INSTITUTO DE ESTUDOS DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL - IEDI CENTRO DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA - NACIT/UFBA.
TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS
Tendências Gerais do Complexo
O processamento da informação digitalizada envolveu também a convergência da procura de conhecimento em algumas tecnologias que sustentam toda a indústria das tecnologias de informação, nomeadamente: microelectrónica, comunicações ópticas, ecrãs planos, microfabricação e software/sistemas. Em particular, a disponibilidade de um elemento que permite o processamento da informação digitalizada de forma uniforme, eficiente e económica - os componentes microelectrónicos - permitiu tornar prática a ideia de generalizar a digitalização da informação e o seu processamento racional. Como resultado deste processo de desenvolvimento, as diferenças entre os sectores das TI, das telecomunicações, da automação e da electrónica de consumo são cada vez menores.
O conjunto de setores que compõem esta indústria de tecnologia da informação é aqui denominado complexo eletrônico. Outro problema associado às indústrias de tecnologia da informação é o desemprego estrutural, que estaria relacionado à difusão do uso dessas tecnologias não apenas dentro do próprio complexo eletrônico, mas também em outros setores e complexos. Mesmo que se questione a existência de um aumento do desemprego estrutural, é inegável a existência de uma clara mudança no perfil educacional da força de trabalho necessária.
Para se ter uma ideia inicial da mudança no perfil de treinamento exigido, observe o gráfico a seguir.
Países e Empresas Líderes
Nos PCs, onde os fabricantes do Sudeste Asiático ocupavam um lugar significativo no mercado, o software que impulsionou grande parte do tremendo desenvolvimento que ocorreu foi o americano MS-DOS. Talvez a única área onde os europeus e japoneses tenham tido um espaço relevante seja a da automação industrial, onde software customizado é desenvolvido ou incorporado na integração de sistemas. Por fim, será oferecida uma variedade de novos produtos, proporcionando oportunidades importantes para novas empresas definirem nichos.
Num mercado que caminha para a globalização, é importante considerar uma questão mais geral: a forma como as empresas operam. Para isso, é útil o apoio de pesquisas recentes (início de 1993), realizadas entre os mais importantes gestores de empresas americanas pela Ernst&Young em conjunto com a Electronic Business. A Tabela 1 resume os resultados desta pesquisa, considerando as empresas em relação ao seu modo de atuação como: Local - produzem e vendem apenas nos EUA; Exportador – vende em vários países, mas as decisões estratégicas são tomadas nos EUA; Transnacional – as atividades de produção e vendas são integradas regionalmente; Global – operações em todo o mundo, mas decisões estratégicas importantes podem ser tomadas dentro das áreas de operações.
É claro que este momento é crucial para a escolha de parcerias, com parceiros que irão operar no futuro de uma forma que permita tomar decisões estratégicas nas áreas geográficas em que as empresas operam, ou seja, empresas que estratégias .
Determinantes da Competitividade
Embora o setor BEC opere com um ciclo de vida curto, não tem apresentado segmentação relevante porque seus produtos possuem características de commodity e grande escala de produção, e muitas vezes não é dada oportunidade de entrada a novas empresas. Por outro lado, a segmentação intensa é uma característica importante da TI, que proporciona oportunidades de acesso frequentes. Segmentos já consolidados em TI apresentam características semelhantes ao BEC em termos de escala de produção e capacidade de entrada.
O acesso a componentes ou conjuntos de componentes microeletrônicos que estão se tornando padrão de fato em determinados setores, bem como a softwares básicos e aplicações de fácil acesso, tem sido condição essencial para o alto dinamismo observado em alguns segmentos, por exemplo na microinformática. Para os BECs, os componentes microeletrônicos proprietários cumprem a regra, embora esta situação possa mudar num futuro próximo. Investir na difusão e consolidação da marca tem sido outro padrão no comportamento e nas estratégias das empresas do complexo eletrônico, bem como na criação de amplas redes de marketing e apoio ao usuário.
Assim, em conexão com o pilar técnico básico de sua dinâmica – a digitalização da informação – a atuação abrangente em diversos setores do complexo eletrônico foi um fator diferencial muito importante no sucesso das empresas.
COMPETITIVIDADE DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
Desempenho e Capacitação no Complexo Eletrônico
No início desta nota foi relatado que no final da década a indústria da tecnologia da informação representaria 20% do “produto bruto mundial”, equivalente a um mercado de aproximadamente 3 biliões de dólares. Supondo que o Brasil queira participar do mercado de tecnologia da informação não apenas como usuário, mas também produzindo e fornecendo bens e serviços e gerando empregos no país, é necessário selecionar áreas de atuação nas quais concentrar esforços. É evidente que a indústria das tecnologias de informação está actualmente muito mais próxima das inovações incrementais do que das inovações radicais.
Um dos temas que costuma se apresentar como importante no complexo eletrônico é a associação com empresas estrangeiras. Esses são os parceiros que interessam e devem fazer parte das diretrizes do complexo eletrônico para buscar parceiros com atuação global. Para os demais produtos do complexo eletroeletrônico não deverá haver diferença de incentivos em relação ao restante do país.
A tabela a seguir resume as diversas propostas, agrupando-as de acordo com sua natureza e destacando a utilização dos diversos instrumentos para setores específicos do complexo eletrônico. O conjunto de setores que compõem essa indústria de tecnologia da informação será aqui chamado de complexo eletrônico. Desta forma, o efeito multiplicador associado ao conhecimento acumulado é muito mais intenso no complexo eletrônico do que nos demais casos.
O entrelaçamento de soluções técnicas, conhecimentos e investimentos possibilita a atuação simultânea nos diversos setores que compõem o complexo eletrônico. Uma indicação clara do crescimento das indústrias de tecnologia da informação pode ser vista na tabela a seguir, que mostra a evolução dos investimentos nos Estados Unidos. Em ambos os casos, a digitalização da informação terá um papel central, o que levará a uma convergência tecnológica ainda maior entre os setores do complexo eletrónico.
Compreender a situação atual das complexas indústrias eletrônicas no Brasil não é possível sem analisar a evolução política dos diferentes setores que a compõem e a política de desenvolvimento industrial do país. Por outro lado, ao mesmo tempo, nos países centrais, a acção do Estado no complexo electrónico tem ocorrido tanto do lado da oferta como da procura. Neste contexto, não surpreende que a indústria de complexos eletrônicos instalados no país seja pouco competitiva.
As Notas Técnicas setoriais do complexo eletrônico apresentam detalhadamente a situação de competitividade das indústrias do complexo, resumida com referência a alguns parâmetros na tabela 2.1.1.
Fatores de Competitividade
PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS
- Diretrizes
- Políticas de Reestruturação
- Políticas de Modernização
- Políticas Relacionadas a Fatores Sistêmicos
- Resumo das Proposições
Devem ser definidos projetos prioritários de investimento, sem a pressão imediata da demanda do mercado, o que exige a aplicação de recursos no campo das tecnologias básicas à indústria de tecnologia da informação. Um dos mecanismos de política industrial utilizados de forma mais eficaz nos países desenvolvidos é o poder de compra do governo. É necessário, portanto, promover a difusão da tecnologia de automação de forma adaptada aos fatores mais limitantes da produção do país.
Poder de compra - Propõe-se utilizar como referência básica o American Technology Preeminence Act de 1991. Financiamento oficial - O financiamento oficial, mesmo que parcial, deve especificar critérios específicos, no caso de automação de processos produtivos, quanto à solução de adequação, bem como como o estabelecimento de condições equivalentes ao poder de compra do país. Adotar a seletividade significa concentrar incentivos nesses segmentos, manter maior proteção tarifária para eles e utilizar poder de compra preferencial e prioridade no financiamento.
Você pode até atuar em áreas prioritárias sem cumprir o Processo Produtivo Básico e oferecer outras remunerações, mas não terá incentivos, prioridade no poder de compra ou qualquer um dos outros benefícios adquiridos.
INDICADORES DE COMPETITIVIDADE
O objetivo desta nota técnica é analisar os cenários internacional e brasileiro do complexo eletrônico e propor políticas e medidas adequadas ao complexo nas atuais circunstâncias. Esta nota apresenta inicialmente considerações sobre o cenário internacional, levando em conta as tendências gerais do complexo eletrônico e o posicionamento dos países e empresas líderes, e tenta analisar os caminhos prováveis para o desenvolvimento do complexo. Em seguida, analisa-se o cenário brasileiro, seus pontos fortes e fracos, e procura-se identificar possíveis alternativas para tentar solucionar os problemas presentes no complexo eletrônico.
Nessa perspectiva de convergência entre os diversos setores que o compõem, é possível compreender melhor vários aspectos característicos do complexo. Para este tema, no caso do complexo eletrónico, é útil considerar a divisão em blocos económicos da Comunidade Económica Europeia (CEE), América do Norte (EUA) e Sudeste Asiático (SA). A implantação da indústria BEC na Zona Franca de Manaus destruiu completamente a indústria de bens de consumo eletrônicos que então existia no país, além da incapacidade de aproveitar adequadamente uma importante transição tecnológica – a televisão em cores – e que ainda hoje cria sérios obstáculos à uma política adequada para o complexo eletrônico.
Por outro lado, a instabilidade das regras tem causado incerteza em todos os setores do complexo. Documentos recentes de política industrial do governo brasileiro propõem atenção especial ao complexo eletrônico. O desafio que se coloca é formular estratégias que simultaneamente promovam um maior envolvimento internacional do país, preservem e valorizem a experiência já acumulada, tenham em conta os aspectos importantes do complexo electrónico e compatibilizem politicamente os interesses já estabelecidos nos vários sectores que compõem o que. acima..
A segunda questão é como desenvolver uma política para o complexo electrónico que permita, além da criação de progresso técnico, também a difusão deste progresso. Um dos temas que costuma ser apresentado como importante no complexo eletrônico é o da associação com empresas estrangeiras. Chegou a hora de começar a buscar esses parceiros e deve fazer parte das diretrizes do complexo eletrônico buscar parceiros com atuação global.
Algumas atividades em microeletrônica poderiam ser mantidas, pois esta é uma das tecnologias básicas da indústria de tecnologia da informação. Os estudos realizados mostram que já existe uma concentração razoável em todas as partes do complexo. Conforme já discutido nesta nota, a inovação nas indústrias do complexo ocorre atualmente nas empresas e não mais nas universidades e centros de pesquisa.
Propõe-se que o conjunto de empresas do complexo receba tratamento diferenciado, voltado diretamente à formação de especialistas para as empresas do complexo. Propõe-se que parte do imposto de renda devido pelas pessoas jurídicas possa ser utilizada na aquisição de cotas de fundos que aplicarão os recursos na forma de capital de risco em empresas do complexo. A Tabela 3.5.1 tenta dar uma indicação sintética das diversas propostas, agrupá-las de acordo com a sua natureza e destacar a utilização dos diversos instrumentos para setores específicos do complexo eletrónico.
