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EXEMPLOS DA CIDADE MÉDIA DE PONTA GROSSA/PR

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Academic year: 2023

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Este artigo examina as diferentes dimensões da análise da verticalização por meio de um estudo empírico da cidade de Ponta Grossa, Paraná. Ambas percorrem paralelamente o centro da cidade e se caracterizam como ruas de serviços e comerciais. Este último foi o primeiro e ainda é o único edifício da cidade projetado com galeria comercial.

Na década de 1980, foram construídos edifícios com quatro ou mais andares em todo o centro da cidade. Hoje, porém, também pode ser visto em outros pontos da cidade (ver CARTOGRAMA 2 no final do texto). É o complexo Monteiro Lobato, com 33 quadras, localizado no bairro Jardim Carvalho, zona norte da cidade.

A altura e o número de edifícios verticais apresentam uma redução gradual à medida que se afastam da área central da cidade em direção aos subúrbios. Tradicionalmente, porém, era a crescente classe média que vivia em apartamentos em edifícios no centro da cidade.

Dimensão simbólica: A modernização do estilo de vida e a descaracterização das identidades locais

A roda de medição, que antes era levada para fora – no quintal ou na varanda – ou na grande cozinha da casa térrea, agora tem lugar nas quatro paredes da sala de um apartamento. O braai dominical, que é feito espontaneamente de um minuto para o outro, é planejado antecipadamente com base na escala de utilização do braai coletivo. As roupas, que antes eram lavadas e secas ao ar livre, branqueadas no gramado do quintal, têm seu espaço reduzido a uma pequena área de serviço.

Certas infra-estruturas, como salão de festas, piscina, campos desportivos, etc., tornam-se mais acessíveis a um maior número de pessoas devido ao carácter colectivo de um edifício. A natureza colectiva deste tipo de habitação é assim mais uma razão para o crescente êxodo da classe alta do centro da cidade, o que acarreta uma nova diferenciação e degradação social deste espaço. É preciso também levar em conta que os edifícios mais altos tornaram-se importantes marcos de orientação nas cidades.

Com isso, suas designações adquirem papel fundamental, pois podem incluir aspectos subjetivos relacionados à dimensão simbólica. Vinícius de Moraes) e pintores (e.g. Cândido Portinari) enfatizam as conquistas da cultura burguesa de importância local e até nacional. Os nomes de lugares no país (por exemplo, Leblon) e no exterior, especialmente do idealizado “primeiro mundo” (por exemplo, Lyon, Mont Blanc), aproximam lugares distantes e dão aos habitantes uma.

Rios (e.g. Piquiri), plantas (e.g. Vitória Régia) e lugares imaginários (e.g. Morada do Sol, Ilha do Sol) também permitem uma aproximação simbólica da natureza à vida urbana. Se por um lado os prédios altos permitem uma visão mais agradável (vista dos arenitos de Vila Velha no caso do edifício Cândido Portinari), a busca por um ar mais limpo (mais longe dos escapamentos dos carros que passam pelo rua) e insolação mais completa (devido à falta de sombreamento das edificações vizinhas), por outro lado, representam uma perda significativa de qualidade de vida dos seus vizinhos. Dessa forma, aspectos negativos também foram gradativamente incorporados à dimensão simbólica das cidades: “A São Paulo dos arranha-céus é a imagem da prosperidade e da força da cidade e ao mesmo tempo o seu inferno”12.

Se os edifícios altos sempre foram bem-vindos para se tornarem a marca da modernidade na cidade, hoje também são vistos como aqueles que roubam o ar, a luz, o sol e até a liberdade do cidadão e mostram um outro lado da mesma modernidade.

Dimensão econômica: os agentes produtores e consumidores da verticalização

Segundo Souza, os atores que provocam a verticalização podem ser divididos em pelo menos três tipos: incorporadores, construtores e vendedores14. O processo de verticalização da cidade de Ponta Grossa está intimamente ligado à história das empresas de construção civil, que, via de regra, reúnem as funções de incorporadores, construtores e em alguns casos também vendedores. Se considerarmos todo o processo vertical da cidade, esta empresa construiu cerca de 20% dos 356 edifícios com quatro ou mais pisos15.

Parece que a diversificação dos investidores é uma das marcas deste recente período de integração vertical em Ponta Grossa. A dinâmica da evolução recente da verticalização pode ser atribuída principalmente ao contexto das políticas econômicas do Brasil, que se refletiram em diferentes níveis. Contudo, as características da recente crise económica, introduzida no país durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, poderão levar a uma retoma do processo vertical.

Desta vez, é a instabilidade do mercado económico que incentiva a compra de imóveis (apartamentos), tornando-o um investimento mais seguro. O mercado para esse tipo de investimento em Ponta Grossa, apesar das “incertezas”, parece extremamente lucrativo. Na busca por aumentar ainda mais seus lucros, as construtoras tendem, por um lado, a aumentar o número de andares dos edifícios e, por outro lado, a buscar novos espaços de mercado.

O aumento do número de pisos surge em consequência do elevado preço dos terrenos no centro ou em zonas com expansão imediata, o que faz com que os empreendedores imobiliários, para o desbastar, procurem cada vez mais reduzir a parcela do terreno, para que. os edifícios aumentam de altura, “riscando cada vez mais os céus do Brasil”16. A expansão horizontal do processo de verticalização em Ponta Grossa pode ser entendida como mais uma estratégia para buscar novos espaços de mercado. Assim, para a concretização da produção e do consumo, inerente ao processo de verticalização, o comprador surge como um agente indispensável, mostrando uma outra face da modernização, que é a incorporação de um maior número de consumidores no mercado.

Infelizmente, o comprador como agente de mercado não tem recebido atenção suficiente nos estudos verticais ali apresentados.

Dimensão do planejamento: A legislação urbana e os mecanismos de controle da modernização na cidade

Somente a partir de 1985 a verticalização também foi permitida fora da área central, com a Lei Municipal nº 3.748. Uma comparação entre essas duas últimas leis de zoneamento (Lei Municipal nº 3.748 de 1985 e nº 4.856 de 1992) permite avaliar as transformações ocorridas entre esses momentos na legislação municipal. Na lei de 1985 eram permitidas construções com até 15 pavimentos na área central da cidade e com até 10 pavimentos em larga faixa ao longo dos cinco eixos principais do espaço urbano.

Favorecer a implantação de edifícios altos (até 12 andares) no eixo leste-oeste da cidade, atravessando a área central, visa evitar o vazamento de investimentos para outras áreas da cidade e atende aos interesses dos especuladores imobiliários. A instalação do campus universitário na periferia do bairro Uvaranas estimula forte especulação no eixo leste, que é bem menos densamente povoado que os demais eixos da cidade em termos de edificações verticais. As relações entre o poder público de Ponta Grossa e as incorporadoras que atuam na cidade são bastante complexas e merecem um estudo à parte.

Desta forma, o funcionamento eficaz das autoridades públicas deve-se principalmente a decisões e acordos político-económicos locais e regionais. Esta questão se deve ao fato de que o setor privado geralmente possui representantes atuando na administração municipal. Dessa forma, a verticalização excessiva de determinadas áreas do espaço urbano de Ponta Grossa, especialmente nas áreas centrais da cidade, provoca saturação e superlotação dos serviços da cidade, o que exige a sua substituição por outros de maior capacidade.

Campos Filho observa que, como resultado desse processo de substituição contínua da infraestrutura de serviços urbanos, essas áreas do espaço urbano permanecem em constante estado de construção, perturbando tanto o funcionamento das atividades urbanas quanto a tranquilidade dos habitantes19 . O alto custo da infraestrutura pública para uma construção vertical não é compensado pelos impostos pagos pelos moradores. Este imposto tem por finalidade devolver ao governo o equivalente, em dinheiro, ao valor que um particular obteve dos imóveis que possui, resultantes de investimento público (Código Tributário Nacional - art. 81/82).

Ao contrário das ideias da Carta de Atenas, que visava melhorar a qualidade de vida nas grandes cidades através da funcionalidade da integração vertical como parte do planejamento urbano moderno, na cidade de Ponta Grossa este modelo tornou-se uma ferramenta de especulação e, consequentemente, um elemento contraproducente na preservação da funcionalidade da cidade, principalmente devido ao fraco desempenho do governo local.

Conclusão

Cidades brasileiras: seu controle ou caos: o que os cidadãos precisam fazer para humanizar as cidades brasileiras. Der Zusammenhang von Stadtentwicklung und zentralörtlicher Verflechtung der brasilianischen Stadt Ponta Grossa/Paraná: Eine Untersuchung zur Rolle von Mittelstädten in der Nähe einer Metropolitanregion. A história da habitação coletiva na cidade do Rio de Janeiro – Um estudo da modernidade através da habitação.

Este artigo busca identificar diferentes dimensões de análise do processo de verticalização a partir de um estudo empírico realizado na cidade média de Ponta Grossa, no Paraná. A dimensão simbólica reflete como a modernidade, representada pelos grandes edifícios, pode descaracterizar as identidades locais e ao mesmo tempo transferir estilos de vida das grandes cidades para as médias. Na dimensão do planejamento são interpretadas a legislação municipal e os mecanismos de controle da verticalização da cidade.

This study attempts to identify and analyze the different dimensions of the urban verticalization process, based on a case study from the medium-sized city of Ponta Grossa in Paraná, Brazil. The historical dimension is presented through the description of the city's temporal development process, where the verticalization process has rapidly transformed the urban landscape, resulting in an increasing loss of the urban memory that was linked to the buildings in traditional styles. The analysis of the spatial dimension examines the distribution of vertical constructions in the city.

In general, the concentration of vertical constructions was first observed in the central area of ​​the city and recently spread to the suburbs in a deconcentrated-concentrated form. In these buildings there is a continuous replacement of social classes, as they are prone to degradation through material degradation. The economic dimension explores the role of producers and consumers of verticalized urban space.

The urban planning dimension refers to the urban legal framework and the control mechanism of the verticalization process in the city. Legislation is the result of the demands of the dominant class and it is common for the real estate market to seek support from undefined or incomplete means of legislation.

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