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raphaela rodrigues gomes colisão de direitos

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Academic year: 2023

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É importante aplicar a técnica de equilíbrio de interesses entre o direito à identidade e o princípio da dignidade humana, a fim de proteger o bem jurídico mais adequado para proporcionar e garantir o direito à personalidade. Quando falamos do direito à identidade genética, referimo-nos imediatamente ao princípio fundamental da personalidade, que deriva do princípio da dignidade humana, princípio orientador do sistema jurídico. Quando o direito ao reconhecimento da origem genética for negado, o princípio básico da dignidade humana será prejudicado, pois o direito à identidade genética deve ser respeitado para que sua busca seja possível independentemente do Estado ou não.

Assim, a Carta Magna privilegiou como norteador o princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, possibilitando o direito ao conhecimento da origem genética, mesmo para aqueles resultantes de inseminação artificial heteróloga, que será a hipótese defendida neste trabalho.

BIOÉTICA E BIODIREITO

Considerações sobre Bioética e Biodireito

Na verdade, a intervenção do direito no domínio da biotecnologia e da biomedicina é verdadeiramente imparável, dado o conjunto de valores que merecem proteção jurídica e que podem equilibrar os valores nefastos, por um lado. Discernimento na escolha de uma forma mais inovadora de conceber o ser humano; para correção de anomalias genéticas; Isso é. O que se pode notar é que existem muitos problemas na regulamentação jurídica das questões relacionadas à bioética.

Neste sentido, a importância da aplicação de critérios baseados na ética, em princípios tão intemporais quanto possível, com o objectivo de construir um parâmetro que oriente o debate público e a elaboração de um ordenamento jurídico nacional, ele próprio baseado em declarações internacionais específicas, para que as decisões possam ser tomadas em casos específicos. Não há como separar o direito do âmbito da ética, e é a partir desse entendimento que se rege o biodireito, que se baseia em princípios éticos gerais como forma de legitimação. Além disso, a relação estabelecida entre direito e ética é indispensável. Através de reflexões, análises e discussões com origens no campo ético, pontos de vista críticos que contradizem posições dogmáticas e absolutas, dá-se o desenvolvimento do Biodireito.

A universalização da saúde e a medicalização progressiva da vida não eliminam a necessidade de um padrão moral a ser compartilhado por pessoas com diferentes morais, e colocam desafios ao biodireito. O que se espera é uma humanização científica do direito, tendo em conta a impossibilidade de separar o direito das ciências da vida. No que diz respeito à bioética e ao biodireito, o progresso científico é notável, sem prejuízo da dignidade da pessoa humana.

Fertilização Artificial

  • Heteróloga
  • Homóloga
  • in Vitro

Técnica reprodutiva que utiliza sêmen doado por terceiro que não o homem. Nessa busca incessante, o ato da procriação acabou por se separar do próprio ato da paternidade. Se a relação paterna normalmente se baseia em vetores jurídicos, biológicos e socioafetivos, na inseminação heteróloga não haverá convergência entre eles.

Inicialmente, pode-se entender que na inseminação heteróloga a fecundação ocorre com esperma de doador, mas isso não priva o marido do direito de ser pai do filho, se assim o desejar. O uso de métodos de reprodução assistida pode ser utilizado por casais casados ​​ou que vivem em união estável, sem necessidade de doação de esperma de terceiros. É a técnica pacificamente aceita pela sociedade porque proporciona à união conjugal a alegria da procriação que não poderia ser alcançada sem intervenção médica.

1.597 do Código Civil de 2002 estabelece que a impossibilidade de relações carnais não é mais motivo para excluir a paternidade no casamento.22 Como mencionado acima, na inseminação homóloga o marido pode ser o doador de esperma, mas durante o processo de relação sexual convencional há não há como engravidar. Portanto, é necessária assistência médica para colocar o esperma no canal vaginal ou no útero da mulher. para que o embrião possa ser formado. Conforme explicado acima, a fertilização in vitro pode ocorrer com esperma de um doador desconhecido ou do marido (parceiro) da mulher.

DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL E A PONDERAÇÃO DE VALORES

Direitos da Personalidade e a Dignidade da Pessoa Humana

Se analisarmos o exposto, a personalidade pertence a todas as pessoas, portanto faz parte dos direitos fundamentais do indivíduo que contribuem para a dignidade humana. Os preceitos da personalidade são de extrema importância e estão intimamente relacionados com a dignidade do homem. Entretanto, cabe destacar que a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 1º, garante a dignidade da pessoa humana, que privilegia a vida, a integridade física e as condições básicas de vida dos cidadãos, com o mais elevado nível de dignidade possível.

Dentro dos princípios que regem a vida familiar está o princípio constitucional da dignidade humana. Quando o assunto é a dignidade da pessoa humana, surgiu com base no Estoicismo e no Cristianismo32. Através da Constituição Federal de 1988, a dignidade da pessoa humana tomou corpo e passou a vigorar como um dos direitos fundamentais do homem.

A Constituição Federal Brasileira menciona a dignidade da pessoa humana como um de seus fundamentos no artigo 1º, III36. Desta forma, a dignidade da pessoa humana baseia-se não apenas na razão de ser do indivíduo, mas também naquilo que distingue o ser humano dos demais seres vivos. Visto que existe uma íntima relação entre a dignidade da pessoa humana e os direitos fundamentais, é necessário desenvolver um conceito que atenda a ambos os aspectos.

Colisão de Direitos e a Regra da Ponderação de Valores Constitucionais

Os conflitos surgem devido às orientações opostas de cada um destes princípios, pois o direito à informação, a liberdade de expressão seguem o caminho da transparência, do livre fluxo de informação, enquanto os direitos pessoais seguem o caminho da paz, do sigilo, da não exposição. Porque todas as circunstâncias que envolvem uma colisão de direitos fundamentais são uma solução complexa que depende das informações sobre o caso concreto e dos argumentos apresentados pelas partes envolvidas para determinar o rumo a seguir. Apesar da importância única que têm nos sistemas jurídicos democráticos, os direitos fundamentais não são absolutos.

A necessidade de proteger outros bens jurídicos diversos, também sujeitos a implicações constitucionais, pode justificar limitações de direitos fundamentais40. Quando houver conflito entre dois direitos reconhecidos na ordem constitucional vigente, aquele que tiver menor peso, conforme mencionado anteriormente, analisando as circunstâncias e condições do caso concreto, abrirá mão daquele de maior valor. Deve haver equilíbrio entre os direitos constitucionais, e é uma das tarefas mais complexas e importantes manter a ordem constitucional, de forma coerente.

Dito isso, entende-se que é enorme a responsabilidade do Poder Judiciário no sentido de defender a constitucionalidade das leis que limitam direitos, sem deixar de lado a resolução de conflitos entre direitos fundamentais protegidos pela Constituição.

COLISÃO DE DIREITOS NA REPRODUÇÃO ASSISTIDA HETERÓLOGA

Direito à Identidade Genética da Pessoa Fruto da Inseminação X Direito à Privacidade do Doador

Menciona-se o direito à privacidade do doador de gametas, consagrado na Constituição Federal no artigo 5º, 1.957/1042 do Conselho Federal de Medicina - CRM, o anonimato do doador é protegido na reprodução assistida heteróloga, onde os doadores não podem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa. Numa posição defende-se o direito do dador ao anonimato quando utiliza técnicas de reprodução assistida heteróloga, noutra defende-se o direito do indivíduo conhecer a sua preeminência genética.

Ainda no domínio dos dados genéticos, o confronto entre o direito à privacidade e o direito ao conhecimento das origens biológicas tem suscitado um acalorado debate. A doutrina e a jurisprudência incluíram inclusive o direito ao conhecimento da origem genética entre os direitos pessoais, adquirindo assim características indissociáveis ​​da categoria43. Contudo, há que ter em conta que o direito do doador ao anonimato também é protegido, uma vez que o direito à privacidade é uma extensão dos direitos fundamentais, cuja finalidade é garantir a dignidade humana.

Portanto, no texto constitucional estão garantidos tanto os interesses do doador quanto do produto individual da fertilização heteróloga com assistência biomédica, enfrentando assim o confronto dos direitos fundamentais. Embora não possamos falar de uma limitação predeterminada quanto ao reconhecimento de direitos fundamentais implícitos ou enunciados em outras partes da Constituição, também é correto afirmar que tal fazer requer a devida cautela do intérprete (pois se trata de uma atividade hermenêutica de cuidado), principalmente pelo facto de a lista de direitos fundamentais da Constituição estar a expandir-se com consequências práticas que devem ser extraídas, enquanto o risco - como já foi mencionado em relação à própria dignidade - da possível desvalorização dos direitos fundamentais , o que já é apontado pela doutrina44, não deve ser negligenciado. Conforme dito acima, deve-se levar em conta que os direitos fundamentais não são considerados maiores ou menores, e em caso de conflito ou contradição entre eles, é necessário que o intérprete da lei veja o alcance e o peso da decisão que será tomada após a interpretação da lei.

Resolução do Conflito

No caso do conflito que ocorre durante a utilização da técnica heteróloga de reprodução assistida, para decidir se o interesse que deve prevalecer é o do indivíduo criado ou o do doador dos gametas, é necessário analisar cada situação, sempre focando naquela situação analisada. dar maior proteção à dignidade humana. De outra forma, o conflito de direitos pode ser resolvido segundo a dimensão do peso. Quando se trata de comparar os direitos fundamentais, mais especificamente o direito à origem genética do indivíduo como proteção do direito à vida em comparação com o direito à privacidade como forma de preservar a identidade do doador de gametas, a proteção da vida humana deve a vida. são considerados com base nos valores da liberdade e da dignidade, visando a dignidade da pessoa humana.

Em termos de identidade genética, é o direito de ter acesso aos dados genéticos que constituem uma pessoa. No ordenamento jurídico brasileiro, tanto o direito ao conhecimento da origem genética quanto o direito à privacidade gozam da mesma proteção, pois são direitos fundamentais, mas isso se contrasta quando a reprodução assistida heteróloga não possui ordenamento jurídico para um tratamento efetivo em legislação. Esta decisão vai ao encontro da nossa hipótese, uma vez que não há necessidade de falar em reconhecimento de paternidade pelo doador, pois se assim fosse, envolveria questões familiares e sucessórias, o que consequentemente desencoraja a prática.

É certo, porém, que a vontade do doador de não ser identificado conflita com o direito inalcançável e irrevogável ao reconhecimento da co-paternidade, estipulado no art. A pessoa criada por meio dessa inseminação poderá conhecer sua ancestralidade genética sem precisar quebrar o anonimato do doador. O que se considera correto é o laboratório divulgar a informação genética sem divulgar a informação do doador.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O direito à alimentação proveniente do banco de esperma e a legitimação passiva do doador na inseminação artificial heteróloga: um choque de direitos fundamentais. Disponível em http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/quest%C3%B5es-jur%C3%ADdicas-da-insemina%C3%A7%C3%A3o-artificial-heter%C3%B3loga. A construção de um entendimento jurídico-constitucional necessário e possível._ O princípio da dignidade humana e dos direitos fundamentais.

Referências

Documentos relacionados

Em sociedade a ponderação é um instrumente de grande importância, para auxiliar quando há conflitos de direitos. Dessa forma se faz necessário a regulação do exercício dos