XXXI Congresso de Iniciação Científica
O Santuário de São Sebastião: arquitetura sacra neocolonial em Porto Ferreira (SP)
Beatriz Fernanda Carvalho, Vladimir Benincasa, Bauru, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Arquitetura e Urbanismo, bearqtriz@hotmail.com, FAPESP, 12 meses.
Palavras Chave: Arquitetura, Igreja, Neocolonial.
Introdução
A primeira igreja matriz do vilarejo que daria origem à cidade de Porto Ferreira foi construída em 1886, alguns anos antes da emancipação político- administrativa do Município (1896). No início dos anos 1950, quando o desenvolvimento industrial e a chegada de migrantes impulsionavam o crescimento da cidade, essa igreja foi demolida e substituída por um novo edifício sagrado, projeto do arquiteto Benedito Calixto de Jesus Neto, em estilo neocolonial. A nova Igreja Matriz, objeto de estudo deste trabalho, foi elevada à categoria de Santuário Diocesano em novembro de 2013, por Dom Vilson Dias de Oliveira, bispo de Limeira, em virtude de sua riqueza arquitetônico-artística e dos relatos de graças obtidas por intercessão do padroeiro, São Sebastião.
Objetivo
Identificar e compreender os elementos artísticos e arquitetônicos que compõem externa e internamente o Santuário Diocesano de São Sebastião, em Porto Ferreira, de modo a elucidar seu significado enquanto patrimônio material histórico, no contexto local.
Material e Métodos
As etapas do trabalho incluíram leitura de bibliografia vinculada ao tema; consulta ao acervo do Museu Histórico e Pedagógico de Porto Ferreira; visita à igreja para levantamento métrico e fotográfico;
elaboração de material gráfico; e entrevistas com membros da comunidade católica local e regional.
Resultados e Discussão
Com a crise do café na década de 1930, a arquitetura eclética entra em declínio e o progresso e a riqueza das cidades passam a ser simbolizados por um novo estilo: o neocolonial. Assim, o Santuário de São Sebastião, construído em estilo neocolonial, é fruto das propostas desenvolvimentistas das décadas de 1940 e 1950 – em Porto Ferreira, estimuladas, sobretudo, pelo vice-governador do Estado de São Paulo (1951-1955), Dr. Erlindo Salzano. A construção de um edifício sagrado neocolonial revela, também, a força com que se manteve a tradição católica herdada da colonização portuguesa no Brasil, mesmo após a laicização do Estado (1891).
Pudemos observar, nas quatro fachadas exteriores e nos ambientes internos, a simplicidade dos traços retos e a sobriedade da decoração, influenciadas pela arquitetura jesuítica – uma combinação entre referências clássicas, o barroco e a arquitetura chã portuguesa. Algumas destas referências podem ser percebidas, com facilidade, nos elementos que aludem aos frontões e ao entablamento grego, ao coroamento das torres e às ondulações do frontão.
Já as entrevistas esclareceram aspectos construtivos do Santuário, indicando técnicas, materiais e instrumentos de construção da segunda metade do século XX, no interior paulista, sempre atentando para particularidades locais.
Figura 1. Santuário Diocesano de São Sebastião.
Conclusões
Essa obra, além de narrar um momento da história de Porto Ferreira, é um importante referencial identitário aos ferreirenses, sejam eles católicos ou não, pelo que representa em termos simbólicos e pelo marco que institui na paisagem da cidade.
Agradecimentos
À minha família; ao professor Vladimir Benincasa; à FAPESP; e a todos os que apoiaram o desenvolvimento dessa pesquisa.
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1 COELHO, M. B. L. Aspectos Históricos de Porto Ferreira. Volume 1.
Porto Ferreira: Ed. Gráfica São Paulo, 2012.
2 COELHO, M. B. L; ARNONI, R. F. F. Aspectos Históricos de Porto Ferreira. Volume 2. Porto Ferreira: Ed. Gráfica São Paulo, 2013.
³ MASCARO, L. P. Difusão da Arquitetura Neocolonial no Interior Paulista, 1920-1950. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos, 2008.
