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TCC - Diana Rosa da Silva Souza.pdf

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Academic year: 2023

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A (IN)COMPATIBILIDADE ENTRE O NATUREZA PREVENTIVA-CURATIVA DA MEDIDA DE SEGURANÇA E A SUMÁRIO 527 DO TRIBUNAL SUPERIOR DE. A Súmula nº 527 do Superior Tribunal de Justiça, portanto, parece ser uma forma de contornar essa indefinição normativa e define provisoriamente a duração máxima da medida de segurança, definindo esse prazo de acordo com a infração praticada pela pessoa inimputável, a evitar a pena perpétua, de acordo com as diretrizes constitucionais. Nesse contexto, este trabalho levará a compreender se a Súmula nº 527 do Superior Tribunal de Justiça é compatível com o caráter preventivo-curativo da medida de segurança, em aplicação individual desta sanção penal.

A MEDIDA DE SEGURANÇA COMO SANÇÃO PENAL APLICÁVEL AO

A indeterminação legal do prazo máximo de duração da medida de

  • A proibição constitucional da sanção penal de caráter perpétuo

A duração da medida de segurança é determinada pela lei penal pelo tempo necessário enquanto durar o perigo do agente. A falta de expressão objetiva na legislação decorre da finalidade da medida de segurança, de forma que “a finalidade curativa do tratamento realizado de acordo com a medida impossibilita a determinação de prazos de duração”. (CARVALHO, 2020, p. 1.077, grifo nosso). Portanto, o uso da medida de segurança durará o tempo suficiente para atingir a eficácia do tratamento curativo ao qual o agente causador está exposto, ou seja, a.

Refira-se que a razão pela qual a medida de segurança se prolonga ao longo do tempo deve-se à permanência do perigo, e não à perturbação ou doença mental, até porque podem existir problemas de saúde irreversíveis para a medicina atual. Em termos de ideias, a falta de duração da medida de segurança é plenamente justificada pelo objetivo de tratamento e prevenção. O problema surge quando a medida de segurança se torna perpétua nos casos em que o tratamento aplicado não surte efeito e a periculosidade criminal do agente permanece sem previsão de extinção futura.

Estado que restringe a esfera de liberdade do sujeito e, assim como a pena, também a medida de segurança. Com uma interpretação principiológica, o grau de segurança eterna fica, portanto, vedado, pois é evidente a incompatibilidade entre o texto constitucional e a lei penal. Nesse contexto de insegurança jurídica quanto à duração máxima da medida de segurança objetivamente delineada no tempo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem buscado dirimir a questão por meio da Súmula nº 527, que assim dispõe.

Foi proferida decisão declarando a caducidade de medida de segurança utilizada em detrimento do doente pelo seu cumprimento integral. Quem recebe medida de segurança é tratado com mais severidade, espalha injustiças e até fere o princípio constitucional da isonomia (art. 5º da CF/88). O entendimento que prevalece, portanto, inclusive a própria imposição da súmula n. 527 STJ, para determinar a duração máxima da medida de segurança de acordo com os princípios constitucionais penais, a equivalência da pena máxima em

O ATIVISMO JUDICIAL DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

É necessária uma análise aprofundada entre a necessidade de intervenção do Estado na esfera privada do indivíduo, que não deve ser ultrapassada, e a proteção da sociedade, que não deve ser deficiente. Por isso, mesmo com o objetivo de efetivar direitos fundamentais, o ativismo judicial viola o próprio Estado Democrático de Direito, pois viola seu princípio básico da separação de poderes, ao permitir que o judiciário acumule poder/função para decidir livremente e criar legislação que que julgar mais adequado. , sem a autoridade para fazê-lo entra na jurisdição legislativa. No contexto atual, são muito mais importantes as práticas sociais interpretativas, que procuram mostrar o nosso direito na sua melhor luz, ou seja, mostram o fenómeno jurídico como um processo dinâmico e permanente de afirmação das liberdades iguais de todos os membros da nossa comunidade. , à luz de cada caso concreto e com base em argumentos constitucionalmente adequados à luz do paradigma do Estado Democrático de Direito (COURA; OMMATI, p.

A rechaçada prática do ativismo judicial, em razão do dano direto ao princípio democrático e ao princípio da separação dos poderes, apenas a discordância do Superior Tribunal de Justiça com o critério estabelecido pelo legislador quanto à maior duração da medida de segurança não pode ensejar a prática de realmente criar uma regra para alterar tal critério com a edição do resumo, com a justificativa de solucionar a falta de prazo objetivo. O papel do judiciário nesse caso não é determinar um novo critério para a solução do dilema, mas sim harmonizar o parâmetro fixado pelo legislador (cessação do ato criminoso de perigo) com princípios constitucionais penais que requerem análise individual. determinar a duração máxima da medida de segurança em cada caso individual, por se tratar de uma opção legislativa, mas não a aplicação de um acordo único e geral para todos os casos, como prevê a súmula n. 527 STJ. O Superior Tribunal de Justiça, por meio de ativismo judicial, fortaleceu o entendimento com a súmula n. 527, que a maior duração da medida de segurança deve ser o máximo abstrato da pena correspondente ao crime cometido, o que resolveu o problema da (im)possibilidade de medidas de segurança permanentes.

Trata-se de um novo critério para a aplicação da medida de segurança, que, contrariamente ao critério estabelecido pela lei penal (eliminação da periculosidade), é objetivo no tempo e aplicável a todos os casos. O precedente do STJ n. 527 pretendeu dar maior segurança na aplicação deste tipo de sanção penal, no que se refere ao parâmetro da sua duração, com base sobretudo no princípio da proporcionalidade, especialmente na sua vertente de proibição do excesso. No entanto, ainda que em uma análise geral a súmula em questão pareça adequada, de modo que o irresponsável fique privado de sua liberdade por tempo limitado, tal entendimento deve ser respeitado não apenas em relação à intervenção do o Estado na liberdade do indivíduo, mas também deve considerar que a sanção penal imposta deve ser suficiente para coibir a periculosidade penal, indicadora da eficácia do tratamento preventivo-curativo, objetivo, razão de ser, do a medida de segurança, atentando também para o paradigma da proibição da sanção penal vitalícia.

O princípio da proporcionalidade, norteador do conceito sintetizado, deve, portanto, ser analisado em seus dois aspectos: proibição de exceder o jus puniendi do Estado e proibição de proteção insuficiente da sociedade, de modo que a fixação de prazo para a duração da segurança medida procura encontrar um equilíbrio entre os interesses do inatribuível e da coletividade.

A DUPLA FACE DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

A Súmula 527 do Superior Tribunal de Justiça e a dupla face do

Nesse contexto de prolação de decisões proporcionais, o Superior Tribunal de Justiça, em função da vedação ao excesso, equiparou a duração máxima da medida de segurança ao limite máximo abstrato da pena correspondente à infração penal cometida. Ressalte-se que este é o prazo máximo de duração da medida cautelar, mas, cessada a periculosidade antes de decorrido esse limite máximo, nada impede o juiz de fixar prazo menor para a duração da medida cautelar. , e liberando inimputáveis ​​pela sanção penal. Isto não se verifica nos casos em que o não responsabilizável necessite de menos tempo submetido à medida de segurança para que se atinja a sua finalidade (deter o perigo), mas sim nos casos em que necessite de mais tempo durante o tratamento preventivo-curativo imposto . pelo estado que é.

Isso porque a sociedade fica desprotegida nos casos em que o perigo persiste além do prazo determinado pela Súmula nº 527, STJ, de modo que a soltura do inocente que resta perigoso para ele retornar ao convívio social é atentado à segurança do comunidade, ademais, a medida de segurança não atinge seu objetivo, que é o de proporcionar tratamento adequado ao indivíduo. Além disso, a medida de segurança também é uma punição do Estado pelo cometimento do crime, limitando a liberdade do indivíduo, que fica separado de seu convívio familiar e de seu círculo social. Ressalte-se que a duração da medida de segurança necessária ao tratamento da pessoa inimputável não guarda relação direta com o delito por ela praticado, conforme busca estabelecer a Súmula nº 527 do STJ.

Isto significa que o tempo de tratamento exigido, devido à imposição da medida de segurança, não está diretamente relacionado com a infração cometida, pelo que o interessado pode necessitar de mais ou menos tempo de tratamento do que o máximo abstrato da pena do ofensa cometida, de modo que a periculosidade da mesma seja encerrada. Esta limitação da duração da medida de segurança em função da infracção cometida pode afectar negativamente o sucesso do tratamento da pessoa inimputável nos casos em que o agente necessite de mais tempo. Por fim, no que se refere à duração da Medida de Segurança, verifica-se que a previsão absoluta de um prazo para o tratamento curativo afetaria negativamente a atividade do terapeuta, pois impediria um tratamento adequado às fases exigidas pelo caso concreto.

Nos casos em que um inocente necessite de mais tempo para ser tratado com medida de segurança para acabar com seu risco criminal, não deve haver uma duração ilimitada da sanção penal, mas sua determinação de tempo não é simples, objetiva, nem geral (conforme Súmula n. .527, pretende o STJ ), tudo dependerá da análise do caso concreto e o prazo será determinado a partir dessa análise.

A TÉCNICA DA PONDERAÇÃO DE PRINCÍPIOS

Quanto ao uso de medida de segurança no sentido da lei penal, ou seja, somente quando for estabelecida a cessação do perigo, e quanto à vedação constitucional de sanções penais permanentes, os direitos fundamentais que estão em tensão são elencados no capítulo art. Assim, nos casos em que a cessação do perigo ocorra antes ou mesmo no limite da duração máxima da medida de segurança, ao aplicar a súmula considerada, a sanção penal é compatível com a finalidade do tratamento e assegura a sua prevenção. de natureza curativa, a reintegração de um indivíduo não mais perigoso na sociedade. No entanto, o precedente n. 527 do STJ, acaba por revelar insuficiente proteção à segurança da coletividade nos casos em que uma pessoa que não pode ser responsabilizada precisa de mais tempo para ser tratada por meio de medida de segurança para deixar de ser perigosa, mas está isenta de pena sancionatória para cumprir o limite máximo estabelecido no resumo mencionado acima.

Nessa situação, o sujeito retorna ao convívio social ainda perigoso, demonstrando sua probabilidade de reincidência criminal e demonstrando que o caráter preventivo-curativo da medida de segurança não foi assegurado. Assim, a análise do caso concreto pode ser acompanhada de alguns parâmetros que podem auxiliar nessa decisão para estabelecer um prazo adequado para a vigência da medida de segurança. Apresentados os resultados da melhora, mas sem cessação total da periculosidade, o inimputável deverá permanecer sob imposição da medida protetiva pelo período que a perícia médica determinar necessário para o fim da periculosidade.

Há entendimento de que, após a ultrapassagem do prazo máximo da medida de segurança, conforme a súmula nº 527 do STJ, se o louco ainda for constatado como perigoso, deverá ser exonerado da sanção penal imposta pelo Estado e iniciar recebendo tratamento na esfera cível. Isso porque, além do tratamento, a medida de segurança penal visa também punir o agente pela infração cometida – ainda que não seja esse o seu objetivo principal. Nesse cenário, o louco deve ser liberado da imposição da sanção penal após a duração máxima da medida de segurança nos termos da súmula nº 527 do STJ, uma vez que a resposta do Estado ao ato criminoso cometido terá sido cumprida durante este período, enquanto o indivíduo deve ser acompanhado em instituição comum (civil) de tratamento da doença que apresenta, pois a lei penal não mais serve para lhe oferecer tratamento por tempo adequado que não ultrapasse os limites de interferência em sua liberdade .

A duração da medida de segurança não deve exceder o limite máximo da pena abstratamente atribuída ao crime.

Referências

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