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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHERES

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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHERES: uma herança do patriarcado.

Larissa da Conceição Barradas1 Andréa da Cruz Ribeiro Campos2 Victória Braga Pessoa de Oliveira3 RESUMO: A violência doméstica contra mulheres é uma expressão que vem se produzindo e reproduzindo ao longo da construção histórica, tendo como um de seus principais elementos, posturas advindas do regime do patriarcado e a consequente subvalorização da mulher na sociedade capitalista.

O objetivo desta pesquisa é caracterizar a violência doméstica contra mulheres e sua relação com o patriarcado, utilizando-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, com pesquisa em livros e artigos de autores e autoras que discutem, fundamentados/as no método dialético, sobre a temática em questão.

Palavras-chave: Patriarcado; gênero; violência doméstica.

ABSTRACT: Domestic violence against women is an expression that has been produced and reproduced throughout the historical construction, having as one of its main elements, postures arising from the regime of patriarchy and the consequent undervaluation of women in capitalist society. The objective of this research is to characterize domestic violence against women and their relation to patriarchy, using bibliographical research as a methodology, with a research in books and articles by authors and authors who discuss, based on the dialectical method, on the subject in question.

Keywords: Patriarchy; gender; domestic violence.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo aborda a relação entre a herança do patriarcado e a violência doméstica contra mulheres, visando fomentar o debate sobre esse tipo de violência, através de um olhar crítico, utilizando-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, com pesquisas

1 Graduanda em Licenciatura Plena em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Pará (UEPA).

E-mail: larissabarradas83@gmail.com

2 Bacharela em Serviço Social pelo Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ). E- mail: andrea.sesma@yahoo.com.br

3 Graduanda em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará (UFPA). E-mail:

toribraga96@gmail.com

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em livros e artigos de autores e autoras que discutem, fundamentados/as no método dialético, sobre a temática em questão.

Objetivou-se compreender na pesquisa, o processo histórico social da violência doméstica contra mulheres, afim de, contribuir na desconstrução da ideologia de dominação masculina e dos efeitos que ela produz e reproduz.

O artigo está dividido em dois tópicos. Tendo como categorias principais, o patriarcado, gênero e violência doméstica discutidas pelas autoras: Saffioti (1976; 2004); Scott (1989); Lisboa (2014), respectivamente.

No primeiro tópico será realizada uma breve contextualização teórica sobre a violência doméstica contra mulheres, situando a mulher na sociedade e o debate de gênero.

No segundo tópico será abordado sobre as conquistas e desafios para garantia de direitos da mulher, destacando relações desiguais existentes entre homens e mulheres na sociedade brasileira e a importância da luta feminista para mudança dessa realidade.

2 A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA MULHERES: REFLEXÕES SOBRE GÊNERO E PATRIARCADO.

Dependendo do processo de construção cultural desenvolvido em cada sociedade, a questão de gênero pode contribuir com injustiças sociais, tais como a violência doméstica contra mulheres. Scott (1989), historiadora norte americana, que trabalhou o conceito de gênero, tomado a partir do movimento feminista, desconstruindo-o e indicando-o como construção social, aponta que:

O gênero é igualmente utilizado para designar as relações sociais entre os sexos. O seu uso rejeita explicitamente as explicações biológicas, como aquelas que encontram um denominador comum para várias formas de subordinação no fato de que as mulheres têm filhos e que os homens têm uma força muscular superior, o gênero se torna, aliás, uma maneira de indicar

“construções sociais”: a criação inteiramente social das ideias sobre papéis próprios aos homens e as mulheres. É uma maneira de se referir às origens exclusivamente sociais das identidades subjetivas dos homens e das mulheres. O gênero é, segundo essa definição, uma categoria social imposta sobre um corpo sexuado. (SCOTT, 1989, p. 3)

Outra autora que aborda a temática, é Saffioti (2004), socióloga e feminista brasileira, que aponta o patriarcado como um caso específico de relação de gênero, em que as relações são hierarquizadas entre seres socialmente desiguais, sendo imputado, única e exclusivamente, ao homem a capacidade de decisão e controle das trocas matrimoniais.

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Baseando-se, no controle e medo, o patriarcado pode ser descrito como uma espécie de disputa pelo poder, cujo homem é posto como dominador. A autora ressalta, ainda, que o patriarcado serve também a interesses da classe dominante, apontando o sexismo4 como uma ferramenta que remete ao homem o poder de discriminar categorias sociais, permitindo a essas apenas a ocupação de posições subordinadas.

Já num contexto mais atual, Gomes et al. (2018), afirmam que, o gênero, por ser um elemento constitutivo das relações sociais, baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos, acaba sendo comumente considerado, de forma estática e categórica, apenas como o

“feminino X masculino”. Porém, é importante considerar que, além de uma categoria dinâmica, gênero também possui articulações com a sexualidade. Ou seja, as formas de violência e opressão se dão particularmente nos gêneros que foram socialmente construídos enquanto

“vulneráveis”.

No que tange a violência doméstica, ressaltamos que esta não pode ser vista de forma isolada, como pequenos eventos imbricados nas relações conjugais e/ou familiares, considerando que ela funciona como um sistema circular, o chamado “ciclo da violência doméstica”, o qual é constituído por três fases: 1- aumento de tensão – são quando as ameaças do agressor criam na vítima uma sensação de perigo eminente; 2- ataque violento - aqui o agressor efetiva as ameaças; 3- lua de mel – nesta fase o agressor envolve a vítima de carinho e atenções, prometendo que irá mudar e não mais cometerá atos de violência contra a vítima, os ânimos se acalmam até a nova agressão (APAV, 2012).

Figura 1 – Ciclo da violência doméstica.

Fonte: Associação Portuguesa de Apoio à Vítima- APAV.

4 Categoria usada por Saffioti (2004), pode ser caracterizada pela atitude de discriminação baseada no gênero, principalmente, o feminino.

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Esse ciclo, pode ser um dos motivos pelos quais as mulheres vítimas de violência doméstica, no geral, ora entendem que devem denunciar, ora acreditam que foi a última vez que agressor cometeu tal violação. Saffioti (2004) aponta como principais motivos dessa dualidade os seguintes aspectos: “1- o fato acontece dentro de uma relação afetiva, com múltiplas dependências recíprocas; 2- o gênero feminino não constitui uma categoria social dominante; 3- na maioria das vezes, o homem é o único provedor do grupo domiciliar e 4- a pressão para preservação da “sagrada família”, exercida pela família extensa, amigos, igreja, etc.”. (SAFFIOTI, 2004, p.87-88). Tais fatos acabam desencorajando essas mulheres de se desvencilharem das algemas da violência doméstica alimentando, assim, o ciclo da violência, da impunidade e da perpetuação da subordinação da mulher ao homem.

Referente ao processo de construção da supremacia do masculino sobre o feminino, Lisboa (2014), estudiosa do tema, assistente social e professora, afirma que:

[...] as violências cotidianas que ocorrem entre “quatro paredes”, no interior das famílias, nos espaços de trabalho, de estudo, nos consultórios e nas ruas tendem a ser silenciadas e invisibilizadas. Grande parte da sociedade considera que a violência de gênero é algo natural, que [a] mulher é culpada pelo mal de que padece, interessando-se pelos fatos somente quando estes são veiculados como manchetes de jornais ou crônicas policiais [...] (LISBOA, 2014, p.37)

Esse processo frequente de violência cotidiana vivenciada pela mulher e socialmente tolerada dificulta, ainda mais, o reconhecimento da violação de direitos; situação de violência e encorajamento da mulher vítima de violência doméstica, no que tange à denúncia do agressor e modificação da realidade vivida. Saffioti (2004) aponta, ainda, para o fato de que, em geral, as mulheres recebem tratamento de ser “não sujeito”, o que não significa que a mulher seja cúmplice de seu agressor, no entanto cede por não desfrutar de igual poder que os homens.

A violência doméstica contra mulheres, é uma expressão da “questão social” que se apresenta como reflexo da subvalorização da mulher na sociedade capitalista, sendo uma das heranças deixadas pelo regime do patriarcado, que segundo Saffioti (2004, p.105), “neste regime as mulheres são objetos para a satisfação sexual dos homens, reprodutoras de herdeiros, de força de trabalho, e de novas reprodutoras”. A autora afirma, ainda, que a dominação/exploração sofrida pelas mulheres acarretou, dentre outras coisas, em discriminação salarial das trabalhadoras, segregação ocupacional, marginalização de importantes atribuições econômicas e político-deliberativos e também, no controle de sua sexualidade e capacidade reprodutiva.

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Neste capítulo buscamos discutir as representações do feminino na sociedade capitalista, apontando como a questão de gênero mantem a subordinação da mulher ao homem como algo comum, reservando a essa mulher, um lugar delimitado, de subserviência ao homem, com pouca ou nenhuma autonomia sobre sua própria vida, delimitando essas características enquanto herança do patriarcado. A partir de então, apresentaremos breves apontamentos de como a mulher vem alcançando, apesar de existir tantas barreiras, a transformação dessa realidade ao longo da história.

3 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA SOBRE A GARANTIA DE DIREITOS DA MULHER.

Ao longo da história da humanidade, a violação dos direitos das mulheres esteve presente, tornando a violência contra a mulher uma arma para apropriação e violação dos corpos femininos. Sobre o assunto, outra autora, feminista, negra, apresenta importante contribuição de leitura sobre o período escravocrata, trata-se de Davis (2016), que aponta:

Como mulheres as escravas eram inerentemente vulneráveis a todas as formas de coerção sexual. Enquanto as punições mais violentas impostas aos homens consistiam em açoitamentos e mutilações, as mulheres eram açoitadas, mutiladas e também estupradas. O estupro na verdade, era uma expressão ostensiva do domínio econômico do proprietário e do controle do feitor sobre as mulheres negras na condição de trabalhadoras (DAVIS, 2016, p. 20).

Apesar de todo esse contexto de dominação e coisificação da mulher, essas mulheres resistiam e desafiavam a escravidão o tempo todo, às vezes com revoltas, fugas, sabotagens, em outros casos com ações mais sutis, como por exemplo, aprendendo a ler e escrever, de forma clandestina e transmitindo conhecimentos aos/às demais escravos/as (DAVIS, 2016).

Referente ao movimento abolicionista a autora acima aponta que:

As mulheres brancas que se uniam ao movimento abolicionista ficavam particularmente indignadas com os abusos sexuais sofridos pelas mulheres negras. Militantes das associações feministas antiescravistas sempre contavam histórias dos estupros brutais sofridos pelas escravas quando exortavam as mulheres brancas a defender suas irmãs negras. Embora tenha colaborado de forma inestimável para a campanha antiescravagista, as mulheres brancas quase nunca conseguiam compreender a complexidade da situação da mulher escrava. As mulheres negras eram mulheres de fato, mas suas vivências durante a escravidão – trabalho pesado ao lado de seus companheiros, igualdade no interior da família, resistência, açoitamentos e

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estupros – as encorajavam a desenvolver certos traços de personalidade que as diferenciavam da maioria das mulheres brancas (DAVIS, 2016, p. 38-39).

Djamila Ribeiro (2017), filósofa negra, militante do feminismo, traz em “O que é lugar de fala?” a discussão sobre quem tem direito à voz nesta sociedade que possui como bases a masculinidade, a heterossexualidade e supremacia da raça branca, abordando a importância do próprio sujeito ser conhecedor de seus direitos e sobre qual dimensão seus direitos estão sendo violados, além da necessidade de refletir e promover um debate mais amplo a fim de se alcançar estratégias para real transformação da realidade vivida (sofrida) por certos grupos da sociedade.

A autora aponta, ainda, sobre a fragmentação das lutas, o que acaba fortalecendo a hegemonia dominante, ressaltando o fato dos homens manterem sobre as mulheres uma relação de submissão e dominação, trazendo como questão de gênero, o fato da mulher ser definida, de forma hierarquizada, não em si mesma, mas comparada ao homem biologicamente. Traz, também, a discussão da universalização da categoria mulher e a importância de se fazer o recorte de raça, orientação sexual, identidade de gênero, no contexto dessa categoria mais abrangente.

Nesse sentido, é evidente a necessidade de articulações para que o conhecimento não seja restrito apenas a seletos grupos da sociedade deixando à margem a grande massa, reproduzindo o ciclo de pobreza, miséria, violência e demais violações de direitos.

A luta feminista no Brasil se inicia no século XX, mais precisamente em 1922, através da Dra. Bertha Lutz, com a primeira sociedade feminista denominada de Federação Brasileira pelo Progresso Feminino – FBPF, tendo como uma das mais constantes e vigorosas preocupações do movimento feminista brasileiro, o trabalho da mulher, além das lutas para garantir à mulher o exercício dos direitos políticos.

Contudo, a luta feminista no Brasil atuada por Bertha Lutz, segundo Saffioti (1976), revela uma identificação com os estratos sociais médios, desenvolvendo sua ação voltada para a expansão do capitalismo no Brasil e ascensão social, no sentido de obter novas formas de emancipação econômica dessa mulher elitizada.

Saffioti (1976) ressalta que, apesar do feminismo de quaisquer tendências5 não chegarem a adentrar, de fato, na sociedade brasileira, representou o verdadeiro momento

5 O feminismo pequeno-burguês é insuficiente para proceder à desmistificação completa da consciência feminina, uma vez que, consciente ou inconscientemente, está compromissado com a ordem social das sociedades de classe, não encontrando, pois, outra via de manifestação se não aquela da atribuição, à categoria sexo feminino, de um grau de autonomia que ela não possui. Conquanto seja o feminismo socialista uma perspectiva mais rica de análise dos problemas da mulher nas sociedades competitivas, deixa a desejar, teoricamente, pelas simplificações que encerra, não chegando, na prática, por isso mesmo talvez, a encontrar solução plenamente satisfatória para a questão feminina. (Saffioti, 1976, p. 394).

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histórico na vida de grande número de mulheres urbanas pertencentes às duas gerações, conquistando para as mulheres os direitos que lhe eram, inquestionavelmente, negados enquanto personalidade humana.

Souza e Andrade (2016) destacam que o feminismo no Brasil se deu de forma desafiante, buscando a emancipação política dentro de uma sociedade altamente conservadora. Em 1920, essa luta ganha forças e novas adeptas buscam uma sociedade igualitária e, em 1932, se destaca como uma das importantes conquistas do movimento feminista, o direito das mulheres ao voto. Porém, um grande desafio foi enfrentado em 1964, em meio à ditadura militar, em que muitas mulheres foram presas e exiladas, por lutarem por um país com direitos iguais a todos, sem distinção de qualquer natureza.

Gracia (2014) aponta, ainda, para o fato de que mesmo com toda a opressão vivenciada durante a ditadura militar, essas mulheres lutaram e reivindicaram a queda do regime ditatorial, dando um importante passo para o rompimento dessa estrutura de poder e o alcance de direitos que lhes eram negados.

Uma das importantes conquistas do movimento feminista junto ao Estado, foi a implementação de políticas públicas voltadas ao enfrentamento da violência contra mulheres, impulsionadas a partir da década de 1980. Em 1985, é inaugurada a primeira Delegacia de Defesa da Mulher e criado o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher- CNDM. Em 1986 foi criada, pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, a primeira Casa Abrigo para mulheres em situação de risco e morte do país. Essas três conquistas da luta do movimento feminista brasileiro foram, durante muito tempo, as principais balizas das ações do Estado no que tange a garantia dos direitos das mulheres no enfrentamento à violência (PNEVCM, 2011).

Outra conquista ao enfrentamento da violência doméstica contra a mulher, no Brasil, ocorreu no ano de 2003, quando foi instituída a Secretaria Especial de Políticas Públicas para Mulheres/SPM, atualmente com status de Ministério, tendo como meta a inserção da igualdade de gênero nas políticas públicas (LISBOA, 2014).

Em decorrência do alto número de casos de violência doméstica, em 7 de agosto de 2006, foi promulgada a Lei 11.340, intitulada Lei Maria da Penha. Além da LMP outras ferramentas foram incorporadas, no sentido de promover maior garantia de direitos às mulheres vítimas de violência doméstica, como a Política Nacional de Enfrentamento a Violência Contra as Mulheres – PNEVCM, em 2011, com objetivo de:

[...] explicitar os fundamentos conceituais e políticos do enfrentamento à questão, que têm orientado a formulação e execução das políticas públicas formuladas e executadas – desde a criação da SPM em janeiro de 2003 – para a prevenção, combate e enfrentamento à violência contra as mulheres, assim

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como para a assistência ás mulheres e situação de violência. (PNEVCM, 2011, p. 10)

Em 09/03/2015, foi sancionada a lei 13.104/2015 (Lei do Feminicídio), pela então presidenta Dilma Rousseff, esta lei prevê o crime de feminicídio6 como circunstância qualificadora do crime de homicídio; a Lei 13.427/2017, que garante o atendimento especializado para mulheres e vítimas de violência doméstica e sexual no Sistema Único de Saúde (SUS), assegurando atendimentos, como: tratamento médico, atendimento psicológico e, quando for necessário, cirurgias plásticas reparadoras; a Lei 13.505/2017 que altera a LMP (Lei 11.340/2006), permitindo ao/à delegado/a de polícia conceder medidas protetivas de urgência a mulheres que sofreram violência doméstica e a seus dependentes. São medidas protetivas de urgência à ofendida:

Art. 23. Poderá o Juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: I- Encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento; II-Determinar a recondução da ofendida e de seus dependentes ao seu respectivo domicílio, após afastamento do agressor;

III-Determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; IV-Determinar a separação de corpos. (BRASIL, 2006).

Além disso, a recente Lei 13.641/2018, torna crime o descumprimento das medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha para proteger mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, sendo também importante no combate a violência doméstica contra mulheres.

Neste capítulo, foi realizado um breve levantamento sobre as conquistas da luta feminina considerando a garantia de direitos e o lugar ocupado pela mulher na sociedade brasileira.

4 CONCLUSÃO

Neste artigo, apresentamos como se manifesta a violência doméstica contra mulheres, abordando-a enquanto herança do patriarcado, traçando sua construção histórica e contextualizando seus rebatimentos nos dias atuais.

6 Termo utilizado para definir assassinatos “contra a mulher por razões da condição de sexo feminino” (BRASIL, 2015).

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Para abordar tal temática, utilizamos obras de autores/as com fundamentação teórica pautadas no método dialético, além de abordar leis e políticas de enfrentamento à violência doméstica.

Para tanto, é importante ressaltar a luta das mulheres por meio do movimento feminista brasileiro pela ampliação na garantia de direitos das mulheres, principalmente no que tange o enfrentamento a violência doméstica. Leis como a Lei Maria da Penha, que foi a lei pioneira no combate a violência doméstica, e após essa, outras leis, como a Lei do feminicídio, são importantes conquistas do movimento feminista. Uma outra importante conquista também foi a Política de Enfrentamento a Violência Contra as Mulheres, que foi implementada no sentido de prevenir, combater e enfrentar a violência doméstica, executando as leis já existentes, além de garantir a assistência de mulheres em situação de violência.

No entanto, sabemos que apesar de todo aparato legal hoje existente, há a dificuldade em efetivação dessas leis e políticas públicas voltadas para atender mulheres em situação de violência, pois a real efetivação de garantias de direitos confronta diretamente com a ofensiva neoliberal, através dos fortes processos de contrarreforma do Estado, com privatizações, cortes de gastos na área pública, reforma das leis trabalhistas, reforma da previdência, reformas na educação, entre outras, que impactam diretamente na efetivação e garantia de direitos das mulheres em situação de violência, ou seja, diretamente na vida dessas mulheres.

Diante disso, faz-se necessário a luta constante das mulheres, organizadas em coletivos de mulheres, movimentos feministas, conselhos de direito, entre outros meios, em prol dos direitos das mulheres. Além do mais, também somar forças com a luta de todos/as os/as trabalhadores/as para o fim da sociedade capitalista burguesa e suas diversas formas de opressão e exploração.

REFERÊNCIAS

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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 08 abr. 2019.

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BRASIL. Lei 13.104, de 9 de março de 2015. Altera o art. 121 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio [...] incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2015/Lei/L13104.htm> Acesso em: 08 abr. 2019.

BRASIL. Lei nº 13.427, de 30 de março de 2017. Altera o art. 7º da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 [...] para inserir, entre os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), o princípio da organização de atendimento público específico e especializado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20152018/2017/Lei/L13427.htm> Acesso em: 08 abr. 2019.

BRASIL. Lei nº 13.505, de 8 de novembro de 2017. Acrescenta dispositivos à Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), para dispor sobre o direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar de ter atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado, preferencialmente, por servidores do sexo feminino. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2017/Lei/L13505.htm> Acesso em 08 abr. 2019.

BRASIL. Lei 13.641, de 3 de abril de 2018. Altera a Lei no 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), para tipificar o crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2018/lei/l13641.htm> Acesso em: 08 abr. 2019.

BRASIL. Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres. Brasília, 2011.

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Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v23n6/1413-8123-csc-23-06-1997.pdf> Acesso em: 08 abr. 2019.

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