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O USO DA PESQUISA-AÇÃO COMO INSTRUMENTO DE FORMAÇÃO E PARTICIPAÇÃO COLETIVA NO ASSENTAMENTO VILA SANTA LUCIA/MARANHÃO

RESUMO: O presente artigo tem por objetivo apresentar as fases da pesquisa-ação no método de ensino, pesquisa e extensão rural em um assentamento de reforma agrária, organizado pelo MST no estado do Maranhão. No contexto atual de retrocessos no âmbito da democracia, da liberdade e do dialogo, a educação popular nos espaços de pesquisa acadêmica se firma enquanto transformadora, valorizando a troca de conhecimento e saberes, proporcionando o exercício da integração da teoria com a prática, de forma compartilhada e contundente. A metodologia participativa torna-se fundamental para o processo de aprendizagem e adequação à realidade e demanda dos grupos envolvidos.

Palavras-chave: Pesquisa-ação. Educação Popular. Reforma Agrária. MST. Maranhão.

This article presents the phases of research action in the method of teaching, research and rural extension in an agrarian reform settlement, organized by the MST, in the state of Maranhão. In the current context of setbacks in the area of democracy, freedom and dialogue, popular education in the areas of academic research is transformed, valuing the exchange of knowledge and knowledge, providing the practice of integrating theory with practice, in a way shared and forceful.

Thus, the application of a participative methodology becomes fundamental for the learning process and adaptation to the reality and demand of the groups researched.

Keywords: Research-action. Popular Education. Land reform.

MST. Maranhão.

1 INTRODUÇÃO

A origem da pesquisa-ação no Brasil está vinculada à proposta de trabalho de educação de adultos organizada por Paulo Freire, no conceito de educação libertadora, tendo o sociólogo brasileiro João Bosco Pinto como um dos precursores desta metodologia em comunidades rurais (BALDISSERA, 2001; PINTO, 2014).

Para Thiollent (2011, p. 20) a pesquisa-ação é “um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes

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representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo e participativo”.

Segundo Santos, Costa e Trevisan (2004, p. 3-4) “a pesquisa-ação surgiu como crítica às formas tradicionais de pesquisas, na qual predominava a neutralidade e a objetividade, como também o distanciamento do sujeito com o objeto”.

Para Pinto (2014), esta concepção de neutralidade, é complexa, em razão do sujeito pesquisador ou pesquisadora ser também parte do objeto pesquisado. Logo, o investigador é produto histórico, que participa junto com os sujeitos da pesquisa, tanto de uma cultura e uma linguagem, quanto de uma posição objetiva de classe. Em outras palavras, o pesquisador se insere no meio, motivado por interesses pessoais e profissionais, um alinhando ao outro, toda e qualquer decisão ali empenhada, se fundamenta na sua ideologia, construída a partir de seus valores e crenças pré-estabelecidas, não sendo assim, possível partir de uma neutralidade.

De acordo com Ribeiro (2018) na sociedade atual o debate da neutralidade na educação tem retomado com maior ênfase, a partir de uma intensa polarização política e ideológica disseminada nas redes sociais e na vida cotidiana do ambiente escolar. Tais discursos têm ganhado força na base governamental, sendo uma das bandeiras defendidas pelo presidente da República eleito, Jair Bolsonaro.

Isso tem fortalecido movimentos e grupos que defendem a neutralidade, caso do Movimento Escola Sem Partido, que embora tenha sido arquivado o Projeto de Lei nº 7180/2014; o ano de 2019 retoma numa nova versão (PL 246/2019) com maior rigor. Na concepção de Frigotto (2016) este Movimento representa um método de imposição da mordaça aos educadores, transformando-os em meros entregadores dos conhecimentos.

Desse modo, esse panorama remete-se ao um processo de retrocessos à liberdade, dialogo e democracia ao ensino nas escolas públicas, particulares e universitárias. Em que reduz o método de Educação Libertadora idealizada por Paulo Freire em ato sectário de meramente doutrinar ou na doutrinação de esquerda (RIBEIRO, 2018).

Em contraposição a tais discursos, no âmbito de uma pesquisa aplicada de mestrado profissional este artigo apresentada as fases da pesquisa-ação percorridas ao longo do desenvolvimento do trabalho acadêmico intitulado “Cultura Organizacional autogestionária aplicada à dinâmica da comercialização da „Associação Unidos Venceremos no estado do Maranhão‟” enquanto proposta pedagógica do ensino, pesquisa e extensão rural.

Segundo Santos, Costa e Trevisan (2004) em qualquer âmbito de atuação, especialmente junto aos movimentos sociais, a pesquisa-ação é um instrumento de

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pesquisa que exige interrogação constante a respeito da realidade, dos elementos estruturais e conjunturais que se confrontam e como se expressam nas lutas sociais na defesa e garantia dos seus direitos.

E é justamente nesta visão que este artigo apresenta a pesquisa-ação desenvolvida no Assentamento 28 de Agosto, estado do Maranhão, buscando problematizar coletivamente as situações vivenciadas, no intuito de transformar a realidade, ao invés de uma posição objetiva e neutra, se restringindo a uma relação de coleta de informações academicista enquanto objeto de estudo.

2 ASSENTAMENTO 28 DE AGOSTO: SITUANDO OS SUJEITOS DA PESQUISA

O Assentamento Vila Santa Lúcia, mais conhecido popularmente como Assentamento 28 de Agosto, representa um dos inúmeros assentamentos de reforma agrária organizados pelo MST de luta pela terra. Distante 14 km do município Governador Newton Bello e cerca de 280 km da capital São Luís - MA, está situado na Mesorregião do Oeste Maranhense e na Região de Planejamento do Estado no Alto Turi (IMESC, 2015).

Em 1996 o Assentamento 28 de Agosto conquistou a desapropriação da área, após um intenso processo de luta por parte das famílias, iniciado com a ocupação no dia 28 de agosto de 1993. A região de Alto Turi se caracterizava por grandes conflitos de terras gerados em torno dos projetos de colonização empreendidos pelo Governo Federal na década de 1970, envolvendo apropriação de terras devolutas por fazendeiros e pecuaristas dessa região.

De acordo com Silva et al (2018) nos territórios conquistados (assentamentos) ou em disputa (acampamentos), as famílias vinculadas ao MST não se limitam a procurar respostas primárias de sobrevivência à miséria do que na maioria dos casos decorrem. Na perspectiva de uma posição critica e reflexiva sobre a realidade, assim questionam o avanço das relações capitalistas no campo e seus principais impactos as vidas humanas e a natureza, buscando alternativas concretas em forma de escolas, cooperativas, associações de diversa natureza ou produção com matriz agroecológica.

Neste sentido, a reforma agrária constitui um mecanismo político para a ruptura com o atual modelo de desenvolvimento excludente, concentrador de terra e renda. De maneira que é um instrumento primordial para promover o desenvolvimento democrático da

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agricultura e o resgate da cidadania para milhões de trabalhadores e trabalhadoras que, expulsos da terra, se viram excluídos do processo produtivo (SANTOS, 2001).

Importante mencionar que todas as famílias do assentamento fazem parte da Associação Unidos Venceremos dos Pequenos Produtores Rurais do Assentamento Vila Santa Lucia, totalizando 40 famílias associadas1 e cadastradas pelo Instituto de Colonização e Terra do Maranhão (ITERMA), órgão responsável pela desapropriação da área.

Diante do papel fundamental no processo de organização produtiva e coletiva que essa Associação exerce entre as famílias assentadas optou-se em aprofundar análise organizacional através da metodologia de pesquisa-ação, na qual finalizou com a elaboração de um Plano de Comercialização em conjuntos com os sujeitos da pesquisa.

A Associação Unidos Venceremos foi constituída em 26 de fevereiro de 1997, pela necessidade de acesso as políticas públicas de créditos e infraestrutura para o assentamento. Tal objetivo corrobora com o desenvolvimento da aplicação da política pública de reforma agrária defendida pelo MST vai além da luta pela terra, abrange os aspectos estruturais da reprodução da vida social, como educação, moradia, saúde e infraestrutura, buscando qualidade nos serviços e políticas públicas às famílias assentadas (MST, 2014). O que também confirma Santos (2001, p. 228), quando apresenta a reforma agrária na perspectiva da democratização da propriedade da terra, onde

[...] impulsiona a democratização do poder político, econômico e social. Promove a geração de emprego e ocupações produtivas para todo um segmento sem alternativas de inserção social e produtiva, a eqüidade, sustentabilidade ambiental, e o desenvolvimento das comunidades envolvidas, processos essenciais para o fortalecimento da agricultura familiar e a construção de alternativas de desenvolvimento para o Brasil.

Eid, Scopinho e Pimentel (1998) afirmam que a reforma agrária defendida pelo MST não se resume apenas à distribuição de terras, mas se baseia na redistribuição da renda, do poder e de direitos. Para os autores, é necessário criar condições concretas para que esses sujeitos possam produzir com eficiência, dispondo de assistência técnica e mecanismos favoráveis de comercialização de seus produtos.

Assim o MST parte enquanto bandeira de luta da necessidade principal de buscar condições de vida que proporcionem a permanência das famílias no campo

Portanto, de acordo com Santos, Costa e Trevisan (2004) a pesquisa-ação constrói a partir de uma perspectiva de transformação social, pois busca fazer com que, após o seu desenvolvimento e execução, promova mudanças nos sujeitos da pesquisa, minimizando

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possíveis desigualdades sociais entre pesquisador e pesquisados. Esse percurso foi organizado em quatro fases, que será destrinchado na próxima seção.

3 CAMINHOS DA PESQUISA-AÇÃO: ENTRE TEORIA E PRÁTICA NA CONSTRUÇÃO DO MÉTODO COMPARTILHADO DE CONHECIMENTO

Tripp (2005) ressalta que a pesquisa-ação se configura num ciclo no qual se aperfeiçoa a prática pelo movimento sistemático entre a teoria e prática. Para isso, é necessário planejar-se, descrever-se, implementar-se e avaliar-se uma mudança para o desenvolvimento da ação, o que permite maior aprendizagem durante o processo, seja a respeito da prática seja da própria investigação.

Em suma o processo de desenvolvimento da pesquisa-ação não segue uma sequencia cronológica, não se tem uma estrutura linear, o que permite certa flexibilidade nos percursos da aplicação da pesquisa. Autores como Thiollent (2011); Betanho (2008) e Dionne (2007) recomendam essencialmente quatro fases: (1) A Pesquisa Exploratória identifica os problemas, os sujeitos, as possibilidades e capacidades de ação, através de um diagnóstico interativo; (2) A Fase Principal utiliza instrumentos de coleta de dados para análise da situação em estudo, em que serão debatidos e compreendidos pelos participantes; (3) A Ação apresenta resultados, define os objetivos viáveis através de ações concretas e proposições combinadas entre as partes; e (4) na Avaliação, cabe observar, redirecionar e resgatar o conhecimento produzido ao longo do processo.

3.1 Primeira fase: pesquisa exploratória

A pesquisa exploratória iniciou-se a partir do primeiro contato entre a pesquisadora e os sujeitos da pesquisa, que aconteceu no Assentamento 28 de agosto, inicialmente através do diagnóstico participativo, em março de 2017, no intuito de para identificar os principais problemas e demandas dos envolvidos. Este procedimento inicial reafirma o efetivo desenvolvimento da pesquisa-ação, conforme Thiollent e Silva (2007, p. 96) expressam.

O projeto de pesquisa-ação não impõe uma ação transformadora aos grupos de modo predefinido. A ação ocorre somente se for do interesse dos grupos e concretamente elaborada e praticada por eles. O papel dos pesquisadores é modesto: apenas acompanhar, estimular certos aspectos da mudança decidida pelos grupos interessados. Se esses grupos não estiveram em condição de desencadear as ações, os pesquisadores não podem substituí-

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los; só procurarão entender por que tal situação ocorre. De modo geral, deve- se abandonar a ideia de mudar unilateralmente os comportamentos dos outros. São os próprios atores que decidem se querem ou não mudar.

De fato, este é o papel do pesquisador que se propõe a realizar uma pesquisa se utilizando da metodologia da pesquisa-ação, não se deve impor nenhum conceito ou ideia preestabelecida.

Nesta fase, foi necessário realizar uma revisão bibliográfica dos assuntos centrais da pesquisa; também uma pesquisa documental, analisando registros de atas e do estatuto da associação.

Ainda dentro da pesquisa exploratória, iniciou-se o processo de formação com as famílias associadas com foco no desenvolvimento da pesquisa aplicada, tendo como agente financiador a Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico no Maranhão2 (FAPEMA).

Segundo Betanho (2008) a fase da pesquisa de diagnóstico do tipo interativo, refere-se ao processo de aprendizagem dos participantes. Trata-se de reunir as pessoas e as competências que são necessárias para buscar soluções ou propostas viáveis, em que de maneira interativa troca informações necessárias para melhor conhecimento do problema em estudo.

Portanto, trata-se de um processo de formação, por meio da construção coletiva do plano de ensino, materializados em momentos de interação compartilhada, sugestões e acordos entre a pesquisadora facilitadora e a coordenação do assentamento, sendo dividido em duas etapas. A primeira aconteceu em abril de 2018, com a realização da Oficina sobre Comercialização na Agricultura Familiar Camponesa e a segunda em junho de 2018, com o Curso sobre associativismo e cooperativismo.

Os momentos de formação estingaram-se a preocupação com uma linguagem e metodologias-pedagógicas participativas a partir de instrumentos da educação popular que melhor se adequava a realidade e necessidade do grupo, de forma que resultou de subsídios para a elaboração do Plano de Comercialização na perspectiva de construção de conhecimento coletivo e compartilhado, valorizando os saberes e vivências locais.

3.2 Segunda fase: Principal

2A pesquisadora passou por um processo de seleção do Edital nº 45/2017 – Mestrado no País, sendo contemplada com uma bolsa de estudo, compreendendo o período de março de 2018 a agosto de 2018.

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A pesquisa principal ou aprofundada representa o momento de construção das hipóteses de soluções, bem como, utiliza-se de técnicas de coleta de dados, como questionários e entrevistas, enquanto instrumentos auxiliar (THIOLLENT, 2011).

Quanto à coleta de dados, Franco (2005, p. 499) considera que na pesquisa-ação

“o processo reflexivo de coletar dados, registrá-los coletivamente, discuti-los e contextualizá- los, já se está caminhando para a construção de saberes e para seu compartilhamento, num processo único, dinâmico, transformador dos participantes e das condições existenciais”.

Adotou-se, conforme orientação de Pinto (2014), a utilização do diário de campo, que serviu para anotar as informações, observações e reflexões para a sistematização da pesquisa de campo e ainda se recorreu a gravações de áudio e registros fotográficos, iniciados em agosto de 2017 e finalizados em junho de 2018.

Neste período realizou-se na pesquisa de campo a observação participante, no acompanhamento das atividades das famílias na horta coletiva, diálogos informais, participação em reuniões do Setor de Produção e Assembleia Geral e visita à feira do município Governador Newton Bello.

Para o planejamento do Plano de Comercialização, a pesquisadora convidou alguns profissionais para compor um grupo de estudo, num total de seis membros, constituindo-se uma equipe multidisciplinar, seguindo a lógica da concepção de Pinto (2017) para a melhor implementação da pesquisa-ação. Ainda compuseram a equipe dois associados do empreendimento. O critério deteve-se pela referência e acessibilidade aos canais de comunicação, pois em virtude da distância geográfica, o primeiro momento das discussões foi socializado por meios virtuais aos mesmos.

No que tange à construção do Plano de Comercialização, primeiramente foram apresentados os resultados da pesquisa à equipe, que dedicou-se aos debates e discussões para melhor definição das soluções viáveis diante da realidade exposta. Em suma, realizaram-se dois encontros presenciais para elaboração do Plano de Comercialização, além de sugestões e considerações por meio virtuais, utilizando um grupo WhatsApp. O primeiro consistiu na divulgação dos resultados dos dados da pesquisa, no debate e formulação de hipóteses.

Em seguida, através de momentos virtuais, foram construídas “chuvas de ideias”, situando alguns elementos prioritários. Por conseguinte, no segundo encontro foram definidas as ações, os sujeitos e atores envolvidos, estabelecendo prazos e formas de acompanhamento e avaliação.

Desse modo, tais mobilizações e estudos resultaram-se no Plano de Comercialização para ser aplicado na Associação, ainda dentro de uma proposta piloto.

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3.3 Terceira e quarta fase: ação e avaliação

A fase de ação, que ainda está em construção, pois ainda não foi possível executar Espera-se que sejam implantados as propostas construída e compactuada ao longo da pesquisa. No contexto do empreendimento em análise, almeja-se o fortalecimento dos processos de trabalhos autogestionários no interior da entidade, reduzindo conflitos e gargalos, e, assim, que a Associação Unidos Venceremos tenha futuramente maior capacidade de resistência e autonomia diante da instabilidade econômica e política.

Quanto a fase de avaliação trabalha na análise conjunta dos resultados da pesquisa e da ação, tendo como objetivo verificar os resultados das ações realizadas, em que confrontam-se os objetivos propostos na fase principal com as ações desenvolvidas na terceira fase (ação). Esse procedimento permite observar obstáculos, desafios e corrigir erros encontrados na implementação do projeto piloto, servindo de análise e reflexão para o conjunto dos sujeitos envolvidos no processo (QUEIROZ et al., 2012). O que se constitui um projeto replicável para outros empreendimentos coletivos, sob a perspectiva da tecnologia social.

Queiroz et al (2012) citam alguns instrumentos utilizados para avaliar conjuntamente, como roteiro direcionado, seminários, reuniões e o método de observação.

Dentro desta concepção, e compreendendo que as fases da pesquisa-ação não seguem um caminho linear, tem-se realizado reuniões, contatos virtuais e visitas de campo para o acompanhamento e avaliação permanente das ações para o fortalecimento da cultura organizacional autogestionária nos processos de comercialização e expansão da divulgação dos produtos comercializados do empreendimento.

4 CONCLUSÃO

A partir do método de educação popular materializado nas fases da pesquisa-ação, dentre os quais os momentos de formação, formulações de hipóteses, proposição de mudanças e sugestões coletivas e individuais emergiram na tentativa de superar as dificuldades, inicialmente apontadas pelos sujeitos da pesquisa, numa perspectiva de produção do conhecimento compartilhado e coletivo.

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Entende-se que as fases desta pesquisa ainda apresenta continuidade, no âmbito da ação e avaliação. Porém, este artigo valeu da proposta de apresentar uma experiência de pesquisa-ação aplicada as famílias oriundas reforma agrária organizada pelo MST, enquanto método de pesquisa de extensão rural sob o método participativo e reflexo.

O MST trabalha a educação numa perspectiva de transformação e reflexão critica da realidade, tendo como inspiração a proposta metodológica de Paulo Freire. E assim, tem- se aproximado das universidades para construção de proposta de educação articulada, favorecendo o exercício da teoria e prática, nas diversas áreas do conhecimento cientifico que a pluralidade no campo abrange.

Neste sentido, o dialogo e a interação entre as partes envolvidas, rompe com educação apenas enquanto transferência de conhecimento, mas parte da perspectiva do dialogo, valorizando o conhecimento popular, na subjetividade dos saberes e experiências locais, construída para o e com grupo.

Portanto, durante o desenvolvimento da pesquisa-ação buscou-se ouvir os sujeitos do processo, num dialogo democrático e participativo, se resguardando da pressa e do desprendimento da forma linear nas fases da pesquisa-ação, o que gerou flexibilidade na pesquisa: ora se aplicou a formação, ora se coletou informações e realizaram-se análises coletivas com os envolvidos.

Esses processos reafirmam que o desenvolvimento do ensino-aprendizagem não se vale de uma postura objetiva e neutra, defendida nos tempos atuais de retrocessos. Os sujeitos envolvidos (pesquisadores e pesquisados) são movimentos por sentimentos e ideias que se congregam a uma postura política crítica reflexiva da realidade. Isso denota a resistência de vários movimentos populares, dentre os quais o MST, na luta e defesa de instrumentos metodológicos de liberdade de expressão a partir da educação popular, servindo de emancipação em favor da luta e garantia de direitos, que historicamente foram negados a maior parte da população brasileira.

REFERÊNCIAS

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