Avaliação da deposição de fezes de ovinos sobre a dinâmica da biota em solos de áreas de empréstimo na região de Ilha Solteira, SP
Danilo Silva Teixeira, Lucíola Santos Lannes, Jean da Silva Gomes Júnior, Júlia Barros Peroni, Thaisa Teixeira. Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Curso de Ciências Biológicas, ISB- PROPE. Email: danilo.silva.t@gmail.com
Palavras-chave: Cerrado, nutrientes, áreas de empréstimo
Introdução
O Cerrado é uma área prioritária para conservação no mundo devido à sua alta biodiversidade1. A construção da Hidrelétrica de Ilha Solteira eliminou uma grande área de vegetação nativa, sendo esta denominada área de empréstimo2. Ovinos excretam grande parte dos nutrientes que ingerem3, dessa forma, fezes de ovelhas podem resultar numa fonte importante de nutrientes para o solo. Os efeitos dessa fonte de nutrientes nunca foram estudados na recuperação de áreas de empréstimo.
Objetivos
Avaliar se a introdução de fezes ovinas estimula a biota do solo, melhorando a qualidade nutricional do solo em áreas de empréstimo da Fazenda Experimental da UNESP (Bovino) em Selvíria/MS.
Material e Métodos
Foram selecionadas quatro áreas com diferentes características, conforme a seguir: área 1: solo muito compactado e desprovido de vegetação; área 2: solo pouco compactado e com pouquíssima vegetação; área 3: borda de mata com vegetação herbácea desenvolvida; área 4: campo limpo dominado por Urochloa decumbens. Em cada área foram estabelecidas dez parcelas de 1 m2 de forma inteiramente casualizada com área de buffer mínima de 1 m. Cinco dessas parcelas recebem 150 g de fezes frescas de ovelhas a cada 15 dias; as outras cinco parcelas funcionam como controles.
Em cada parcela foi disposto aleatoriamente um pitfall trap para coletas de insetos, sendo realizadas semanalmente. Os insetos capturados nestas armadilhas são classificados em ordens, contados, secos e têm sua biomassa determinada. Ao final de 12 meses, amostras de solos e biomassa vegetal serão coletadas em cada parcela.
Resultados e Discussão
Durante as dezenove primeiras coletas foram encontradas 15 ordens de insetos, entre elas Diptera, Hemiptera Heteroptera, Hymenoptera, Coleoptera e Orthoptera. Um somatório de insetos de mesmas ordens por área mostram que Coleoptera responderam positivamente à adição de fezes, apresentando um aumento no número de indivíduos em todas as parcelas com fezes. Com a
introdução de fezes nas áreas já é possível observar um aumento na biomassa total de insetos (Figura 1a). Detectou-se aumento no número de insetos nas comunidades nas áreas 1 e 2 após a adição de fezes; contrariamente, nas áreas 3 e 4 foi observado um decréscimo (Figura 1b).
Com base nos resultados já obtidos é possível inferir que a introdução de fezes gerou um aumento no número de coleópteros e consequentemente aumentou a biomassa em algumas áreas. O aumento no número total de insetos nas áreas 1 e 2 pode ter ocorrido por estas serem áreas mais degradadas, com escassa vegetação, oferecendo naturalmente poucos recursos e nutrientes. Já nas áreas 3 e 4 a vegetação é mais desenvolvida devido à maior oferta de recursos, sendo assim, o efeito da adição de fezes é menos importante.
Conclusões
Estes resultados preliminares já apontam para os efeitos positivos da adição de fezes de ovinos na modificação das áreas degradadas em estudo. Ao final do experimento, serão analisados nutrientes do solo e cobertura vegetal, o que permitirá entender se a adição de fezes efetivamente auxilia na recuperação das áreas em questão.
Agradecimentos
Agradecemos ao Prof. Rafael Bonilha pelo aconselhamento técnico e Pátila de Paula e Donário Silva Teixeira pelo apoio em campo.
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1Myers, N., Mittermeier, R. A., da Fonseca, G. A. B. e Kent, J.
Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, 2000, 403: 853–858.
2 Alves, M. C., Souza, Z. M. Recuperação de área degradada por construção de hidroelétrica com adubação verde e corretivo.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, 2008, 32: 2505-2516.
3 Whitehead, D. C. Nutrient elements in grassland. Soil-plant- animal relationships. CAB International, Wallingford, UK, 2000, 369p.
Figura 1. (a) Peso (g) e (b) Número médio de insetos por m2 em cada área (n=5) durante as 19 coletas já realizadas.
XXVI Congresso de Iniciação Científica
