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Percebe-se que, embora tenham havido inúmeras conquistas, a educação ainda tem muito o que avançar no que se refere à inclusão de deficientes

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Academic year: 2023

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AINCLUSÃOESCOLARDODEFICIENTEAUDITIVONOENSINOREGULAR: desafios e conquistas

Ana Paula Mendes Cutrim1 Christiane Valêska Araújo Costa Lima2

Resumo

O presente artigo objetiva abordar a inclusão escolar do deficiente auditivo no ensino regular. Trata-se de uma revisão bibliográfica, onde faz-se um breve levantamento histórico da inclusão educacional no país, pontuando a importância da participação da família e do professor nesse processo, bem como a necessidade das escolas possuírem profissionais qualificados para lidarem com alunos com deficiência. Destaca- se a trajetória e desafios dos deficientes auditivos na luta para terem seus direitos educacionais reconhecidos. Percebe-se que, embora tenham havido inúmeras conquistas, a educação ainda tem muito o que avançar no que se refere à inclusão de deficientes.

Palavras-chave: Inclusão escolar; Deficientes; Surdo.

Abstract

This article aims to approach the school inclusion of the hearing impaired in regular schools. This is a literature review, which is a brief historical survey of educational inclusion in the country, pointing out the importance of family participation and the teacher in this process and the need for qualified professionals possess schools to deal with students with disabilities. It highlights the trajectory and challenges of the deaf in the fight to have their rights recognized educational. It is noticed that although there have been many achievements, education still has a lot to advance as regards the inclusion of disabled people.

Keywords: School inclusion; Disabled; Deaf.

1 Assistente Social e Especialista em Gerenciamento de Projetos – Faculdade Pitágoras do Maranhão. E-mail: anapaulacutrim@hotmail.com

2 Assistente Social e Mestre em Educação – Faculdade Pitágoras do Maranhão. E-mail:

chrislima99@hotmail.com

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1 INTRODUÇÃO

A partir da década de 1990, difundiu-se a defesa de uma política educacional de inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais, propondo maior respeito e socialização efetiva desses sujeitos e contemplando, desse modo, a comunidade surda também.

O tema é bastante relevante para os dias atuais, uma vez que o deficiente ainda encontra dificuldades para ter acesso ao ensino regular, e mesmo quando consegue, as escolas, principalmente as públicas, simplesmente o integra por força da lei, não dispondo da estrutura adequada para uma aprendizagem de acordo com suas necessidades educacionais.

Vale ressaltar que a inclusão escolar objetiva inserir, sem distinção, todas as crianças e adolescentes com diferentes graus de comprometimento social e cognitivo em ambientes escolares tradicionais, com a finalidade de diminuir o preconceito e estimular a socialização das pessoas com desenvolvimento atípico para que desfrutem dos espaços e ambientes comunitários.

Destarte, este artigo tem como objetivo abordar a inclusão educacional no ensino regular no país de crianças com deficiências, especificamente do auditivo, a fim de mostrar como estas pessoas são vistas pela sociedade e a falta de eficácia das políticas públicas para que tenham acesso a uma educação de qualidade. O método utilizado foi a pesquisa bibliográfica por meio de estudos de pesquisas já realizadas de vários autores.

2 BREVE HISTÓRICO DA DEFICIÊNCIA

O primeiro passo concreto para garantir o direito do deficiente à cidadania no Brasil foi a criação do Instituto Benjamin Constant pelo Imperador D. Pedro II, por meio do Decreto Imperial n.º 1.428, de 12 de setembro de 1854, que foi inaugurado cinco dias depois com o nome de Imperial Instituto dos Meninos Cegos.

Na idade média a religião tinha grande influência sobre as pessoas, que acreditavam que os deficientes teriam nascido assim para pagar pelos pecados que cometeram em outras vidas, ou ainda que são instrumentos de Deus, usados para mostrar às pessoas sobre seus comportamentos inadequados, e que estas alcançariam a vida eterna se prestassem caridades aos deficientes (LOPES; MENDES; FARIA, 2005).

Lopes, Mendes e Faria (2005) relatam que na Idade Moderna os deficientes eram vistos como aqueles que não funcionavam, daí eram desvalorizadas e desacreditadas

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de suas capacidades, gerando um pensamento de que todos os deficientes deveriam ser tratados por médicos e isolados de tudo e de todos, uma vez que acreditavam que estes representavam perigo não apenas para si próprio, mas também para a sociedade.

Lopes, Mendes e Faria (2005) afirmam ainda que até 1960, o que se sabia sobre deficiência permaneceu quase inalterado. Nessa época, acreditava-se que as pessoas que nascessem com deficiências raramente se desenvolviam, passando então a ser um fardo para suas famílias e com pouca perspectiva de vida, de forma que o melhor a fazer era colocá-los num centro específico, onde pudessem receber tratamento adequado. Porém, durante o século XX o conhecimento da sociedade sobre deficiências mudou bastante. A partir dos anos 1960 e 1970, passou-se a ter um pouco mais de conhecimento sobre a deficiência e entendeu-se sua relação com os fatores ambientais, os quais podem contribuir para a maior ou menor dependência do ser humano, ensinando-lhe a ser de uma forma ou outra.

Assim, ao longo dos anos, a pessoa com alguma deficiência passa a conviver socialmente com sua família, porém este convívio não se estende a escola, ao clube, a igreja e às outras áreas da sociedade porque é colocada como um ser diferente.

Com essas idéias, buscou-se a educação individual das pessoas com necessidades especiais como forma de aproximação com os seres “normais”, a fim de desenvolver sua normalidade para melhor integrá-lo através de sua aprendizagem. “A idéia inicial foi, então, a de normalizar estilos ou padrões de vida, mas isto foi confundido com a noção de ‘tornar normais às pessoas deficientes’” (SASSAKI, 1997, p.32).

2.1 O deficiente e a inclusão no ensino regular

Segundo Jannuzzi (2006), na época do império foi possível esconder totalmente a educação dos deficientes, por tratar-se de uma sociedade rural e sem nenhum conhecimento escolar. As pessoas com deficiências sofriam preconceitos e eram vistas como seres incapazes de convier em sociedade.

Somente por volta do final da década de 1970 e início de 1980, depois de inúmeras tentativas e acontecimentos, os deficientes passam a ser inseridos em classes regulares. Portanto, é necessário que as escolas modifiquem seu funcionamento para atender a todos os indivíduos com deficiência, pois a educação é direito de todos (STAINBACK; STAINBACK, 1999).

De acordo com Mazzota (2003) é recente a postura de defesa da cidadania e do direito à educação de deficientes em nossa sociedade. Essa atitude manifesta-se através de atos isolados, de indivíduos ou grupos, diante da conquista e reconhecimento de alguns dos

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direitos dos deficientes, identificados como fatores integrados de políticas sociais, na metade do século XXI. Para o autor, o desconhecimento sobre as deficiências contribuiu significativamente para que as pessoas deficientes fossem colocadas à margem da sociedade ou ignoradas por serem consideradas “diferentes”. Há registros na literatura antiga de que pessoas com necessidades educacionais especiais eram usadas para diversão de seus senhores.

A educação é responsável pela socialização do indivíduo, pois viabiliza a integração deste com o meio. Dentre as inúmeras perspectivas que se tem desta, espera-se que vise não apenas a inserção do indivíduo no mercado de trabalho, mas também um processo que permita o crescimento intelectual, moral, ético e de interação com acontecimentos do cotidiano, ou seja, que desempenhe um papel social, contemplando o indivíduo em suas particularidades.

O direito de todos à educação está estabelecido na Constituição de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96, sendo um dever do Estado e da família promovê-la. A sua finalidade é o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho.

No entanto, o processo educacional não é uma tarefa tão simples. Existem inúmeras necessidades que o permeiam, precisando ser observadas e trabalhadas para que de fato obtenha o resultado que se espera. Neste sentido, destacam-se as pessoas que possuem necessidades especiais de aprendizagem, que exigem maior atenção por parte dos profissionais envolvidos no processo educacional para que lhes possibilite uma convivência com qualidade.

Em linhas gerais considera-se a educação como um dos principais alicerces da vida social. Ela transforma e amplia a cultura, estende a cidadania, constrói saberes para o trabalho, e é capaz de ampliar as margens da liberdade humana. Do mesmo modo, para as pessoas com necessidades especiais, ir à escola não é apenas aprender a ler e a escrever, mas sim estimular a sua socialização além de aprender na prática, as regras do convívio com os ditos “normais” e mostrar a sociedade que a vida é feita de diferenças e que é possível lidar com as mesmas sem ter que buscar modelos ideais (GARCIA; BARBOSA;

FREITAS, 2008).

Por se tratar de pessoas com necessidades diferenciadas das ditas “normais”, estas demandam uma educação também diferenciada, a qual é denominada “Educação Especial”, ou seja, o sistema educacional deve estar apto a oferecer uma intervenção especial a fim de suprir tais necessidades.

Mesmo diante das dificuldades encontradas pelos deficientes em conseguir espaço na escola regular, foi possível através de estudos, discussões e pesquisas

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científicas provar que esses alunos tinham de fato condições de estarem em sala de aula regular, aprendendo igualmente aos outros estudantes. Como disse Freitas (2008), a escola inclusiva é a que não é indiferente à diferença, mas aquela que contempla as semelhanças existentes, valorizando assim as diversidades.

A educação é um dos direitos sociais garantidos a todos pela Constituição Federal de 1988, no artigo 205 que diz: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 2008, 136).

O sistema educacional brasileiro iniciou uma fase de avanços a partir da aprovação da LDB em 1996. Esta iniciativa visou constituir a escola como um ambiente de participação social, valorizando a democracia, o respeito, a pluralidade cultural e a formação do cidadão, dando mais essência e significado para os educandos. Nesse aspecto a educação também ganha destaque nas políticas públicas na tentativa de aperfeiçoar o sistema educacional em sua totalidade.

Portanto, o direito de acesso ao ensino é um exercício de cidadania e o cidadão, independente de sua condição física, psicológica, moral, econômica e social, tem o direito assegurado pelo Decreto nº 6.094/2007, de usufruir os espaços municipais, estaduais, e federais de educação.

A inclusão de alunos com necessidades especiais de aprendizagem e socialização no sistema regular de ensino baseia-se na perspectiva do direito à educação para todos, garantido por Lei. Entretanto, esta inclusão demanda uma escola preparada para criar e adaptar práticas pedagógicas, levando em consideração formas distintas de aprender e de ensinar, conforme as peculiaridades dos alunos.

Cabe ressaltar que a Educação Especial, segundo Ander-Egg, (1997) é o conjunto de medidas e recursos (humanos e materiais) que a administração educativa coloca a disposição dos alunos com necessidades especiais: pessoas com algum tipo de déficit, carência, disfunção, incapacidade física, psíquica ou sensacional, que impeça um adequado desenvolvimento e adaptação.

É mister destacar que a existência de alunos com alguma deficiência matriculados na rede regular de ensino não é um fato comum só nos dias atuais. Na década de 1980 esses alunos já podiam ser vistos nas escolas, porém, não em grande número como os encontrados atualmente. O modelo de inserção vigente, a conhecida “integração”, não garantia uma prática pedagógica diferenciada, por isso comumente segregava, apesar da matrícula do aluno na escola.

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Um dos motivos para o “fracasso” da inclusão era que o professor nem sempre sabia lidar com o aluno deficiente e como envolvê-lo, devido à sua precária formação, que não abrangia a área do atendimento educacional especializado. Além do mais, muitos tinham até receio de interagir com o aluno deficiente, o que, infelizmente, não é um retrato do passado, visto que atualmente este receio ainda é uma realidade para muitos docentes.

A partir da década de 1990, o processo de inclusão em educação foi ganhando espaço no Brasil e inúmeros outros países. Muitas pesquisas científicas e publicações foram abrindo caminho para a construção de uma Educação na Perspectiva Inclusiva, a qual todos devem ter crescente ou ampla participação nas atividades escolares. É um momento de transição, onde é importante destacar que o entendimento do tema inclusão em educação está além da inclusão da pessoa com deficiência, abrange a todos sem distinção de raça, cor, sexo, religião ou classe social. Ou seja, inclusão em educação está relacionada a educação para a diversidade. É de fato uma educação para todos (GALVÃO, 2014).

O Relatório Mundial sobre Deficiência (OMS, 2011) defende o processo de inclusão como a melhor alternativa de prestação de serviços de escolarização para pessoas com necessidades especiais, mas também aponta para a necessidade de treinamento adequado para professores e funcionários da escola. Ou seja, à escola não basta cumprir as exigências da lei recebendo o aluno deficiente, como ratificam Teixeira e Nunes (2010), “Há de se pensar que para que, a inclusão se efetue, não basta estar garantido na legislação, mas demanda modificações profundas e importantes no sistema de ensino” (TEIXEIRA;

NUNES, 2010, p.28).

Quando se fala sobre a história da Educação Especial e a escolarização de crianças deficientes, a literatura enfatiza a expressiva participação das famílias nas conquistas de seus direitos, de suas dificuldades e desafios. Historicamente, os avanços nas políticas públicas e a criação de instituições foram conquistas das famílias que, muitas vezes, por não encontrarem espaços na sociedade capazes de abrigar, tratar e educar seus filhos, acabaram por criar alternativas isoladas (SERRA, 2010).

A inclusão é possível quando todos (família, educadores, pedagogos, psicólogos e legisladores) que fazem parte do cotidiano do aluno colaboram com ele, principalmente aqueles que participam diretamente da construção da inclusão, para que a escola seja um lugar de aprendizado, havendo, portanto, qualidade de vida. Dessa forma, para que a inclusão de alunos com necessidades especiais de educação se dê com sucesso, é necessária a adequação das práticas pedagógicas, além da implementação de políticas públicas, a fim de que esses alunos possam apropriar-se dos mesmos conhecimentos que os demais.

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3 DESAFIOS E CONQUISTAS DA INCLUSÃO DO DEFICIENTE AUDITIVO NO ENSINO REGULAR

De acordo com Salete et al. (2001) a história dos surdos foi cercada por vários pensamentos “misteriosos”. Os religiosos acreditavam que os surdos eram pecadores e que estavam sendo castigados por Deus; os médicos buscavam respostas para a provável cura da surdez através da ciência, e a forma pedagógica buscava analisar a surdez diferentemente dos outros ouvintes.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1999), quando a pessoa perde parte da audição ou há uma perda total, congênita ou adquirida, não consegue compreender a fala através do ouvido, podendo assim, apresentar-se com uma surdez leve ou moderada, que causa apenas uma pequena perda auditiva, o que não impossibilita o indivíduo de expressar-se oralmente.

Vale ressaltar que existe uma diferença entre o surdo e o deficiente auditivo. De acordo Marchesi (1995), o indivíduo só pode ser considerado surdo quando a sua audição não funciona, mesmo com ajuda de aparelhos ou próteses. Já os deficientes auditivos são aqueles que têm sua audição dificultada, e podem ouvir mesmo sem ajuda de aparelhos auditivos, dessa forma, essas pessoas não podem ser consideradas surdas. No entanto, todos possuem necessidades educacionais especiais e precisam ser incluídos no ensino regular.

Há, portanto, uma enorme disparidade quanto às perdas auditivas, que pode ser leve, moderada e profunda. Diferenças que devem também ser discutidas e analisadas em seus vários aspectos para compreensão da surdez. Nas palavras de Skliar (1998, p.11), “A surdez constitui uma diferença a ser politicamente reconhecida; a surdez é uma experiência visual; a surdez é uma identidade múltipla ou multifacetada e, finalmente, a surdez está localizada dentro do discurso sobre deficiência”. O autor citado ainda entende que é possível sempre buscar, propor e conhecer as potencialidades do surdo, direcionados para a análise dos discursos sobre a surdez seja no contexto político, social e escolar, sem, porém, se distanciar da importância desse sujeito como agente de transformação, como um todo no meio social.

Conforme Araujo e Fonte (2009 apud RIJO, 2009), no Brasil as pessoas surdas têm sido, historicamente, excluídas do ambiente escolar, onde tem sido efetivada a aquisição da linguagem oral e escrita daqueles que frequentam as classes regulares.

Durante muitos anos a escolarização dos surdos ficou a cargo de instituições filantrópicas, institutos, associações, etc.

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A inclusão de crianças com deficiência auditiva é um processo que vem se modificando a cada dia. Antes o oralismo era a metodologia utilizada, procurando a reabilitação do surdo. Logo após passou-se a utilizar o bilingüismo, que fazia uso de libras (Língua Brasileira de Sinais, reconhecida pela Lei nº10. 436/02, como meio legal de comunicação e expressão) e do português juntos. Em seguida veio a comunicação total e, de uns tempos pra cá, passou-se a falar em Pedagogia surda e Interação Multicultural como formas de resgate da identidade surda, onde o professor surdo aprende a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), a fim de dar aula para alunos surdos (RIBEIRO; ANTANES NETTO, 2009).

A inclusão do aluno surdo, em muitas escolas, se dá através de um intérprete, que “[...] tem por função traduzir, para a língua de sinais, o que professor está falando.

Neste sentido, o professor continua explicando o conteúdo para os alunos ouvintes e espera que o intérprete faça o seu trabalho para que os alunos surdos sejam incluídos”

(SCHWARTZMAN apud RIJO, 2009, p.20).

Contudo, Skliar (2006) chama atenção para o fato de que as crianças surdas, considerando seu déficit auditivo, não podem ser expostas dentro da língua oral; de fato existe um obstáculo fisiológico para que isso ocorra. Para elas a língua oral não é a primeira língua, embora seja a primeira, e inclusive a única, que lhes é oferecida.

Segundo Vygotsky (1993, p. 21), a linguagem, “[...] possui além da função comunicativa, a função de constituir o pensamento. O processo pelo qual a criança adquire a linguagem segue o sentido do exterior para o interior, do meio social para o individual”.

Quanto á realidade do surdo pode-se perceber que os problemas comunicativos e cognitivos da criança surda nem sempre tem origem na criança, e sim no meio social onde vive que geralmente não é adequado em termos de linguagem e comunicação.

O deficiente auditivo ainda encontra muitas barreiras quanto a seu acesso e permanência nas escolas, contudo, não se pode negar que alcançaram grandes conquistas nesse quesito, uma vez que atualmente é possível ver uma parcela significativa de deficientes auditivos matriculados nas escolas de ensino regular. E embora não disponham de acessibilidade e profissionais qualificados, pode-se perceber que as escolas têm se empenhado no sentido de receber esses alunos e integrá-los.

É verdade que muito ainda precisa mudar para atendê-los, porém, a inclusão escolar está permanentemente em processo de desenvolvimento e entendemos que as políticas públicas devem ser implementadas adequadamente para que atinjam a eficácia necessária a fim de garantir os direitos dessa parcela da população.

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4 CONCLUSÃO

Para ser realmente inclusiva, a escola deve oferecer condições suficientes e suporte pedagógico para todos os alunos, demonstrando respeito às diversidades humanas existentes. Deve-se dispor a mudar seu currículo e ambiente, fazendo com que todos os alunos sejam beneficiados, mudando o seu paradigma educacional a fim de atingir toda a sociedade.

A inclusão do surdo apresenta-se, na verdade, como um fato “novo” para a maioria dos professores e profissionais da educação, configurando-se em um grande desafio para todos, visto que uma escola inclusiva deve oferecer possibilidades reais de aprendizagem ao deficiente, caso contrário, estará realizando uma integração ou simplesmente segregando-o, e não aquela que lhe é de direito.

Diante disso, percebe-se que, embora tenha havido inúmeras conquistas, a educação ainda tem muito que avançar no que se refere a inclusão de deficientes. Escolas sem acessibilidade e profissionais despreparados contribuem para um cenário de exclusão, no qual a maioria dos deficientes têm seus direitos cerceados, limitando-se à dependência financeira de suas famílias e a desempenharem funções subalternas por falta de uma educação adequada, direito que lhe é assegurado por lei. Assim, os deficientes auditivos, como qualquer outro deficiente, têm seus direitos resguardados em lei. Mas, para que para a educação inclusiva seja de fato efetivada ainda existe um grande caminho a percorrer.

REFERÊNCIAS

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