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PDF Ressignificando Concepções Sobre O Ensino De Matemática Para ... - Furg

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Academic year: 2023

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O objetivo geral deste trabalho foi investigar como a matemática é ensinada a alunos com deficiência auditiva em uma escola de ensino fundamental bilíngue. A partir dessa rede de relações, foram constituídas duas categorias de análise, denominadas "Recursos pedagógicos e dificuldades de alunos com deficiência auditiva no ensino de matemática" e "Formação e práticas pedagógicas". Assim, surgiu o desejo de investigar como se dá o ensino de matemática com alunos com deficiência auditiva em uma escola de ensino fundamental bilíngue.

No próximo capítulo faremos alguns entendimentos sobre o ensino de matemática para alunos com deficiência auditiva.

O ENSINO DE MATEMÁTICA PARA ESTUDANTES COM DIFICULDADE AUDITIVA NA

Mapeando trabalhos científicos acerca da Educação de estudantes com

Nessa primeira etapa de seleção, registramos, em 37 artigos, a discussão sobre o ensino de matemática com alunos com deficiência auditiva tanto na Educação Básica quanto na Educação Superior. Na segunda fase, selecionamos 23 artigos considerando como critério o tema ensino de matemática a partir de experiências na Educação Básica, foco deste estudo. Ressaltamos que o número de artigos científicos que discutem ou relatam experiências sobre o ensino de matemática para alunos com deficiência auditiva começaram a ser publicados em 2010.

Programa de etnomatemática como suporte pedagógico para o ensino e aprendizagem de educação financeira para surdos em a.

Tabela  1  –  Anais  pesquisados,  organizados  por  ano  e  quantidade  de  artigos  investigados e selecionados
Tabela 1 – Anais pesquisados, organizados por ano e quantidade de artigos investigados e selecionados

Compreensões acerca do ensino de Matemática para estudantes com necessidades

Dar sentido à matemática requer o uso da história, jogos de raciocínio e ações interdisciplinares que a vinculem a outras áreas do conhecimento. Barbosa (2008) aponta que a surdez não atrasa o aprendizado da matemática, mas são incentivos linguísticos limitados, como o acesso tardio à LIBRA, que por vezes comprometem a compreensão do aluno surdo. A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é utilizada pelos deficientes auditivos para se comunicarem entre si e com os ouvintes, e consiste em diferentes níveis linguísticos em relação à nossa língua portuguesa.

A estrutura morfológica da língua de sinais consiste nas articulações, na produção dos movimentos feitos pelas mãos, nas expressões faciais e corporais. No entanto, quando se trata da prática em sala de aula e da forma como os conteúdos são apresentados nos livros didáticos, esses são aspectos que ainda limitam o aprendizado dos alunos surdos em matemática. O livro didático é a principal ferramenta utilizada em muitas escolas até hoje, mas na maioria das vezes não leva em consideração as necessidades dos alunos com deficiência auditiva, pois nem todas as escolas regulares ou bilíngues possuem livros didáticos especializados para a comunidade surda.

Importa, por isso, produzir diferentes materiais pedagógicos adaptados às necessidades destas disciplinas, em que a matemática como linguagem simbólica possa ser articulada com a língua gestual. Na matemática, segundo Gessinger (2001), o professor deve proporcionar situações de aprendizagem em que os alunos possam construir a sua aprendizagem, utilizando jogos e materiais concretos, pois não só levam em conta a ludicidade, mas também aumentam a atenção, a criatividade e o raciocínio lógico e ajudam o aluno a interagir e se comunicar. Na sala de aula, é necessário proporcionar às crianças inúmeras e adequadas oportunidades de experimentar, observar, criar, refletir e articular.

Precisamos garantir o uso recorrente da língua de sinais na prática pedagógica em sala de aula, pois os alunos com deficiência auditiva aprendem matemática de forma diferente dos ouvintes, pois vêm de uma cultura diferente e têm uma identidade diferente (MIRANDA e MIRANDA, 2011). No próximo capítulo, apresentamos nossa área de pesquisa, falamos sobre a prática pedagógica desenvolvida na escola bilíngue e discutimos as abordagens que identificamos durante a experiência que ganhamos na escola com os trabalhos científicos publicados nos Anais do ENEM sobre o ensino de matemática para alunos com deficiência auditiva.

UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA NA ESCOLA E AS RELAÇÕES ENTRE TRABALHOS

Conhecendo os estudantes da pesquisa a partir de uma intervenção pedagógica na

A pesquisa foi realizada com um professor de matemática e sua turma de alunos do sétimo ano da Escola Municipal de Ensino Bilíngue Carmem Regina Teixeira Baldino, localizada na cidade de Rio Grande. Para a elaboração da pesquisa foi realizada uma visita à escola para conhecer o ambiente escolar e construir um relacionamento com os alunos e o professor de matemática. Posteriormente, foram observadas duas aulas da professora de matemática daquela escola no período matutino para saber como está o andamento do ensino de matemática desses alunos.

Em seguida, a partir da discussão com a professora sobre o conteúdo abordado, desenvolveu-se uma atividade com os slides de frações, pois esse conceito já foi discutido em sala de aula com os alunos. Na segunda etapa, os discos de frações foram distribuídos aos alunos para que manuseiem livremente o material concreto, a fim de reconhecer suas propriedades, conforme pode ser observado na Figura 1. Na etapa seguinte, os alunos, com o auxílio do professor de matemática e da apoiadora da atividade pedagógica, realizaram algumas operações de frações.

Na quarta e última etapa, os alunos receberam um questionário (Quadro 1) para avaliar a atividade com os discos de frações. Devido a esse fato, a professora de matemática responsável pela turma reconhece que os alunos possuem limitações na compreensão de nossa redação, motivo pelo qual ficaram evidentes suas dificuldades em ler e responder ao questionário. Diante dessa situação, dialogamos com outra professora da escola, na zona portuguesa, e contamos a ela sobre a situação que vivenciamos.

Assim, decidimos buscar artigos científicos que tratassem do tema problematizado por este trabalho e apontassem sua conexão com nossa prática que vivenciamos em uma escola bilíngue, objetivo da próxima seção.

Figura 1: Estudantes manipulando o material concreto
Figura 1: Estudantes manipulando o material concreto

Relações estabelecidas entre as experiências dos trabalhos científicos mapeados e

  • Recursos pedagógicos e as dificuldades dos estudantes com necessidades auditivas no
  • Formação e prática docente

Em decorrência dessas situações, observamos práticas semelhantes na escola onde desenvolvemos nossa atividade, conforme destacado no artigo A3, que tanto os alunos ouvintes quanto os com deficiência auditiva apresentam dificuldades na compreensão do conteúdo das frações. Em relação aos polinômios, o artigo A15 aponta que a falta de sinais específicos em matemática e a abordagem do professor ao conceito na língua de sinais são fatores que dificultam o trabalho do professor e, portanto, dificultam a aprendizagem dos alunos com deficiência auditiva. Tais situações foram presenciadas durante a aula do professor de matemática na escola, principalmente no ensino de frações, justamente pela falta de simbologias que retratassem e/ou representassem o conceito matemático que contemplasse a linguagem dos alunos com deficiência auditiva.

Para Rudner (1978), as estruturas utilizadas em situações escritas e verbais em matemática causam problemas especiais para alunos com deficiência auditiva. Para alunos com deficiência auditiva, esse problema é semelhante, e um fator importante também é a falta de sinais específicos no conteúdo matemático, o que dificulta o processo de ensino e aprendizagem dessa ciência. No artigo A5, muitos alunos com deficiência auditiva demonstraram interesse em utilizar materiais concretos.

Os artigos A6 e A10 enfatizam a importância do uso de recursos visuais nas atividades de matemática por meio de situações em que alunos com deficiência auditiva possam visualizar, discutir e analisar os conceitos de sinais específicos da matemática em LIBRAS. Para Sales (2004, p. 10), os elementos visuais são os mais importantes facilitadores do desenvolvimento da aprendizagem dos alunos com deficiência auditiva, pois "as estratégias metodológicas utilizadas no ensino devem obrigatoriamente privilegiar os recursos visuais como meio facilitador do pensamento, da criatividade e da linguagem visuoespacial". Assim como o "português" oral é a primeira língua dos ouvintes, a LIBRAS é a primeira língua das pessoas com deficiência auditiva.

Ao ler os artigos A1 e A14, percebemos que a comunicação por meio da LIBRAS é um fator essencial para a interação entre professores e alunos com deficiência auditiva. Assim, devemos garantir um trabalho pedagógico que leve em conta a diversidade linguística e a adequação dos instrumentos metodológicos, para que os alunos com deficiência auditiva tenham a oportunidade de aprender os conceitos da matemática, bem como outros conteúdos curriculares de outras disciplinas como outros ouvintes, conforme evidenciado no artigo A8. O foco da discussão nos artigos A17, A19 e A21 é o longo caminho que ainda temos a percorrer em relação à inclusão de alunos com deficiência auditiva.

Discussão semelhante pode ser encontrada no artigo A23, que enfatiza que todos os professores devem conhecer mais sobre o ensino de disciplinas com deficiência auditiva, as infinitas possibilidades que a língua de sinais oferece e a realidade dos alunos com deficiência auditiva que se comunicam diariamente em duas línguas – LIBRAS e português escrito – respeitando sua própria cultura e identidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao desenvolver este trabalho de curso, contamos com referências bibliográficas e artigos acadêmicos, bem como pesquisas de campo para discutir como o aprendizado de matemática é conduzido com alunos com deficiência auditiva em uma escola bilíngue K-12. Ao refletirmos sobre nossa prática docente, podemos adotar ou redefinir metodologias que possibilitem um melhor processo de aprendizagem considerando as especificidades dos alunos com deficiência auditiva, podendo conduzi-los a uma aprendizagem significativa. Assim, podemos viabilizar um ensino de conteúdos matemáticos desenvolvendo uma proposta educacional que se antecipe à diversidade linguística de alunos com deficiência auditiva e adequando recursos metodológicos para atender esse público.

Portanto, constatamos a importância da utilização de recursos visuais, materiais concretos e tecnologias digitais em atividades para aprimorar a experimentação e simulação de situações, o que pode auxiliar no reconhecimento de conceitos matemáticos, pois a visão e o tato tornam-se mais aguçados para os alunos com deficiência auditiva. Portanto, para melhorar o aprendizado dos alunos com deficiência auditiva, a comunicação por meio da LIBRAS entre professor e alunos é essencial. Portanto, há necessidade de uma formação docente que inclua não apenas habilidades em LIBRAS, mas debates e reflexões sobre o ensino de matemática para alunos com deficiência auditiva, discutindo as especificidades desses sujeitos e examinando suas identidades e suas formas de se comunicar e aprender.

Dessa forma, esperamos que este trabalho seja importante para enriquecer outras discussões e reflexões sobre o ensino de matemática para alunos com deficiência auditiva, e sirva para subsidiar futuros trabalhos na área de formação de professores de matemática. Uma abordagem de polígonos mediada pelo Tangram: relato de experiência com alunos surdos. Dois desafios para o ensino de geometria e para a inclusão do deficiente visual na escola: visualização e interpretação de figuras geométricas.

Aprendendo geometria por meio do Tangram: um relato de experiência em uma sala especializada com alunos surdos. Dissertação (mestrado) - Curso de Educação Matemática, Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, Rio de Janeiro, 2005. O programa de etnomatemática como suporte pedagógico para o ensino-aprendizagem de educação financeira para alunos surdos em uma escola pública.

Uma análise da inclusão de alunos surdos no ensino médio por meio da avaliação da aprendizagem.

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Tabela 2 – Artigos selecionados no estudo.
Tabela  1  –  Anais  pesquisados,  organizados  por  ano  e  quantidade  de  artigos  investigados e selecionados
Figura 1: Estudantes manipulando o material concreto

Referências

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