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Bozano: uma escola da comunidade: análise de uma experiência educacional com projetos

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(1)

BOZANO - UMA ESCOLA DA COMUNIDADE

(2)

l'

~CZArm - !jfv:A ESCOLA DA COMUNIDADE

Análise de uma experiência educacional com projetos

,

Jose Fagundes

Tese submetida como requisito parcial

~ara a obtenção do grau de mestre em

Educaçao.

OurmE\lal Trigueiro Mendes - Orientador

Rj o dE Jr",nei ro

Fundação Getúlio Vargas

Insti tuto de Estudos Avançados em Educação

Depertamento de Filosofia da Educação

19'7'7

\

f

t

(3)

p.

APRESENTAÇÃO

...

VII

SINOPSE •••••••••••••••.•••••••••••.•••••• li • • • • • • • IX

SYNOPSIS ••••••••••••.•••••••••••••••••••••••••••••••••••••.• XI

INTRODuçÃO

...

Dl

I - A ÁREA SERVIDA PELA ESCOLA: ZONA RURAL •••••••••••••••••• 08

1. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICíPIO DE IJUÍ •••••••••••••••••••••• 09

1.1 - Colonização e Ocupação da Terra ••••••••••••••••••••••• 10

1.2 - O Ciclo Trigo-Soja e as Transformações Ocorridas •••••• 14

2. A ÁREA ESCOLAR E A IMPLANTAÇÃO DA ESCOLA ••••••••••••••••• 18

2.1 - O Trabalho do Instituto de Educação Permanente •••••••• 22

2.2 - A Implantação da Escola na Ar'ea ••••••••••••••••••••••• ,

2.3 - A Experiência do Centro Comunitário

rI - A EXPERI~NCIA COM O MÉTOOO DE PROJETO

1. CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO COM PROJETO

24

25

28

29

1.1 - Fundamentação de Projeto •••••••••••••.•••••••••••••••• 30

~

1.2- Conceituaçao de Projeto •••••••.••.••..••.••••••..•••••

1.3- Tipos de Projeto . . . . • . . . • • . . .

1.4 - Etapas do Projeto

1.5 - Valor do Projeto

...

• • • • • • • • • • • • • • • • • li • • ., • • • • • • • • • • • • • • • •

32

34

35 37

1.6 - Papel do Professor ••••••••.

0 ... 0...

39

2. PRESSUPOSTOS, VIRTUALIDADES E LIMITAÇÕES DO PROJETO •••••• 39

2.1 - O Centro de Interesse e o Desenvolvimento Pessoal do

AI uno •••••.••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 40

~

-

~

2.2 - Os Equlvocos de uma Educaçao Centrada sobre o

Indivl-duo . . . • . . . • . . . • . . . o • • • • • 41

(4)

111 - O ABANDONO DA EXPERI~NCIA

1. A IDÉIA DE COMUNIDADE E SUAS AMBIGUIDADES ••••••••••••••

.

. ,

.

1.1 - A Utopla Comunltarla ..••••....••••••.•••.•• 0 • • • • • • • •

2. O DESCOMPASSO ENTRE OS PROPÓSITOS E OS FATOS •••••••••••

2.1 - Os Propósitos da Instituidora da Nova Escola ••••••.• ~"_~'

2.2 A Clientela Potencial e a Clientela Efetiva •••••••••

2.3 - A Fixação dos Jovens e a Realidade da Área ••••••••••

2.4 - Os Propósitos da Clientela •••••••••••••••••••••••••.

2.5 Escola Assumida pela Comunidade •••••••••••••••••••••

3. A IMPLANTAÇÃO DA ESCOLA MUNICIPAL EM DR. BOZANO ••••••••

3.1 - Tentativas de Negoclaçao •.•..••••••••••••••••• N 0 • • • • •

4. OS PROPÓSITOS DAS INSTITUIDORAS DAS DUAS ESCOLAS

...

5. O IMPÉRIO DO LEGALISMO

...

CONCLUSÕES • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • D • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

ANEXOS ••••••••••••••••••••••••••••••••• I e I • • • • • • • • • • • • • • •

BIBLIOG RAFIA ..•..••...•.•••...••...••.••••.••..•..•••••••. f

(5)

Dl - Propriedades rurais, segundo intervalo de área, nO

mu-niclpio de Iju{ em 1967 . . . o • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

02 - NÚmero e área das diferentes categorias de imóveis ru

rais do munidpio de Ijul em 1970 •••••••••••••••••••.

03 - Crescimento e Mobilidade da população de Ijul ••••••••

04 - Percepção dos pais e alunos sobre as funções primor

diais da escola •••••.•••••••••••••••••••••••••••••.••

05 - Opinião dos pais e dos alunos sobre quem deve dirigir

a Escola Dr. Bozano

...

06 - Freq~ência dos pais às reuniões da Escola ••••••••••••

07 Colaboração dos pais com a Escola ••••••••••••••••••••

p.

12

12

16

42

65

66

(6)

LISTA DOS ANEXOS

ANEXO I Área de Influência da Escola Dr. Bozano

ANEXO 11 Área de Influência da FIDENE

(7)

A presente dissertaç~o apresenta os resultados de uma pe~

quisa, que se propõe analisar uma experiência educacional com o método

de projetos levada a efeito, entre 1972 e 1975, numa escola de lº

grau, situada no distrito de Oro Bozano, munic{pio de Iju{, estado do

~io Grande do Sul.

Para e. realização deste trabalho contamos com a orientação

e colaboração de pessoas 8 com o apoio de Instituições que acreditam e

investem em pesquisa educacional.

decimentos.

Quero, pois, expressar meus

agra-Ao Insti tuto de Estudos Avançados em Educação (IESAE), da

Fundação Getúlio Jargas - Pio de Janeiro, pela instrumentalizaç~o p~

piciada durante o curso de mestrado;

À Fundaç~o de Integraç~o, Desenvolvimento e Educação do No

roeste do Estado - RS (FIDEr~E) pelo apoio constante oferecido ao longo

desta caminhada;

À Obra Ecumênica de Estudos - Gochum, República Federal da

Alemanha - pela bolsa de estudos que ofereceu-me durante a realização

do mestrado;

Aos colegas de -::rabalho da FIDHJE, em quem sempre encontrei

um incentivo e uma disposição para trocar idéias e debater os proble

-mas que o trabalho ia apresentando;

Aos técnicos e funcionários da FIDENE pela disponibilidade'

(8)

Quero registrar um agradecimento todo especial ao Professor

Orientador Durmeva1 Trigueiro Mendes, que acompanhou esta monografia

do inicio ao fim, sempre criticando e sugerindo modificações muito

oportunas.

VIII

Ijui (RS), 15 de outubro de 197~

(9)

A experiência educacional com o Método de Projetos, realiz~

da na Escola de 12 grau "Or. Bczano" - situada na zona rural do municf

pio de rju:L

(RS) -

constituiu..se num esforço de encontrar novas

ITDdali-dades para una prática educativa que envolvesse os dais polos:

Escola-():II11unidade •

ApÓs uma duração de 4 anos, a experiência foi abandonada p!!.

la comunidade local. Tal arontecimenbJ despertDu-nos o interesse eII\

analisar os fatores que interferiram na origem, desenvolvimento e desa

perecimento da experiência.

Para nortear este trabalho, organizalTDs um referencial teÓ

rico, capaz de dar conta da investigação cientifica dos dados, sem o

qual estes não teriam consistência e não acrescentariam nada ao senso

COmtll\. Dentro do ITIJdelo teÓrico adotado, a educação é encarada COITD

uma prática social, ou seja, COI11J um fazer humano num contexto social

determinado, cujo conhecimento torna mais compreensivel a prática edu

cativa. Esta prática, para efeito de análise, foi desdobrada em dois

f' I' I" ,.

n~ve1sz mvel de fato e n~vel de proposi to. O confronto dialetico

estabelecido entre esses dois niveis, possibilitou testar a

consistên-cia das intenções diante dos fatos e dos dados coletados.

lJ'na vez estabelecido o I11Jdelo teÓrico, passaJ'TPs a investi

-gar a realidade visada, analisando:

- a área escolar e as transformações sócio-econômicas ocorridas com o

advento do ciclo trigo-soja e com a mecanização da lavoura (capo r);

- a metodologia de projetos com seus pressupostos, limitaçÕes e v.l.rlU!,

lidades (cap. rr);

- a idéia de comunidade com suas ambigOidades e suas conseqaências na

(10)

A partir da análise realizada e da reflexão sobre a

proble-mática inerente ao processo educativo que envolve Escola-Gomunidade

foram detectados alguns pressupostos que, se levados em consideração ,

poderão contribuir numa inovação pedagÓgica, no sentido de prevení-Ia

contra possfveis falhas. Esses pressupostos apresentam-se dentro de

uma perspectiva dinâmica, articulando-se sempre entre dois polos, nLlll

entrelaçamento dialético: do prátiCO ao teÓrico; da identificação a ...

c:cnsciência das necessidades; da percepção aO dimensionamento dos

pro-blemas; das alternativas vislumbradas

à

participação conjunta; da

ino-vação pedagÓgica aos condicionamentos sociais.

(11)

L'expérience éducative

à

travers la Methodologie de proje

-, " , ~r, ,. ....

ts, realisee a l'Ecole de I - degre "Oro Bozano" - localisee a l'in

tárieur de la commune de Ijul (AS) - représente un effort de trouver

das nouvelles modali tás pour une pratique éducátive en artú:w.ant lss

deux pÔles: École - Communautéo

JlprSs une duree de quatr'années 1 'expérience á été abondon

née par lGl communauté locale o Cet événement nous a ~llé 1 'intérêt'

dans le sens d 'analyser les faeteurs gu{ sont int8l'Venus dans 1 'crigin~

dans le développement et dans le terras de 1 'expérience.

pour orienter ce travail noLlS avons organisé un mcd8J.e théo

rique, capable de rendre compte de la reeherche seientifique des don

nées, sans auquel ceuxei n'auraient pas de consistanee et ne ajoute

-raient rien au sens commun o Oans le 1I'DdÊlle théorique adopté, l '

éduea-tion est envisagée - comme une pratique sociale, autrement di t,

une action humaine dans un contexte social détenniné, dont la

connais-sanee rend plus compréhensible la pratique édueative.

Cette pratique, pour effet dtanalyse, a été dépliée en deux

niveaux: niveau de fait (réel) et niveao de propos (intenticnnel). -La

confrontation dialéctique, établie entre ces deux niveaux, a perrni de

prouver la consistance des intestions vis-à-vis des faits et des don

nées recueillis.

Une fbis établi le modÊlle théorique, nous avens entrepri la

recherche de la realité, en analysant:

• la région ou se trouve 1 'École et les transformations so

ciales et économiques survenues avec le cycle blé-soja et la

mécanisa-tion de l'agriculture (ehapitre I)j

(12)

tions et ses virtualités (Chapitre

rr);

• la notion de cammunauté avec ses ambigftltés et ses

quences dans l'expérience en question (Chapitre

rrr).

,

canse

À partir de l'analyse réalisée et de la réflexion sur le

problême inhérent au processus éducati f que entoure "Écol~mmunautér

il a été possible de formuler quelques points de départ que, une fois

tenus en campte, ils pourront contribuer dans une innovation

pédagogi-que dans le sens d'éviter son fracas. Ces points de départ sont p~ ,

sentés

à

travers une perspective dynamique, dans laquelle ils s'articu

lent entre deux pôles dans un entrelacement dialétique: du pratique

vers le théorique; de l'identification vers la équation des problemes;

des alternatives entrevues vers la parlicipation commune; de l'École

à

la cammunauté éducative; de l'innovation aux conditionnements sociaux.

(13)

A Escola Or. Ebzano, abjeto da presente análise, foi impla!:!,

tada na zona rural do munic1pio de Iju1, com o objetivo de compreender

..

os problemas do homem do campo para, assim, melhor atender as suas ne

cessidad es •

,

A area servida pela Escola conta com duas sedes distritais f

Salto e Or. Ebzano (sede da Escola) e mais seis povoados: Santa Lúcia,

Sal tinha, Eba Esperança, Linha 10 e 11 Leste e Vista Alegre t

perfazen-do uma população de 8.000 habitantes. (Cf. Anexo 1)

Trata-se de uma área essencialmente agr1cola, cUja estrutu

ra fundiária é representada por 8&/0* dos imÓveis rurais na categoria

de minifÚndio, com uma área média de 14,7 hectares. Até o final da

década de 50, a área caracterizava-se por uma policul tura de

comercia-lização de excedentes.

o

advento do ciclo trigo-soja, no in1cio da

década de 60, e a concomitante mecanização da lavoura, marcou a

passa-gem para uma agricultura voltada para a produtividade de mercado, p~

vocando a sub-oc4Jação da mão-de-obra rural e ocasionando o êxodo das

campos.

A modernização da agricultura levou o homem do campo a rela

cionar-se cada vez mais com a cidade (financiamento dos Bancos, compra

de insumos agr1 co la , comercialização de seus produtos), urbanizando- o

progressivamente, despertando-o para novos valores e novas necessida

des e desagregando o povoado tradicional.

*

É

necessário esclarecer que alguns dados que aparecem no decorrer

deste trabalho são secundários, neste caso é, indicada a fonte; 0.5

outros são dados primários, coletados durante a pesquisa realizada '

nos meses de agasto, setembro, outubro e novembro de 1975, 'através

de questionários, consultas e entrevistas junto às fontes: EscolaOr.

8Ozano, Centro Comunitário Or. Bozano, alunos, pais, professores,

1f

deres locais, protagonistas e antagonista da experiência. As peree!:!, tagens, que se referem aos alunos e

ao questionários foram aplicados Escola.

pais, são sobre o universo, pois

(14)

2

-Sentindo a nova problemática do homem do campo, a Faculdade 1

de Filosofia, Ciências e Letras de Ijui, hoje mantida pela FIDENE, i

niciou em 1961 um trabalho de desenvolvimento e organização com uni tá

-ria, agrupando em cada localidade, pessoas com problemas similares em

pequenos núcleos. Os núcleos consti tLÓ.am a base do movimento que na

zona rural, visava a conscientização e promoção dos agricultores, atr~

vés do cooperativismo e do sindicalismo rural, fazendo com que

fossem os próprios promotores do desenvolvimento.

estes

Em 1971, a FIDENE realizou um Levantamento de Opiniões se

-bre a Aeform~de Ensino (Lei 5692/71), em 42 núcleos de base do munic{

pio de Iju!, congregando 1341 agricultores. Tendo percebido que os

agricultores estavam preocupados com o prosseguimento dos estudos de

seus filhos, a FIDENE, através do Instituto de Educação Permanente,

passou, no decorrer de 1971, a incentivá-los no sentido de criar uma

Escola Comunitária em OI'. Bozano (por ser um dos nÚCleos de base mais

populosos), a qual deveria servir a área circunvizinha. Nesse mesmo

ano é instalada, a pedido da comunidade, a Escola DI'. Elazano que vinha

atender a expectativa de . prosseguimento dos estldos além do primário.

1

,A Faculdade de FilOSOfia, Ciências e Letras de Ijlf11 fundada em 26

de ~ de 1956 pela Sociedade literária

são

Ebaventura (entidade

~ivil representativa da Ornem dos Frades menores Capuchinhos no Aio

Grande do sul1 foi a Instituição pioneira do ensina SUperior na re

gião TiIlrOeste~ do Rio Grande do Sul ~ A partir de 1968 começa-se a

Pensar

na criação de LII'la Fundação para o desenvolvimento da Y'egiaa

noroeste do Estado (RS). APÓS várias demarches e estu:ios prelimina.-.

res foi constituída oficialmente, aos 7 de julho de 1969t a FIDENE

que passou a ser a mantenedora da Faculdade de FilOSOfia, Ciências e Letras de IjtÚ.

A

FIDENE (Fundação de Integração, Desenvolvimento e

Educação

dD No

roeste do Estado) é uma entidade de direito privada, de caráter té;:

nica - cientifico - educacional, com sede e foro na cidade de

IJu! (AS),

que visa a integração regional para o desenvolvimento, pe

la educação. Sua

área

de inf1u~ncia se estende por 21

mU1ic!pia";

(15)

Tendo sido criada para a comunidade, era reservado

à

nova

escola o importante papel de refletir a realidade circundante e

provo-car \..l11a integração efetiva com a mesma. Desde logo,. a escol a pro c!:!

!'Ou t.ma metodologia que se adequasse aos objetivos para os quais ela

fora criada. Neste sentido, a técnica de trabalho carn projetos, da

das as suas caracteristicas (o aluno é quem escolhe os ctlnteldos cam

os quaiS deseja trabalhar,. planeja as atividades para alcançar um fim

prático, segU'lClo Set.lS interesses e necessidades vivenciais) pareceu

ser a mais indicada e capaz de responder aos desafios que a experiâ,.

-cia se pl1JPt..II1ha enfrentar. Se por l.I11 lado a Escola apostara no alt.110

como centro do processo de aprendizagan. por outro lado não se pode

ignorar que o alun~ está impregnado pela cultura via família e escola.

HEi

UIlT entrelaçamento dialético envolvendo alLD10, fam1lia'f professor e

sociedade. Em 1972

é

iniciada a experiência de trabalho com projetos,

a qual continuará até o fechamento da estola.

A experiência logrou mui tos êxitos e entusiaSmou almtJs f p~

fBSSOl'eS, pais e comunidade,. com uma repercussão muito positiva em

t0-da a região. Apesar do estimulo que a Escola suscitou

em

outras esco

.

-las con~neres, em temos de inovação e criatividade; apesar da admil"!

ção

e apoio de algumas autoridades educacionais de expresaão nacional,

a experiência

é

abandonada ao primeiro aceno de criação de tITIa escala'

gratuita"pela municipalidade de Ijui.

Em 1974 começa a funcionar, na mesma localidade,. uma Escola

de Área do POEM (Plano Operacional do Ensino Municiapl). COmo o pc

-H 1 ~

voado nao comportava duas esco as congeneres, a Escola Or. Bozano fe

chava definitivamente suas portas em dezembro de 1975. O f

ate não

dei

XOU de gerar uma certa perplexidade e expectativa ao mesmo tempo.

rios secretários municipais de educação manifestaram o seu deseja

..

Va

de

v~ a experiência retomada em seus respectivos munic!pios.

Há,·

p~

rém,

mui tos aspectos, ao longo do caminho percorrido pela experiência.,

que merecem ser pesquisadas,. analisados e ponderados, antes qL18 esta •

(16)

4

-Dentro desta perspectiva

é

que a presente pesquisa procurou

descrever e analisar a experiência educacional da Escola Or. Bozano,

com o Método de Projetos, identificando os fatores que interferiram em

sua origem, desenvolvimento e desaparecimento. Apesar de limitado a

um estudo de caso, este trabalho pretende trazer uma contribuição ao

apontar alguns problemas e falhas, com os quais poder~ defrontar-se

uma inovação pedagógica, em casas similares, que envolva esse complexo

binômio: Escola - Comunidade.

Para nortear o presente trabalho, foi organizado um referen

cial teórico, capaz de dar conta da investigação científica dos dados,

sem o qual estes não teriam consistência e não acrescentariam nada ao

senso comum.

É

esse referencial que possibilita o

interrelacionamen-;

to dos fatos, dando-Ihes um sentido. Assim como qualquer fato so ad

quire sentido dentro de um corpo teórico, também os fatos da educação'

nada revelam quando isolados ou justapostos.

Feitas essas colocações,

é

preciso resolver um problema de

opção, já que a escolha deste ou daquele referencial teórico

é

uma

questão de decisão por parte do pesquisador. Não se ignora as dificul

dades e os riscos que se pode incorrer ao assumi~se um determinado mo

do de proceder mas, aO mesmo tempo, se antevê algumas vantagens que,

talvez, um outro modelo não proporcionaria.

Como a intenção

é

a de fazer a análise de urna experJ.encl.a .'"

.

pedagÓgica, envolvendo diretamente Escola-Comunidade, acredita-se que

uma abordagem da Educação como Prática Social será mais rica e

dinâmi-ca, na medida em que permite urna compreensão das inter-relações que

se estabelecem.

Em toda sociedade se dá uma prática educativa que está es

treitamente vinculada às estruturas econômicas, sociais e políticas. A

dinâmica da prática educativa desvenda-se mais claramente quando

rela-cionada com a dinâmica da infraestrutura da formação social, sendo que

(17)

suas instituições, ação, planos e teorias.

A prática educativa se faz, deliberadamente na persecLÇBo

-de certos fins mais ou menos explícitos, por meio -de instituições esp~

cializadas.

o

sistema educativo

é

organizado de tal forma que, atra

vés dos fins explicitos ou não e dos meios utilizados, se jogam os

in-teresses e necessidades das classes dominantes.

Independentemente~o que se proponha a instituição escolar,

sua organização está condicionada pela ideologia vigente, que procura'

justificar a posição dos indivíduos nas diferentes classes sociais con

forme as aptidões e potencialidades inatas. A escola como instituição

está atrelada

à

pOfítica, a qual, por sua vez, está condicionada pelos

interesses econÔmicos dominantes dentro do processo produtivo de uma

determinada formação social. A escola, em última análise, reflete, em

sua ação educativa, a ideologia do modelo econômico vigente. Assim

,

num regime capitalista, em que a sociedade se encontra dividida em

classes pela posição que os individuos ocupam dentro do processo prod~

tivo, a escola assume a função ideológica de explicar as desigualdades

entre os individuos através dos dons e aptidões inatas. A função da

escola seria, a nível de propósito, a de reclassificar os

de acordo com os dons e o desempenho escolar.

individuos

porém, a nivel de fato, a distribuição dos indivíduos nas

diferentes categorias sociais, independe da escola.

o

status,

segLl1-do Pierre Bourdieu,

é

previamente determinado pelo capital social, eco

,.. . , 2

nom~co e cultural do indiv~duo.

Nas instituições educativas importa, pois, distinguir uma

ação educativa de fato, coincidente ou não com suas intenções formais.

Cumpre assinalar que toda prática educativa desempenha una função po1f.

tica, ainda que a isso não se proponha. Para determiná-la claramente

em seu conteúdo é indispensável utilizar o educativo a nível' de

propô-sito.

2

BOURDIEU, P. A Reprodução Cultural e Reprodução Social, In: Economia das Trocas SimbÓlicas. são Paulo, Ed. Perspectiva, 1974. p. 293

(18)

é

-Deste modo, a educação será encarada como uma prática so

cial, ou seja, como um fazer humano num contexto social determinado

cujo conhecimento torna mais compreensível a prática educativa. Esta

prática, para efeito de análise, será desdobrada em dois níveis: nível

de fato e nível de propósito

Considerada a nível de fato, a prática educativa dá-se como

um processo de socialização (integração a uma estrutura produtiva de

-terminada e a um sistema de relações sociais determinado).

Considerada a nível de propósito, a prática educativa dá-se

como um processo que contribui para a conservação das instituições e

transmissão dos padrÕes culturais e modelos básicos das ideologias

do-minantes, uma vez que a educação, como diria Durmeval Trigueiro

parte do processo sOcial,,3 e, como tal, a tendência

é

interiorizar

todo.

o

o

confronto dialético incessante, entre os fatos e os prop~

sitos, possibilitou testar a consistência das intenções diante dos da

dos coletados, tanto nos documentos da Escola como através de

questio-nários e entrevistas aplicados aos alunos, pais, professores, lideres'

locais, antagonistas e protagonistas da Escola Dr. Bozano.

A presente análise, uma vez estabelecido o modelo teórico ,

desdobra-se em três capitulas, a partir dos quais foram tiradas algu

mas conclusões.

o

primeiro capítUlO caracteriza a área escolar, mos

trando as transformações sócio-econômicas que ela vem sofrendo com o

advento do ciclo triga-soja. A passagem de uma poli cultura de comer

cialização de excedentes para a monocultura do trigo e sOja, voltada

para a exportação, e a concomitante mecanização da lavoura e moderniza

ção da agricultura provocou a sub-ocupação da mão-de-obra rural e o

consequente exÔdo dos campos. Foi dentro desse contexto que se ini

ciou o trabalho de educação do movimento comunitár.io de base, tendo

3

(19)

como um dos resultados a criação da Escola Comunitária Or. Bozano.

, . . .

...

O segundo capltulo, apos a caracterizaçao da metodologia de

Projetos, detem-se numa análise que buscou delimitar os pressupostos 1

limitações e virtualidades do trabalho com projetos. Esta modalidade'

de trabalho constitui a nota marcante de toda a experiência da Escola

Or. Bozano, ao deslocar o centro do processo de aprendizagem para as

necessidades e interesses dos alunos.

O terceiro capítulo, partindo de um estudo teórico sobre

a idéia de comunidade, mostra as ambiguidades inerentes

â

conceituação

usual de comunidade e procura, dentro de um intenso confronto

dialéti-co entre os fatos e os propósitos que nortearam a experiência,

identi-ficar os fatores, falhas, equívocos que interferiram no abandono desta

pelos moradores da área.

A partir da análise realizada e da reflexão sobre a

proble-mática inerente ao processo educativo que envolve Escola-Comunidade

foram detectados alguns pressupostos que, se levados em consideração ,

poderão trazer alguma contribuição a experiências educacionais, seme

(20)

CAPITULO I

;

(21)

A Escola Ore Bozano foi implantada nO,distrito do mesmo no

me, na zona rural do município de Ijul (RS), com o propósito de identi

ficarse com os problemas do homem do campo para, assim, melhor aten

-der às suas necessidades e respon-der aos desafios que lhe fossem lanç~

dos.

Impõe-se, pois, como condição preliminar deste estu:fo, uma

caracterização, ainda que sucinta, do município de Ijuí e, de modo p~

ticular, da área servida pela escola.

A área escolar, distrito de Or. Bozano e circunvizinhanças,

não apresenta traços divergentes que destoem das características sócio

econômicas das áreas congêneres de Ijuí. Deste modo, a apresentação'

do perfil do município aplica-se

à

área escolar, restringindo-se o

es-tu:fo específico aos aspectos peculiares desta área.

O município de Ijuí, com uma superfície de 1.061 km2, si

tua-se na região noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Limi ta-se

ao norte com os municípios de Chiapetta e Ajuricaba, aO sul com

Augus-to Pestana e Cruz Alta, a leste com Pejuçara e Panambi e a oeste com

Catuipe e Santo Ângelo. O município conta com uma população de

60.000 habitantes, dos quais 66,6~/a habitam a zona urbana e 33,3~/a a

4

zona rural. Sua sede dista de Porto Alegre 317 km em linha reta e

410 km por via rodoviária, estando a uma centena de quilômetros da

fronteira com a Argentina. (Cf. Anexo 111)

4

(22)

10

-1.1 - Colonização e Ocupação da Terra

Em 1890, com a entrada de um pequeno grupo de imigrantes l.!::.

tos, era fundada a Colônia de Iju1, marcando o início da colonização

das áreas de mato do noroeste do Rio Grande do Sul. A corrente migr~

tória, dirigida para a Colônia de Iju1 foi, nos primeiros anos,

essen-cialmente estrangeira, destacanda-se os contigentes de poloneses, 1e

t os, russos, aUS rlacos, a ema8S e t ~ 1 N 1 't l' a lanOSo 5 P ara ael f ' l ' t 1 ar a

comu-nicação e o entrosamento entre os colonos procurava-se agrupá-los numa

,

mesma area, conforme SUa etnia.

A migra~ão interna começou a partir de 1898 quando, sob a

administração do engenheiro Augusto Pestana, foram canalizados para

Ijui contigentes de colonos provenientes das "Colônias Velhas" de ou

6

tros pontos do estado.

Para entender o processo de colonização

é

preciso salientar

a ocorrência, na área, de duas formações distintas quanto aO relevo do

1 . d N 7

so o e quanto aO tipo e vegetaçao.

5

6

7

FISCHER, M. Augusto Pestana, o Homem e SUa Obra. Iju1, Museu Antrop~

lógico Diretor Pestana - FIDENE, 1968. p. 15: O autor destaca a

variedade étnica como uma das càraéter1sticas marcantes no inicio da colonização: "Una grande variedade de grupos étnicos foi

enca-minhada nos primeiros anos

à

colônia recém-fundada, formando ali

um verdadeiro conglomerado".

IJuf. Prefeitura Municipal. Processo de Ocupação do Espaço e suas

Conseqfiências. In: Flano Sásicode Desenvolvimento Municipal, Ij~

Prefeitura Municipal, 1972. v.1, p. 2.

SINGER, P. I. Desenvolvimento econômico e evolução urbana: análise

da evolução econ8mica de S;o Paulo, B1umenau, Porto Alegre, Selo

Horizonte e Recife. S~o Paulo, Cia. Ed. Nacional, 1968. p. 142 •

Segundo este autor, ••. " um dos fatos geográficos de maior

signi-ficância para o desenvolvimento do Estado {a diversidade entre

as regiões norte e sul. A primeira, com r~levo irregular,

condi-ciona a formação de pequenas propriedades agr1colas, enquanto que

a segunda, malS plana, favoreceu o estabelecimento de grandes p~

(23)

A zona de campo, já em meados do século passado, estava ocu

..

.

pada pela pecuarla extensiva, a cargo de lusos-brasileiros. A zona

de mato dificultou a penetraç~o e só foi ocupada mais tarde através de

pequenas propriedades, exploradas por imigrantes europeus num regime

de economia de subsistência e com a utilização da

~o-de-obra

familiar~

Até 1920 toda a área está ocupada. A partir dessa data, ••• " em virtu

. 9

de das vendas e, sObretLdo, das partilhas entre os ~herdelros", co

IIISÇQU o processo de divisão e esfacelamento das propriedades e as mi

-grações internas para outras áreas do estado, para Santa Catarina e su

doeste do Paraná; hoje as migrações se encaminham para o Sul do

Grosso e, através da colonização oficial, para e ,'lJnazônia.

Mata

8

9

FIDENE. ProdJtividade em Iju:C, Ajuricaba e Augusto pestana-RS: .LJ ~. lI.l. , r

Instituto de Pesquisa e Planejamento - FIDENE, 1972. iJ. 20: "O ~

vOamente das mata:; da Colônia de Iju:C Sl'3 fez pela pequena propri ...

dade, exp~orada dj.retrunente pelo colono e sua família. Os lotes e

ram retangulare,,:, de apro>dmadamente 25 ha".

ROCHE, J. A colonização alemã e e Rio Grande do Sul. Porto Alegre,

(24)

12

-A tabela abaixo apresenta a conTiguração das propriedades

rurais do município de Iju{ em 196'7.

..

Tabela nQ 1 - Propriedades rurais, segundo intervalo de area, no

muni-ctpio dE Iju{ em 196'7.

Intervalo de Propriedades Rurais

4-(ha) ,. Percentagem

area

Numero

O 10 814 21,61

10 - 25 1.980 52f56

25 - 50 694 18,42

50 - 100 221 5,8'7

100 - 1.000 56 1,49

1.000 - 10.000 2 0,05

TOTAL 3.'76'7 100,00

Fonte: BflASIL. Instituto Brasileiro de Reforma Agrária. Estrutura Fun

diária do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, INCRA, 196'7.

p. 14.

Já em 19'70, com o aumento do número de imóveis rurais e a

consequente fragmentação das propriedades, diminuiu ainda mais o tama

nho médio destas, conforme indica a tabela abaixo.

Tabela n Q 2 - Número e área das diferentes categorias imóveis

do município de Ijuí em 19'70.

rurais

Categoria dE Imóvies Área Numero

..

de Imóveis

Minifúndio 53.529 3.635

Empresa Rural 18.289 298

Latifúndio por Exploração 22.018 330

TOTAL 9:::,.836 4.263

Fonte: BRASIL. Ministério da Agricultura. Estatísticas Cadastrais; Ba

se: Recadastramento 1972. Brasilia, INCRA, 19?4. p. 483.

(25)

Segundo os dados distribuidos na tabela n2 2, 85,~/o dos ímó

f' f ' ' ' ' ,. 10

veis rurais do munic~pio de Ij~ estao na categoria de minifundio

11

com uma área média de 14,7 ha j

'1'/0

na categoria de empresa rural 1 com

uma área média de 61, ~/o ha j 7,

'1'/0

na categoria de latifúndio por

expIa-.. 12 " , .

raçao com uma area m8dia de 66,7 ha.

Dentro dos critérios do Instituto Brasileiro de Reforma A

, • #' 13 , ,.

grana, o mOdulo rural m8dio para IjUl. foi fixado em 44,35 ha, ou

seja, o agricultor ijuiense deveria possuir, para a sua subsistência 2

li' • A • ,

progresso soc~a-econoTT\J.co, uma area de terra de 44,35 ha.

10

11

12

13

MINIFCNDIO,

é

o imóvel rural com a área agricultável inferior

à

do

mÓdulo fixado para a respectiva região e tipo de exploração(cf. De~

nQ 55.891, de 31/03/65, capo I, seção 11, Art. 6º, 11).

EMPRESA RURAL,

é

o imóvel explorado econômica e racionalmente,

den-tro das condições de rendimento econômico da regi~o em que se situ~

com o mínimo de 5LP/o de sua área agricultável utilizada e que não ~

ceda na dimens~o da sua área agricultável a 600 vezes o módulo

dio da região ou a área média dos imóveis rurais na respectiva zona

(cf. Dec. nQ 55.891, de 31/03/65, capo I, seção lI, Art. 62 , IrI).

LATIFÚNDIO POR EXPLORAÇÃO,

é

o imóvel rural não excedendo o limite

de 600 vezes o módulo médio ou 600 vezes a área média dos imÓveis

rurais na respectiva zona, tendo área agricultável igualou supe rior à dimensão do módulo do imóvel rural na zona, seja mantida nexplorado em relação às possibilidades f:fsicas, econÔmicas e

i

so ciais do meio, com fins especulativos, ou seja, deficiente e

inads-quadamente explorado, de modo a vedar-lhe a classificação como em

presa rural (cf. Dec. nQ 55.891, de 31/03/65, capo I, seção II

Art. 6 Q, IV, b).

MÓDULO RURAL,

é

a área explorável que, em determinada posição do

Pa:fs, direta e pessoalmente explorada por um conjunto familiar equ~

valente a quatro pessoas adultas, corresponde a 1.000 jornadas ~

nuais, lhe absorva toda a força de trabalho em face do n:fvel

tecno-lógico adotado naquela posição geográfica e conforme o tipo de ex

ploração considerado, proporcione um rendimento capaz de assegurar-lhe a subsistência e o progresso social e econômico. (Dec. nº 55.891,

(26)

-14-Se por um lado vem ocorrendo um crescente esfacelamento das

propriedades rurais do município de Ijuí, por outro constata-se, com

o correr dos anos, uma mudança quanto

à

forma de ocupação da terra

Ao lado da poli cultura de comercialização dos excedentes, que

caracte-rizou o início da colonização, os agricultores começaram a

interessar-se por alguns produtos compensadores e de fácil exportação: milho e

mandioca destinados

à

suinocultura, como também a cana-de-açúcar para

o fabrico da cachaça. As oscilações da produção de tais culturas de

-pendiam do mercado, da política governamental e do seu maior ou menor

rendimento.14 De outra parte convém lembrar a influência, em termos

mais globais, do mercado internacional.

Em que pese a substituição de uma cultura por outra, nao

...

...

houve uma transformaçao bastante acentuada e capaz de alterar os modos

de produção e comercialização das diversas culturas. É preciso espe

-rar o advento do ciclo trigo-soja e, com ele, a mecanização da

lavou-ra, para que a paisagem sócio-econômica da regi~o fosse alterada.

1.2 - O Ciclo Trigo-Soja e as Transformações Ocorridas

O surgimento das culturas do trigo e do soja está afeto a

vários fatores, cujo encadeamento remontô

à

época do desbravamento das

matas pelos pioneiros. Para enfrentar a mata, os colonizadores utili

zam métodos agrícolas rudimentares como aS derrubadas seguidas das

queimadas, Tal método exige um certo padrão fundiário que permita o

rodízio da terra, sem esgotá-la. Porém, como grande parte dos

ioo

veis rurais são de pequeno porte, a necessidade de sobrevivência

obri-ga o agricultor a uma utilização intensiva dE suas terras, provocando'

o esgotamento das mesmas.

14

rv"tARQUES, M. O. Trigo' e Região. Ijuí, FIOENE, 1972. p. 23: "A poli

-cultura de subsistência que a colonização visava implantar foi

logo substituída pela cultura de comercialização, variável segu~

(27)

o

uso inadequado do solo acarreta uma diminuição da prod;!

ção e, consequentemente, da renda, o que impossibilita o pequeno

agri-cultor de aplicar investimentos na correção da terra. A essa queda

na produtividade do milho e da mandioca, principais culturas que

ante-... 15

cederam o trigo e o sOja,ajunta-se o problema da comercializaçao •

A essas dificuldades acrescente-se o interesse e o apoio g~

vemamental

à

cultura do trigo, no sentido de aument~lhe a produçãoe

~ M ,

garantir a sua comercializaçao. Juntamente com o apoio a cultura do

trigo, é incrementada, no governo de Jucelino, a pOl!tica de industri~

lização do pais e de abertura de estradas, incentivando o uso da má

quina e favorecendo o transporte de mercadorias.

A conjugação desses fatores fez ruir as culturas

tradicio-nais e a policultura de subsistência e comercialização de excedentes t

propiciandO a combinação de duas culturas: uma de inverno, o trigo

outra de verão, o soja. Por serem culturas exigentes, sobretLdo a do

trigo, elas obrigaram o agricultor a introduzir a mecanização em sua l~

voura, acompanhada de novas técnicas cientificas aprimoradas: sementes

melhoradas, adubação, correção e conservação do solo.

15

16

Idem, ibidem. p. 2B: tiA decadência da lavoura do milho e da

mandio-ca é decorrência das dificuldades de comercialização dos suínos

e da impossibilidade de aquelas culturas poderem sustentar um

esforço de recuperação do sola e tecnificação da lavoura.

o

binbmio trigo-soja, contando com a facilidade de comerciàlizaç~

podendo promover a tecnificação da lavoura e completando-se

uma

e outra cultura no aproveitamento dos mesmas solos e mesmos eq~

pamentos, oferecia condiçÕes de retomada do processo de desenvol vimento da agricultura da região".

TOSTA FILHO,

r.

~? Econômico sobre o Rio Grande do Sul. Ria de

Janeiro, 1960. v.I, p. 74: liA partir da safra de 1956/57, passou

o Banco do Brasil a intervir na comercialização interna do trigq

em decorrência dos Decretos nºs 43.316 e 40.500, de 8.11,.1'56 e

7.12.56, respectivamente,

intervenç~a

esta que cansiStijJ=-

p~

gar aOs moinhos o trigo que supostamente os mesmos tive m

com-prado dos produtor8f::; t i .

J

(28)

A cultura mecanizada do trigo e soja provocou uma sub-ocup~

ção da mão-de-obra rural, ocasionando o êxodo dos campos. É signifis~

tiva a aiminuição da população rural do município de Ijui que passou

de 26.733, em 1960, para 21.066 habitantes em 1970. A tabela abaixo •

retrata a tendência do crescimento da população de Ijui.

Tabela nQ 3 - Crescimento e mobilidade da população de IjüÍ.

Oiscriminaç~

1960 19'70

~~~

Populaç~o urbana 20.068 33.622

PopUlação rural 26.733 21.066

População Total 46.801 54.688

Fonte: BRASIL. IBGE. ~oFse Preliminar do Censo Demográfico. Rio

Grande do Sul. Rio de Janeiro, 1960. p. 51

BRASIL. IBGE. ~P!l Preliminar do Censo Demográfico. Rio Grall

de do Sul. Rio de Janeiro, 1970. p. 51.

Segundo dados fornecidos pela Prefeitura Municipal de Ijui,

em 1975 o munic{pio contava com 60.000 habitantes, dos quais 40.000 ha

bitavam a sede e 20:000 a zona rural.

Além de provocar o êxodo rural, a modernização da agricult.!:!

ra leva o homem do campo a redimensionar o seu universo. O agricul ror:

que até o final da década de 50 trabalhava mais para a sua subsistên

-cia (prodUZindo um pouco de tudo e comer-cializando seus excedentes na

prÓpria localidade), vê.-se, de um momento para outro, projetado for e

de seu contexto natural. Todo o processo de financiamento (Bancos)

de comercialização dos produtos (Cooperativa) e de aquisição de

impIe--mentos e insumos depende de fora, da sede do munic{pio, da região 2

(29)

"O ingresso numa economia de mercado mais amplo e o

crescente USO do dinheiro t substi tu!da a mediação do

pequeno comerciante do interior pelas ~açães

bancárias e pela Cooperativa, tendem a gerar novas P.2. dr5es de trabalho e de relacionamento humano" .17

Há uma ruptura em termos de visão de mundo. O agriculbJ:r

começa a perceber que as fronteiras do mundo vão além de SUl'! localidade.

Ele sente que o produto de seu trabalho não é mais um simples

de subsist~cia, mas também uma fonte de lucros.

fator

No momento em que passa a trabalhar com os bancos, o agri

-cul ter deva aumentar a produtividade para vencer os seus ccmp~ssas;

ele precisa de financiamentos para produzir mais, obriga-se a produzir

mais para saldar as empréstimos. A terra não pode ficar ociosaj as

náquinas não podam parar; a pequena propriedade não

é

suficiente para

justificar a aquiSição de máquinas; instaura-se, pois, a disputa e a

competição pela posse da terra, ocasionando uma recomposição das imÓ

-,.

vais rurais. Segundo Stavenhagem, as mt..danças nas estruturas agra

rias estão ligadas

à

extensão do capi talismo ao meio rural. 18

Nestas circunstâncias t o homem do campo vai vin culand~se

cada vez mais para fora da localidade e t com isso t vai se atemizando o

povoado tradicional e desaparecendo as formas de coopera~o entre os

vizinhos.

17

18

MARQUES, M. O. Op. Cit., nota 12, p. 82.

STAVENHAGEN, R. Les Classes Sociales dans les Sociétes ~es. P~

ris, Ed. Anthropas Paris, 1969. p. 97. "Les processus de change -ment, qui ont commencé avec l'extension du capitalisme, ont

(30)

18

-2. A ÁREA ESCOLAR E A IMPlANTAÇÃO DA ESCOLA

A

área escolar ocupa a parte leste do município de Iju!

r 2 N

passuindo Llna superfJ.cie de 160 krn e uma populaçao de 8.000 habi tan

-tas.., tios quais 3.000 são jovens com menos de vinte anos de idade. Tr,!;!

ta-se de

una

cÚ-ea agr!cola, que passou pelo mesmo processo tle coloni~

ção

e substituição de culturas do restante tio munidpia.

como

acabamos

de

descrever.

A área conta com duas sedes distri tais I Or .. Bozano e 6alto j

e mais seis povttados: Santa LÚCia,. Sal tinha, Eba Esperança, linha 10

e 11 Leste e Vista Alegre, este Último já no munic:ÍpiO de Ajuricaba.

A escola em estLdo t lacalizct-se no povoado de Or. Bozano

que

alán

de ser sede distrital,

à

margem da BR 285, há 15 km de Iju!,

ocupa LIJ1 ponto quase equ1distanté dos d 8!118,l.s povoados. Com

G--

0-,1-/ -( )

de Vista Alegre, que dista 12 km, os outros povoados est~ entre

5--8-7 krn de Or. Bozano. são essas as localidades que fornecem os 80 alu

-nos da Escola Or. 8Dzano, oriundOs de 62 famílias.

Tedos os povoadas. que compõem a área escalar,. care.cterizB!!!

se

como

agregadas hLmal10s numa determinada área geográfica. A

consci-sncia de pertencer a uma certa localidade

é

bastante viva entre os mo

iuittres

da àrea: "eu pertenço

à

Santa LÚcia

It,

rraqui não pertence mais

a Or. Bozano"j há pois, na consci~cia dos moradores da área, t.rna l i

nha de demar~ entre as diferentes localidades. Perceba-se mesmo

uma certa rivalidade entre os diversos povoados, que se manifesta 50

bretu::lo no esporte e na reivindicação das mesmas coisas ou beneflcios r

(cada povoado gostaria de ter a sua escola de área, com o ensino funtie.

mental completo).

Quanto às instituiçÕes e associaçÕes, o grau de auto-sufic!

éncia varia de uma -localidade para outra. A partir de 1960, a

tendên-cia é t1e diminuir cada vez mais essa auto-suficiência. Até o final

(31)

liar, mais para a sua prÓpria subsist~cia que para a CQnlerCialização ~

Comercializava-se os excedentes para possibilitara aquisiç;o ttos gên.!:

n:JS qtre não eram produzidos. As trocas eram diretas entre o agrlcul

-ter e o camerciante local.

Com a passagem de Lma agricultura de subsist&tcia para LIme

agricul tura val tada para a produtividade e para a exportação (trigo e

soja), houve, canccmi tantem.ente, L8ll8. melhoria do sistema rodoviário ~

xisrente e a abertura de novas estradas, fadli tanclo O eseoamento da

pra::L~ e o cantata da zona rural com os centros urbanas lI:tt:a.is e re

gionais. Ii3je o povoado de DI'. Bozano está a 10 minui:;Q.s de Ijt.Ü pala

asfal to da BR 285 t quándo outrora era necessário quase . .

&

para ir

e vaI

tara

O agricu1 ter, que raramente ia

à

cidade, hoje

está

em conta

to direto com ela. O contato com a cidade 'ao mesmo tempo em que vai

ampliando as relações do agricultor, vai urbanizando-o e despertandG-O

para nOVas necessidades e novos valores.

Os povoados da área, mesmo consti tuinc:to agregados humanos

com resid~cia estável numa área geográfica, ainda que possuam um csr

to nlanero de 1nsb tuiçÕes (pequena casa de cOmércio, igreja, escola

moinho de cereais, açouguet quadra de esporte ••• ), estas vão

tornando-se insuf'icientes para satisfazerem os interestornando-ses fundamentais, e mui to

menos as "comuns", desse agregado, entrando na Órbita de Iju{.

O comércio local,

além

de

não

ter condiçÕes de competir com

o comÉrcio da cidade, não tem estrutura para satisfazer as novas neces

sitlades do agregatio, tanto em termos de subsistência e conf'orto (ex: ~

letro-domésti cos) f corno em termos de equipamentó que a mecanização da

agricultura implica (máquinas, aduboS ••• ), nem tem possibilidaJ:ie de

camprar os produtos dos agricultores. A proximidade de Iju:f' faz com

que os agricul teres prefiram as grandes casas atacadistas, onde a va

-risdade de artigos

é

maior e os preços melhores.

A mecanização da lavoura levou os agricul teres a trabalhar

(32)

transa-çÕes bancárias como a comercialização fizeram o agricultor sentir que

seus estudos (3 ou 4 anos de escola) já não bastavam mais para o seu

novO modo de vida. Essas necsssidades sentidas são projetadas nos fi

lhos; "já que eu não pude estudar, quero que meu filho estu:1e para me

ajudar e não ter as mesmas dificuldades quando for lutar com o comér

-cio". Assim t também a pequena escola local já não

é

mais suficiente.

A capela católica, além do local para o culto dom:ltrl.cal

(terço) ou missa mensal, oficiada por um padre de Ijuf, propiciava en

contros movimentados de todo o agregada, graças às instalaçÕes que a

circundavam: salão paroquial com um pequeno bar e jogo de baralho

(pa-ra os velhos ~. cancha de bocha (para os adultos) e campo de futebol p~

ra os jovens. As mulheres e moças "se recreavam" assistindo os jogos

conversando e cuidando das crianças. Era nessas ocasiÕes que rapazes

e moças se conheciam e namoravam. Os casamentos davam-se quase sempre

dentro dos limites do agregado.

Hoje, aOS domingos os jovens Saem frequentemente do pOVOa

-do~ seja para passear ou para disputar torneios esportivos, envolvendo

vários povoados e mesmo a cidade de Iju{. Com a implantação da

Esco-la Or. Bozano, foram introduzidas e incentivadas as competiçÕes

espor-tivas femininas. Assim, tanto os jovens como aS jovens

das competições desportivas estudantís de Iju1.

participam

Quanto à Igreja, após um trabalho de envolvimento e integr~

ção

com

os diferentes setores do agregado, (esportivo, escolart reli

-gioso) com a atual mudança do VigáriO de Iju1, regrediu ao esquema tr~

dicional, ou seja, procura manter n1 tida à demarcação entre o sagrada

e o profano.

Apesar de atenuada percebe-se, bem ainda, uma vinculação e!:!,

tre Família, Religião e Escola. O núcleo fundamental da instituição

familiar, na área, é constituído pelo casal, monogâmico e indissolú

vel, e seus filhos. Ainda que não se possa caracterizá-la como uma

(33)

/la distribuição de pap3is.

o

pê.i

é

considerado o chefe, com autorid.!::.

de explícita sobre os filhos até o seu casamento ou seu

estabelecimen-to autônomo. Ao pai cabe a responsabilidade de tomar as decisões im

portantes; a consulta

à

esposa é feita mais "pro formaM. A função da

mãe está mais ligada

à

educação dos filhos e

à

administração da casa •

Mesmo nestes domínios que lhe são atribuidos, a mulher é muito insegura

e dependente da opinião do marido. Durante a pesquisa, as esposas

que foram entrevistadas, estavam pouco informadas do que acontecia na

escola com seus filhos e temiam afirmar qualquer coisa que não viesse

expressar o pensamento do esposo, deixando entrever a tradicional m~

ginalização da mulher.

Outra característica da família rural na área está ligada

à

propriedade! tanto o grande, como o pequeno proprietário valorizam a

propriedade privada como fator de estabilidade sócio-econômica, enqua~

to meio de produção e enquanto confere um status social. Expressões

como estas - "Fulano é um João-sem-terra"; "Ciclana não tem onde cair

morto" - revelam um apreço pela propriedade privada e um evidente me

nosprezo por aqueles que não possuem terra.

A família tem representado, na área, um importante papel na

...

,

mao-de-obra agr1cola, sobretudo na pequena propriedade, caracterizada

por um regime de economia familiar. A mulher, além dos afazeres ca

seiras, ajuda o marido na roça. A criança a partir dos 6 ou 7 anos

já começa ajudar na lavoura e quando alcança os 12 ou 13 anos já traba

lha como um adulto, com arados e tratores.

Há uma interação entre essas

três

instituições: família, as

cola e igreja. A famÍlia veicula e inculca nas crianças os valores e

normas de comportamento;

é

a primeira instância socializadora. A esco

la sistematiza e reforça os valores explíCitos e formais e estabeleci

dos pela sociedade; é a segunda instância de socialização da criança,

encarregada de homogeneizar os comportamentos. Para os pais, a

(34)

22

-lhos, reforçando os costumGS e valores do agregado. A igreja aparece

como a instituiç~o, que tem a miss~o extra-terrena e poderes de

sacra-lizar os valores familiares: monogamia e indissolubilidade do

casamen-to, autoridade do pai, obediência dos filhos, sublimaç~o do trabalho,

etc. A Igreja prega ainda a uni~o e a fraternidade de todos, procu

rando racionalizar a estratificaç~o social, como sendo a vontade de

Deus. Este ponto será melhor explicitado no capítulo 111.

2.1 - O Trabalho do Instituto de Educaç~o Permanente

Desde 1961 a Faculdade de Filosofia de Iju1 vinha

realizan-do um trabalho de desenvolvimento e organização comunitária,

procuran-do criar pequenos núcleos, agrupanprocuran-do pessoas com problemas similares ,

que in!Ciassem desde as bases a busca de soluções.

Já em 1962, havia 76 núcleos locais no município de Ijuí

Em cada localidade foi criado um núcleo, que deveria constituir a base

do movimento que, na zona rural, visava a conscientizaç~o e promoçao

...

dos agricultores, através do cooperativismo e da sindicalizaç~o rural,

fuzendo com que estes fossem os próprios prumotores do desenvolvimento.

Em 1965 é criado o Instituto de Educação de Base (IEB), ho

je ligado

à

FIDENE, "com o objetivo de organizar e sistematizar o

ins-trumental pedagógico do movimento e ministrar cursos intensivos de

conscientizaç~o e politizaç~o, de cultura geral ou especializada, semi

19 nários, encontros, palestras e debates".

O distrito de Dr. Bozano constituía um dos núcleos de base

mais populosos e, por isso, foi muito assistido pelo Instituto de

Edu-cação Permanente (IEP) da FIDENE. Após dez anos de trabalho do IEP

os agricultores da área de Or. Bozano teriam despertado para os probl~

mas comunitários, entre os quais destacava-se o da educação no meio ru

ralo

19

MARQUES,

M.

O.

&

BRUM, A. J. Uma Comunidade em Busca de seu Caminho.

(35)

Em 1971, a FIDENE levou a efeito um Levantamento de Op~

niões sobre a Reforma de Ensino (Lei 5692/71), entre os agricultores

do município de Ijuí. Foram realizadas reuniões em 42 núcleos de ba

se, tendo comparecido 1.341 agricultores, acompanhados de professores'

20

das respectivas escolas. Entre os dados colhidos nas atas das reu

niões destacam-se:

- Precárias condições das escolas quanto

luz, água, material didático, assim como

acesso às escolas;

a salas de aula a dificuldade

,

de

- A aprendizagem

é

deficiente. A escola não prepara para

a vida da colônia; os interesses do interior não coincidem

com os da cidade. Os professores não possuem um

preparo-adequado; são fornados para a cidade, o que acarreta choquES

com os alunos e a comunidade. Os baixos salários levam o

professor a um excesso de atividades para sobreviver. Ha

..

professores que lecionam as cinco séries, em uma única sala de aula, num só horário;

Quanto à continuidade dos estu::los, tomase ela impossÍ

-vel, com raras excessões, em se tratando de enviar os fi

lhos à cidade ou de nela mantê-los. Sabe-se que, depois de

estudarem e viverem na cidade, os jovens não retornam aO

interior, ou quando retornam não conseguem pôr em prática

no meio rural o que aprenderam na cidade.

~ ...

Como posslveis soluçoes para esses problemas, os

agriculto-res apontaram:

20

- A idéia de uma escola de área, para possibilitar a

conti-nuação dos estudos, foi aceita por todos; para tanto será

preciso melhorar as estradas municipais para favorecer

..

o

acesso a escola;

- Quanto ao ensino, os agricultores salientaram a necessida de, além dos ensinamentos básicos de linguagem, matemátic;

e conhecimentos gerais, de uma profissionalização, de uma

sistematização dos conhecimentos e experiências da

agricul-tura e pecuária, conhecimentos de mecânica, manutenção de

máqUinas, composição dos solos, noções de sindicalismo

(36)

24

-cooperativismo, mecanismos de funcionamento dos bancos e

insti ttd.ções públicas. As moças deveriam obter

treinamen-to em culinária, corte e costura. Quantreinamen-to aos praf'essarBS ,

deveriam trabalhar em tempo integral na escola e res:iJ:fir na

localidade. As férias deveriam coincidir com a

época

das

colhei tas: maiG-junho e novembro-dezembro j

- Os núcleos de base devem, de uma parte, apoiar as iniciativas da Círculo de Pais e Mestres, contribuindo material -mente com a escola. De outra parte, devem fazer exigências quanto aO ensino a ser ministrado, contribuir com idéias , aju;:iar a planejar, orientar a clube agrÍcolat

respansabili-Za2'-SS pela freqttência dos alunos, organizar grupos para. ~

~as s:pec.1ficas, p~ contatos regulares e aux!ll.o direto

a direçao da escola.

2.2 - A Implantaxão da Escola na Área

Tendo percebido que os agricultores haviam despertador para

o problema da educação no meio rural a FIDENE, através do Instituto de

' . . 22

EdUCáÇBO Permanente, passou a incentivá-los no sentido de orlar t..ma

escola caaun1 tária em Dr. Bazano, a qual deveria servir

à

área

circun-vizinha. Foi assim que, em 1971, a FIDENE instalou a Escola Dr. 8Dza.

no, começando a funcionar a primeira série ginasial (ainda no regime do

antigo ginásio) nas dependências da Escola Primária Estadual, situaJ:ta

na mesma localidade.

21

22

Idem, ibidem, p. 76 e passim.

MARQUESt M. O.

&

BRUM, A.

J.

Una Comunidade em Busca de seu Cami -

,

.Db!:.

Porto Alegre, Ed. Sulina, 1972, p. 60. "Entande-se par Edu

cação

permanente lIJ1 sistema aberto, que procura capacitar cada

homem, os grupos em toda a gama de formas que hoje asstetem pelo processo de socialização,' as organizações e agências plurifonnes

da vida moderna, a família e o munic.1pio, a região e o paIs, a

dar uma resposta aos desafios de nosso tempo, LITla resposta

posi-tiva às exigências do mundo de hoje, numa sociedade dinâmica e

(37)

Dada a exigttidade d e espaço para obrigar os alunos da

esco-la recém fundada, os moradores da área reuniram-se e decidiram cans 0"1

trLÓ.r, com seus prÓprios recursos, três salas de aula anexas aO prédio

escolar estadual.

As salas, por eles construidas t deveriam servir para

as

suas reuniões também. Mas como precisavam pedir licença

às

"autorida

des de ensino" para ocupar as salas cada vez que se reuniam. os agri

-cul tores começaram a descontenta~se, já que não podiam utilizar livre

mente algo que eles prÓprios tinham construido.

Diante de tal situação, pensaram construir algo que lhes

pertencesse e que servisse de local de encontro para debaterem seus

problemas. Nessa mesma época sentiam a necessidade de substituir a

velha igreja por uma nova. l...h1 grande problemat com o qual se debatem

os pequenos povoados, é a fragmentação de recursos e a dispersão de

esfOrços pelos vários setores e atividades locais. Como nao N ptXiiam

atacar duas frentes ao mesmo tempo, começaram a estudar a viabilidade'

da construção d e um Cen tro Comunitário que servisse aos diferentes s!

teres da vida comunitária: educação, cooperativismo, sindicalismo, re

creação e religião.

3 . A ci d t . t ' . 23

2. - A ExperJ.Bn a o Cen rO ComunJ. arJ.o

Aos 13 de agosto de 1972 era fundado juridicamente O Centro

Comuni tário Or. Bozano e aos 02 de setembro era iniciada a sua constru

ção, que seria concluída dois anos mais tame, graças

à

conjugação de

23

Cf. Estatuto do C~tro Com.La1itário Or. Bozano. 1972. Arts~ lR e 3R.

"O Centro Comunitário Or.

Bozanc,

fundado em 1972,

&

pBSSQa

jur!d:L-ca~_de direi to privado t de caráter filantropico educativo e de pro

moçao socialt tendo por fimr a) promover e desenvolver a cansci~n

=

cia comunitária e incrementar a integração de PnlpÓsitos e realiza

ç§es da população local;

2)

promover a educaç~o escOlar e a educa :

çaO pe.nnanente da populaçao em geral; c) colaborar com as

autm-ida-des e entidaautm-ida-des públicas e privadas no autm-ida-desenvolvimento local do mu

i ,.. d . . . . ) " ,

Imagem

Tabela  n Q  1  - Propriedades  rurais,  segundo  intervalo  de  area,  no  muni-
Tabela  n Q  3  - Crescimento  e  mobilidade  da  população  de  IjüÍ.
Tabela  n  9  4  - Percepção  dos  Pais  e  Alunos  sobre  as  FtntJ:les  Primrlrdiais
Tabela  n Q  6  - FreqUência  dos  Pais  às  Reuniões  da  Escola.
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Referências

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