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Uma segunda via: o uso comum da língua

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Academic year: 2023

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Desta vez tem-se antecipadamente, no processo de conhecimento, o conteúdo a ser conhecido e isso pode ser percebido na alusão do próprio Igual: para. É apenas uma imitação do inteligível, do arquétipo, ou seja, o sensível é uma imitação do que ele é em si. O Igual em si, o Belo em si, enfim, toda realidade em si – o Real – se pensaria que envolve qualquer tipo de mudança.

Além disso, parece que a própria Realidade pode ser considerada idêntica a si mesma em todos os momentos e em todas as circunstâncias, uma vez que não é suscetível a qualquer tipo de mudança. A própria realidade é una e existe em si mesma (Phaedo, 78 c, d), fato que exclui a possibilidade de composição e existência prévia de qualquer outra coisa. Nada mais precede a própria Realidade e não há nada que possa ordenar sua existência.

A própria realidade deve ser buscada pela alma, pois tem atributos que a identificam (Phaedo, 80 b). Ou seja, a própria realidade é a causa primária das coisas, é a razão pela qual o mundo observável surgiu. 26 A própria realidade tem características peculiares e é de ordem muito diferente da do sensitivo, como já foi dito: tudo o que se toca ou se vê pertence à esfera sensitiva.

As atividades que são fins em si mesmas seriam, assim, partes da eudaimonia, e cada parte seria desejada pelo bem do todo.

Burnyeat: sensação e intelecto como atualizações análogas

A primeira transição seria como uma mudança física, enquanto a segunda seria como Aristóteles indicaria no capítulo De anima que estamos analisando. Feito isso, podemos voltar nosso foco para DA II 5, ou seja, a forma como ocorre o segundo tipo de mudança. Se a transição de Burnyeat da ignorância para o conhecimento é uma mudança física, então a segunda transição (de P2 para A2) deve ter um nome diferente.

Na medida em que não existam termos contraditórios nesse tipo de atualização, como no caso do conhecimento de posse tornar-se conhecimento na prática, a preservação não seria propriamente uma forma de alteração. Aqui Burnyeat mostra hesitação em reconhecer qualquer mudança em relação ao conhecimento e atribui uma ambigüidade ao texto aristotélico, segundo o qual a atividade intelectual tem atributos que a. A mudança está ligada a uma compreensão precisa da qualidade, ou seja, "qualidades que podem afetar os sentidos" (cf. ARISTÓTELES, Categorias, 9a 29 ss.), portanto não haveria razão para Aristóteles considerar qualquer tipo de mudança em relação ao conhecimento.

Ao apresentar a atualização do conhecimento em posse como um tipo de mudança não convencional, Burnyeat entende que Aristóteles seria forçado por seu próprio vocabulário a chamar essa transição do poder para a ação de mudança. Isso ocorre porque todo o pensamento até agora é baseado em (i) a suposição de algum tipo de mudança em relação ao conhecimento, ou seja,

Uma segunda via: o uso comum da língua

As ciências e o Dualismo

Ao fazer isso, os empiristas promovem a exclusão da experiência em favor de uma parte dela, justamente aquela que consideram ter características matemáticas. Para o filósofo, o esquema de uma impressão pura é impensável, pois a percepção não se reduz a um conteúdo específico, mas se baseia em relações figura-fundo. Essa mancha vermelha que vejo no tapete, ela é vermelha apenas considerando uma sombra que a atravessa, sua qualidade aparece apenas em relação ao jogo da luz e, portanto, como elemento de uma configuração espacial [...]

Ou seja, considerando a visão no empirismo, como receptáculo de estímulos inscritos no corpo, a mais simples ilusão é suficiente para estabelecer a percepção em forma de interpretação, pois a experiência ilusória não é delimitada pela sensação, como a descrevem os empiristas. Ao conceber a percepção ao nível de uma causalidade externa, ora como causas, ora como mundo, ora como pensamento, tais filosofias não apreendem a dimensão ambígua e inerente à experiência perceptiva. No intelectualismo, ainda que se entenda uma consciência privilegiada em relação ao determinismo empírico, ainda há a preservação de um mecanismo decorrente do conceito de natureza.

A externalidade das relações é importada para o ato de pensar, e a noção de julgamento coopera para que a experiência perceptiva esteja sujeita às habilidades de pensamento de uma consciência em movimento. Sob o escrutínio dos preconceitos apontados por Merleau-Ponty, a experiência perceptiva é reduzida ao papel de mediadora objetiva entre o sujeito e o mundo, quando, de fato, “a percepção não é uma ciência do mundo, nem mesmo é um ato, uma tomada deliberada de uma posição; é o pano de fundo sobre o qual se assentam todos os atos e é pressuposto por eles”. (MERLEAU-PONTY, 2006a, p. 6). Através dos tecidos processuais, de um ato diacronicamente bem definido, o objeto Viola, antes de poder ser enunciado às memórias de um povo, de uma classificação demonstrativa, tece em suas curvas de madeira, metais e polímeros uma configuração que não ecoa nada discursivo ou demonstrativo.

E é, por exemplo, o comércio de manutenção comercial com desvios da regulação de uma configuração. A vibração, por exemplo, das cordas e materiais de uma Viola faz parte de outras ações em tal objeto que não possuem a mesma vibração que sua função primordial. Ser ou não ser informação não depende apenas das características de uma estrutura; a informação não é uma coisa, mas o funcionamento de uma coisa que chega a um sistema e produz uma transformação.

O processo de fabrico/manutenção de uma Viola é um cimento de inúmeros outros elementos infra-individuais deste ser técnico: o tampo, a mão, a escala, o braço, o cavalete, a porca, as dimensões da caixa acústica. O construtor/mantenedor é responsável por regular a existência do técnico; pelo que a manutenção de, por exemplo, uma Viola é tão essencial como a sua construção. A manutenção de uma Viola é um regime de realidade que contribui para o acontecimento simbiótico entre sujeito e objeto um refazer da individuação do instrumento e da retroalimentação (BATESON, 1979) ─ da retroalimentação de um estímulo que retorna ao seu primeiro polo de radiação ─ ingrediente ativo do construtor/mantenedor.

Referências

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Carlos Eduardo Rochitte – Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (INCOR HCFMUSP), São Paulo, SP – Brasil Carlos Eduardo Suaide Silva –