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LIBERDADE DE EXPRESSÃO E OS DISCURSOS DE ÓDIO NAS REDES SOCIAIS: A MATERIALIZAÇÃO DA BANALIDADE DO MAL?

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Academic year: 2023

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The paper deals with the analysis of the social interaction relations formed since the advent of the Internet and how the users behave on the social networks in Brazil. This academic work thus tries to approach the treatment of freedom of expression in the digital field, with Brazil as a democratic state under the rule of law. Given the trivialization of hate speech being externalized in the networks, this research aims to propose a reflection and adaptation of Hannah Arendt's main theory; therefore concluding that it was materialized in the social networks, from the hate speech, the banality of evil.

Liberdade ou Abuso?

O imediatismo seduziu o mundo, que, graças ao “boom da internet”, possibilitou a possibilidade de participação ativa da sociedade na rede, e a partir de então propôs espaço de atuação por meio de fóruns e comunidades online. Do ideal de uma sociedade unida, as redes sociais passaram a ser o principal meio de exposição de opiniões íntimas, onde aos poucos emergiram como uma das mais ousadas armas provocadoras de agressividade disfarçada, que diretamente, com pontaria precisa, destrói a vida e a honra. ofendido. Devido ao grande número de compartilhamentos - de uma reportagem que não continha mais do que quatro linhas de dissertação - em maio de 2014, nas proximidades de Morrinhos IV, periferia do Guarujá, litoral do mesmo estado, Fabiane Maria de Jesus, 33 anos, casada, dona de casa, mãe de dois filhos, foi comparada ao retrato compartilhado e vítima da repugnante e mais alta brutalidade já noticiada pela mídia.

Em 2009, a Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça do então Governo, em parceria com o Centro de Tecnologia e Sociedade, também da FGV DIREITO RIO, baseou-se no conceito do professor Ronald Lemos - defendido em artigo publicado em 2007 - criou um ambiente virtual aberto a discussões, bem como audiências públicas cercado de opiniões e defesas da codificação que poderia regulamentar o uso da Internet no país. Diante dos debates e da massiva participação dos cidadãos brasileiros no primeiro processo colaborativo para o nascimento de uma lei que regulamentasse a nova realidade social no campo digital, a então presidente Dilma Rousseff encaminhou à Câmara o Projeto de Lei n. 2.126/2011. Coincidentemente, a conferência NETmundial15 foi realizada no Brasil no mesmo dia em que o Marco Civil da Internet foi sancionado e assim ganhou vida jurídica.

14 Adaptação do termo Bill of Rights de 1689 para se referir aos 10 Princípios e Direitos da Internet. 15 NETmundial é o Encontro Multistakeholder Global sobre o Futuro da Governança da Internet, que aconteceu nos dias 23 e 24 de abril de 2014 em São Paulo; e que se concentra em elaborar os princípios de governança da internet e propor um roteiro para a evolução futura desse ecossistema.

Positivação – O Marco Civil da Internet

7º, ratificar o direito à inviolabilidade da vida privada e dos meios privados e ao sigilo do fluxo de comunicações privadas ou outras na Internet, assegurada a competência do Judiciário para solicitá-las nas hipóteses de legalização de infração de direito ocorrida em redes, conforme bem como garantia de manutenção do acesso, ressalvadas as dívidas decorrentes diretamente de sua utilização. É claro que, de qualquer forma, o principal objetivo do MCI17 é garantir o livre acesso sujeito à vinculação dos poderes constitucionais, o que torna a Internet no Brasil a. Para tanto, o artigo 8º ratifica os preceitos básicos já consagrados na Constituição, cujo texto faz alusão ao fato de que "a garantia do direito à intimidade e à liberdade de expressão na comunicação é condição para o pleno exercício do direito à acessar a Internet" (BRASIL, 2014); soa como uma quase reprodução do texto que está incluído na lei.

Com a preocupação de regulamentar o funcionamento dos portais brasileiros, e principalmente dos estrangeiros que operam no país, os artigos que dispõem sobre a Responsabilidade Civil por Danos Decorrentes de Conteúdo Gerado por Terceiros, encontram-se divulgados na Seção III do MCI. Ainda, o curso de direito discorre sobre as atribuições do judiciário, observando sua atuação e competência, bem como a atuação do Poder Público no âmbito digital. Apesar disso, o Internet Marco Civil da não escapou das críticas do mundo jurídico, nem daqueles que compõem o polo de quem promove os portais.

Há quem defenda que a Lei deixou a desejar, pela vacância de alguns de seus artigos, e perdeu a oportunidade de estabelecer pontos, para não permitir que surgissem dúvidas ou interpretações diferentes das previstas. Outros, a grande maioria, reiteram que o Marco Civil da Internet foi um avanço no mundo jurídico brasileiro, pois as relações na Internet são uma realidade nova para o mundo e que a legislação brasileira se esforçou para acompanhá-lo, o que acabou por se confirmar, com o ditado "ubi societas, ibi jus"20.

Judicialização ou Censura?

A possibilidade de judicialização, regulamentada em seção especial do referido direito positivo, tem por escopo prever a possibilidade de punição em caso de excessos e abusos cometidos na esfera digital (resolvendo a ideia de autonomia que a rede veicula, dada a sua grande expansão) e educar com base nos princípios, que são garantidos a todos os indivíduos, provando assim que nenhum direito é absoluto contra outro direito. A necessidade de criação de uma lei que fortaleça e obrigue instituições curiosas a investigar os abusos cometidos na esfera digital, decorrentes da violência virtual sofrida pela professora doutora da Universidade Federal do Ceará e pela blogueira Lola Arovonich. Porém, em 2017, na reunião de todos os boletins denunciados, inclusive do conhecimento da autoria de alguns criminosos, junto ao Ministério Público Estadual, ela conseguiu instaurar um inquérito policial com mais de 5 horas de depoimentos da agressão que ela cometeu. teve que experimentar a si mesma.

É importante notar que alguns dos autores dos horrores vividos por Lola foram reconhecidos na "deep web" entre eles. De forma inequívoca, a partir dos fatos corriqueiramente vistos e vivenciados nos portais digitais, vale dizer que a adesão em massa às redes, aliada ao Direito à Liberdade de Expressão, conduziu os internautas a um caminho significativamente diferente daquele primário proposição da Internet, que trata da possibilidade de participação e interação entre aqueles conectados pela rede mundial de computadores. Com base nisso, mais uma vez levantando a máxima de que o Direito surge dos anseios da sociedade, a possibilidade de julgar atos que violem os princípios básicos, não é amenizar as garantias estabelecidas, mas coibir os excessos cometidos, conforme a lei. o argumento de que esse direito é "seu".

Se condensarmos as ideias aqui discutidas, a propositura de ação judicial para proteção dos direitos da personalidade, quando afetados por excesso cometido e amparado pelo direito à liberdade de expressão, é uma forma de manter a harmonia entre os direitos fundamentais dispositivos inseridos na Carta Constitucional. Finalmente, a resistência positiva às manifestações de ódio na Internet é uma garantia para o exercício pleno e equilibrado da liberdade de expressão, tendo em vista que nenhum direito tem caráter absoluto.

Liberdade de Expressão e Discursos de Ódio

A CADH23, portanto, afirma em seu artigo 13 - que trata da Liberdade de Pensamento e Expressão - que "a toda pessoa será garantido o direito à liberdade de pensamento e expressão, em todas as suas formas, independentemente de fronteiras, verbalmente ou por escrito" (COSTA RICA, 1978). No entanto, em virtude da autonomia conferida aos participantes das redes, a quem foi assegurada a Liberdade de Expressão - antes mesmo de seu exercício ser instaurado na Internet - as referidas pretensões correram de forma diversa e assim o abuso desse direito concretizado, representado pelos discursos de ódio travestidos de “ponto de vista” contra as diferenças que legitimam a Democracia e as diferentes posições daqueles que propagam esse tipo de discurso. Em pensamento semelhante, agora adaptando a definição à situação específica, a doutrina brasileira demonstrou preocupação diante do atual cenário vivenciado nas redes sociais e numa definição inteligente, Rosane Leal da Silva aponta para o tema de que o discurso de ódio se caracteriza por incitar discriminação contra pessoas que compartilham uma característica comum, como cor da pele, sexo, orientação sexual, nacionalidade, religião, entre outros detalhes; e que a escolha dos conteúdos a serem alcançados por meio desses discursos é ampla, pois não se limita ao alcance apenas de preceitos fundamentais de indivíduos, mas de todo um grupo, pois, após o surgimento da internet e da difusão poder que tem, o alcance agora está sendo aprimorado, principalmente nas redes relacionais (SILVA, et al., 2011).

No entanto, ele acrescenta com delicada clareza que o discurso de ódio é composto de dois princípios fundamentais: discriminação e externalidade. As manifestações abarcadas pelo direito ao livre pensamento e à liberdade de expressão mostram, portanto, que há uma tendência à hostilidade para com a personalidade daqueles que discordam do senso comum predominante e que, diante do cenário atual, aparecem de forma materializada . Por fim, a banalização do discurso de ódio confirma que a escolha de se retirar da própria consciência e a consequente violação da lei, que permite punições aos que violarem as garantias fundamentais, dada a frequência utilizada na rotina cibernética, que tem prevalecido em tempos modernos, é, se não desprezo pelas regras existentes, a.

Teórico examina não apenas as circunstâncias que fundamentaram o motivo do julgamento, mas também a pessoa de Adolf Eichmann, relatando em sua obra que o tenente-comandante não era o que esperavam que ele fosse. Diante da abnegação de ter participado ativamente de uma das maiores catástrofes humanitárias já registradas na história e da plena convicção de ser apenas um burocrata contra a grande organização que era o sistema nazista, Hannah Arendt chega à conclusão de que Adolf Eichmann foi a personificação da banalidade do mal, pois o fim do cargo de comandante das carruagens significava a morte de pessoas que nem sabiam que estavam condenadas.

A materialização da Banalidade do Mal?

Antes da popularidade da Internet - redes sociais - se espalhar no país, não era comum nos depararmos com opiniões tão sérias que afirmam respeitar a condição especial do outro. Com o advento das redes sociais e com o reconhecimento do Estado do Brasil do espaço digital, a partir de 2014, como coisa pública, garantindo o livre acesso como exercício de cidadania, o poder de dizer e fazer parecia que a internet é provida, irracional, ultrapassa os limites das Leis e do bom senso. É pelas redes sociais que os governantes do estado também se comunicam com seu povo, dada a grande agregação de brasileiros na internet.

A ideia de normalizar atitudes que discriminam, diminuem, humilham e ameaçam tornou-se o padrão adotado para o exercício da Liberdade de Expressão nas redes sociais no Brasil, tornando o terrorismo virtual a regra e o terrorismo real o resultado. A fuga da consciência de quem prospera para materializar a banalidade do mal - utilizada no atual cenário das redes sociais no Brasil, deve ser tocada pela percepção de sua própria responsabilidade em contribuir para que o país contrarie é a Democracia; afinal, o enfrentamento e a autopercepção são necessários, pois em todo indivíduo existe um potencial de Adolf Eichmann. Ao longo do tempo, as redes sociais mostraram que, principalmente no Brasil, são uma ferramenta mortífera que pode ferir os direitos que perseguem os indivíduos por onde passam.

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Referências

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