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universidade estadual de santa cruz

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Academic year: 2023

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Diásporas contemporâneas: linguagens (gêneros) na resistência de refugiados internados na Universidade Salvador/Evellin Bianca Souza de Oliveira. Para realizar este estudo, lemos sobre a situação dos refugiados no Brasil e na Bahia (ACNUR, 2020; CONARE, 2020), agregando a esse conhecimento os postulados de Bauman e Hannah Arendt (2016), além de outros pesquisadores; Para lidar com a linguagem e a habitação, trabalhamos na perspectiva da linguagem como invenção proposta por Makoni e Pennycook (2015); Abordamos identidade e cultura a partir dos estudos de Hall (2006), Walsh (2009) e Bhabha (1996); Ao abordar o ensino de português para refugiados, contamos com pesquisadores que têm discutido o português como língua de acolhimento - PLAc, como Maher (2007), Diniz (2012), Bulla (2014), Lopez e Diniz (2018), além de a outros autores importantes adições à nossa discussão.

Introdução

A partir disso, se observarmos o contexto em que estamos inseridos, vemos que a Bahia tem sido destino de muitos refugiados, o que nos fez questionar como essas pessoas tiveram acesso ao aprendizado do português brasileiro em nosso país, considerando também as línguas que esses assuntos já conhecem. Nosso objetivo geral é entender como o aprendizado do português pode contribuir para a resistência dessas pessoas no país de acolhimento.

Objetivos

Objetivo geral

Objetivos específicos

Justificativa

Considerando que a maioria dos refugiados no Brasil, sírios, venezuelanos, congoleses e haitianos (CONARE, 2020), vem de países caracterizados pela colonização abrupta assim como o Brasil, podemos entender que compartilhamos características em nossa língua, cultura e epistemologias da colonialidade de o conhecimento, o poder e o ser, ou seja, a produção de saberes, os domínios econômicos, culturais, territoriais e os padrões identitários brancos e heteronormativos baseados na cultura europeia branca, tornaram-se instrumentos de controle nos países colonizados (MIGNOLO, 2017). Esperamos que esta pesquisa possa contribuir para a formação de novos professores de português para refugiados e estimular novas discussões sobre a língua no processo de resistência desses grupos.

Problema

Quais línguas esses sujeitos já dominam, se fala, escreve, escuta, lê e como influenciaram sua permanência no Brasil e a criação de significados como aprendizes de português.

Percurso Teórico

Refugiados na Contemporaneidade

39 consideram a importância dos sujeitos brasileiros e estrangeiros no processo de construção de políticas linguísticas para o ensino de PLAc. Um dos serviços que esta universidade oferece à comunidade é o ensino da língua portuguesa como língua de acolhimento. Considerações para a formação de professores no ensino do português como língua de acolhimento.

Português como língua de acolhimento e interação: a busca pela autonomia de pessoas em situação de refúgio no Brasil. O ensino do português como língua de acolhimento e seu papel como facilitador do processo de integração dos imigrantes venezuelanos em Roraima. Construindo o ensino de português como língua de acolhimento: uma análise da apostila didática Pode Entrar.

Concepção de Língua como Invenção

Contextualizando o ensino de português para estrangeiros

Neste ponto, consideraremos o ensino de português como língua de acolhimento para refugiados no Brasil a partir das discussões que foram geradas. Ancoramo-nos em pesquisadores que já se debruçam sobre o tema há algum tempo (sendo que os estudos nessa área são recentes em nosso país), como Lopez e Diniz (2018), Maher (2007), entre outros, e.g. as autoras dialogam ao pensar criticamente o ensino de português para migrantes e refugiados em crise, levando em conta as relações de poder envolvidas nesse processo, além de trazer uma perspectiva sobre a transformação do ensino, políticas linguísticas e epistemologias envolvidas no ensino português a pessoas vulneráveis. Para aprofundar o tema, apresentamos as reflexões de Almeida Filho (2011) sobre o ensino de português para falantes não nativos e analisamos sua trajetória histórica no Brasil.

Dito isto, neste trabalho iremos considerar o português como língua materna - PLAc, devido ao contexto dos alunos com quem estamos a trabalhar.

Pensando o ensino de PLAc sob a ótica da língua como invenção

Embora o âmbito jurídico legislativo tenha avançado em relação ao apoio aos refugiados, quando se trata de ensinar o PLAc, é claro que a sociedade civil através de voluntários tem se organizado no serviço humanitário de ensino de português, porém, tendo em conta os postulados que incluem o importância da transdisciplinaridade para o ensino do PLAc, entendemos que há ampla necessidade de reflexão sobre as formas de ensinar essa língua, levando em consideração as correntes ideológicas políticas que perpassam a invenção do português brasileiro, sujeito que está na posição de O professor deve lidar com as relações de poder, para que o PLc aprenda de forma emancipatória, contribuindo para a crítica dos sujeitos educandos. Podemos pensar na questão dos refugiados utilizando a língua portuguesa com todas as suas limitações, visto que não é fácil encontrar entidades que ofereçam aulas gratuitas de português como língua de acolhimento para essas pessoas, e o português com árabe, congolês, venezuelano, haitiano tornam-se a forma como esses sujeitos refugiados adquirem essa nova linguagem. Autores como Diniz (2012), Cursino e Ruano (2019), Maher (2007), Bizon e Camargo (2018), Pereira (2018) chamam a atenção para a necessidade de políticas linguísticas que garantam aos refugiados e migrantes em crise o direito de aprender o português , bem como trazer instruções para aprender PLc.

Portanto, entendemos que os autores acima se coadunam com a ideia de refletir sobre as finalidades do ensino de português para pessoas em situação de vulnerabilidade, refletindo sobre o português indo além de seu uso para integrar socioeconomicamente, mas capaz de trabalhar na consciência que o sujeito tem sobre si, atente para as posições e relações de poder que o professor nacional e o refugiado/migrante estrangeiro têm.

Cultura, interculturalidade, transculturalidade e

Corroborando com o autor supracitado, Sá (2018) nos lembra que não somos sujeitos monoculturais, embora por muito tempo esse pensamento tenha sido difundido entre nós, os encontros e as relações mútuas nos permitem pensar que estamos em uma rede construída a partir do eu e o outro, porém, o signo identitário que a cultura do território nos traz, como apontam Nascimento e Ribeiro (2021), muitas vezes pode trazer a ideia de separação, incentivando práticas xenófobas. Portanto, a ideia de intercultura põe em questão a colonialidade do conhecimento que tem dominado a produção de conhecimento em todo o mundo. Dessa forma, Walsh (2007) nos convida a buscar uma visão ainda mais ampla da interculturalidade, trazendo a ideia de interculturalidade crítica que enfatiza a necessidade de questionar as ideias hegemônicas trazidas pelo colonizador, bem como a noção de poder e a colonialidade do saber e do ser, além de refletir sobre a própria ideia de “intercultura” quando esta se baseia em ideais dominantes.

Ao relacionarmos o tema ensino-aprendizagem de PLAc com as perspectivas da interculturalidade e transculturalidade críticas, identificamos que aprender uma nova língua deve levar em consideração a cultura.

Metodologia

Pesquisa qualitativa crítica

52 Além disso, a pesquisa qualitativa crítica busca entender a si mesma como uma prática que trabalha com as pessoas para conscientizá-las criticamente, em vez de simplesmente descrever a realidade social. A pesquisa qualitativa crítica é baseada na ideia de consciência, onde não basta pesquisar algo, mas o próprio ato de pesquisar deve ser analisado em seu processo de criação de consciência social. Portanto, podemos entender que a pesquisa qualitativa inclui aspectos que estão implícitos na fala dos entrevistados, relações identitárias, contexto social e considerações sobre diferentes formas de perceber o mundo devem ser considerados nesse processo.

Goes et al (2017) afirmam ao abordar a pesquisa qualitativa crítica que “a pesquisa qualitativa crítica não busca apenas descrever a realidade social; ela também, como projeto, tem consciência e exposição de modos de conhecer e julgar o conhecimento discursivo”. (p.85) Portanto, podemos entender que essa abordagem não é observar, analisar e derivar, mas buscar implementar transformações sociais.

Caminhos Percorridos

Ao apresentar as falas dos sujeitos deste estudo, utilizaremos nomes fictícios conforme acordado com os participantes por meio do TCLE. Apoiamo-nos, assim, em Signorini (1998, APUD Meireles, 2012) que argumenta que o sujeito pode ser visto como: a partir da multiplicidade heterogênea e polifônica de códigos e narrativas sociais a que está exposto e, assim, a partir de um processo identitário que forma um jogo polifônico , em que múltiplas vozes e dizeres questionam, sustentam e/ou rompem identidades. Trata-se, portanto, de um sujeito construído no/pelo entrelaçamento de múltiplas e heterogêneas formas de linguagem (MEIRELES, 2012, p.07).

9 A Plataforma Brasil é um banco de dados nacional e unificado de dados de pesquisas envolvendo seres humanos para todo o sistema CEP/CONEP.

Refugiados na Universidade Salvador – UNIFACS

O lugar da Bahia no cenário das diásporas contemporâneas

Tal informação também permite inferir que essas pessoas pretendem permanecer no Brasil e, por meio da língua, buscam uma forma de se fixar no novo país onde se encontram. Quando perguntados se conseguiam se comunicar no Brasil usando um idioma diferente do português, a maioria desses refugiados disse que não. Os sujeitos deste estudo também foram questionados sobre a possibilidade de se comunicar no Brasil em outro idioma enquanto aprendem o português brasileiro.

Esta pesquisa reforça o que já foi elencado por outros pesquisadores da área, sociedade civil, ONGs e universidades, que têm atuado por meio de voluntários no ensino de PLAc para refugiados no Brasil. Esperamos que esta pesquisa possa contribuir para novas abordagens no ensino do PLAc e que possa ser uma forma de fortalecer as vozes dos refugiados no Brasil por meio das falas dos entrevistados deste estudo. Multiletramentos e o segundo espaço no ensino e aprendizagem de PLAc: da teoria à prática In: (orgs.) FERREIRA, L.C.; GUALDA, C.P.R.; LEURQUIN, E.V.L.F. Língua anfitriã: experiências no Brasil e no mundo.

Figura 1: Nome e proposta do curso de PLAc da UNIFACS  Fonte: unifacs.br
Figura 1: Nome e proposta do curso de PLAc da UNIFACS Fonte: unifacs.br

UNIFACS e o ensino de PLAc

Refugiados na UNIFACS – quem são os sujeitos desta pesquisa?

Através do envio do questionário online à Professora Rafaela Ludolf, obtivemos os seguintes dados sobre os participantes desta investigação, alunos do curso de português para migrantes e refugiados: Um total de 16 participantes de diferentes nacionalidades, idades, línguas e assim culturas diferentes . 66 Com base nas informações do questionário, observamos que a maioria dos refugiados entrevistados neste estudo são mulheres. Continuando a exposição das questões objetivas, observamos através do gráfico retirado diretamente do relato das respostas feitas pelo formulário google que a maioria dos participantes desta pesquisa tem mais de 30 anos (10 pessoas), e a menor parte (6 pessoas) distribui-se entre os alunos dos 18 aos 25 anos.

A maioria dos refugiados participantes desta pesquisa (11) não tem emprego, e essas pessoas geralmente têm mais de 30 anos e possuem ensino superior.

Analisando suas falas

Escolho morar no Brasil para ter uma vida melhor e conhecer lugares diferentes que me ajudem a pensar com mais criatividade." (Sião, Togo). A maioria dos refugiados que associam o Brasil a oportunidades são venezuelanos, com apenas um africano, de origem togolesa, que acredita que a qualidade de vida no Brasil é melhor. Nas falas acima, é possível perceber o quanto o fator familiar e a compreensão da abordagem são importantes para o refugiado que está no Brasil.

74 Almeida (2019), falando sobre o racismo estrutural presente no Brasil, afirma que ele ocorre consciente e inconscientemente, gerando vantagens e desvantagens para grupos determinados pela cor.

As línguas(gens) na resistência de refugiados inseridos na

Voltamos a repetir que, num país com mais de 200 línguas, a cultura monolingue, enquanto cultura nacional, impera de tal forma que o desconhecimento do português pode significar dificuldades ou mesmo um obstáculo à comunicação. Ninguém luta contra forças que não compreende, e a realidade não pode ser modificada a menos que se descubra que ela é modificável e que é possível fazê-lo. Por outro lado, deparamo-nos com incertezas, devido às afirmações acima referidas, alguns dos inquiridos indicam não ter reações completas quando comunicam em português, pois utilizam os termos “acho que sim”, “acho que não ." e "mais ou menos".

84 Os portugueses ainda têm dificuldade em expressar e exercer os seus direitos como refugiados e em comunicar em línguas que não o português.

Algumas Considerações

85 Dessa forma, respondendo ao nosso objetivo geral, que é, "entender como aprender português pode contribuir para a resistência dessas pessoas no país de acolhimento", chegamos à conclusão de que, ao observarmos as falas dos entrevistados, aprender O português é um fator decisivo para que esse sujeito consiga a integração no Brasil, a independência socioeconômica, além de poder ingressar no ensino superior, como muitos deles almejam. A maioria dos refugiados diz querer encontrar um emprego e/ou para seguir um curso universitário, observou-se que alguns gostariam muito de conseguir um emprego na sua área de formação, enquanto outros pretendem seguir/outro curso superior no Brasil. Amplie essas ideias e ajude a formar professores de PLAc que caminhem em um ambiente crítico e transcultural em perspectivas interculturais.

impresso), v. Pesquisa qualitativa crítica: conceitos básicos. http://www.ufrgs.br/edu_realidade. Https://Www.Acnur.Org/Portuguese Government-And-Acnur-Lancam-Relatorio- Refugio-Em-Numeros-E-Plataforma-Interativa-Sobre-Reconhecimento-Da-Condicao-De-Refugiado-No-Brasil/. Subsídios para a formulação de políticas. 2019).

Apêndices

Imagem

Figura 1: Nome e proposta do curso de PLAc da UNIFACS  Fonte: unifacs.br

Referências

Documentos relacionados

Em segundo lugar, porque, em países como o Brasil, Angola ou Moçambique, a língua portuguesa constitui insofismavelmente o mais forte cimento da unidade nacional - pôr