XXVII Congresso de Iniciação Científica
Hipersegmentação de palavras escritas: características morfossintáticas em palavras compostas e formas verbais.
Maraynna Cristiano Simão (aluno-autor), Luciani Ester Tenani (orientador), UNESP - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - Campus de São José do Rio Preto, curso de Licenciatura em Letras. maraynna123@gmail.com. Bolsa de iniciação científica Pibic/Cnpq. (Processo 168846/2014-4)
Palavras Chave: prosódia, palavra, ortografia.
Introdução
Hipersegmentação: uso não-convencional de espaço em branco ou hífen onde não previsto pela ortografia. Exemplos:
Questão central: que características morfossintáticas propiciam ocorrer esses tipos de hipersegmentações de palavra?
Pressupostos teóricos:
Concepção de escrita: constituída de modo heterogêneo (1);
Relação complexa entre oralidade/fala e letramento/escrita em dados de segmentação não- convencional de palavras (2) (3) (4);
Modelo de Fonologia Prosódica (5).
Objetivos
(i) Investigar possíveis motivações para palavras hipersegmentadas a partir de uma análise de cunho morfossintático.
(ii) Identificar evidências de que a não coincidência entre fronteiras morfossintáticas e fronteiras de constituintes prosódicos sejam, em alguma medida, motivadoras das segmentações não-convencionais de palavras.
Material e Métodos
Material: 1315 textos da amostra longitudinal pertencente ao Banco de Dados de Escrita do EFII (UNESP/SJRP).
Córpus: 113 segmentações não convencionais de palavras, sendo 55 hipersegmentações em palavras compostas e 58 hipersegmentações em verbos.
Método:
Análise de types e tokens por sujeito.
Análise quantitativa e qualitativa das hipersegmentações em palavras compostas e verbos, para cada sujeito.
Resultados e Discussão
Hipersegmentação de palavras compostas: ocorre pela ausência ou presença inadequado de hífen, sendo a ausência mais recorrente nos textos. Exemplo: ”guarda roupa” (guarda- roupa), “esconde esconde” (esconde-esconde). No geral observamos que:
A natureza complexa da convenção dos usos de hífen motiva a ocorrência de hipersegmentação em palavras compostas.
Processos de derivação morfológica favorecem a hipersegmentação devido à confluência de informações linguísticas e letradas relacionadas à sintaxe da Língua Portuguesa.
Dificuldade no processo de ensino/aprendizagem das convenções ortográficas do Português.
Hipersegmentações de verbos: ocorrem em formas de determinados tempos verbais. Exemplos: “deixa-se”
(deixasse), pretérito imperfeito do subjuntivo; “conversava- mos” (conversávamos), pretérito imperfeito do indicativo.
Dificuldade de utilização de estruturas enclíticas principalmente as que envolvem os pronomes “-lo” e
“se”.
Relação entre a forma verbal e a estrutura enclítica.
Tempos verbais pouco utilizados no cotidiano e envolvendo estruturas enclíticas são mais favoráveis a ocorrências de hipersegmentações.
Conclusões
O acento de palavra tem função delimitativa, demarcando as fronteiras importantes para a segmentação das palavras no português e atua na hipersegmentação com uso inadequado de hífen.
A confluência de informações linguísticas e letrados no processo de ensino/aprendizagem gera contextos propícios à ocorrência de hipersegmentação.
Agradecimentos
Agradeço à minha orientadora e ao Programa de Iniciação Científica da UNESP– PIBIC/CNPQ pelo financiamento.
1. CORRÊA, M. L. G. O modo heterogêneo de constituição da escrita. São Paulo:
Martins Fontes, 2004. 2. CAPRISTANO, C. C. Aspectos de segmentação na escrita infantil. São Paulo: Martins Fontes, 2007a. 3. CHACON, L. Hipersegmentações na escrita infantil: entrelaçamentos de práticas de oralidade e letramento. Estudos linguísticos. Campinas, 2005, v. 34, p.77-86. 4. TENANI, L. E. A segmentação não- convencional de palavras e a aquisição da escrita. Palestra apresentada no II Ciclo de Palestras sobre aquisição da linguagem e escrita. Faculdade de Educação, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. 2010. 5.___. A segmentação não-convencional de palavras em textos do ciclo II do ensino fundamental. Revista da ABRALIN, v. 10, p. 91-119, 2011. 6. NESPOR, M.; VOGEL, I. Prosodic phonology. Dordrechet: Foris Publications, 1986. 7. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. Brasília: 1997.
