O objetivo deste estudo é analisar o fenômeno do “broadcasting” no futebol brasileiro, principalmente em relação às mudanças nos hábitos dos torcedores – muito influenciados pelas novas tecnologias e pela pandemia do COVID-19 – bem como as transmissões de campeonatos por meio de plataformas digitais. possibilitou a entrada no mercado de novos grupos de comunicação. Nesse contexto, o estudo visa contribuir para a discussão sobre a tributação do “Streaming de Futebol” pelo ISS, após a aprovação da Lei Complementar nº. e judiciário. Para tanto, o trabalho foi dividido em cinco capítulos que visam, a saber: (i) introduzir novas tecnologias e mudanças nos hábitos dos torcedores; (ii) traçar o panorama histórico da transmissão dos campeonatos no Brasil e mostrar as recentes mudanças legislativas que possibilitaram o aumento das transmissões via radiodifusão; (iii) conceituar “radiodifusão”, seu histórico de aplicação no Brasil e delinear a regra da matriz de incidência do ISS, com o objetivo de enquadrar a “radiodifusão de futebol”; (iv) suscitar reflexões sobre tributação com base na mais recente jurisprudência administrativa e judicial; e (v) concluir o próprio trabalho para demonstrar que a discussão sobre a tributação de.
REFLEXOS DA ERA DIGITAL NA FORMA DE ASSISTIR AOS JOGOS
O PASSAR DOS ANOS E OS REFLEXOS NA COMPETITIVIDADE 27
HISTÓRICO DE APLICAÇÃO NO BRASIL E RRO ! I NDICADOR NÃO DEFINIDO
INTRODUÇÃO
Com efeito, este trabalho possibilitou a análise da prática judicial com o objetivo de apurar a existência de decisões administrativas e judiciais sobre a aplicação ou não de normas tributárias no caso concreto do “streaming de futebol” e se existe uma solução eficaz ao conflito de competência após a edição da LC 157/2016 e os posicionamentos determinados pelos tribunais superiores. Com base nos acórdãos, serão desenvolvidas reflexões dirigidas tanto ao participante último destas transmissões – os adeptos do futebol – como às empresas e às autoridades fiscais, indicando as preocupações que surgiram durante a elaboração deste trabalho, de forma a contribuir para o debate sobre a tributação do "streaming de futebol".
1 A ECONOMIA DIGITAL E SUAS REPERCUSSÕES NO COTIDIANO
ADVENTO DE NOVAS TECNOLOGIAS E HÁBITOS PÓS PANDÊMICOS
O professor então esclareceu que os átomos do computador valiam na verdade cerca de dois mil dólares, mas os bits (software, banco de dados etc.) contidos nele valiam cerca de dois milhões de dólares. Ao contrário do que acontecia com outras tecnologias, a Internet deu origem a uma verdadeira ruptura com o passado, caracterizando o que alguns economistas chamaram de “destruição criativa”, já que no mundo moderno a nova técnica se tornou tão importante quanto respirar. . Segundo ele, os indivíduos transitam entre o palco – um palco público com plateia – e os bastidores – um ambiente privado, lar do “verdadeiro eu”.
Somado ao avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nos últimos vinte anos, o isolamento social – medida urgente para evitar o colapso da saúde pública – provocou uma verdadeira revolução nos “bastidores” da vida das pessoas. O sujeito pós-Covid, que teme o contágio, não viverá – pelo menos no campo discursivo da imprensa – como vivia antes da pandemia. Tomando como exemplo outro aspecto dessa desigualdade digital, como o caso da pirataria, embora haja legislação específica, o Marco Civil isenta o provedor de conteúdo de executar e remover links piratas diretamente - como no caso do streaming de futebol - em seu plataforma ou aplicativo.
Este é um dos muitos exemplos que mostram como é difícil regular a economia digital e, principalmente no caso do streaming de futebol, a pirataria é muito mais prejudicial na plataforma digital, pois "sites clandestinos podem oferecer gratuitamente ao usuário apesar de uma qualidade inferior imagens e som, os mesmos produtos que o Streaming oferece mediante pagamento.8” Conforme apura Victor Hugo Almeida9, segundo dados da Polícia Civil e do Ministério da Justiça e Segurança Pública do Brasil, sites de streaming ilegais no último trimestre de 2020 sobre 122 milhões de acessos, causando um prejuízo milionário para a indústria cinematográfica, musical e até esportiva, na qual, segundo estudo do Grupo Globo, o prejuízo causado pela pirataria digital ultrapassa os 500 milhões de reais por temporada.
REFLEXOS DA ERA DIGITAL NA FORMA DE ASSISTIR AOS JOGOS DE FUTEBOL
Como reflexo desses problemas, clubes e meios de comunicação têm adotado o uso de fotos de torcedores nas arquibancadas, "bancadas virtuais", sons gravados da torcida, entre outras saídas disruptivas, como forma de contornar os problemas econômicos. Antes de mergulhar na história da transmissão de jogos de futebol, vale a pena mencionar brevemente como o sistema funcionava no sistema anterior. Ou seja, na sistemática anterior à Medida Provisória, que é um ato normativo com força de lei, uma partida só seria transmitida se a emissora ou plataforma de televisão tivesse autorização dos dois clubes para tal.
Como as negociações dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro foram feitas coletivamente pelo "Clube dos 13", a unidade não causou grandes transtornos. Porém, com o fim do "Clube dos 13" em 2011, surgiu a possibilidade de negociação individual dos direitos de transmissão. Na tentativa de mitigar essas desigualdades, a partir de 2019 a Globo passou a adotar um modelo de pagamento mais isonômico, onde todos os clubes recebem 40% do valor total dos contratos, divididos igualmente; 30% é distribuído de acordo com a posição final do clube no campeonato e os 30% restantes são pagos de acordo com o número de partidas que cada clube transmite na televisão pública.
Mas no pay-per-view, o valor que cada clube recebe varia de acordo com o número de torcedores que assinam o serviço, reforçando a disparidade financeira entre os clubes com grande número de adeptos e os de menor número." Note-se, portanto, que o MP procurou promover o princípio da paridade de armas ao fornecer recursos financeiros que antes não existiam, pois o mandante não poderia explorar suas partidas sem o consentimento dos demais clubes e das emissoras que detinham os direitos de transmissão dos times - daí o termo "coletivamente" utilizado na retrocitação.
2 PANORAMA HISTÓRICO DA TRANSMISSÃO DE PARTIDAS DE FUTEBOL NO BRASIL
- TRANSMISSÃO PELA TELEVISÃO ABERTA
- O PASSAR DOS ANOS E OS REFLEXOS NA COMPETITIVIDADE
- O MERCADO ATUAL DE PLATAFORMAS DIGITAIS NO STREAMING DE CAMPEONATOS DE FUTEBOL
- EFEITO “CASIMIRO” E INÉRCIA DO LEGISLATIVO
O que significa que a Rede Globo foi responsável por mais de 55% das transmissões do campeonato na televisão aberta durante os trinta e um anos, sendo muitas vezes a única e exclusiva detentora dos direitos de transmissão. Se convertermos os dados acima em um gráfico, para facilitar o entendimento da competição nos últimos anos, pode-se constatar que, nos últimos trinta anos, as empresas de televisão detiveram o monopólio da transmissão de jogos de futebol - e os "outros" tem menos de 2%. Amir Somoggi, em sua obra intitulada “Discrepância de direitos de TV no Brasil, culpa da multa” (2017), calcula que a diferença entre o Flamengo, time que mais recebeu dinheiro da TV, e seu oposto, a Chapecoense, foi de 9,71 vezes, o que é um valor considerável principalmente em relação ao campeonato inglês (Premier League), cuja diferença foi de 1,53.
Como explica o jornalista Ker Bensinger12, a concentração de mídia gerada por esta emissora de televisão dura mais de três décadas e tem como ingredientes favores políticos, lobbying, acusações de suborno a instituições nacionais e internacionais – como o caso de “Fifagate” 13, escândalo de propina à FIFA pela exclusividade das transmissões de futebol na América Latina. Para se manter na transmissão do campeonato brasileiro, o grupo americano que comprou o Esporte Interativo investiu cerca de centenas de milhões de reais em negociações para romper com o monopólio que o Grupo Globo exerceu por tanto tempo, que resultou na compra. , referente aos direitos de transmissão em circuito fechado de televisão para 17 (dezessete) clubes do Brasil. Outra emissora nessa área é o SBT, de São Paulo, que, apesar de ser uma empresa tradicional, adquiriu os direitos de transmissão da Copa Libertadores da América entre 2020 e 2022, antes transmitida pelo Grupo Globo.
Hoje, o mercado de plataformas digitais que transmitem campeonatos de futebol via streaming é tão diverso e multifacetado que muitos torcedores acabam não tendo acesso a todos os jogos de seu time. Para encerrar a discussão deste capítulo, é imprescindível tecer algumas palavras sobre o maior streamer do Brasil, Casimiro Miguel, cuja fama e notoriedade vieram muito antes da Copa do Catar - ocasião em que uma pessoa iniciava partidas de futebol para serem contadas via Twitch (streaming from Twitter), com tanto sucesso que ao adquirir os direitos de transmissão da Copa em seu canal no YouTube (CazéTv), estabeleceu um novo recorde mundial de transmissão da partida entre Brasil e Coreia do Sul (5,2 milhões de espectadores15).
3 O STREAMING NO DIREITO TRIBUTÁRIO
- CONCEITO DE STREAMING E SERVIÇO OTT
- MATERIALIDADE DO ISS (LC 116/03, RMIT ISS, DEFINIÇÃO DE SERVIÇO TRIBUTÁVEL)
- GUERRA FISCAL E (IN)SEGURANÇA JURÍDICA
- CONCLUSÃO
Na mesma perspectiva, Paulo de Barros Carvalho20 esclarece que a ocorrência de tributos municipais pressupõe ação decorrente do dever de fazer algo que até então não existia, o que não é exigido quando se trata de obrigação que a mera entrega, permanente ou temporária, não imponha. de algo que já existe no nível fenomenal. No caso da guerra fiscal ocorrida especialmente no mercado de Streaming em relação ao conflito entre ICMS e ISS, parece que a natureza jurídica das obrigações de fazer, que promove a ocorrência de tributos municipais, se opõe à natureza das obrigações legais dar, o que é essencial para o recolhimento do ICMS. Como se vê, no julgamento do RE 651.703, o STF estabeleceu conceito de serviço tributável pelo ISS que não leva em conta a necessidade de "obrigação de fazer" para a subsunção do fato à norma - o que afasta a tese de que o serviço de streaming estaria descaracterizado e, portanto, não sujeito ao imposto municipal.
Seguindo as alterações introduzidas pela Lei Complementar nº 157/2016, o serviço de streaming está expressamente incluído na lista anexa à Lei Complementar nº 116/2003, no seu ponto 1.09, estando assim sujeito ao ISS. Ou seja, para quem entende que a regra matriz sobre a incidência do ISS pressupõe que há obrigação de fazer, na ausência desta não há o que falar sobre a incidência do imposto municipal. Afinal, a mera inclusão do streaming na lista anexa não autorizaria, por si só, a cobrança do ISS de forma que qualquer tributação só seria possível mediante o exercício da competência residual da União prevista no art.
Ao contrário, especificamente no estado de São Paulo, já foi editada a Portaria CAT 24/2018, que negava a influência do ICMS na disponibilização temporal do conteúdo e ao mesmo tempo indicava a influência de tributos municipais. Nesse sentido, parece que, ao interpretar tais acordos, a fundamentação do acórdão levou em conta o fato de que a prestadora do serviço de streaming era pessoa jurídica que já exercia atividades de telecomunicações e que os serviços de streaming prestados estariam, portanto, sujeitos à incidência de do ICMS, mesmo após a edição da LC 157/2016.
Disponível em: https://www.migalhas.com.br/de-peso/331819/o-direito-de-arena-ante-das-inovacoes-advindos-da-mp-984-20. FEDERIGHI, André Catta Preta; SOUZA, Diogo Ferreira Barros Medeiros de "Fla-Flu da Tributação do Streaming de Futebol: Impactos Jurídicos na Competitividade". Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/saude-e-vigilancia-sanitaria/2020/03/oms-classifica-coronavirus-como-pandemia>.
