XXIV Congresso de Iniciação Científica
Percepções da delinquência juvenil: da inimputabiliadade ao direito penal do inimigo
Autora: Camila Salles Figueiredo. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Saad-Diniz. Faculdade de Ciências Humanas e Sociais – UNESP/Franca. Curso: Direito. E-mail: camilasalles@hotmail.com
Palavras Chave: delinquência juvenil, direito penal juvenil, direito infracional.
Introdução
O problema da delinquência juvenil segue sendo bastante atual. Diversas percepções sobre o assunto resultam respostas penais distintas, promovendo uma gradação abrangente – desde a defesa da inimputabilidade do menor até o tratamento do adolescente infrator como inimigo. O trabalho versa sobre as diferentes maneiras de se lidar com a delinquência juvenil, concentrando-se, principalmente, na diferenciação entre Direito Penal Juvenil e Direito Infracional.
Essas duas correntes teóricas situam-se no contexto da Doutrina da Proteção Integral, consagrada no artigo 227 da Constituição Federal e apresentam concepções antagônicas quanto ao caráter das medidas socioeducativas.
Nessa análise, consideram-se as produções acadêmicas de Sérgio Salomão Shecaira, que expõe um histórico das fases de tratamento da delinquência juvenil; Miguel Polaino-Orts, que apresenta o conceito de “hipocrisia punitiva” e aproxima o direito penal juvenil ao direito penal do inimigo; Eduardo Saad-Diniz, que destaca a conversão da proteção do menor em uma “proteção contra o menor” e Fernando Fernandes, que aborda a temática da redução da maioridade penal.
Material e Métodos
Os métodos utilizados foram o dedutivo e o comparado, a partir de estudo bibliográfico, sendo consultados manuais, artigos (revistas, jornais), monografias e textos específicos encontrados nas bibliotecas da Universidade Estadual Júlio de Mesquita (UNESP) e da Universidade de São Paulo (USP). Além disso, a pesquisa também contou com material do IBCCRIM (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais).
Resultados e Discussão
Histórico (etapas de tratamento da delinquência juvenil)
(1) fase indiferenciada, na qual não há tratamento distinto entre menores e adultos;
(2) fase tutelar, em que predomina certo paternalismo diante da “situação irregular”;
(3) fase garantista, expressa pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA.
Doutrina da Proteção Direito Infracional Integral (art. 227, CF)
Direito Penal Juvenil (sistema de garantias)
Inimputabilidade (art. 228 CF): “São penalmente inimputáveis os menores de 18 anos, sujeitos às normas da legislação especial”.
Nesse sentido, art. 27 do Código Penal e art. 2º do ECA.
Direito Penal do Inimigo (Polaino-Orts)
Ley Orgánica Reguladora de la Responsabilidad Penal de los Menores - LORPM: antecipação da punição, medidas de afastamento, bando juvenil (gangs).
Conclusões
Em análise histórica e comparativa, o trabalho buscou demonstrar como se manifestam as posições jurídicas relativas ao adolescente em conflito com a lei. Dessa forma, pretendeu-se evidenciar a grande variação de percepções quanto à delinquência juvenil. Observou-se, então, que a ausência de determinação conceitual permite o recrudescimento das medidas e, consequentemente, dificulta a sistematização de um direito penal juvenil fundamentado em uma responsabilidade especial e associado à finalidade pedagógica que atenda ao preceito constitucional da proteção integral.
Bibliografia
ARAÚJO, Fernanda Carolina de. A teoria do labelling approach e as medidas sócio-educativas. Tese-USP, 2010.
FERNANDES, Fernando Andrade. Acerca da racionalidade jurídico penal da redução da maioridade penal. In: José Carlos Oliveira. (Org.). Temas de direito público. Jaboticabal/SP: FUNEP, 2009, p. 51-75.
SAAD-DINIZ, Eduardo. A proteção penal do menor: entre a medida sócio- educativa e a repressão ao inimigo. LEX: Revista Jurídica LEX, v. 55, p.
408-419, 2012.
SHECAIRA, Sérgio Salomão. Sistema de garantias e o direito penal juvenil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008.
SPOSATO, Karyna Batista. O direito penal juvenil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006.
POLAINO-ORTS, Miguel. “La Reforma de la Ley española de responsabilidad penal del menor (o el menor como enemigo)”. In:
Homenaje a Ricardo Franco Guzmán: 50 años de vida académica. México D.F., Tlalpan, 2008.