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Homenagear Anto : a Revista A Galéra e a leitura de António Nobre no início do séc. XX português

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Academic year: 2023

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Dissertação intitulada HOMENAGEAR ANTO: A revista Galéra e a leitura de António Nobre no início do século XX. Assim, o primeiro capítulo centra-se na poesia e na crítica em torno da obra de António Nobre. Em "António Nobre - a obra e o homem" (1977), numa reconstrução cronológica da vida do poeta, comenta-se este ponto e a sua importância.

António Nobre e a Poesia Moderna

Em contraste com o extremo do "controle total sobre o processo criativo e os efeitos sobre o leitor", a poesia moderna é sentimental, provocativa e encontra experiência externa, como veremos Michael Hamburguer discutir em "The Truth of Poetry". Nesse mesmo clima crítico, então, a partir de uma leitura de Friedrich, Michael Hamburguer em "A Verdade da Poesia" (2007a) mostra o ponto de vista oposto quanto à presença do exterior na poética. Nesse sentido, não há necessidade de trabalhar com eliminações exaustivas, há espaço para a “dor do pensamento” (NOBRE, A., 2009, p. 214), para a dor da poesia.

Figura 3 – Contracapa A Galéra – nº 2
Figura 3 – Contracapa A Galéra – nº 2

Com uma série de quatro sonetos numerados, Antonio Alves Martins em "Nossa Senhora dos Quiosos" (1914a, p.4-5) traz uma fonte e um assento que é água e canto. Em "Génese dos fenómenos religiosos em geral" (LOPES, 1914a, p. 21-24), também texto que configura o primeiro capítulo de uma série que se estenderá até ao nº 4 de A Galéra, J. Garcia Pulido (1914a , p .27-28) comenta a introdução de Antonio Patricio chamada “D.

Figura 7: Poema “Beijo Eucharistico”
Figura 7: Poema “Beijo Eucharistico”

Amoreira" (1914b, p.8) traz a consciência da perda da inocência e da passagem do tempo, quando o sujeito se coloca diante de uma amoreira que conhece há muito tempo. Estreando-se na revista, Mário de Sá-Carneiro publica "Barbaro" (1914b, p.12), poema com a nota "Para os 'Indícios de Ouro', volume em preparação", num processo semelhante ao que usava . publicado no primeiro número da Revista Orpheu, 1915. Em "Barbaro" (SÁ-CARNEIRO, 1914b, p.12) essa atmosfera inebriante e perturbadora parece tomar conta do sujeito que tem medo da figura feminina.

Antonio Alves Martins publica "Sina crepuscular" (1914b, p.17), dedicado a Garcia Pulido, então membro da redação de A Galéra. Segue-se outro poema, agora de Antonio Ferreira Monteiro, dedicado ao recém-referido Antonio Alves Martins, intitulado "Deus" (1914b, p.18). Na terceira estrofe, então, o assunto é introduzido: "Eu sou uma bruxa, Anto da lenda, e um espírito errante!" (BETTENCOURT, 1914b, p.23).

Então "Sou uma boca sedenta que não sabe rir,/Página preta e dourada em uma estrada poeirenta" (BETTENCOURT, 1914b, p.23) indica uma esterilidade, uma tristeza, uma figura empoeirada. Mais adiante diz “alma transmigrada” (BETTENCOURT, 1914b, p.23), passada para outro lugar, o que reforça essa posição para além de si mesma.24 Em termos lado a lado. Torre d'Anto", acompanhada de "Coimbra, 1914", fonte tratada por Fernando Cabral Martins como um "dispositivo de dados locais" (1994a, p.68), que aparece com bastante frequência na poesia de Mário de Sá - Carneiro e Antonio Noble BETTENCOURT, 1914b, p.23) contribui ainda mais para a reafirmação da presença daquele sujeito, justamente naquele tempo e lugar.

Alfredo Pedro Guisado, em “Arabescos” (1914b, p.24), traz-nos uma figura que, com a partida de um cortejo, cresce na Saudade.

Figura 9 – Poema “Amoreira”
Figura 9 – Poema “Amoreira”

O tema da natureza mantém-se na continuação de A Galéra com a continuação do conto "A viagem" (1915a, p.4-6), de Pires de Lima da Fonseca. FONSECA, 1915a, p.4-6), o tom aberto e fértil cede lugar a uma natureza que obviamente se modifica - como se pode constatar nos trechos a seguir: “Árvores bravas erguiam seus braços magros, implorando armas por misericórdia. Oliveiras raquíticas, pinheiros esqueléticos, onde uma pobre seiva escorria débil e os alimentava, levantavam os troncos retorcidos e esguios, todos vergados como sob o peso de uma agonia" (FONSECA, 1915a, p.4) - enquanto as duas figuras andar, situação que se reflete diretamente em suas sensações.

A mistura com o episódio amoroso da epopeia de Camões, por outro lado, parece apontar-nos para o caminho da revisitação poética de um passado magnífico, como forma de inverter um presente dilapidado: "Écos de certo Canto outrora erguido/ Nos saudosos Feltro do Mondego" (GAIO, 1915a , 7). Dando continuidade ao interesse da revista pelas diversas artes, Aurora de Castro e Gouveia explica em "O Desenho no Renascimento" (1915a, p.8), a importância do desenho para período mencionado. É a ciência a serviço da arte que nos dá os movimentos visíveis que correspondem ao invisível da alma e o traduzem." (CABRAL, 1915a, p.11).

Abandonos', volume em preparação”, Tito Bettencourt (1915a, p.14) apresenta a Galéra versos que incluem muitos contextos de simbolismo de cores e tédio – “Ele, aí vem o cortejo em sensuais reviravoltas. Mathias Lopes inicia mais um capítulo de "Crítica da Filosofia e das Religiões - A Gênese dos Fenômenos Religiosos em Geral" (1915a, p.15-18). O último poema desta edição é "Quadro de amor" (1915a, p.19), de Antonio Ferreira Monteiro, em que a proposta de um encontro amoroso é construída em seis estrofes de quadrados maiores.

Nesta ocasião, abordam Nos braços da cruz, uma coletânea de versos de García Pulido, colaborador da revista, na qual iluminam a sensibilidade e a percepção do "grito de amor de um coração belíssimo" (A. GALÉRA, 1915a, p.20).

Figura 14 – Texto “Veneras
Figura 14 – Texto “Veneras

Na compilação da crítica teatral, tratam da companhia A caramba, que se apresentou no Theatro Avenida, e da qual fazem notas dirigidas a cada opereta apresentada. Os versos "Se eu riscar meu despeito entre vidros quebrados, / Estilizei em mim os dourados mortos" mostram a ação do sujeito que opta por fixar os "dourados", as camadas de ouro ou bronze, que se desfizeram na arquitetura. Para Seves d'Oliveira, a figura de Garcia Pulido parecia diferente nos versos de "Nos braços da cruz", pois surpreendeu-se ao reencontrá-lo como uma "verdadeira figura do crepúsculo outonal, já camarada dos choupos feitos, absolvido pelas oliveiras de Coimbra”.

As últimas estrofes do poema de Martins continuam com o mesmo convite a este sujeito a abrir a alma, a receber o sol - "quem é Deus que brilha!" (MARTINS, A., 1915b, p. 14) e a posterior afirmação desta "inspiração divina" em Si mesmo. A cena do autoprazer é detalhada com uma estatueta representando um "jovem atleta da Grécia antiga" (MARTINS, R., 1915b, p. 18), que, como todo o texto, não enfoca especificamente as formas do ser humano corpo. , mas sobre os sentimentos que os permeiam, movimentos, cores e impressões que se mesclam com o ambiente em que a cena se passa. A figuração do sol poente encontra essa passagem do tempo – “o presente me despede,/ em íntimo lamento” – recebida com desagrado, e a autorreflexão do sujeito neste mês de agosto.

O outono anunciado parece atingir diretamente o sujeito, que exclama: “– Santo Padre do verão,/ Sinto-me hipnotizado!...”. Mathias Lopes, traz a discussão que se desenrolou nos capítulos anteriores em torno da natureza humana como origem das crenças religiosas, visto que seria inerente ao homem a necessidade de satisfazer suas urgências e mistérios. 35 É importante destacar que é no n.4 de A Galéra que nos é feito o convite para a festa que aconteceria nos dias 20 e 21 de fevereiro de 1915, sobre a qual ampliaremos os comentários no próximo capítulo, pois à homenagem ao poeta António Nobre.

No entanto, a figuração da religião, para o autor, deve permanecer sob vigilância, pois pode se tornar objeto de manipulação e passar por outras áreas, como a ciência e a própria política, o que atesta uma atitude crítica diante de atitudes que vão além de tal conformação .

Figura 21 – Poema “Gleba ideal”
Figura 21 – Poema “Gleba ideal”

O verso "Saudade vestindo-se antes dos espelhos dormirem" (GUISADO, 1915c, p.12) é muito significativo quando pensamos numa imagem de António Nobre como um poeta que olha constantemente para o passado e carrega consigo a sua tristeza. No poema "A hora de Anto", Alfredo Guimarães (1915c, pp. 15-16) dedica-se a centralizar a homenagem de Coimbra a António Nobre, registando-a como "navio de maravilha", "vitral". hora". Os versos de Alfredo Pimenta estabelecem desde logo um diálogo com o conhecido soneto de António Nobre "Ó virgens que passais, ao sol poente" (NOBRE, A., 2009, p.198), construindo tais figuras femininas como portadoras dos "olhos de frio de a estátua". , "olhando para o espaço livre" (PIMENTA, 1915c, p.20), criando o que nos parece um ambiente de morte.

Ao contrário do poema de Nobre, em que as virgens cantam "canções claras" "em estradas selvagens" com "voz omnipotente" (NOBRE, A., 2009, p.198), estas figuras de "O sonho de António Nobre", transportam resfriado e doença a caminho da novena - "Todas as virgens, brancas e negras, / Tuberculose!" (PIMENTA, 1915c, p.20). Neste ponto, recordamos o poema "A hora de Anto", de Alfredo Guimarães (1915c, p.15-16), em que a figura de António Nobre caminha à tarde em Coimbra - "vitral". As musas, já mortas, cantadas por poetas como Dante, Antonio Machado e Tomás Antonio Gonzaga respondem a esse apelo nesta tarde de "encantamento" como outrora vimos as virgens na poesia de Pimenta (1915c, p.20-21) e António Nobre (2009, p.198).

Com "Só" (1915c, p. 32), Martinho Nobre de Mello apresenta-nos um sujeito que encena a sua leitura do "missal de dôr" de António Nobre na primeira pessoa. Esta fusão de um percurso pessoal com a história portuguesa é um tema que Fernando Pessoa (1915c, p. 35) irá destacar no texto que se segue a propósito da figura de António Nobre. Esta afirmação encontra também uma proposta de Fernando Pessoa em “Em memória de António Nobre”, que afirma, e podemos citá-lo aqui nas suas próprias palavras, “quando ele nasceu, todos nós nascemos” (PESSOA, 1915c, p. 35). ).

Antero de Figueiredo parece ser um defensor da escrita natural - formou-se na "Escola-Livre da Natureza, Mãe Pura!" (NOBRE, A., 2009, p.109), como nos diz o próprio Nobre, livre de "literaturas sobrepostas" (FIGUEIREDO, 1915c, p.26). FIGUEIREDO, 1915c, p.28), análise que, como vimos, é recorrente nas páginas do jornal, e que foi trabalhada diretamente em "Saudade de Anto", de Antonio Valente de Almeida (1915c, p. 34). Ainda a veríamos incluída em A Galéra nº 5-6, poema de Cruz Magalhães (1915c, p.42) intitulado "Vida Eterna", dedicado "a uma alma", onde se trata da saudade constante de um ente querido aquele que viajou.

Figura 22 – Poema “Só”
Figura 22 – Poema “Só”

Poema “Balada triste de uma alma louca”

UMA PEQUENA HISTÓRIA DA TERRA TRÁGICA Há nuvens vazias na véspera da noite velada e ladrilhos vazios também nas sobrancelhas de homens arrogantes. Eu observo a natureza minuciosamente. Passados ​​os múltiplos portos de uma escala rígida, após verificar a sua validade em cada porto, o sol termina o dia. A verdade é com certeza filha do tempo Decreto-a depois de já ter decretado Filha também das árvores que o vento carregou As tílias de um jardim escorrem pela janela e a solidão dos pássaros destaca-se no céu configurado em duas asas nada mais passará frei gil caminhando para toledo ou ainda prefere descansar na grama e ouvir a música mais audível para quem atravessa a galáxia do que para quem caminha por uma estrada à noite.

No limiar do sono soa a noite e só então há mais luz natural na lâmpada do que na lua ou no sol do dia um momento em que devo correr voando aos diversos ventos deste tempo ameaçado à tentação das grandes capitais de sentir. Dead on the beach é a natureza aquática da emoção que na palavra tem como sentimento a sinuosa e sensível pedra. A vida é o que é difícil, tudo o mais é fácil Epopeia de um povo e epitáfio era o poema para o antigo adeus e Herculano reformado pensaria o mesmo.

Que sou incoerente com isso não deveria ter espaço para coisas que não conheço.

Imagem

Figura 3 – Contracapa A Galéra – nº 2
Figura 5 – Mini-quadro de abertura acima do texto “Camilo em Coimbra”
Figura 7: Poema “Beijo Eucharistico”
Figura 8 – Retrato de Camillo Castelo Branco
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Referências

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No primeiro capítulo, serão expostas as principais características da arte, quais sejam: a relação da arte e o conhecimento, a arte enquanto forma de pensar e refletir sobre