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POLÍTICAS PÚBLICAS: a vunerabilidade do estado frente ao poder exercido pela violência urbana - o caso do Recife (2000 – 2005)

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POLÍTICAS PÚBLICAS: a vunerabilidade do estado frente ao poder exercido pela violência urbana - o caso do Recife (2000 – 2005)

Nivaldo Geroncio Silva Filho1

Resumo: Este artigo buscar expor um quadro de modo a destacar a situação delicada que se encontra a Região metropolitana do Recife (RMR), no tocante a violência. Tomando como exemplo os bairros que compõem o conglomerado urbano e as cidades circunvizinhas.

Analisa o papel do Estado nas políticas públicas, o poder exercido pela violência, suas varias faces, e os impactos para a sociedade como um todo. No entanto, já é possível perceber através de experiências atuais que RMR precisa de um reexame urgente nas tomadas de decisões voltadas à segurança pública.

Palavras-chave: Políticas públicas, violência urbana, poder.

Abstract: This article aims to outline a framework to highlight the delicate situation that is the Metropolitan Region of Recife (RMR) with respect to violence. Taking as example the districts that make up the conglomerate urban and surrounding cities. Examines the role of the state in public policy, the power exercised by the violence, its many faces, and impacts to society as a whole. However, we understand through experience that current RMR needs an urgent review of decisions taken in focusing the public safety.

Key words: Public policies, urban violence, Power.

1 Mestrando. Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: nivaldogeroncio@yahoo.com.br

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1 INTRODUÇÃO

As políticas públicas voltadas para a área de segurança, tornaram-se um dado preocupante nas grandes capitais brasileiras na medida em que a violência tem crescido de forma evidente. O Estado por sua vez, no papel de interventor não tem tido êxito, visto que a violência tem se intensificado em todas as classes e tem levado a níveis insuportáveis. Tais políticas têm se intensificado em todo Estado de Pernambuco, sobretudo na Região Metropolitana do Recife, entretanto as perspectivas vêm se configurando de forma negativa.

É fato incontestável que a violência toma rumos relevantes em praticamente todas as capitais brasileiras, porém a cidade do Recife ocupa posição de destaque pelo nível a que se chegou tamanha violência.

Os mecanismos de controle e combate a repreensão são falhos e os problemas se repetem de forma cíclica. Os trabalhos feitos no sentido de contornar a violência são exercidos principalmente na ótica da “remediação”, quando na verdade as políticas deveriam privilegiar a prevenção, buscando como foco efetivo cidadão.

“O status de direito social atribuído à assistência lhe confere, assim a obrigatoriedade governamental na implementação, amparo legal para sua reclamação pelo cidadão, responsabilidade política dos representantes públicos na sua consolidação e ampliação, e possibilidade de o usuário reconhecer-se como cidadão portador de direitos”(BOSCHETTI, 2000.p,140).

Onde ficaria o papel do Estado em promover e zelar pela segurança pública da sociedade, submetidos a sua competência regulatória, propiciando condições mínimas de bem-estar e tranqüilidade; estabelecer regras que permitam a efetiva participação da sociedade mais carente em projetos de inclusão social e outros programas de estímulo à inserção digna do cidadão no mercado sóciopolítico.

Nesta perspectiva, o Estado muito longe de ter um papel de interventor na questão da força exercida através da violência pública, resumi-se a um posicionamento neutro refutando a presunção de que há entre o discurso das autoridades e a realidade em que se encontra na atualidade a RMR.

“O estudo das políticas públicas nesta perspectiva adquire uma relevância estratégica, já que tais políticas são tomadas como instâncias empíricas do

“Estado em ação”. Neste sentido, elas devem ser estudadas como

“indicadores no esforço de se alcançar um diagnóstico adequado do Estado, das formas pelas quais, o Estado se relaciona com a sociedade”. (MOURA, 1989, p222).

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A ineficiência, a baixa qualidade das medidas e a adoção cada vez maior de políticas no sentido de remediar e não de prevenir, levantar as seguintes questões: as atuais condições de segurança são suficientes? O que se espera de uma segurança pública adequada? O que coloca o Estado de Pernambuco no topo da violência são os fatores sociais, econômicos ou políticos?

Não só a herança do regime autoritário se faz presente até os dias atuais, sensibilizando vários atores sociais na luta pela democratização institucional e pela realização de direitos da cidadania, como também a disseminação das várias formas da criminalidade, delinqüência e prática de justiça extralegal nas regiões urbanas ocorre, paradoxalmente, com o próprio advento da democracia (PERALVA, 1997, 2000; ZALUAR, 1996, 1997).

2 O PAPEL DO ESTADO E A VIOLÊNCIA URBANA

Na atualidade, em Pernambuco, a violência, se faz presente em praticamente todos os bairros da RMR, à medida que o crime organizado procura novos espaços. Sobretudo nas instituições de segurança pública em conter o processo degradação urbana contribui decisivamente para o aumento dos números. Parte da fragilidade de orientações inovadoras decorre de mudanças do quadro dos gestores responsáveis pela ação municipal e estadual, que expressam programas e orientações para as políticas na área de segurança pública extremamente contrastantes. Como devem ser práticas que demandam alterações da cultura da violência, seus resultados nunca são imediatos e sempre pressupõem ritmos desiguais

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2.1 O poder da violência

De modo amplo, as formas e as conseqüências dessa violência se caracterizam por diversos fatores, o ângulo a que se chegou é tal que, hoje se observa uma violência generalizada que por sua vez, deixou as classes menos privilegiadas e passou a ter acesso as classes de maior patamar. Contudo deve-se ressaltar que a pobreza, a desigualdade social, o baixo acesso popular à justiça continua sendo fatores determinantes.

Há diferenças na visão das causas e de como superá-las, mas a maioria dos especialistas no assunto afirma que a violência urbana é algo evitável, desde que políticas de segurança pública e social sejam colocadas em ação. É preciso atuar de maneira eficaz tanto em suas causas primárias quanto em seus efeitos. É preciso aliar políticas sociais que reduzam a vulnerabilidade dos moradores das periferias, sobretudo dos jovens, à repressão ao crime

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organizado. Uma tarefa que não é só do Poder Público, mas de toda a sociedade civil. ( ASBLASTER et al, 1996)

Nessas condições, a violência urbana, no entanto, não se caracteriza apenas pelos crimes comuns da periferia, mas, sobretudo pelo efeito que provoca sobre toda sociedade e as normas de convívio das pessoas. Ressalta-se ainda o fato do medo, do terror que incide diretamente no tecido social, prejudica a qualidade das relações, degrada a qualidade de vida das pessoas. A segurança deve ser considerada um direito de cidadania, pois significa liberdade (respeito ao indivíduo) e ordem (respeito às leis e ao patrimônio), que são fundamentais para o desenvolvimento econômico, social e político de qualquer sociedade democrática.

3. O CENÁRIO E OS ATORES ENVOLVIDOS NA CRISE DA SEGURANÇA PÚBLICA.

A luta para conservar vantajosos privilégios, em outras áreas das políticas governamentais, algumas obtidas há décadas, conferiu aos governantes poder suficiente que lhes permitiu colocar-se a margem do problema da segurança no Estado e principalmente na RMR. Entretanto entender essas políticas e suas conseqüências é essencial para avaliar como essas decisões passadas influenciaram as condições atuais.

Sobretudo, porque a garantia do acesso, com autonomia e segurança é um direito constitucional. Nesse sentido o Estado é essencialmente um agente ineficaz, do outro lado a população que é penalizada pelos riscos do cotidiano.

3.1 Insegurança pública

Praticamente em todos os pontos da cidade do Recife, é possível encontrar alguém que tem uma história de violência para discorrer, antes relegada aos bairros periféricos, e as escolas públicas, a violência toma rumos catastróficos, a partir do ano de 2000, as mulheres passaram a fazer parte dessa incomoda situação, onde contribuíram de forma relevantes no papel de vitimas da violência. A violência nas escolas, principalmente nas escolas públicas também tiveram sua contribuição, a situação de terror que toma conta de alunos e professores é enorme e preocupante, os maiores índices terrorismo são detectados no turno da noite.

Uso intenso de força que causa constrangimento físico ou moral, contrário ao direito e justiça. Para os pernambucanos, não é preciso recorrer aos

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dicionários para conhecer o significado da palavra violência. Ela está sendo vivenciada no cotidiano, em experiências pessoais ou nas histórias de parentes e amigos. Os números oficiais da SDS apontam para uma epidemia.

Somente no ano passado, 85.679 queixas de ações violentas foram registradas nas delegacias de polícia. Além do medo de perder a vida - 2.506 homicídios dolosos ocorreram em 2002, o que faz do Estado proporcionalmente o quinto colocado em número de assassinatos no País - as pessoas buscaram ajuda contra furtos (25.728), roubos (29.557), seqüestros (8) e estupros (289). Para especialistas, são índices de fratura social. Os índices de 2003 ainda estão sendo tabulados pela SDS, mas os dados divulgados sobre o primeiro semestre na Região Metropolitana do Recife (RMR) não apontam para uma situação mais tranqüila. De janeiro a julho, 6.295 recifenses foram vítimas de roubo, sofrendo ameaças de bandidos armados. Dentro de veículos ou nas próprias residências. Nos outros 13 municípios da RMR, registros diários de crimes contra a pessoa ou contra o patrimônio também sinalizam para a necessidade de uma ação mais intensa das autoridades policiais. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 2003).

Comparando os índices de criminalidade de 2001 e 2002, a polícia pernambucana conseguiu reduzir o número de homicídios dolosos (2.626 para 2.506), estupros (310 para 289), roubo de carga (224 para 52), roubo a bancos (119 para 95), extorsão mediante seqüestro (37 para 8) e tráfico de drogas (289 para 259). Um número maior de veículos roubados foi recuperado (3.902 em 2001 e 4.731 em 2002), mas o roubo de automóveis

também cresceu no mesmo período (4.288 para 5.400).

A cidade do Recife tornou-se alvos mais visados pelos bandidos. Os índices de roubos e furtos, na sua grande maioria, tiveram um aumento em 2002 em relação a 2001. As residências passaram a ser mais invadidas (5.497 furtos contra 4.076), assim como estabelecimentos comerciais (1.444 roubos contra1. 272). Circular de ônibus também ficou mais arriscado. No ano passado, passageiros de 957 coletivos foram roubados, 167 veículos a mais do que no ano anterior.

O reconhecimento da violência como fenômeno peculiar da atualidade – e o aumento de denúncia, a respeito da violência cometidas contra e por jovens – levou a reações sociais, colocando a juventude como problema e como zona de conflito, evocando a necessidade de ampliar a discussão sobre os direitos, englobando as diversas instituições, públicas e privadas, que trabalham com o tema da juventude. (WAISELFISZ, 1998, p. 8)

4 CONCLUSÃO

Face ao contexto, pode-se dizer que é na gestão da segurança pública que se coloca a questão da eficiência das políticas vigente, entende-se, sobretudo, que da forma que vem sendo tratada representa uma restrição à liberdade da população. É necessário reformar profundamente o nosso sistema de segurança. Nós já estamos próximo de um consenso de

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que o atual modelo está falido¹. Desta forma, percebe-se a importância de reformular as políticas de segurança pública na RMR, com o objetivo de promover uma melhor qualidade de vida urbana.

As políticas públicas para a área de segurança constituem fatores determinantes para diminuir os números da violência na cidade. Cabe ao Estado fazer valer as leis em sua forma prática, parece bastante evidente que da forma que estão sendo colocadas às ações contra a violência, nada mais são do que teorias mal formuladas. Dentro desse contexto cabe ao Estado buscar mecanismos eficientes que possa combater de forma efetiva, o poder exercido pela violência no Recife.

¹ Entrevista concebida pelo Antropólogo Luís Eduardo Soares, a revista Carta Capital, (2003).

Do ponto de vista social faz-se necessário um olhar mais apurado da condição humana, ou seja, deve haver políticas públicas mais concentradas na juventude que é sem dúvida a parcela mais penalizada, principalmente, a juventude da periferia, pelo fato de não haver uma perspectiva mais clara para o futuro dos jovens mais pobres. Nesse sentido entra o papel das ONGS como elo entre as forças governamentais e a sociedade, consequentemente pondo esses jovens em atividades profissionalizantes.

Nessa lógica restringe-se um campo do crime. No tocante as mulheres, parece que a Lei Maria da Penha não surtiu muito efeito na RMR, do ano 2000 a 2008 os crimes contras elas só aumentaram, sendo assim é hora de repensar as estratégias de combate ao crime uma vez que leis já implantadas não tiveram êxito. Todo esse contexto prova que o melhor remédio é a prevenção. A qual por sua vez, pode está no diálogo entre especialistas e a família. E não em leis de punição, que acaba gerando mais violência.

Já do ponto de vista político percebe-se cada vez mais a necessidade de que haja um trabalho complementar entre os três níveis: federal, estadual e municipal onde se possa existir um esforço mútuo, pois dada as devidas proporções a violência atingi os três patamares, e sua causas e conseqüências são semelhantes, para o sistema como um todo.

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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALEXANDRINA, Sobreira de Moura. O Estado e as políticas públicas na transição democrática – São Paulo: vértice, editora revistas dos Tribunais; Recife: fundação Joaquim Nabuco, 1989.

ASBLASTER, Anthony, apud, OUTHWAITE, William. Dicionário do Pensamento. Social do Século XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

BOSCHETTI, Ivanete. Assistência social no Brasil: um direito entre originalidade e conservadorismo. Brasília-DF GESST-SER-UNB, 2001.

DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Violência causa fratura social. Recife, 05 de outubro de 2003. Caderno: vida urbana.

WAISELFISZ, J. J. Juventude, violência e cidadania: os jovens de Brasília. São Paulo:

Cortez, 1998

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PERALVA, A. Democracia, violência e modernização por baixo. Revista Lua Nova, São Paulo:Cedec, n. 40/41, 1997

ZALUAR, A. Da revolta ao crime. S. A. São Paulo: Moderna, 1996.

Carta Capital. . Disponível em: http:/www.cartacapital.com.br. “ o modelo está falido”Acesso em fevereiro 2009.

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