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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

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Academic year: 2023

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Monografia apresentada ao Departamento de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para conclusão do curso de bacharelado em história. Notou-se que nas três ocasiões a Folha da Tarde Esportiva – mais tarde Folha Esportiva – enfatizou a necessidade de uma “afirmação nacional” do futebol no Rio Grande do Sul. Reclamações sobre “danos” aos seus clubes de futebol, tanto em disputas contra clubes de outros estados quanto em recursos da Seleção Brasileira.

O futebol no Rio Grande do Sul começou e se desenvolveu independentemente de São Paulo ou do Rio de Janeiro. A grande distância dos principais centros do país fez com que os clubes gaúchos jogassem mais entre si ou contra adversários argentinos e uruguaios (devido à proximidade geográfica) do que contra clubes paulistas ou cariocas. Porém, dois grandes clubes gaúchos (Grêmio e Internacional) e um paranaense (Ferroviário) também foram incluídos na primeira edição do "Robertão" (conforme o torneio se popularizou) em 1967.

A primeira edição foi vencida pelo Atlético Mineiro, o que trouxe mais uma conquista a nível nacional para Minas Gerais - aumentando assim a sua vantagem sobre o Rio Grande do Sul. No caso do Rio Grande do Sul, a liderança em termos nacionais coube a Correia do Povo por vários anos.

Futebol, civilização e identidade coletiva

O facto de ser um desporto colectivo também contribuiu para a importância do futebol como símbolo de identidade nacional. No Brasil, o processo de difusão do futebol ocorreu de forma diferente da Argentina e do Uruguai. O ano de 1894 marca o início da “história oficial” do futebol no Brasil, com a chegada de Charles Miller, que retornou da Inglaterra e trouxe o esporte para o país.

Conhecido e praticado na Argentina e no Uruguai antes de sua chegada ao Brasil, o futebol provavelmente já era praticado próximo à fronteira sul brasileira, tanto antes da chegada de Charles Miller ao Brasil, quanto da fundação do Sport Club Rio Grande, em 19 de julho de 1900. data considerada o início oficial da difusão do futebol no Rio Grande do Sul. A partir das viagens do Sport Club Rio Grande pelo Rio Grande do Sul, o futebol se espalharia pelo estado - como já dito, primeiro pela fronteira sul, antes da capital - com o surgimento de novos clubes dedicados à prática do futebol. Clubes de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e outros estados estavam mais interessados ​​em disputar a "ampliação Rio-São Paulo", que ficaria conhecida como "Robertão": por terem sido convidados para o torneio, o reconhecimento da "elite " significa. do futebol nacional, bastava a participação no "Robertão" para dar prestígio nacional a um clube.

O sentimento de inferioridade brasileira foi superado pela primeira vez com a vitória na Copa do Mundo de 1958, na Suécia. O uso do futebol pela ditadura não se limitaria ao relacionamento do governo com a seleção brasileira.

As especificidades do “futebol gaúcho”

As guerras da platina das décadas de 1850 e 1860 permitiram a penetração de pecuaristas e pecuaristas do Rio Grande do Sul no território uruguaio desorganizado por conflitos – época em que as charqueadas das Campanhas atingiram seu auge e o eixo Rio Grande-Pelotas começou a ultrapassar a capital Porto. Alegre em importância econômica e até demográfica45. Com a insegurança da malha ferroviária gaúcha e a expansão da malha uruguaia, os pecuaristas da fronteira passaram a utilizar ainda mais o porto de Montevidéu, ao invés do de Rio Grande, para exportar sua produção, expandindo-se. conexões com prata. Se os trens transportavam produtos para exportação através de Montevidéu, também transportavam produtos industrializados ingleses e, claro, pessoas para o interior – até mesmo para o sul do Rio Grande do Sul.

Além da influência platina, outra peculiaridade do futebol gaúcho é o fato de muitos clubes de futebol não terem sido fundados por ingleses, mas sim por alemães – exemplo do próprio Rio Grande do Sul. E a revolução de Farroupilha seria, paradoxalmente, uma excelente prova do sentimento de pertencimento dos Gavços ao Brasil: embora estivesse ligada à secessão do Rio Grande e à longa luta “contra o Brasil”, não era o objetivo principal dos rebeldes e Além disso, o Rio Grande decidiria, com o acordo de paz, que o “Brasil” seria48. Porém, no futebol gaúcho, a influência europeia – principalmente dos alemães – não poderia ser ignorada, pois foram eles os fundadores da maioria dos clubes que se destacaram.

Enquanto o negro em outros estados brasileiros, como a Bahia, aparece como um dos criadores de identidade, no Rio Grande do Sul sua imagem é relegada a segundo plano. Tal liga existiria até meados da década de 1920 – infelizmente, não há registros exatos do momento em que a Liga Nacional de Futebol se desfez. Mesmo depois de aceitos como jogadores, os negros ainda eram vistos com muita desconfiança pelos clubes de elite do Rio Grande do Sul.

Muitas vezes, o Grêmio precisou até utilizar jogadores de fora do Rio Grande do Sul - argentinos e uruguaios, além de outros estados brasileiros, enquanto o Internacional continuava vencendo com jogadores "locais". Como lembra Guazzelli, o modelo de jogo correspondente à imagem dada ao futebol gaúcho, “pelo menos até o final da década de 60, era o do Grêmio”58. A "tradição" só foi quebrada quando o Departamento de Futebol do Internacional passou a ser comandado por um grupo de dirigentes apelidados de "Mandarins do Colorado", que pregavam a adoção do "estilo Grêmio", em nome da retomada das vitórias.

Mas antes já se falava em um “estilo de jogo diferente” no Rio Grande do Sul, em relação ao Brasil. Provavelmente foi o relativo isolamento futebolístico do Rio Grande do Sul em relação ao centro do país – São Paulo e Rio de Janeiro – o responsável pela difusão da ideia de que o futebol praticado no estado é diferente daquele praticado no Rio. -Eixo São Paulo. . Uma resposta de Damo a essas perguntas poderia muito bem dizer que não existe um “estilo brasileiro” de jogar futebol.

O futebol “gaúcho” nas páginas da Folha Esportiva (1967-1972)

Chama a atenção que Amaro Júnior fala em recolocar o Rio Grande do Sul na posição que sempre pertenceu. Alguns rendimentos do Rio Grande do Sul, e a nossa tradição esportiva (dois pan-americanos viram o que valemos), também avisaram que não somos esquecidos. O fato é um só: o Rio Grande do Sul pode provar neste torneio que é a segunda ou até a primeira força técnica do futebol no país.

A vitória do Grêmio sobre o Cruzeiro por 1 a 0, no Olímpico, no dia 7 de maio, teve um significado especial para o futebol gaúcho. Afinal, os melhores jogadores do Rio Grande do Sul deixaram de ser “invisíveis” para o centro do país, o que antes acontecia devido ao relativo isolamento do futebol no estado, dada a distância. O Brasil “uniu-se” em torno da Seleção – e com Everaldo ficou claro que o Rio Grande do Sul fazia parte dessa “união nacional”.

A imprensa gaúcha criticou a convocação de Zagalo e principalmente as ameaças de grandes perdas financeiras com as partidas. O desejo de “confirmação nacional” do futebol gaúcho reflete a identidade própria do Rio Grande do Sul, cujo símbolo maior, o gaúcho, também é considerado “um modelo de brasilidade”. Porém, com o processo de industrialização no Brasil iniciado por Vargas, diz-se que o Rio Grande do Sul.

O governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, apelou à população para resistir ao golpe que estava em curso. Então, “os gaúchos salvaram o Brasil” – ideia ilusória, pois não foi só o Rio Grande do Sul que teve movimentos de resistência. Robertão”, a ideia de “afirmação” do Rio Grande do Sul dominou os espaços de opinião – editoriais e colunas sobre futebol – da Folha da Tarde Esportiva.

Por mais contraditório que pareça, podemos dizer que o futebol gaúcho foi integrado ao cenário nacional ao final do período estudado. O jogo “em retaliação” a Everaldo também foi uma resposta à pouca consideração que seria dada ao Rio Grande do Sul. Embora se diga geralmente que sua difusão no país começou com a chegada de Charles Miller, ao Rio Grande do Sul.

A ampliação do torneio Roberto Gomes Pedrosa deu ao futebol gaúcho, representado pelos principais clubes, Grêmio e Internacional, a possibilidade de “afirmação nacional”. Mas a partida foi para o Rio Grande do Sul, estado menos brasileiro das unidades da federação. 161 O colunista Hiltor Mombach, do jornal Correio do Povo, afirma que o atual regulamento do campeonato brasileiro é prejudicial aos clubes gaúchos.

A bola nas redes e a trama do lugar: rumo a uma geografia do futebol e sua chegada ao Rio Grande do Sul.

Referências

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Destacam-se, no Sudeste, os estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro e, no Sul, o estado do Paraná e a capital Curitiba, em grande parte, devido à atuação das