a problematização das condições de formação e profissionalização docentes coloca-se como questão interligada à gestão educacional e, nesse sentido, deve considerar os diferentes fatores que interferem na atuação dos profissionais da educação, bem como possibilitar o acesso a processos formativos que não descurem de uma base sólida de formação, não se reduzindo à disseminação de metodologias e estratégias de aprendizagem. Rever a formação pedagógica requer, portanto, a articulação entre as políticas educacionais e as concepções de formação enquanto processos de construção coletiva.

A qualidade no ensino perpassa as funções dos grupos que compõe a escola, pois, na visão de Oliveira e Araújo (2005), três significados distintos de qualidade foram construídos e circularam, simbólica e concretamente, na sociedade: um primeiro, condicionado pela oferta limitada de oportunidades de escolarização; um segundo, relacionado à ideia de fluxo, definido como número de alunos que progridem ou não dentro de determinado sistema de ensino; e, finalmente, a ideia de qualidade associada à aferição de desempenho mediante testes em larga escala.

De acordo com esse entendimento sobre a qualidade no ensino, se compreende que a gestão deve acompanhar esses três aspectos ligados a ele. Então, será prioridade contribuir com a oferta de vagas, acompanhar e promover a permanência desse estudante e aferir a qualidade do ensino por meio dos testes.

III. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para analisar o caso da escola escolhida em relação às contribuições da gestão para a efetivação do direito à educação, foi necessário, preliminarmente, caracterizar o ambiente e os sujeitos pesquisados e as respostas dadas durante as entrevistas. O primeiro passo foi fazer uma pesquisa bibliográfica referente ao direito à educação, além disso foram realizadas observações e houve a aplicação de um roteiro de entrevista semiestruturada, convencionou-se a pesquisa qualitativa para dirimir os fatos relacionados a como as ações da gestão escolar contribuem para a efetivação do direito à educação.

Sobre o aspecto comparativo entre a análise qualitativa e quantitativa, Gunther (2006, p. 203) faz uma distinção entre a interação dinâmica entre o pesquisador e o objeto de estudo: “Na pesquisa quantitativa, dificilmente se escuta o participante após a coleta de dados, não sendo a reflexão continua especificidade do estudo qualitativo”.

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A abordagem escolhida para alcançar o objeto de estudo foi a pesquisa qualitativa, através do estudo de caso, com a aplicação de entrevistas relacionadas à forma de gerir a escola. As vantagens de um ou outro tipo de questão dependem das propostas do estudo e da necessidade de profundidade da análise sobre o objeto de estudo. A qualidade das perguntas e do processo de pesquisa interfere nos resultados.

O processo investigativo ocorreu nos meses de maio a agosto de 2016 no turno vespertino na escola-campo durante a realização do Estágio em Gestão de Sistemas Educacionais e Instituições de Ensino Médio. Período em que identificou-se que a instituição foi fundada no ano de 1838, fica localizada no Centro da cidade de São Luís e possui estrutura física bem completa e ampla. Funciona nos turnos matutino e vespertino possuem um total de 32 turmas, no período noturno são 12 classes em funcionamento. O Centro conta com 197 docentes e, em contrapartida, possui 2778 discentes.

Para aprofundar a temática estudada por meio de pesquisa bibliográfica, optou- se pela utilização da análise de entrevistas realizadas no espaço escolar. Denominarei os entrevistados como P1 e P2 como forma de preservar a identidade dos mesmos, promovendo, em consonância com o artigo 5º, X, da CRFB/88 “a proteção do direito à intimidade e à vida privada do indivíduo”.

Primeiramente, contamos com as respostas do professor P1, o qual ocupa a função de Gestor auxiliar. Tem como formação a Licenciatura em Física e foi supervisor técnico responsável pelo acompanhamento da equipe do Estágio. Posteriormente entrevistou-se uma Supervisora aqui denominada de P2, formada em Pedagogia com habilitação em gestão escolar.

O histórico da Legislação voltado à concretização do direito à educação é vasto e foi se aperfeiçoando com o passar dos anos, mas, assim como mudar a nomenclatura de diretor para gestor não muda muitos aspectos práticos, uma lei no papel também não muda muito a realidade. O que é responsável por mudanças são as ações diante das demandas e do que está assegurado juridicamente, logo é a efetiva implantação de políticas públicas no ambiente educativo que faz a diferença.

Neste contexto, para Prado (2012) a formação do novo gestor ganha um papel central e, dentro dele, a função do estágio curricular supervisionado. Os cursos de formação de professores-gestores devem propiciar momentos de reflexão e de contato com práticas de escolas que visem à construção educativa “de” e “para” processos participativos e democráticos.

O que ficou evidente foi a necessidade de uma formação inicial que prepara os estudantes da graduação para atuar junto à gestão e, principalmente, de promover a sua

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forma democrática, bem como uma formação continuada para quem está à frente da escola para lidar com as mudanças e com todos os grupos da comunidade escolar.

Os profissionais registraram a importância de formação específica para o exercício da gestão, pois suas experiências anteriores eram na sala de aula. Demonstrando que precisam manter boa convivência com quatro segmentos para realização de suas atividades: o corpo docente, os discentes, a comunidade externa (incluindo pais e responsáveis) e demais funcionários da instituição.

De certa forma, a gestão da escola pesquisada tem um discurso democrático, mas tenta se justificar por não ter a comunidade ainda mais imersa no espaço educacional evidenciando que o colégio tem educandos de vários pontos da cidade e não apenas de um bairro, o que facilitaria uma relação mais aproximada.

Para Silva (2006, p.149), “a culpa da não implantação da gestão democrática não é exclusiva dos diretores, ou da comunidade escolar, [...] não podemos negar a existência de vários elementos que emperram a organização de um coletivo, como dirigentes escolares autoritários; membros da comunidade escolar desinteressados em decisões cujos benefícios sejam de todos; dependência de que o diretor dê abertura para que professores, pais, alunos e funcionários participem da gestão da escola, ficando todos à mercê do temperamento desse ou daquele dirigente escolar”.

Assim, como o sucesso do ensino depende de vários elementos e agentes, a implantação de uma gestão mais participativa também depende da superação de vários impasses e de uma combinação de fatores. Em conformidade com o papel de liderança, pressupõe-se que o gestor se antecipe diante de algumas demandas, essa antecipação favorece a proposição e efetivação de políticas educacionais no espaço escolar. Estando esse compromisso com a qualidade do ensino intimamente ligada a motivação e empenho que se busca por parte dos estudantes.

Quanto à função de gerir os recursos financeiros, para Cury (2007) é um dos critérios que auxilia na permanência do aluno. Hoje, todo o gestor educacional acaba de uma forma ou de outra lidando com recursos financeiros. Como ignorar essa dimensão de uma realidade que necessita permanentemente de uma base material? Eis porque os gestores educacionais devem conhecer elementos básicos da dinâmica do Fundeb, não só para serem guardiães morais da destinação legal desses recursos, mas, também, para gerir os recursos destinados diretamente à escola e, com isso, poder auxiliar o órgão executivo na indicação das necessidades materiais da escola.

Sobre as suas atribuições na escola P2 respondeu que o supervisor escolar tem a função de “acompanhamento e assessoramento pedagógico dos professores. O trabalho

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do supervisor consiste em acompanhar não somente os professores, mas também os alunos. Acompanhar o processo de ensino-aprendizagem como um todo”.

Com vistas aos estudos de Gimenes e Martins (2010), a responsabilidade trazida pelo supervisor é de liderar sua equipe, tendo como principal função a de mediador e articulador de todo o processo ensino-aprendizagem, vislumbrando um profissional que anseia por colocar em prática as teorias apreendidas nos cursos de formação, mas limitado pelo pouco tempo destinado às suas verdadeiras atividades, pois a maior parte do tempo deste é direcionado à resolução de questões burocráticas. Frequentemente, observa-se um hiato entre a área administrativa e a área pedagógica das instituições escolares, sendo esta última relegada a segundo plano no prol das atribuições do supervisor escolar.

Quanto à existência de um planejamento de ação da Coordenação Pedagógica, foi informado que são realizados planejamentos, formações continuadas, acompanhamento do processo de avaliação, acompanhamento das famílias e outros. Sobre o momento no qual se percebe falhas no processo de ensino-aprendizagem compreendeu-se que a gestão deve ter um olhar de acordo com a situação e fazer as intervenções necessárias.

Com relação a proporcionar um ambiente de trabalho favorável às relações interpessoais, apresentam a proposta de não querer se aproximar dos educadores como fiscalizadores. O posicionamento de Candau (2000, p.27) sobre a criação de ambientes participativos dispõe: “é uma condição básica da gestão democrática. Deles fazem parte a criação de uma visão de conjunto da escola e de sua responsabilidade social; o estabelecimento de associações internas e externas; a valorização e maximização de aptidões e competências múltiplas e diversificadas dos participantes”.

De acordo com Silva (2006), a comunidade, uma vez na escola, pode ampliar a sua forma de participação e determinar uma nova relação com o espaço público, envolvendo-se em decisões relacionadas à elaboração, execução e avaliação das atividades desenvolvidas nesse local. Então, conforme as portas da escola vão sendo abertas verdadeiramente, aumenta-se a possibilidade de envolvimento entre as partes responsáveis pelo ensino.

IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em conformidade ao questionamento norteador, a gestão escolar tem contribuído para a efetivação do direito à educação ao buscar a implantação de uma gestão mais democrática, pois essa tem o objetivo de proporcionar a participação da comunidade escolar no planejamento, no acompanhamento do aprendizado e na produção de documentos que direcionam a prática.

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O percurso de conhecer a temática mais minuciosamente, observar a instituição e seus profissionais, aplicar as entrevistas semiestruturadas e analisa-las foi responsável pela visualização da função de liderança como uma das contribuições para ocorrer a garantia da educação.

A gestão também pode contribuir para a efetivação do direito à educação, na medida em que cumpre sua função social, planeja e coloca em prática suas propostas. Não somente planejar, mas projetar em conjuntos com os outros seguimentos escolares e buscando o cumprimento das metas dentro calendário escolar anual.

A qualidade do ensino está intimamente ligada a sua efetividade, de forma que a formação continuada orienta esse avanço do direito à educação. Além disso, esse conhecimento cria uma compreensão profissional por parte do indivíduo, capaz de torna-lo mais engajado na busca pelas garantias educacionais e da aplicação das políticas relacionadas.

A proposição do objeto abordado na presente pesquisa relacionou-se à sua relevância social e contemporaneidade diante do cenário educacional e democrático. Ao final da análise, constatou-se que o sucesso de uma escola, em especial o caso da escola pública de ensino médio pesquisada, está na união e participação de vários agentes, pois o processo ensino-aprendizagem não depende de um único indivíduo.

Em síntese, para o gestor cabe a liderança mas ao mesmo tempo o olhar aproximado sobre as demandas da escola e a cobrança direta aos órgãos superiores. Junto aos professores e outros agentes é necessário produzir documentos como o PPP, que orientarão o funcionamento da escola e o planejamento “individual”. A todos os profissionais compete está em constante aprimoramento e aprendizagem, e os estudantes devem ser incentivados a ter compromisso com os estudos e lutar por seus direitos.

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Referências

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