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faculdade de direito de vitória amanda misael machado

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Academic year: 2023

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Esta pesquisa é guiada por um método dedutivo, utilizando uma infinidade de fontes bibliográficas, com o objetivo de destacar a diferença entre os índices de violência contra mulheres negras e não negras no país e a importância do papel do movimento feminista negro. na luta contra a violência contra a mulher, uma mulher negra no Brasil. 13 2.1 ANÁLISE DO SUCESSO DO MOVIMENTO NEGRO NO BRASIL: A ORIGEM E O CAMINHO PARA A PROCLAMAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988. Segundo esse raciocínio, os movimentos negro e feminista são considerados "novos movimentos sociais" que não têm hierarquia. ordem, de modo que as relações dentro do movimento são, em teoria, democraticamente horizontais.

Assim, os movimentos sociais são considerados por muitos como elementos e fontes de mudança e modernização social, o que pode ser observado no contexto do movimento negro e do movimento feminista.

ATUAÇÃO DO MOVIMENTO NEGRO NO BRASIL: ORIGEM E TRAJETÓRIA ATÉ A PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988

Após a abolição, os negros buscaram publicamente uma forma de associação, geralmente chamada de entidades, blocos e escolas de samba (GONZALES, 1982, p. 21). Um dos importantes instrumentos do movimento negro no país foi o "Jornal Clarim d'Alvorada", que circulou pela primeira vez em janeiro de 1924, foi editado em São Paulo, mas chegou a várias cidades do país e propôs a mobilização do população negra do país, a busca da cidadania plena (BRASIL, 2022). Assim, com a abolição dos escravos, os negros passaram a utilizar a imprensa, que servia como forma de propagar a luta contra as desigualdades raciais na sociedade brasileira, a busca pela consciência política e o combate ao racismo por meio de um grupo organizado que, até poucos décadas atrás, operavam espalhados por todo o território nacional, já que as associações escravistas eram ilegais.

Outra manifestação importante na luta pela valorização da cultura e da identidade negra foi o Teatro Experimental Negro (TEN) fundado em 1944, projeto que colocava atores negros no palco do teatro, o que até então não acontecia no Brasil não, de modo que antes da inserção de atores negros, quando o personagem era negro, era interpretado por um ator branco que era pintado com substâncias como breu (ALMEIDA, 2016, p.60 e 61). E com o golpe militar de 1964, houve uma desarticulação das entidades formadas pela elite negra, de modo que o movimento ressurgiu na década de 1970, influenciado pela luta afro-americana em busca de seus direitos civis, liderado por ativistas, artistas e intelectuais negros, o Movimento Negro Unificado (MNU) surgiu em junho de 1978, reintroduzindo o problema racial na sociedade brasileira (CARNEIRO, 1993, p.39). E, por fim, na década de 1980 ocorreram as primeiras respostas do poder público à luta antirracista, como exemplo a criação do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra em 1984, pelo governo do estado de São Paulo, que implementou uma política de valorização e qualificação da população negra, obtendo do Estado o reconhecimento de que havia discriminação racial na sociedade, fato até então negado pelo poder público com base na Democracia Racial ( BEGHIN; JACCOUD, 2002 , p.16).

A criação do Programa Nacional do Centenário da Abolição da Escravatura (BRASIL, 2022d) também pode ser citada como um golpe de estado do movimento, ajudando a fazer de 1988 um ano de maior debate sobre questões raciais. Mas o maior marco em 1988 quanto ao avanço na questão racial foi a promulgação da Constituição Federal da República Federativa do Brasil, conhecida como Constituição Civil, que instituiu o Estado Democrático de Direito e assegurou uma série de direitos sociais individuais e nacionais e salvaguardas, de modo que “os direitos fundamentais se fundam na dignidade da pessoa humana, cujo valor constitucional desempenha um papel normativo central” (PEDRA, 2017, p.09). No entanto, cabe destacar aqui que o movimento negro foi o grande responsável por denunciar a democracia racial e o racismo presentes na sociedade brasileira, ao buscar resgatar e construir a identidade afro-brasileira de forma que a resistência do movimento tem contribuído para melhorias na vida condições dos negros no país ao longo dos séculos.

AS TRÊS GRANDES ONDAS DO MOVIMENTO FEMINISTA NO BRASIL

Assim, a primeira onda do movimento feminista alcançou a igualdade formal, tendo em vista a existência de uma divisão entre raça e classe que não permitia que mulheres negras e pobres se configurassem como beneficiárias da cidadania plena. O ingresso nesses grupos se dava por meio de convites, que se davam por afinidade intelectual, social e política, impossibilitando saber com certeza a quantidade de grupos que existiam no Brasil nesse período, com fragmentação do movimento feminista (PINTO, 2003, p. . 49). Assim, a segunda onda do movimento feminista no Brasil é marcada por debates sobre violência doméstica, saúde da mulher, direitos trabalhistas, a mescla entre público e privado (ALIMENA, 2010, p. 21).

Nesse sentido, em 1976 houve uma grande movimentação do movimento feminista na campanha que marcou a história do Brasil pelo assassinato de Ângela Diniz, vítima de sua companheira de rua Doca sob a acusação de “legítima defesa da honra” (SAFIOTI). . , 1987, p. .55). Assim, entre 1975 e 1979, o movimento feminista no Brasil esteve intimamente ligado ao fim da ditadura militar no país, o que gerou um embate com muitas feministas que conheciam os direitos das mulheres em outros países e por isso tinham uma dimensão da magnitude de a demora nos direitos que eram das mulheres brasileiras (PINTO, 2003, p. 65). E na Constituinte, apesar da estabelecida não participação das mulheres no Congresso Constituinte, algumas poucas eleitas conseguiram apresentar 30 emendas sobre os direitos das mulheres, que abrangeram praticamente todas as reivindicações do movimento feminista (PINTO, 2003, p. 76 ).

Desta forma, merece destaque a conquista do movimento feminista na criação da Constituição de 1988, pois por meio de pressões conseguiram vencer resistências e garantiram a incorporação de suas reivindicações ao texto constitucional. E é durante a segunda onda que há a inclusão da pauta de reconhecimento de diferentes grupos de mulheres, que, por exemplo, identifica a necessidade de um corte entre gênero, raça e classe, na busca pela igualdade material, que pode ser a realização do feminismo negro, inaugurando a terceira onda do movimento feminista. Assim, enquanto o movimento feminista luta pela efetivação dos direitos sociais das mulheres, como a igualdade e a cidadania, com o objetivo de transformar uma sociedade machista em uma mais democrática e igualitária, o movimento negro por sua vez consiste na luta e resistência das -descendentes diante da opressão em uma sociedade racista estruturada a partir de uma hierarquia racial, porém, a mulher negra é duplamente vitimada, como mulher e como mulher negra.

ÍNDICES DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NEGRA E NÃO NEGRA NO BRASIL

No entanto, o Brasil ainda apresenta altos índices de violência contra a mulher, tanto que, segundo dados do levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, foi constatada uma média de pouco mais de 10 homicídios femininos por dia no Brasil em 20194, no Porém, quando comparamos mulheres negras e não negras, 66% dessas mulheres eram negras (CERQUEIRA, 2021, p.38). Portanto, surge a necessidade de se discutir a invisibilidade racial em questões de violência contra a mulher negra, pois não se trata apenas de uma questão de gênero, mas também de raça. No entanto, monitorar o histórico de violência contra a mulher torna-se difícil considerando a sensibilidade desses dados, pois depende para maior precisão de estatísticas confiáveis, que nem sempre são identificadas, por exemplo, em contextos como instabilidade política (ENGEL, 2022 p.05) .

Além disso, há um problema na análise quantitativa da violência contra a mulher negra, pois ainda hoje o Brasil carece de um histórico nacional de dados sistematizados sobre essa violência com as devidas exclusões de gênero e raça que informem contextos mais precisos, como a relação entre o agressor e a vítima e o motivo que levou a tal violência (ROMIO, 2013, p.135). Nesse sentido, este capítulo tem como objetivo analisar a violência contra a mulher, com foco em gênero e raça entre mulheres negras e não negras no Brasil. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2021, p.14), houve um total de 1.350 vítimas de feminicídio em 2020, sendo 61,8% dessas mulheres negras, identificando um número significativamente maior relacionado à violência contra negras mulheres do que em relação às mulheres não negras, que por sua vez representavam 36,5% das vítimas de feminicídio.

Vale ressaltar que não é que as mulheres brancas não sofram violência, mas se você ignorar o racismo que as mulheres negras sofrem na sociedade brasileira, fica ainda mais difícil combater a violência contra as mulheres negras, como elas são. Além disso, embora a taxa de violência contra a mulher continue alta, houve uma redução geral da violência fatal nos últimos onze anos, mas em 2009 a taxa de letalidade de mulheres negras foi de 48,5%. Por mais que o Estado tenha conseguido reduzir a violência letal, não conseguiu reduzir a violência contra a mulher negra, ressaltando a necessidade de implementação de políticas públicas em relação à violência voltadas para questões de gênero, mas também de raça.

Enquanto a mulher branca lutava pelo direito de trabalhar fora de casa ou mesmo de estudar e exercer profissões para as quais apenas os homens poderiam se qualificar, a mulher negra nunca teve que reivindicar outro trabalho que não o de dona de casa, pois a abolição exigia que elas encontrassem os meios para sua sobrevivência e o sustento de seus familiares, mas também porque não tiveram acesso sequer à educação básica, que foi reconhecida como direito no Brasil apenas a partir de 1934 (SAVELI; TENREIRO, 2011, p. 8644). ), além de caro, o ensino superior também era muito remoto, o que fazia com que apenas as mulheres ricas pudessem arcar com os custos da formação acadêmica. A invisibilidade das mulheres negras na agenda feminista faz com que essas mulheres nem sejam mencionadas sobre seus problemas. No Brasil, há uma reprodução do colonialismo como padrão de hierarquização social, em que a distribuição dos indivíduos em suas classes ainda é baseada no fator racial.

O primeiro é definido como o movimento social mais antigo presente no Brasil e, embora o número de registros seja pequeno, pode-se atribuir ao movimento negro grande importância para a garantia dos direitos dos afrodescendentes ao longo da história do país, uma vez que esse movimento foi protagonista na condenação do mito da democracia racial e na luta contra o racismo estrutural presente na sociedade brasileira. Portanto, de acordo com os dados evidenciados pela pesquisa, as formas de opressão das mulheres negras e brancas são diferentes, de modo que a mulher negra é duplamente vitimada, como mulher e como mulher negra, o que indica a necessidade de implementação de políticas públicas voltadas no combate à violência de gênero que abordam juntos a violência racial. Assim, o objetivo principal deste trabalho foi evidenciar a diferença entre os índices de violência contra mulheres negras e não negras no país, enfatizar a importância da interseccionalidade entre gênero e raça no combate à violência contra mulheres negras e destacam a importância do movimento feminista negro em defesa da mulher negra.

O feminismo negro: a situação das mulheres negras na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. Disponível em:. As estratégias retóricas de Bertha Lutz para conquistar o sufrágio feminino no Brasil.

Direito, Sociedade e Cultura Teoria Feminista e Ação Política: Repensando a Justiça Feminista no Brasil em Busca da Realização de Direitos. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/72703-onu-taxa-de-feminicidios-no-brasil-e-quinta-maior-do-mundo-diretrizes-nacional-buscam.

Referências

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