• Nenhum resultado encontrado

PARA O CERRADO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2023

Share "PARA O CERRADO"

Copied!
36
0
0

Texto

Recomendações em defesa do Cerrado dirigidas aos candidatos à Presidência da República em 2018 Desenvolvimento Socioeconômico Responsável, Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade, Redução do Desmatamento e Restauração da Vegetação Nativa. A posição estratégica do Cerrado para a economia brasileira chama a atenção para as importantes contribuições do bioma para a manutenção de serviços ecossistêmicos de importância global, como regulação climática, conservação da biodiversidade, segurança hídrica e abastecimento alimentar. O uso da terra no Cerrado sem ações sustentáveis ​​já tem impacto no abastecimento de água doce limpa que alimenta oito das 12 regiões hidrográficas do Brasil (Amazonas, Tocantins-Araguaia, Atlântico Nordeste Oeste, Parnaíba, São Francisco, Atlântico Leste, Paraná, Paraguai).

90 mil

Também não possui status constitucional de patrimônio nacional, como outros biomas, cuja utilização deve, portanto, ocorrer em condições que garantam a preservação do meio ambiente, incluindo o uso dos recursos naturais. Porém, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, a vegetação original foi desmatada em 45,4% em 2011.10 A expansão das áreas de pastagem para pecuária, cultivo de soja e outros produtos agrícolas, desmatamento para produção de carvão nativo e queimadas irregulares e as causas dos incêndios e as causas humanas são os principais vetores da degradação do Cerrado.

13 mil

Para reduzir a perda de biodiversidade, proteger os ecossistemas, as espécies e a diversidade genética e contribuir para a mitigação das alterações climáticas, o Plano Estratégico da Biodiversidade para o período 2011 a 2020, estabelecido na 10ª Conferência das Partes na Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-10 ), realizada na cidade de Nagoya, na província de Aichi, Japão, entre outras coisas, previu que pelo menos 17% das áreas terrestres e águas interiores de especial importância para a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos deveriam ser protegidas até 2020.11 Essas áreas ecologicamente representativas deveriam ser geridos de forma eficiente e equitativa e ser satisfatoriamente interligados e integrados no âmbito mais amplo da paisagem com outras medidas de conservação do espaço. No caso do Cerrado, entretanto, esses esforços de conservação ainda estão abaixo das metas estabelecidas nas Metas de Biodiversidade de Aichi. De modo geral, o Cerrado é ocupado por um verdadeiro mosaico de diferentes tipos de povos e usos da terra: agricultores familiares, agricultura de grande escala, terras indígenas, territórios quilombolas, agroextrativistas e outros povos e comunidades tradicionais.

A necessidade de aumentar a proteção da biodiversidade e promover o planejamento territorial e a regularização fundiária em áreas com serviços ecossistêmicos relevantes está relacionada ao reconhecimento das contribuições para a conservação dos povos e comunidades indígenas e tradicionais que vivem no Cerrado. Garantir uma gestão eficaz e equitativa nos casos em que as áreas de conservação integradas se sobrepõem às áreas tradicionalmente ocupadas envolve o reconhecimento de que o fogo pode ser benéfico e prejudicial, dependendo de como, onde, quando e porquê é utilizado. A integração de territórios tradicionais e áreas de conservação permanente e reservas legais em mosaicos de áreas protegidas, como estratégias de conservação em escala paisagística, pode promover o fluxo gênico, a conservação de espécies e os serviços ecossistêmicos.

Além disso, estabelece as condições necessárias para a reprodução e melhoria dos modos e da qualidade de vida e do acesso ao uso sustentável da biodiversidade para os povos indígenas e povos e comunidades tradicionais. Os mosaicos de áreas protegidas também servem para compatibilizar abordagens e ferramentas de gestão, além de melhorar as atividades desenvolvidas levando em consideração o uso do solo nas fronteiras entre essas áreas; acesso a unidades de conservação;

AlCANçAR a proteção de pelo menos 17% do Cerrado,

REComENDAçÕEs

PRomoVER os processos de demarcação e homologação de

PRioRiZAR a regularização fundiária e a estruturação das

FORTALECER o Conselho Nacional da Reserva da Biosfera do Cerrado como espaço de governança ambiental entre as principais áreas de conservação do bioma.

APRoVAR a Proposta

REsgUARDAR a diversidade dos

CoNsoliDAR uma Política Nacional de

AmPliAR a Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial em Terras Indígenas

PolítiCAs PARA A REDUção

O setor da soja na Amazônia é um exemplo disso, pois, embora quase tenha zerado o desmatamento na cadeia, aumentou a produção em cerca de 400% desde o início da moratória da soja em 2006.17. Muitas vezes, a agricultura em grande escala expandiu-se para áreas de baixa aptidão e espaços abertos subutilizados que seriam mais convenientes para a produção agrícola.18 Entre as contribuições do Cerrado para as emissões do setor, as mudanças no uso da terra e na silvicultura, que incluem desmatamento e incêndios, registrou um aumento de 34%.19 Durante o período de desmatamento anual, as taxas no Cerrado registraram uma perda de 236 mil km2 de vegetação, enquanto 208 mil km2 de florestas foram exterminadas na Amazônia.1 Esse desmatamento no Cerrado concentrou-se no Matopiba. , um total de 8.785 km2 de áreas destruídas em 2016 e 2017, cerca de 74% do desmatamento total do bioma naquele período.20. O Centro-Oeste concentra 77% de áreas com aptidão alta e alta-média para expansão de áreas irrigadas, e os investimentos nesse setor resultam em aumento significativo da produtividade e do valor da produção.21 No entanto, esses investimentos devem ser problematizados frente aos diferentes usos da água para evitar conflitos socioambientais, e enfrentar a intensificação do uso de agrotóxicos e fertilizantes, que afeta diretamente os recursos hídricos, afeta a qualidade e a disponibilidade da água e a saúde dos ecossistemas e das populações.

Em 2015, o Cerrado perdeu 9.483 km2 de vegetação nativa, 52% a mais que a devastação na Amazônia no mesmo ano. Em 2016, o desmatamento no Cerrado atingiu uma área de 6.777 km2, e em 2017 atingiu a marca de 7.408 km2 convertidos para expansão agrícola, mais uma vez superior ao registrado na Amazônia. Eles se baseiam no Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara), que, apesar de concluído em 2014, nunca foi implementado oficialmente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

A utilização de áreas já desmatadas e a recuperação de pastagens degradadas para atividades agrícolas e/ou agroflorestais são formas de garantir ganhos de produtividade no setor agrícola e a preservação das áreas remanescentes do Cerrado. O Brasil pode atender à demanda por aumento na área plantada até 2040 sem qualquer conversão de habitats naturais, afirmando seu compromisso com o desmatamento zero.23 Estudos mostram que o impacto de zerar todo o desmatamento no Brasil, seja legal ou ilegal, seria mínimo para a economia do país, que só pode ser compensada com o actual ritmo de intensificação da pecuária.

O Brasil é um dos principais países consumidores de agrotóxicos, o que está diretamente associado à política agrícola e ao seu modelo de desenvolvimento, impulsionado por benefícios fiscais para o mercado de agrotóxicos, como a redução de 60% na base de cálculo do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), além da isenção total do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para determinados tipos de agrotóxicos.22 Soluções para reduzir o uso de agrotóxicos, como a proposta de Política Nacional para a redução de agrotóxicos (Pnara), são apresentados em tramitação na Câmara dos Deputados.

R$ 1,2 bilhão em ICMS

R$ 10 bilhões em 2017

As perdas com o desmatamento vão além das questões sociais e ambientais e afetam amplamente a economia do país, incluindo o próprio setor agrícola, que já pode sentir os efeitos das mudanças climáticas, especialmente em termos de fornecimento e disponibilidade de água para irrigação, polinizadores para produção de frutas , controle biológico e controle de pragas, além da ciclagem de nutrientes para fertilidade do solo. A nova Lei Florestal Brasileira (a lei é a principal legislação ambiental aplicável ao manejo da vegetação nativa remanescente do país, que regulamenta o uso da terra em todas as propriedades. Embora os requisitos de restauração em áreas naturais permanentes tenham sido reduzidos e numerosos produtores na área rural áreas foram anistiadas áreas introduziram os novos mecanismos do Código Florestal para melhor cumprimento e compensação de reservas legais.

No Cerrado, o atual déficit de restauração em Áreas de Preservação Permanente é de 1,8 Mha e em áreas de Reserva Legal é de 4,2 Mha. Neste sentido, é fundamental desbloquear todo o leque de incentivos previstos no novo Código Florestal e inovar para fornecer soluções alinhadas com os compromissos internacionais do país no Acordo de Paris, no sector florestal e na mudança do uso do solo, para restaurar e reflorestar 12 Mha de vegetação em todo o território nacional, além de acabar com o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030.27 É preciso favorecer o desenvolvimento da cadeia de serviços e produtos de restauração e criar incentivos econômicos para que os investimentos sejam compatíveis e atrativos aos agricultores , viabilizando a recuperação do Cerrado.

ZERAR o

CoNDiCioNAR o crédito agrícola, em quaisquer de suas modalidades,

APliCAR condicionantes e indicadores de

ARtiCUlAR um fundo para

CRiAR uma meta

AUmENtAR a fiscalização, o controle

EstimUlAR a conservação de ativos florestais em

AVANçAR na implementação da Política Nacional de Recuperação

PolítiCAs PARA A

A conservação por meio do uso sustentável da biodiversidade e da manutenção dos serviços ecossistêmicos, favorecida pela presença e pelos modos de vida dos povos indígenas e dos povos e comunidades tradicionais do Cerrado, ganha sentido quando o desenvolvimento contínuo e a prosperidade econômica da grande diversidade de populações tradicionais sistemas agrícolas que promovem. Estas culturas tradicionais e comunidades históricas atuam como guardiãs da agrobiodiversidade em locais que mantêm a integridade ecológica das áreas e a resistência à expansão desordenada da agricultura em grande escala. A gestão socioambiental e a gestão territorial adequadas podem consolidar um planejamento cuidadoso do Cerrado, permitindo que a agricultura em grande escala cresça em harmonia com as práticas agrícolas extrativistas e outras visões de desenvolvimento econômico, contribuindo para a superação da pobreza e a inclusão social no meio rural.

O agroextrativismo consolidou-se como alternativa de renda, sempre vinculado ao contexto da agricultura familiar, com o aproveitamento econômico de produtos provenientes da sociobiodiversidade do Cerrado. Embora as informações oficiais sobre a população e a produção agrícola extrativista no Brasil ainda sejam incipientes, números recentes mostram que os produtos extrativistas de plantas não madeireiras como açaí, mangaba, pequi, babaçu, entre muitos outros, atingiram um valor de produção total de R$ 1,6 bilhão em 2016. Destacam-se os produtos alimentícios, que respondem por 72% desse valor de produção, seguidos por ceras (13,5%), oleaginosas (7,4%), fibras (7%) e outros grupos (0,4%).29 Geralmente são produtos indígenas cultivados ou coletados em pequenos sistemas agrícolas, gerações, de acordo com princípios agroecológicos e extraídos da natureza para diversos fins: alimentação, habitação, medicamentos, produção de utensílios domésticos, caça e pesca.

Neste contexto, destaca-se a importância dos mercados institucionais para incentivar a produção sustentável na agricultura familiar, garantir a soberania alimentar, a segurança nutricional e a geração de renda. A conservação por meio do aproveitamento de recursos naturais pelas famílias agroextrativistas que vivem da economia florestal é incentivada por programas institucionais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), a Política de Garantia de Preço Mínimo para Produtos da Sociobiodiversidade ( PGPM-Bio), a Política Nacional de Ecologia Agrícola e de Produção Orgânica (Pnapo) e o programa Bolsa Verde.30.

PRomoVER a Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para o

RECoNHECER os Protocolos Comunitários de Consulta Livre,

RECoNHECER os sistemas agrícolas

AssEgURAR a composição do Comitê da Bacia Hidrográfica do Araguaia-

AmPliAR os programas de proteção, órgãos de defesa, acolhimento e encaminhamento de

FomENtAR a pesquisa e as inovações sobre produtos, empreendimentos comunitários e

17 Dados de monitoramento do Grupo de Trabalho da Soja – GTS, responsável pela gestão da Moratória da Soja na Amazônia. Quando o suficiente deveria ser suficiente: Melhorar o uso das atuais terras agrícolas pode atender às necessidades de produção e salvar habitats naturais no Brasil. A política nacional de ecologia agrícola e produção orgânica no Brasil: uma trajetória de luta pelo desenvolvimento rural sustentável.

Referências

Documentos relacionados

Observando então a construção de um cotidiano de acordo com o contexto social envolvido, incluindo as atividades de vida diária (AVDs), atividades instrumentais