XXV Congresso de Iniciação Científica
Lavado da bolsa gutural por endoscopia de equinos hígidos:
avaliação citológica
Camila Decourt Galluzzi1*, Marcos Jun Watanabe2, Katiane Lohn de Souza3; Regina Kiomi Takahira³;
Aguemi Kohayagawa3
1 Câmpus de Botucatu – FMVZ – Medicina Veterinária – camidecourt@hotmail.com – ISB Reitoria.
2 Câmpus de Botucatu – FMVZ – Depto de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária – Orientador
3 Câmpus de Botucatu – FMVZ – Depto de Clínica Veterinária – Colaboradores
Palavras Chave: trato respiratório, exame complementar, guturocistoscopia.
Introdução
Em humanos, o tubo auditivo liga a faringe ao ouvido médio e tem a função de regular a pressão do ar na região do ouvido médio. Em cavalos e outros mamíferos da ordem Perissodactyla, tapires, algumas espécies de rinocerontes, algumas espécies de morcegos, rato da floresta da América do Sul, e hyraxes, os tubos auditivos apresentam um largo divertículo denominado de bolsa gutural, que também ligam a nasofaringe ao ouvido médio.
Nos cavalos, a citologia da bolsa gutural foi descrita como método complementar para o diagnóstico em casos clínicos de suspeitas de guturocistites, mas pode ser imprescindível em casos subclínicos ou em situações de detecção precoce de alterações da bolsa gutural.
Objetivou-se avaliar a realização do lavado das bolsas guturais de equinos hígidos por meio de endoscopia e achados citológicos.
Material e Métodos
Foram utilizados 10 equinos adultos, hígidos, machos e fêmeas, pesando em média 306 kg. Para o procedimento, os equinos foram contidos em tronco e sedados com detomidina. O fibroscópio foi introduzido pela cavidade nasal, conduzido pelo meato ventral e na região da nasofaringe o óstio externo da bolsa gutural foi aberto com o auxílio de uma pinça de biópsia. Após a introdução do fibroscópio na bolsa gutural, 40 mL de solução de NaCl foi instilada através do canal de trabalho e a ponta do fibroscópio posicionado no assoalho do compartimento medial onde foi recuperado com auxílio de seringas descartáveis. O lavado das bolsas guturais direita e esquerda totalizando 20 lavados. O material foi processado para as análises citologicas.
Inicialmente a distribuição das variáveis foi analisada. Nenhuma variável apresentou distribuição normal. Dessa forma, o teste de Wilcoxon foi usado para comparar as medianas de cada variável entre os lados direito e esquerdo.
Estatísticas descritivas foram produzidas com o procedimento PROC MEANS para caracterizar as variáveis estudadas.
Resultados e Discussão
O tipo mais comum observado no lavado das bolsas Guturais foi de células epiteliais ciliadas, seguidas das células cuboides e células de goblet. Dessas, chama a atenção a observação de 3% de células de goblet, pois são células epiteliais produtoras de muco, encontradas entre as células colunares ciliadas de todo o trato respiratório. Apesar de serem encontradas facilmente no tecido de revestimento, essas células normalmente não são encontradas nos lavados de bolsa gutural com a técnica percutânea. Assim, sua origem foi provavelmente decorrente da prévia passagem do endoscópico, pela narina e nasofaringe.
Também foram observados neutrófilos, linfócitos e macrófagos em porcentagens que variaram entre os cavalos.
Tabela 1. Mediana e erro padrão das células encontradas nos lavados das bolsas guturais (direita e esquerda) de 10 equinos em um total de 20 bolsas guturais.
Tipo de célula Mediana
Células nucleadas (/mL) 3000 ± 504,06 Celulas epiteliais ciliadas (%) 74 ± 2,18
Células cuboides (%) 15 ± 1,57
Células de Goblet (%) 3 ± 0,57
Neutrófilos segmentados (%) 1 ± 1,29 Celulas mononucleares (%) 1 ± 0,61
Linfócitos (%) 1 ± 0,83
Macrófagos (%) 0 ± 2,50
Conclusões
O lavado de bolsa gutural por via endoscópica possibilitou a obtenção de amostras para o exame citológico, assim como a guturocistoscopia. Porém deve-se considerar na interpretação da citologia que células do trato respiratório anterior podem estar presentes na amostra.