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Pitombeira: uma apreciação de sua carreira

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Academic year: 2023

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Pitombeira: uma apreciação de sua carreira

A história de João Bosco Pitombeira na PUC-Rio se confunde com a própria história do Departamento de Matemática, além de constituir toda a vida profissional dele, desde a obtenção de seu doutorado, em 1967, pela University of Chicago e permanência durante um ano como “research associate” na Northwestern University.

Em 1966, foi criado o Instituto de Matemática (IMUC) da PUC, tendo à frente Antonio César Olinto, o qual trouxe para a PUC João Cândido Portinari, jovem doutor pelo MIT, o qual, por sua vez, atraiu para a Universidade Nathan M. dos Santos, também do MIT, Alberto Azevedo, da Universidade de Purdue, e Pitombeira de Chicago, todos recém-doutores, dispostos a participar deste projeto de implantação de um departamento de matemática moderno na PUC- Rio.

Com a saída de Olinto para criar o departamento de informática, e a transformação dos institutos em departamentos, na nova estrutura da PUC, durante muito tempo, estes 4 professores constituíram a base do departamento, tendo sido seus 4 primeiros diretores, coordenadores de graduação e de pós-graduação.

João Bosco Pitombeira chegou um pouco depois dos outros, em agosto de 1968, e participou da criação de todos os programas acadêmicos do departamento, bacharelado, mestrado, licenciatura e doutorado. Em particular, foi durante sua primeira gestão como diretor, de 1972 a 1974, que se iniciou o programa de doutorado do Departamento. Neste sentido, o convite feito por João Bosco Pitombeira a Paul S. Schweitzer para visitar a PUC foi extremamente importante, pois essa visita transformou-se em vínculo permanente de Paul Schweitzer com a PUC e com a comunidade matemática Brasileira.

Em 1972 João Bosco Pitombeira liderou a criação dos Encontros Brasileiros de Topologia, e tomou parte ativa, juntamente com Antônio Conde, então da UNICAMP, e Elza Gomide, do IME/USP, da realização dos primeiros

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encontros, que já se firmaram na comunidade matemática brasileira como o fórum de encontro periódico dos topólogos que trabalham no Brasil.

Após 1974, ano de sua saída da direção do Departamento, cargo que viria a ocupar novamente em 1981 e em 1995, além de participar de vários cargos de coordenação e administração acadêmica, João Bosco Pitombeira dedicou-se à formação de mestres, tendo orientado um total de (18) dissertações de mestrado. Em particular, em um esforço interdisciplinar, orientou 3 alunos de mestrado do Departamento de Informática, fomentando assim boas relações entre os dois departamentos.

Desde sua chegada, ficou patente que não havia muita possibilidade de continuar pesquisas em sua área de doutoramento, topologia algébrica, pelo total isolamento profissional em que se encontrava no Rio de Janeiro.

Lembremos que estamos falando de um tempo sem Internet, em que os contatos entre pesquisadores eram feitos por carta e encontros em reuniões científicas.

Em 1978 João Bosco Pitombeira foi convidado pelo prof. Djairo Figueiredo, então Presidente da Sociedade Brasileira de Matemática, a organizar as Olimpíadas Brasileiras de Matemática, que ele coordenou até 1991, voltando a fazer o mesmo durante um curto período, em 1993 e 1994. Foi sob sua coordenação que o Brasil consolidou sua presença nas Olimpíadas Internacionais de Matemática. Isso marcou o início do interesse de João Bosco Pitombeira por Ensino de Matemática, com o qual se envolveu mais e mais.

Em 1984, juntamente com Gilda de La Rocque Palis e Maria Aparecida Mamede, esta última do Departamento de Educação, apresentou projeto de formação continuada para professores de matemática do Ensino Fundamental, ao programa CAPES/PADCT/SPEC, programa de apoio ao ensino de ciências e matemática, em particular por meio da formação continuada de professores de matemática atuando no ensino fundamental. Este projeto teve também o apoio do CNPq, da IBM e da Coca-Cola e suas atividades variadas se estenderam até 1994; foi continuamente elogiado, nas várias avaliações pelas quais passou, por sua inovação e qualidade.

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A este envolvimento com o SPEC seguiu-se, em 1985, convite para fazer parte do Grupo Técnico do mesmo. No ano seguinte, sucedeu a Ubiratan D

´Ambrósio como coordenador deste mesmo grupo técnico, e permaneceu quatro anos nesta posição, duração máxima permitida pelas normas do programa. Durante este período, João Bosco Pitombeira visitou todos os Estados brasileiros, conhecendo e avaliando programas de formação de professores nas áreas de ciências e matemática, o que fez com que se tornasse bom conhecedor dessa comunidade no país. Realizou também viagens para visitar programas dessas áreas nos Estados Unidos e Canadá.

Vale lembrar que o SPEC foi o responsável pela formação de uma comunidade de pesquisa em ensino de ciências e matemática, devido ao grande número de bolsas de estudo no exterior concedidas pelo programa. João Bosco Pitombeira, como coordenador do Grupo Técnico do SPEC, foi responsável pela formulação das políticas para concessão dessas bolsas.

Em conseqüência de seu envolvimento com a área de ensino de ciências e matemática, João Bosco Pitombeira, foi eleito, em 1991, por dois anos, representante da área no comitê de Educação do CNPq.

Ainda na década de 1990 (91 a 96 e de 98 a 99), Gilda de La Rocque Palis e João Bosco Pitombeira interagiram intensamente com o grupo de ensino de matemática da Universidade de Paris VII, com intercâmbio de pesquisadores nos dois sentidos, no âmbito do Projeto Franco- Brasileiro de Cooperação em Educação Matemática CAPES/COFECUB.

Em 1993, João Bosco Pitombeira foi convidado pela CAPES para a coordenação acadêmica do recém-criado programa PRÓ-CIÊNCIAS, da qual se afastou em pouco tempo devido a divergências, com a CAPES, sobre a orientação do programa.

Em 1994, João Bosco Pitombeira foi convidado pelo Ministério da Educação para coordenar uma equipe com a tarefa de elaborar critérios de avaliação de livros didáticos de matemática do Ensino fundamental. Os critérios, definidos então, são usados, até hoje, com aperfeiçoamentos, nas avaliações de livros de matemática para o Ensino Fundamental promovidas pelo MEC. Data desta época o envolvimento João Bosco Pitombeira com as políticas públicas do livro didático, primeiro como coordenador, até 2000, das avaliações de livros

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didáticos, e a partir de 2000 como membro da Comissão Técnica do Livro Didático, do MEC, nomeada pelo Ministro da Educação, e para a qual tem sido reconduzido até hoje.

Como resultado de todo seu envolvimento com programas educacionais e formulação de políticas governamentais para o livro didático, João Bosco Pitombeira foi agraciado, em 2002, com a Ordem Nacional do Mérito Educacional, no grau de Cavaleiro. Outra distinção que recebeu, em reconhecimento a suas contribuições para a Universidade, foi o Prêmio PUC 60 anos.

A segunda metade da década de 1990 marca grande atividade de João Bosco Pitombeira em Ensino de Matemática. Durante sua permanência na Diretoria, em 1994, devido a esforços de Gilda de La Rocque Palis e dele próprio, o Departamento passou a aceitar candidatos a Mestre e a Doutor no programa de pós-graduação em matemática aplicada. Juntamente com Gilda Palis, João Bosco Pitombeira orientou dissertações de mestrado e uma tese de doutorado sobre ensino de matemática no Departamento de Matemática. Este programa teve muito sucesso, formou 24 mestres e um doutor, teve uma grande demanda e se caracterizava, na época, como a única pós-graduação em ensino de matemática, no Brasil, que exigia boa formação matemática de seus alunos, os quais cursavam obrigatoriamente disciplinas de pós-graduação em matemática. Em 2000, devido a dificuldades com o comitê de matemática da CAPES que não reconhecia esta atividade como legítima em um departamento de matemática, o programa foi transferido para o departamento de educação, ficando Gilda Palis e João Bosco Pitombeira como professores da graduação da matemática e da pós-graduação da educação.

As linhas de pesquisa desenvolvidas consistentemente desde então por João Bosco Pitombeira têm sido a história do ensino de Matemática no Brasil, enfocando momentos decisivos desta evolução, e a análise de livros de matemática. Vale salientar que três das dissertações orientadas por ele, na linha de história do ensino de Matemática, são leitura obrigatórias em disciplinas de história da educação matemática na UNICAMP e na USP, e estão entre as dissertações mais procuradas no banco de dissertações e teses de educação matemática da UNICAMP.

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Já como professor do programa de pós-graduação do Departamento de Educação, João Bosco Pitombeira orientou seis teses de doutorado e co- orientou uma, que foi indicada para o prêmio de melhor tese em educação da CAPES.

No total, nos últimos 10 anos, João Bosco Pitombeira orientou 17 dissertações de mestrado na PUC, e 4 em outras instituições e um total de 6 teses de doutorado, e uma co-orientação de uma.

Ainda durante a segunda metade de década de 1990, João Bosco Pitombeira criou, no âmbito do PIUES, da Universidade, o laboratório de geometria dinâmica, no qual em cada semana são atendidos professores e alunos do Ensino Médio. Esta iniciativa funciona até hoje. A partir de 2001, João Bosco Pitombeira organiza, juntamente com o professor Thales Couto, os Seminários de Geometria Dinâmica, anuais, e que hoje têm âmbito nacional.

Na segunda metade da década de 1990, João Bosco Pitombeira coordenou um projeto CAPES/COFECUB, envolvendo várias universidades brasileiras e a Universidade de Bielefeld, na Alemanha. Devido ao mérito do projeto ele foi excepcionalmente prorrogado por um ano além do prazo normalmente concedido.

João Bosco Pitombeira, em suas viagens de intercâmbio na Alemanha, pronunciou conferências na Universidade de Bielefeld e no Instituto Max Planck para a história da ciência, em Berlin.

João Bosco Pitombeira sempre esteve envolvido com a vida do departamento e da universidade. Após um primeiro mandato de diretor, de 1972 a 1974, voltou à direção em 1981, quando a Universidade atravessava grave crise, que culminou com a paralização total do corpo docente, e ele permaneceu na direção durante quatro anos. Mais uma vez, em 1994, assumiu a direção, no bojo de uma crise interna e externa, quando em uma reunião do quadro principal, os colegas pediram que ele assumisse a direção, como a única pessoa com trânsito interno e externo para conduzir o departamento naquele momento de dificuldade. Seu estilo calmo e ponderado ajudou o departamento a encontrar a tranqüilidade necessária para retomar suas atividades de ensino e pesquisa com sucesso.

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Em 1995, João Bosco Pitombeira foi nomeado Coordenador Central de Graduação da PUC, cargo em que permaneceu até 2005. Apesar de mais distante, com a maior parte de seu tempo absorvida pelo novo cargo, Pitombeira não deixou de participar da vida do departamento, dividindo com os colegas sua experiência adquirida. Foi responsável, enquanto Coordenador Central de Graduação, pela implantação do sistema de matrículas “on-line” e pelo reinício das publicações dos catálogos de graduação da Universidade. A partir de 2005, passou a exercer a função de coordenador de licenciaturas da PUC, na qual coordenou a adaptação de todas as licenciaturas às novas normas do Conselho Nacional de Educação e coordenou um projeto de formação continuada de professores do Ensino Médio da rede pública do Estado do Rio de Janeiro, de grande vulto, envolvendo mais de 2000 professores atendidos, em 10 cidades do Estado.

Ao longo destes 40 anos de PUC orientou nesta instituição 31 alunos de mestrado e seis de doutorado. Seus ex-alunos se espalham pelo Brasil, o que dá uma medida da sua importância na formação de pessoal para as universidades brasileiras.

Dep.de matemática PUC-Rio

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