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A (in)visibilidade das pessoas em situação de rua: narrativas do cotidiano escolar e existências

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Academic year: 2023

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Sujeitos da pesquisa: moradores de rua, pois sem eles a pesquisa não teria sido possível. Questões desse tipo levantam a hipótese de que as pessoas em situação de rua são (in)visíveis em sua condição de sujeitos que transmitem e produzem culturas, ou seja, de sujeitos que possuem saberes, histórias de vida e percursos escolares (interrompidos ou negados).

INTRODUÇÃO

O tocar do outro: surgimento da pesquisa

Para tanto, foram utilizados os descritores “pessoa em situação de rua”, “população em situação de rua” e “pessoa em situação de rua”. As palavras-chave que usamos no portal foram “sem-teto”, “população sem-teto” e “sem-teto”.

O encontro com o outro: a relação do tema com a história de vida como educador social

Pretendemos mostrar o quotidiano das pessoas em situação de rua, para refletir sobre o seu estado de (in)visibilidade. E aqui estamos falando de pessoas em situação de rua, que moram na cidade de Maceió21.

Ciência, Arte e Vida: o entrelaçar de registros numa perspectiva afetiva

COTIDIANO E A ECOLOGIA DE SABERES: a pesquisa em ação

Os procedimentos metodológicos e sua organização estrutural: a fotografia como técnica de

Nesse contexto, o que apresentamos neste trabalho é um estudo que propõe dialogar com saberes e memórias de moradores de rua em uma perspectiva horizontal. 9As pessoas em situação de rua ora são indicadas por sujeitos, ora por praticantes e/ou protagonistas.

O lugar do pesquisador: os estudos voltados para o cotidiano

São praticantes denominados como “fracos” (CERTEAU, 2009) pelos poderosos que se colocam na posição de “fortes” (CERTEAU, 2009). Optamos por olhar para a rua como um campo de pesquisa, um espaço onde poucas pesquisas foram feitas no meio acadêmico.

A (in)visibilidade a partir da categoria “ecologia de saberes”: narrando experiências

Portanto, os que estão do “outro lado da linha” são (in)visíveis no estado de inexistência. Para isso, explicita, em sua área de conhecimento, dois procedimentos investigativos - teórico/prático: "sociologia das ausências" e. O objetivo da sociologia das ausências é transformar objetos impossíveis em possíveis e, a partir deles, transformar ausências em presenças (SANTOS, 2008, p. 102).

Portanto, a “sociologia da ausência” visa dar visibilidade ao que era invisível. Embora a narrativa discursiva da ciência moderna reconheça a diversidade sociocultural do mundo, paradoxalmente nega a diversidade epistemológica do conhecimento. Enquanto a sociologia da ausência amplia o domínio das experiências sociais já disponíveis, a sociologia dos fenômenos amplia o domínio das experiências possíveis.

Assim, a “ecologia do saber”, exercendo a vigilância epistemológica, permite-nos alargar o nosso olhar, não só em relação ao que sabemos, mas sobretudo em relação ao que desconhecemos, pois mesmo numa situação de desconhecimento sobre determinados saberes, a "ecologia do saber" não permite pensar que se trata de um estado de impossibilidade. Assim, nesse encontro entre os sujeitos, prevalece a ideia de que “a ecologia do saber deve ser produzida ecologicamente: com a participação dos diversos saberes e seus sujeitos” (idem, idem, p.159).

Os sujeitos da pesquisa: traços da (in)visibilidade e as marcas do silêncio

Assim, Santos (2010) relata que “a copresença radical significa que os agentes de ambos os lados da linha são simultâneos em igualdade de condições” (SANTOS, 2010, p. 53). Tendo em vista que o conhecimento científico, oficialmente reconhecido, não é distribuído igualmente, promovendo injustiça social em larga escala e, consequentemente, uma "injustiça cognitiva", o pesquisador, ao interagir com os sujeitos, deve compreender que "( . .) a ignorância é não necessariamente uma condição original ou um ponto de partida” (SANTOS, 2008, p.158) Posto isto, é curioso considerar que as pessoas em situação de rua tornam-se (in)visíveis no seu quotidiano, e mais ainda, nas suas próprias produções acadêmicas no campo da educação.

Embora a academia tenha um discurso voltado para as classes subalternas excluídas dos sistemas de formação, é justamente nesse espaço de troca de saberes que as pessoas em situação de rua acabam, como diria Santos (2010), do outro lado da linha. Nesse sentido, como mencionado anteriormente, a divisão é tal que "o outro lado da linha" se faz inexistente. E é este “outro lado da linha” que os sem-abrigo parecem ocupar dada a exclusão que sofreram ao longo do seu percurso de vida.

Ou seja, os (in)visíveis, que estão do “outro lado da linha”, não podem dizer o que de fato poderia ser dito. Vale destacar também que muitos outros moradores de rua formaram o corpus de nossa pesquisa.

ORDEM CAPITALISTA NEOLIBERAL: a subsunção dos sujeitos que habitam a

O sistema capitalista e o cotidiano das pessoas em situação de rua

Sentidos materiais da expressão “fique em casa!”: a (in)visibilidade das pessoas em situação

Este tema reflete sobre o significado da frase “fique em casa!”, e também discute o estado de (in)visibilidade vivenciado pelos moradores de rua. Pensando nisso, perguntamos: O que significa o termo “fique em casa!”? tem/faz para quem está na rua. Os dados revelam a fragilidade das políticas públicas que garantem a esses sujeitos (in)visíveis o direito de “ficar em casa”.

No entanto, parece-nos que a expressão “fique em casa!”, expressão patrocinada pelo sistema capitalista neoliberal, toca “uma ferida subjetiva”. Isto significa que quem está do “outro lado da linha” (pessoas na rua, por exemplo) está (in)visível, no estado de inexistência, em todos os sentidos, até na expressão que a frase “permanece” mora na casa!”, já que não o inclui como sujeito. Dessa forma, percebemos que a expressão "fique em casa!" não faz sentido para esses caras: "que casa".

É preciso reformular a frase “fique em casa!”, pois esses sujeitos estão na zona do silêncio, pois são pessoas consideradas inexistentes. O CENÁRIO DAS RUAS: as imagens que revelam a (in)visibilidade dos moradores de rua.

O CENÁRIO DAS RUAS: as imagens que revelam a (in)visibilidade das pessoas

Aproximando-se dos sujeitos praticantes: o encontro com as pessoas em situação de rua

Portanto, é a cidade mais populosa de Alagoas, com um total de 50 bairros localizados em sua região geográfica, com população de pessoas segundo o último censo. Jatiúca com área equivalente a 2,90 km², com população de aproximadamente 8.027 habitantes, segundo censo do IBGE de 2010. O bairro do Pinheiro, um pouco distante dos bairros citados, tinha 932.748 habitantes em 2010 com área igual a 1,96 km².

Vozes vibrantes e diversas que aprovam, se comovem, lembra; vozes que reclamam, reagem e se contradizem” (CERTEAU, 2009, p.224). Foi por meio dessa transgressão que foi possível desconstruir um modelo de ciência que nos foi imposto por tal modernidade. Com efeito, é nos acordes de uma conversa, sem roteiros e sem decisões prévias, que se pode operar uma captura – como uma “pegada” (DERRIDA, 2001) onde se forja um “estranho familiar”.

É, ao contrário da lógica oposicional (é ou não é), um "familiar estranho", e ao mesmo tempo revela-se dotado de uma dupla formulação, a confusão presente-ausente; passado Futuro; visível-invisível, no jogo da diferença é impossível algo ser completamente transparente. Assim, o pesquisador, influenciado pelas narrativas de pessoas em situação de rua, estranha quando se entrega à influência desses discursos, que parecem “inadequados”, mas, ao contrário, abertos ao movimento da diferença.

A solicitação das fotografias: (re)ações e surpresas

Assim, conseguimos estabelecer uma relação entre saberes e experiências estéticas, que se revelam por meio das fotos de pessoas em situação de rua. HISTÓRIAS DE VIDA E MEMÓRIAS ESCOLARES NA PERCEPÇÃO DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RESIDÊNCIA. A partir dessas considerações, o estudo buscou refletir sobre o cotidiano dos moradores de rua na cidade de Maceió e buscou compreender seu estado de (in)visibilidade por meio das imagens fotográficas produzidas pelos sujeitos.

A maioria também relatou estar em situação de rua há mais de 5 anos e morando nas ruas de Maceió. Assim, o sistema capitalista é uma das principais causas dessa desigualdade socioeconômica, deixando os moradores de rua em estado de vulnerabilidade social. Suas imagens mostram o cotidiano das pessoas que vivem na rua: o local onde se prepara o almoço, a comida dos colegas.

Assim, o estudo procurou refletir sobre o cotidiano das pessoas em situação de rua na cidade de Maceió, buscando compreender seu estado de (in)visibilidade, por meio de imagens fotográficas produzidas pelos sujeitos, nesse sentido traz à tona a narrativas de vida e o cotidiano da escola. A partir das teses e diálogos compreendeu-se que as pessoas em situação de rua possuem histórias de vida e escolares distintas.

A fotografia como possibilidade de revelação dos saberes e histórias de vida

NARRATIVAS DAS MEMÓRIAS DE VIDA E ESCOLAR NA PERCEPÇÃO DAS

  • Poseidon: Deus do mar
  • Héstia: Deusa do fogo
  • Gaia: A Deusa da Terra
  • Éolo: Deus do vento

Para analisar as narrativas de vida e escolarização das pessoas em situação de rua, primeiramente é preciso refletir um pouco sobre nossa compreensão da Educação de Jovens e Adultos (EJA), pois consideramos os sujeitos aqui pesquisados ​​como sujeitos da EJA. Estes sem-abrigo estão para sempre nesta zona de contacto com atores sociais que representam uma determinada “cultura” – um tipo de cultura que certamente faz parte da cultura dominante. Porém, quem compõe esse trabalho são moradores de rua nos bairros da Jatiúca, Ponta Verde, Pinheiro, Mangabeiras e Jacarecica.

Segundo os sujeitos, vários são os motivos que os levaram à situação de rua, tais como: conflito familiar, dependência química e desemprego. Inicialmente, o diálogo iniciou com as seguintes questões: idade, escolaridade, há quanto tempo mora na rua, entre outras. Assim, confessa "não meu filho..gosto da estrada..é perigoso..não é fácil..desemprego.." a estrada.

Concordamos com Júnior e Nogueira (2021) quando dizem que para superar a situação de desumanização do ser humano é necessário um processo de sua educação, de forma que ele possa tomar consciência de sua condição de ser desumanizado e sair em busca de sua humanização. Então esse diálogo revela que esses moradores de rua sempre estiveram “do outro lado da vida”, não é à toa que Éolo narra: “..eu nunca estudei muito..mas eu fui para a escola quando era pequeno.

CONSIDERAÇÕES

São esses aspectos que se refletiram diretamente na especificidade dos depoimentos dos sujeitos que narraram por meio de imagens fotográficas. Diante disso, reconhecendo o estado de (in)visibilidade sofrido pelos sujeitos deste estudo, a fim de tentar romper com o abismal pensamento moderno ocidental e ser coerente com a perspectiva da ecologia do conhecimento, foi necessário dar visibilidade à(s) história(s) desses sujeitos e ao mesmo tempo conhecer a leitura de mundo que cada um tem, suas especificidades, seus sonhos, seus desejos, pois é em diálogo e de imagens fotográficas, a partir do ponto de vista de alguns autores, como Flusser (1985) e Samain (1995), de que os sujeitos expressam suas opiniões, desejos e esperanças. Porém, apagados pela sociedade moderna por estarem expostos à condição de fragilidade social, econômica e cultural.

É possível perceber pelas imagens fotográficas e pelos diálogos que esses sujeitos buscam tanto a "justiça social" quanto a "justiça cognitiva", pois as memórias evocadas referem-se a episódios de resistência cotidiana, atravessados ​​por/em sua trajetória de vida e escolar. Dessa forma, as memórias, por sua dimensão subjetiva, se entrelaçam e se inserem na/pela realidade, por meio de (re)ações e resistências singulares, de seus percursos de vida e escolares. Afinal, é importante articular e dialogar com esses órgãos governamentais como rede de apoio e, principalmente, buscar estratégias que possibilitem transformações na vida dessas pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Portanto, concluímos que esses sujeitos subalternos desejam revelar suas histórias de vida e escolar, como o fizeram por meio das fotografias que realizaram. Por meio de imagens eles puderam se mostrar, expressar seus desejos, revelar seus "caminhos". Trabalhadores da limpeza e conservação de uma universidade pública: revelam suas práticas cotidianas por meio de imagens e diálogos.

In: VIII Seminário Internacional (REDES) - Redes e Tecnologias Educativas: Movimentos Sociais e Educação, 2015, Rio de Janeiro.

Imagem

Foto 1 – Refletindo sobre imagens fotográficas

Referências

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A escrita inicia no compromisso com o enfrentamento das hegemonias a partir de práticas artísticas e produções teóricas que buscam reflexões sobre o discurso e seus consensos.