BAL, Mieke. Teoria de la narrativa (Una introducción a la narratología). 8.
ed. Traducción de Javier Franco. Madri: Edcciones Cátedra, 2009.
GONZÁLEZ, Mário M. A saga do Anti-herói: estudo sobre o romance picaresco espanhol e algumas de suas carrespondências na literatura brasileira. Nova Alexandria, São Paulo, 1994.
HUTCHEON, L. Uma teoria da adaptação. 2. ed. (Trad. André Cechinel). Florianópolis:
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Lazarilho de Tormes. Edição bilíngüe. Organização, edição do texto em espanhol, notas e estudo crítico de Mário M. González. Tradução de Heloisa Costa Milton e Antonio Roberto Esteves. São Paulo: Ed. 34, 2005.
LEITE, Ligia Chiappini Moraes. O foco narrativo. 3. ed. São Paulo: Editora Ática, 1987.
REBELO, Marques. Lazarillo de Tormes (Texto em português de: Marques Rebelo). Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A., 1972.
XXXI Congresso de Iniciação Científica da UNESP
CRUZ, Jheniffer da Silva (jheniffercruz8@gmail.com); PANDOLFI, Maira Angélica (orientadora), MATSUMOTO, Grasieli Caroline (gra_matsumoto99@hotmail.com); Assis, FCL UNESP Letras
Introdução
Discussão e Resultados
Objetivos Conclusão
Material e Métodos
Agradecimentos
Financiamento Bibliografia
As adaptações dos mitos literários hispânicos na
literatura infantojuvenil brasileira: o caso de Lazarillo de Tormes.
Contando com o aporte teórico de críticos como Linda Hutcheon;
Mieke Bal; Ligia C. M. Leite; Mario M. González objetivou-se analisar o diálogo entre a obra Lazarillo de Tormes (1554) que funda o gênero picaresco e a adaptação infanto-juvenil feita pelo escritor Marques Rebelo. A análise se deteve na mudança do
foco narrativo de uma obra para outra e seus desdobramentos.e Clique para adicionar texto
A metodologia segue as orientações da investigação bibliográfica, considerando, em um primeiro momento, a leitura e interpretação crítica da obra matriz. Em um segundo momento, o enfoque da pesquisa recaiu sobre a obra adaptada, com o propósito de comparar as mudanças de foco narrativo entre as duas obras e os resultados que isso acarretou.
Esta pesquisa pretende analisar os diálogos entre a obra “Lazarillo de Tormes”, obra que apresenta um hibridismo entre epistola confessional e prosa novelada autobiográfica trazendo em sua totalidade o mito da picaresca, em contraste com a adaptação do mito do pícaro por Marques Rebelo que por possuir um narrador heterodiegético perde a característica de autobiografia porque a voz do pícaro desaparece.
Agradeço a Pró Reitoria de Pesquisa da UNESP pela bolsa PIBIC concedida e minha professora e orientadora Dra. Maira Angélica Pandolfi que contribuiu muito para a realização desta pesquisa e Jheniffer da Silva Cruz por ter realizado a primeira parte da pesquisa tratando de questões ideológicas nas obras.
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Palavras-chave: Lazarillo de Tormes, pícaro, Marques Rebelo, adaptação
de um Arcipreste. Na concepção de Marques Rebelo deve predominar entre o público leitor infantojuvenil uma imagem totalmente contrária a do pícaro espanhol, consagrado como anti- herói nos estudos de González. No próprio texto analisado Rebelo trata de explicar: "...Mas sua fama se deve, principalmente, ao romance que apresentamos, devidamente adaptado, o que foi feito com o cuidado de não prejudicar o seu interesse, ao expurgá- lo de episódios e expressões impróprios ao público a que é destinado” (REBELO, 1972, p. 8)
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Analisando as duas obras comparativamente foram observadas diversas diferenças na recriação de Marques Rebelo em relação à matriz picaresca, distanciando-a cada vez mais do que Hutcheon define como adaptação. Nesse processo de recriação destacamos uma total inversão de valores no que diz respeito ao protagonista e isso ocorre devido à mudança de foco narrativo. Na obra anônima o pícaro é o narrador de sua própria história, portanto, manipula o discurso, tornando-o ambíguo por meio da ironia, pois ainda que mantenha um tom de denúncia social ele apenas reproduz aquilo que delata. Na narração de Rebelo, a voz do pícaro desaparece e com ela toda sua ambivalência, predominando apenas um narrador cujo discurso é ao mesmo tempo voltado para vitimização e heroicização do protagonista. Ressalta sua resiliência e omite atitudes que comprometeriam a moral do pícaro como, por exemplo, o episódio final do casamento deste com a amante
Ao transformar o anti-herói em herói Marques Rebelo remitifica o pícaro, despindo-o de todo aspecto burlesco que caracteriza sua essência. Desse modo, acreditamos, segundo os estudos realizados, que ocorre uma adaptação baseada em valores morais hoje questionados em adaptações infantojuvenis que valorizam a reflexão crítica do jovem leitor. Assim, acreditamos que a transformação do pícaro em um herói resiliente promove um processo de alienação que oculta do jovem leitor a problematização histórico social da qual o pícaro faz parte.