• Nenhum resultado encontrado

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2023

Share "Universidade do Estado do Rio de Janeiro"

Copied!
115
0
0

Texto

O impacto negativo da imposição do português num contexto bantu multilingue e multicultural: o caso do ensino primário em Moçambique. Este capítulo apresenta o conceito de Educação e caracteriza a educação e o ensino básico em Moçambique, particularmente o ensino bilingue.

Figura 1 - Mapa de Moçambique
Figura 1 - Mapa de Moçambique

Educação formal

Portanto, aqueles que não possuíam as competências perdiam os seus direitos como cidadãos, eram excluídos e não podiam tornar-se cidadãos “assimilados”10, categoria que lhes permitia ascender socialmente. Esta situação persiste nas comunidades moçambicanas, pois quem não domina a L2 tem problemas de integração na vida social, fora da sua cultura de origem.

Caracterização do sistema de educação em Moçambique

Organização do ensino básico em Moçambique

A educação pré-escolar não faz parte integrante do ensino regular, nos termos da lei 6/92, de 6 de maio. A rede de Educação Pré-Escolar é composta por instituições públicas, privadas e comunitárias, cuja criação é iniciativa de órgãos governamentais.

Tabela 1 - Organização da estrutura curricular do Ensino Básico em Mocambique
Tabela 1 - Organização da estrutura curricular do Ensino Básico em Mocambique

Ensino bilíngue dentro da diversidade cultural

Programa de ensino bilíngue

  • Primeiro ciclo (primeira e segunda classe)
  • Segundo ciclo (terceira; quarta e quinta classes)
  • Terceiro ciclo

No quinto ano, os alunos têm de realizar um exame nacional onde os alunos seguiram um currículo cujo meio de ensino é a língua portuguesa, e isso já é esperado nesta fase. Neste ciclo, segundo o INDE 2001, a língua portuguesa é o único meio de ensino e aprendizagem, sendo esperado que os alunos já tenham um bom nível de desempenho nesta língua, bem como na L1.

Conclusão

As crianças da cidade carregam consigo uma variedade do português aprendido em casa, diferente da variedade recomendada pelas gramáticas e dicionários usados ​​na escola, o que gera dificuldades na comunicação. Daí a necessidade de mudanças na política linguística, é necessário respeitar a diversidade do português em Moçambique e garantir a expansão do ensino bilingue em todo o país, para reduzir as perdas no investimento na educação.

Línguas praticadas em Moçambique

Neste capítulo apresento, entre outros aspectos, um breve histórico das línguas faladas em Moçambique, a sua distribuição e a sua caracterização gramatical. O plural é indicado por uma mudança de prefixo na formação das palavras, um pouco diferente das línguas europeias. Estes exemplos ilustram, portanto, que as características estruturais das línguas bantu (L1 para a maioria das crianças) diferem das do português, dificultando o processo de aquisição da L2 (português) ou o processo de transição da L1 (bantu) para a L2 (português). .

Tabela 2 - Exemplificando a partir das línguas da Zona S, localizadas no sul de Moçambique
Tabela 2 - Exemplificando a partir das línguas da Zona S, localizadas no sul de Moçambique

Português – língua do estado

O estabelecimento de uma língua como língua de unidade nacional não se centra apenas na facilitação da comunicação, mas envolve também objectivos ligados a factores culturais e políticos. A escolha de uma das línguas moçambicanas como língua nacional seria uma opção arbitrária que poderia ter consequências graves [...] Fomos, portanto, obrigados a usar o português como língua de instrução e de comunicação entre nós (LOPES, 2004c , pág. 20). Portanto, após a independência, o governo decidiu manter o português como língua oficial, por ser a única língua de comunicação que existia em todo o território, e decidiu manter a mesma política de educação pública utilizando a LP como língua de instrução.

Unidade nacional e sentimento de nacionalidade

O autor nos mostra que a questão da unidade nacional e do sentido de nacionalidade são coisas que passam por constantes transformações, não há razão para considerar uma língua melhor que outras hoje, porque a identidade é uma questão cultural e não política e depende antes de tudo de o idioma. socialização praticada na sociedade. A diferença entre os falantes do português e das línguas nacionais é vista com a oficialização e prática de legitimação da língua estrangeira (português), que se mantém através da discriminação e marginalização das línguas nacionais. No passado, o colonizador utilizava esta técnica entre duas etnias (NDAU e SENA), criando intrigas, guerras, promovendo a sensação de que a língua de uma tribo era melhor que a da outra.

Língua e identidade

Segundo Woodward (2000, p. 39) “as identidades são produzidas através da marcação da diferença, portanto nossa identidade é construída a partir do reconhecimento dos outrosˮ, o que significa que a compreensão de uma identidade requer o reconhecimento da diferença, ou seja, supõe-se que para isso , pois sou eu, implica necessariamente a existência do outro. Por sua vez, Rajagopalan (1998) argumenta que a construção da identidade de um sujeito na e através da linguagem depende de a própria linguagem ser uma atividade em desenvolvimento e vice-versa; a identidade da linguagem e do indivíduo têm implicações mútuas, é aí que reside o maior problema dos alunos, porque não se identificam com esta cultura L2, esta construção de identidade linguística quase não existe, devido a esta distância entre a língua e a identidade de L1 e L2.

As políticas linguísticas de Moçambique: problemas e desafios

Para tal, os portugueses hierarquizaram as relações sociais entre os moçambicanos através de uma política de assimilação que visava aculturar linguística e culturalmente o povo de acordo com o seu modelo, sem transformá-lo em cidadãos portugueses plenos, visando a criação de um grupo de moçambicanos que servisse de base de o aparato administrativo colonial (não era suposto que possuíssem a língua nem se identificassem com ela, portanto foi uma imposição linguística e cultural). Neste contexto de cooperação entre a igreja e o regime colonial, foi publicado em Abril de 1941 o Estatuto Missionário, que deu mais poderes à Igreja Católica em Moçambique, tornando-a um aliado privilegiado do governo colonial português na gestão de toda a educação indígena. , com o objetivo, segundo Castiano e outros (2006, p. 27), “civilizar e nacionalizar os indígenas através da língua portuguesa e da compreensão gradual da doutrina e da moral cristã”. Assim, as línguas e culturas indígenas foram excluídas da convivência institucional, e o português se espalhou pelas escolas com a ajuda da Igreja Católica e posteriormente com o apoio das igrejas protestantes, que também ensinavam a língua inglesa.

Período pós-independência: 1975 até a atualidade

Mas apesar de todos os esforços, as línguas nacionais permanecem em hibernação em aplicações específicas e em determinados contextos sociais, apesar do reconhecimento da sua importância no contexto sociocultural e sociolinguístico do país. Em Moçambique, a actual Constituição da República, que foi adoptada em 16 de Novembro de 2004 e entrou em vigor em 21 de Janeiro de 2005, estipula nos artigos 9.º e 10.º, Título I, Capítulo I, que “o Estado valorizará as línguas nacionais ​​como património cultural e educativo e o seu desenvolvimento e expansão promove os costumes como línguas portadoras da nossa identidadeˮ e “na República de Moçambique, o português é a língua oficial respetivamente”. Na Lei 6/92, de 6 de Maio de 1992, que substituiu a Lei 4/83, de 4 de Março de 1983 (ambas as leis regulam o funcionamento do Sistema Nacional de Educação em Moçambique), o artigo 4.º estipula o dever de “desenvolver as línguas nacionais”. ​através da introdução gradual na educação dos cidadãos, clarificando assim a preocupação do Estado na preservação destas línguas.

Conclusão

Depois da política linguística e da parte cultural, no próximo capítulo apresento alguns aspectos da socialização desses alunos, trato da questão da alfabetização e da cultura acústica e seu impacto na educação, finalizo com o conceito de bilinguismo e concluímos falará sobre a educação bilingue relevante em Moçambique. O objetivo é explorar a questão da socialização dos alunos para ver qual o impacto da L1 no ensino básico, depois discuto a questão da alfabetização, para ver como é tratada a alfabetização relacionada à cultura acústica da maioria dos alunos e concluo com o conceito de bilinguismo e o projeto experimental relevante.

Socialização

Impacto da socialização no contexto escolar

A política linguística de Moçambique decidiu manter o português como língua de ensino, sem considerar a sociedade multicultural, o que tem um impacto negativo, porque se constata que a escola com a L2 socializa as crianças num determinado sentido, e pelas dificuldades que enfrentam levá-los na direção oposta, pois a escola não leva em conta as práticas sociais e culturais desses alunos. Nota-se que a escola não caminha em consonância com a socialização primária, pois não leva em conta o instrumento básico das relações sociais fora dela. Com esta abordagem sociológica, descobri que a escola deve reconhecer os hábitos e costumes dos seus alunos para melhor educá-los, pois a sua função é socializar, ensinar e integrar-se na vida colectiva da sociedade.

Letramento

Impacto do letramento na escolarização

Com efeito, o debate atualizado sobre os modelos de alfabetização pode ser encontrado nos escritos de Street (1984), que os chamou de modelos autônomos e ideológicos, e com base neles o autor delineou uma teoria da alfabetização como prática e produto social. Para a autora, a alfabetização é um processo que nos permite transitar conscientemente entre diferentes tipos de representação do mundo de acordo com as diferentes demandas sociais, ou seja, quando se olha para a experiência de Senna, para alcançar a alfabetização escolar é necessário começar com a alfabetização oral, os hábitos culturais dos alunos e introduzir gradativamente o que é desejado pela escola. Na prática, tem-se observado que a manutenção do português como língua de ensino tem um impacto negativo em alguns aspectos, como a falta de valorização da literacia ideológica, o que afecta o desempenho académico dos alunos.

Cultura

Obviamente, dado que a escola moçambicana reúne níveis acústicos complexos e integra nela uma população oriunda de uma sociedade diversa e heterogénea, não pode ser uma instituição unilinear e transparente. Tendo sido diferenciados e oriundos de uma sociedade diferenciada, os alunos levarão para a escola as notas e os estigmas associados a esta diferenciação social nos seus vários matizes. Este termo pode ser entendido como uma simples metáfora para indicar características de uma cultura que se baseia fundamentalmente no som, na linguagem oral, onde a escrita é muito pouco utilizada.

Bilinguismo

Ensino bilíngue: valorização; problemas e soluções

O autor levanta questões sobre a fase do ensino primário que pode melhor aplicar a alfabetização nas línguas locais moçambicanas. Segundo Lopes, a criança teria na prática acesso à aprendizagem da leitura e da escrita na sua língua materna a partir do 4.º ou 5.º ano do ensino básico. Num estudo sobre o propósito e o valor da implementação do ensino bilingue em Moçambique, Chimbutane (2009) afirma que o principal objectivo da sua utilização é facilitar a aprendizagem dos alunos após a identificação dos valores pedagógicos, socioculturais e socioeconómicos associados ao bilinguismo.

Conclusão

Na verdade, Patel (2012) afirma que há falta de vontade política, traduzida pela inércia em utilizar o processo de educação bilíngue no país. Agora, se o objectivo destes movimentos é colocar as elites emergentes no centro do poder político, isto pode explicar em parte a razão pela qual a educação bilingue em Moçambique ainda é uma experiência. Confirmando alguns autores, a falta de reconhecimento da alfabetização ligada à cultura acústica tem um impacto negativo no processo, pois os alunos não interagem na sala e não conseguem fazer qualquer discurso.

A educação preconceituosa; política e os direitos linguísticos antes de 1975

Esta educação tinha como objetivo: “civilizar e nacionalizar os indígenas da colônia através do ensino da língua portuguesa e da transformação dos costumes selvagens”. Esta desculturação teve como eixo o abandono da língua e cultura primária e a assimilação extrema da língua e cultura segunda. Originalmente, o currículo do ensino da língua portuguesa baseava-se em métodos ativos surgidos no século XIX, especialmente o método direto.

A questão do preconceito e políticas linguística pós 1975: direitos às línguas

Com este objetivo é necessário normalizar e disciplinar a prática e o uso de uma linguagem que aceitamos como nossa. Assim, existe a preocupação com a necessidade de adoção de um padrão que torne viável a uniformidade linguística. Segundo Calvet (2002), “As línguas não existem sem as pessoas que as falam, e a história de uma língua é a história de seus falantes”.

Conclusão

Organização Escolar e Panorama da Educação na Província de Moçambique” Panorama da Educação na Província de Moçambique. INDE - Departamento de Desenvolvimento Educacional, Programa de Educação Básica - Currículo do Ensino Básico 1º, 2º, 3º Ciclo Maputo: Abril, 2001. Educação Bilíngue em Moçambique, um estudo de caso, na Província de Gaza, centrado nas práticas pedagógicas no Ensino Básico.

Imagem

Figura 1 - Mapa de Moçambique
Tabela 1 - Organização da estrutura curricular do Ensino Básico em Mocambique
Tabela 2 - Exemplificando a partir das línguas da Zona S, localizadas no sul de Moçambique
Figura 2 - Mapa linguístico de Moçambique

Referências

Documentos relacionados

Inserido em um projeto que busca reconhecer a composição química de espécies de Piperaceae, visando posteriores estudos biossintéticos, neste trabalho descreve-se a ocorrência dos