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Meloxicam subaracnoide não inibe a hipernocicepção mecânica no teste da carragenina em ratos.

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REVISTA

BRASILEIRA

DE

ANESTESIOLOGIA

PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia

www.sba.com.br

ARTIGO

CIENTÍFICO

Meloxicam

subaracnoide

não

inibe

a

hipernocicepc

¸ão

mecânica

no

teste

da

carragenina

em

ratos

Lanucha

Fidelis

da

Luz

Moura

a,∗

,

Silvana

Bellini

Vidor

b

,

Anelise

Bonilla

Trindade

b

,

Priscilla

Domingues

Mörschbächer

b

,

Nilson

Oleskovicz

c

e

Emerson

Antonio

Contesini

d

aUniversidadeFederaldoRioGrandedoSul(UFRGS),PortoAlegre,RS,Brasil

bProgramadePós-Graduac¸ãoemCiênciasVeterinárias,UniversidadeFederaldoRioGrandedoSul(UFRGS),

PortoAlegre,RS,Brasil

cUniversidadedoEstadodeSantaCatarina,Florianópolis,SC,Brasil

dFaculdadedeVeterináriadaUniversidadeFederaldoRioGrandedoSul(UFRGS),PortoAlegre,RS,Brasil

Recebidoem21deagostode2013;aceitoem28deoutubrode2013 DisponívelnaInternetem26desetembrode2014

PALAVRAS-CHAVE

AINE; Carragenina; Dor;

Medulaespinhal

Resumo

Justificativaeobjetivo:Avaliarosefeitosantinociceptivosdomeloxicamsubaracnóideosobre

ahipernocicepc¸ãomecânicainduzidapelacarrageninaemratos.

Métodos: Estudorandômicoecontrolado.DezoitoratosWistar,machosadultos,foram

submeti-dosàimplantac¸ãodeumacânulasubaracnóidea,ealeatoriamentedistribuídosemdoisgrupos:

oGrupoI(GI)recebeu5␮Ldesoluc¸ãosalina,enquantoqueaoGrupoII(GII)foramadministrados

30␮gdemeloxicam,ambospelaviasubaracnóidea.Ahipernocicepc¸ãomecânicafoiinduzida

pelainjec¸ãointraplantardecarrageninaeavaliadacomoempregodeumanalgesímetrodigital

acada30minutosduranteumperíodode4horas.Osresultadosforamregistradoscomoodo

limiarderetirada(g),calculadosubtraindo-seovalordasmensurac¸õesapósostratamentos,

dovalorbasal.

Resultados: Osvaloresmédiosdodolimiarderetiradaforammenoresnogrupotratadocom

meloxicamaolongodetodososmomentosdeavaliac¸ãoentre45e165minutos,contudonão

foidemonstradasignificânciaestatística(p=0,835)paraessadiferenc¸a.

Conclusão:A administrac¸ãosubaracnóideado meloxicamnadose de30␮g.animal---1 não foi

capazdesuprimirahipernocicepc¸ãomecânicaem um modelodedor inflamatóriainduzida

pelaadministrac¸ãointraplantardecarrageninaemratos.Osdadossugeremqueoutrasdoses

sejampesquisadasantesqueoefeitodofármacosejadescartado.

©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos

direitosreservados.

TrabalhorealizadonoHospitaldeClínicasdePortoAlegre(HCPA),PortoAlegre,RS,Brasil.

Autorparacorrespondência.

E-mail:lanuchamoura@terra.com.br(L.F.L.Moura). http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2013.10.018

(2)

KEYWORDS

NSAIDs; Carrageenan; Pain;

Spinalcord

Subarachnoidmeloxicamdoesnotinhibitthemechanicalhypernociception

oncarrageenantestinrats

Abstract

Backgroundandobjective: Evaluatetheantinociceptiveeffectsofsubarachnoidmeloxicamon

themechanicalhypernociceptioninducedbycarrageenaninrats.

Methods:Randomizedcontrolledtrial.EighteenadultmaleWistarratsunderwentacannula

implantationintothesubarachnoidspaceandwererandomlydividedintotwogroups:GroupI

(GI)receivedsalinesolution5␮L,whileGroupII(GII)receivedmeloxicam30mg.The

mechani-calhypernociceptionwasinducedbyintraplantarinjectionofcarrageenanandevaluatedusing

adigitalanalgesymeterevery30minutesduringa4hourperiod.Theresultswererecordedas

thewithdrawalthreshold(ing),calculatedbysubtractingthemeasurementvalueafter

Results:The withdrawalthresholdmeanvalueswerelowerinthegroupofpatients

trea-tedwithmeloxicamoveralltimepointsbetween45and165minutes,however,therewasno

statisticalsignificance,(p=0.835)forthisdifference.

Conclusion: Subarachnoidmeloxicamatadoseof30␮g.animal---1didnotsuppressthe

mecha-nicalhypernociceptioninamodelofinflammatorypaininducedbyintraplantaradministration

ofcarrageenaninrats.The datasuggestthatotherdosagesshouldbeinvestigatedthedrug

effectisdiscarded.

© 2014SociedadeBrasileirade Anestesiologia.Publishedby ElsevierEditoraLtda.Allrights

reserved.

Introduc

¸ão

Evidências demonstram que os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) apresentam, além da ac¸ão periférica reconhecida, um poderoso efeito nos estados de dor experimental que é independente de seus efeitos anti--inflamatórios.1 Adicionalmente à sua ac¸ão inibitória da

síntesedeprostaglandinasperifericamente,umaac¸ão

cen-traldosAINEstemsidosugeridaporestudosexperimentais

nosquaisessesfármacosdemonstramumamaiorpotência

pelaviasubaracnóideaquandocomparadaàadministrac¸ão

sistêmica.2,3Estudostêmdemonstradoqueambasasformas

daciclooxigenase(COX)sãoconstitutivamenteexpressasno

cérebroenamedulaespinhalderatos,4sendoCOX-2a

iso-formapredominantenocornodorsaldamedulaespinhal.5

A administrac¸ão espinhal dos fármacos anti-inflamatórios

tem mostrado suprimir o reflexo das fibras C, inibir a

sensibilizac¸ãoneuronalnocornodorsaldamedulaespinhal

eatenuaradorinflamatóriadelongadurac¸ão.2,6---11

O meloxicam é um analgésico e anti-inflamatório não

esteroidalpertencenteàclassedoácidoenólico,

apresen-tandopreferênciapelaisoenzimaCOX-2.12Diferentemente

de muitos outrosAINEs, apresenta alta biodisponibilidade

oraleumalongameia-vida,emboranãoestejadestituídode

efeitoscolaterais.13 Estudosabordandoaadministrac¸ãodo

meloxicampelasviasespinhaissãoescassos14---17enão

ava-liamseusefeitossobreadorinflamatóriaaguda.Oobjetivo

dapresenteinvestigac¸ãofoiavaliaropoderantinociceptivo

domeloxicamsubaracnóidesobreadoragudainduzidapela

carrageninaemratos.

Materiais

e

métodos

Oprotocoloexperimentalutilizadofoianalisadoeaprovado

pela Comissão de Éticano Uso de Animaisdainstituic¸ão.

Osratos foramalojados individualmente sob temperatura

controlada(21◦-24C)ecicloclaro-escurode12horas,com

águaealimentoofertadosadlibitumpornomínimo14dias.

Osanimaisforam cirurgicamente preparadossob

anes-tesia com quetamina e xilazina (100 e 10mg.kg---1 via

intraperitoneal, respectivamente),e a seguir, submetidos

àimplantac¸ãodacânulanoespac¸osubaracnóidedeacordo

comumamodificac¸ãodatécnicapreviamentedescritapela

literatura.18Resumidamente,osanimaisforamacomodados

emdecúbitoventral,comosmembrosanteriorese

posterio-resfixadosemabduc¸ãoecomaregiãodacabec¸alevemente

elevadaemrelac¸ãoaorestodocorpo.Apósanti-sepsiada

pele daregião atlantooccipital, uma incisão vertical com

aproximadamente 2cm de comprimento foi realizada na

linhamédiadaregião,iniciandonopontoentreasorelhas

e se estendendo caudalmente. O tecido subcutâneo e os

músculosbiventer cervicis e rectus capitis dorsalismaior

foramafastadospordissecac¸ãoromba.Comoafastamento

da musculatura, a dura-máter e a cisterna magna foram

visualizadas,eapósaexposic¸ãodamembrana

atlantooccipi-tal,umaagulha18-Gaugefoiempregadaparapuncionarsua

regiãocentral,atéqueocorressesaídadelíquido

cefalorra-quidiano.UmacânuladepolietilenoPE-10(#BB31695-PE/1,

Scientific Commodities, Lake Havasu City - AZ, USA) foi,

então,inseridaatravésdoorifícioeavanc¸ada 8,5cm

cau-dalmentenointeriordoespac¸osubaracnóide,atéalcanc¸ar

aregião doalargamentolombar. Amensurac¸ão,o cortee

amarcac¸ão das cânulascom tinta esmalteforam

realiza-dosnoperíodoprévioaoexperimento,sendoessematerial

individualmenteembaladoeesterilizadocomóxidode

eti-leno.Aporc¸ãocranialdacânulafoiinseridaatravésdeuma

agulha18-Gauge,permitindosuaacomodac¸ãonotecido

sub-cutâneo, demodo a emergir dapele próximoao topo da

cabec¸a.Os músculose a pele foramsuturadose a

extre-midade externa docateter foi ocluída com ainserc¸ão de

(3)

fim,aporc¸ãoexternadacânulafoifixadaàpelecomsutura.

Duranteo períodoqueseseguiuàimplantac¸ãodacânula,

osanimaisforammantidosem caixasplásticasindividuais,

sobasmesmascondic¸õesdoperíodoprévio.Nodiaseguinte

à colocac¸ão da cânula, os animais foram avaliados, de

modoquedéficitsneurológicospudessemserconstatados.

Aqueles que apresentaram alterac¸ões neurológicas foram

excluídosdoestudo.

Dezoito ratos Wistar, pesando 300-450g, foram

pre-parados com sucesso para o estudo, e um dia após a

colocac¸ão da cânula, foram submetidos ao teste de

avaliac¸ãodahipernocicepc¸ãomecânicainduzidapela

car-ragenina.Paraisso,foiempregadoumanalgesímetrodigital

(InsightLtdaEquipamentosCientíficos,RibeirãoPreto---SP,

Brasil),deacordocomtécnica previamentedescrita,19 na

qualumtransdutordepressãoequipadocomumaponteira

depolipropilenode7mm2foiaplicadoperpendicularmente

àsuperfície plantardireita dosanimais,comumapressão

linearmente crescente. O equipamento registrou a forc¸a

exercida,expressaem gramas (g),comprecisão de0,1g.

A estimulac¸ão do membro foi repetida até que o animal

apresentasse três mensurac¸ões semelhantes (a diferenc¸a

entre o valor mais alto e o mais baixo fosse inferior a

10g).Assim,ocomportamentonociceptivofoiquantificado

através da média de três valores expressos em gramas,

que representa o limiar de retirada da pata ao estímulo

mecânico, em cada momento de avaliac¸ão. Foram

consi-derados como respostapositiva a retiradado membro do

contato com a ponteira ou o comportamento de sacudir

e/ou lamber o membro no momento ou imediatamente

após a estimulac¸ão (flinch). A ambulac¸ão foi considerada

umarespostaambígua,logo, quandoocorreunomomento

daaplicac¸ãodoteste,estefoirepetido.

Aproximadamente trinta minutos antes do início das

avaliac¸ões, os ratos foram transferidos para o local de

realizac¸ão dostestes, constituídoporcaixasacrílicascom

assoalhodetelaaramadanãomaleável,emumasala

silen-ciosa,permitindosuaaclimatizac¸ão,constatadapelocessar

docomportamento de limpeza e explorac¸ão do local. Ao

longo desse período, foram realizadas aproximadamente

cincoestimulac¸õesdos membros dos animais,de modo a

permitirsuafamiliarizac¸ãocomoestímuloaplicado.Logoa

seguir,foramestabelecidososvaloresbasaisdecadaanimal.

Umavezregistradososvaloresbasais,osanimaisforam

contidosmanualmente,procedendo-sea retiradado

frag-mento metálico oclusivo do cateter. A seguir, os animais

foramdistribuídosaleatoriamenteem doisgrupos.Os

ani-maisdoGrupoI(GI,n=9)foramsubmetidosàadministrac¸ão

subaracnóideade5␮Ldesoluc¸ão salina,enquantoque os

animaisdo Grupo II (GII, n=9) receberam 30␮g de

melo-xicam diluídos em soluc¸ão salina até umvolume final de

5␮L,pelamesmavia.Assoluc¸õesforamadministradascom

o auxílio de uma microseringa Hamilton de 10␮L (701N,

HamiltonCompany,Reno---NV,USA)duranteumperíodode

30segundos.Realizadotalprocedimento,10␮Ldesoluc¸ão

salinaestérilforaminjetadosparalavagemdocateter.

Imediatamente após a administrac¸ão das substâncias

no espac¸o subaracnóideo, carragenina-lambda (0,1mL de

carragenina 2,5%) foi injetada na região intraplantar do

membrodireito,seguindoatécnicadescritapreviamentena

literatura.20Omomentodainjec¸ãodacarrageninafoi

regis-tradocomotempo0(T0),easavaliac¸õesposterioresforam

60

50

40

30

20

10

0

30 60 90 120 150 180 210

liminar de retirada (gramas)

Tempo (minutos)

240

Placebo Meloxicam

Figura 1 Valores médios do do limiar de reti-rada±desvio padrão (g) nos diferentes momentos de avaliac¸ão da hipernocicepc¸ão mecânica, em ratos subme-tidosàadministrac¸ãoSAdesoluc¸ãosalina(GI) oumeloxicam (GII).

realizadasacada30minutosduranteasquatrohoras

poste-rioresàadministrac¸ãodofármaco,paraseobterumperfil

temporaldeac¸ãodamesma.Todasasavaliac¸õesforam

rea-lizadasporumcomponentequedesconheciaotratamento

ao qualcadaanimal fora submetido.Umavezque os

ani-maisforamtestadosnosperíodosanterioreseposterioresà

administrac¸ãodosfármacos,osresultadosforamregistrados

comoodolimiarderetirada(g),calculadosubtraindo-seo

valordasmensurac¸õesapósostratamentos,dovalorbasal,

eessesvaloresforamconfrontados.

Osdadossãoapresentadoscomomédia±desvio-padrão.

Os valores do do limiar de retirada foram comparados

com uso de análise de variâncias com medidas repetidas

e dois fatores, sendoo grupo (GI ou GII)o fator fixoe o

momento(tempoacada30minutos)ofatorderepetic¸ão.

Paraaanálisefoisupostamatrizdecorrelac¸õesnão

estru-turadasentreosmomentosdeavaliac¸ão.Asanálisesforam

realizadascomosoftwareSASversão8.0paraWindowseo

níveldesignificânciafoideterminadoemp<0,05.

Resultados

Um aumento médio do do limiar de retirada ocorreu

com o passar do tempo, sendo os seus valores

estatisti-camente maiores nas avaliac¸ões com 210 e 240 minutos

em relac¸ão às demais (p<0,05). Diferenc¸as entre outros

momentos de avaliac¸ão puderam ser constatadas,

sem-pre havendo aumento médio do do limiar de retirada

comotranscorrerdoexperimento,comodemonstradopela

tabela1.

Osvaloresmédiosdodolimiarderetiradaforam

meno-resnogrupotratadocommeloxicamaolongodetodosos

momentosdeavaliac¸ãoentre45e165minutos,apesarde

nãotersidodemonstradasignificânciaestatística(p=0,835)

paraessadiferenc¸a(fig.1).Diferenc¸asmédiasnodolimiar

deretiradaocorreramentreosmomentosdeavaliac¸ão

den-trodecadagrupo(p<0,001).

Duranteaavaliac¸ãodaantinocicepc¸ão,doisratos,ambos

(4)

Tabela1 Diferenc¸amédia,erropadrãoevalordepdo

dolimiarderetirada(g)nosratosdosgruposGIeGII,no

dife-rentesmomentosdeavaliac¸ãodahipernocicepc¸ãoinduzida

pelainjec¸ãointraplantardecarragenina

Avaliac¸ões Diferenc¸amédia

estimada

Erropadrão p

30---60min −4,13 3,38 0,914

30---90min −5,60 3,82 0,813

30---120min −7,59 2,96 0,234

30---150min −13,64 4,03 0,055

30---180min −15,30 4,24 0,036

30---210min −23,50 3,68 < 0,001

30---240min −27,76 2,53 < 0,001

60---90min −1,47 2,42 0,998

60---120min −3,46 2,58 0,872

60---150min −9,51 3,13 0,104

60---180min −11,16 3,67 0,104

60---210min −19,37 2,71 < 0,001

60---240min −23,63 2,88 < 0,001

90---120min −1,99 2,84 0,996

90---150min −8,04 2,67 0,111

90---180min −9,70 3,35 0,136

90---210min −17,90 2,71 < 0,001

90---240min −22,16 2,99 < 0,001

120---150min −6,06 2,41 0,254

120---180min −7,71 3,81 0,497

120---210min −15,92 2,22 < 0,001

120---240min −20,18 2,80 < 0,001

150---180min −1,65 3,37 1,000

150---210min −9,86 2,60 0,025

150---240min −14,12 3,02 0,004

180---210min −8,21 2,36 0,046

180---240min −12,47 3,03 0,013

210---240min −4,26 2,48 0,677

diferenciadasapósainduc¸ãodahiperalgesia.Essesanimais mostraramapresenc¸adesecrec¸ãoocular,significativo aba-timento,comvocalizac¸õesemrepousoerelutaemapoiaro membrosubmetidoàaplicac¸ãodecarragenina,sugerindoa presenc¸ade dorintensa.A avaliac¸ão antinociceptiva des-ses ratos apresentou um grau de dificuldade elevado em relac¸ãoaodemais,vistoqueosanimaisnãopermitiamque forc¸a fosse exercida contra a superfície plantar durante a aferic¸ão. Nesses casos, os animais erguiam o membro afetado,acompanhandoomovimentodaponteira,não exer-cendoresistênciaàpressãoexercida.Comoresultado,tais animaisapresentaram altos valoresde limiar deretirada, quenãocondisseramcomoquepôdeserclinicamente obser-vado.

Discussão

A efetividade dos AINEs convencionais, dos inibidores da COX-2edosanticorposmonoclonaisanti-prostaglandinaE2

como agentes anti-inflamatórios nos modelos experimen-taisutilizando acarragenina,encontra-se atualmente bem descrita na literatura.20---22 Suas ac¸ões foram

tradicional-menteatribuídasàinibic¸ãodasprostaglandinasperiféricas,

asquais exercem importante papel na sensibilizac¸ão dos

nociceptores no sítio de lesão,23 uma vez que a injec¸ão

intraplantardecarrageninainduzumsignificativoaumento

na expressão de COX-2, bem como na produc¸ão de

pros-taglandinaE2.24 Asquantidades relativasdecadaisoforma

quesãoexpressasnosdiferentestecidos, contudo,variam

epodemser moduladassob condic¸õespatológicas.Assim,

contrastandocomoutrosórgãos,océrebronormaldorato,

bemcomoamedulaespinhalexpressammaisCOX-2doque

COX-1,25 e dados confirmamseu papel no processamento

sensorial da dor.26 Desse modo, uma série de evidências

experimentais sugere atualmente que os AINEs exercem

suaac¸ãoanalgésicatambémporatividadesobreoSistema

Nervoso Central, adicionalmente à sua reconhecida ac¸ão

periférica.25

Diversos fármacostêmsido administradosporvia

espi-nhalnatentativadecomprovartalmecanismo,eaausência

deefeitosconsistentesdomeloxicamsubaracnóideosobre

a nocicepc¸ão induzida no modelo experimental utilizado

vem contra os achados de outros autores, que reportam

atividade antinociceptiva após o uso espinhal de outros

AINEs.2,14,15,20,27---32 Ressalta-se,contudo, que embora uma

variedade de trabalhos pesquise o poder antinociceptivo

dos inibidores da COX-2 administrados por via

subarac-nóidea, estudos abordando especificamente os efeitos do

meloxicam são ainda escassos. Esses trabalhos já foram

capazes de demonstrar, entretanto, um efeito inibitório

sobreofenômeno dewind-up invitro,33 bem comosobre

anocicepc¸ãoinduzidapelacapsaicinaouformalina.34

Adi-cionalmente,umefeitoanalgésicosinérgicocomamorfina

foi demonstrado após sua administrac¸ão SA em animais

comdorvisceralexperimental.15 Emestudoprévio,17 dose

semelhante à do presente trabalho (30␮g.animal---1) foi

utilizada a fim de pesquisar os efeitos anti-alodínicos

do meloxicam SA. Os autores, contudo, empregaram um

modelo de dor neuropática experimental em

camundon-gos diabéticos, diferindo do modelo de dor inflamatória

destapesquisa. Osefeitos dofármaco, entretanto, foram

demonstrados com a dose empregada, o que não

ocor-reu neste estudo. Observando-se atentamente os dados

apresentados na figura 1, todavia, é possível perceber

que o grupo submetido à administrac¸ão do meloxicam

apresentouvaloresmédiosdodolimiarderetirada

infe-rioresàquelesmostradospelogrupoquerecebeuasoluc¸ão

salina,durantetodososmomentosdeavaliac¸ãoentre45e

165minutos.

Ainflamac¸ãogeradapelaaplicac¸ãointraplantarde

car-ragenina se caracteriza por mostrar um comportamento

bifásicoem relac¸ão aoedema. Afaseprecoce(0-1h)tem

sidoatribuídaàliberac¸ãodehistamina,5-hidroxitriptamina

e bradicinina, de modo que a eficácia dos AINEs nesse

períodotem sido questionada. Nafase tardia (1-6h), por

outrolado,umaelevadaproduc¸ãodePGstemsidotemsido

verificada.35Ahiperalgesia,contudo,parecesedesenvolver

emparalelocomaelevac¸ãodosníveisespinhaisdeCOX-2e

seupicosóocorreapós4horasdainjec¸ãodecarragenina.36

Observandoafigura1,entretanto,épossívelperceberque

osefeitosdomeloxicamsobreahiperalgesiaocorreram

jus-tamentenoperíodoanterioràs4horas deavaliac¸ão,com

valoressignificativamenteelevadosdodolimiarde

reti-radaapós165minutosdaadministrac¸ão,contrastandocom

(5)

Essecomportamentodacurvaderesposta,todavia,

tam-bémfoiobservadoem trabalhosque,usandoomodelo da

carragenina,observaram-seefeitosanti-hiperalgésicos

tér-micosquandodaadministrac¸ãoSAdoSC58125---uminibidor

seletivoda COX-2--- somente durante os 170 minutos

ini-ciaisdaavaliac¸ão.37 Visto que ahiperalgesiatérmicatem

mostrado ser similarmente mediada pela ac¸ão da COX-2

espinhal,38estudosquecaracterizemopadrãodeexpressão

medulardaCOX-2nainflamac¸ãoinduzidapelacarragenina,

até então aparentemente inexistentes, poderão elucidar

taisobservac¸ões.Umsignificativoaumentonaintensidade

da hipernocicepc¸ão, caracterizado pela elevac¸ão do

do limiar de retirada, especialmente nas avaliac¸ões com

210e240minutos,foiobservadoemambososgrupos

expe-rimentais. Tais constatac¸ões podem ser explicadas pelas

afirmac¸õesdeoutrosautores,segundoasquaisarepetic¸ão

do estímulo mecânico pode produzir uma elevac¸ão na

sensibilidade da área estimulada.39 A administrac¸ão do

meloxicam, portanto, também não foi capaz de impedir

esse aumento da hipernocicepc¸ão com o transcorrer do

tempo.

Dentre os diferentes fatores que podem ter

influenci-adoaobtenc¸ãodospresentesresultados,oestabelecimento

de uma dose adequada surgiu como uma necessidade

essencial cuja importância podeter sido decisiva para os

dadosaquidemonstrados.Atualmente,osescassostrabalhos

envolvendo o meloxicam por via subaracnóidea envolvem

protocolosdeadministrac¸ãodistintosdaquelepreconizado

nesseestudo, comotécnicas deinfusão contínua16 ousua

associac¸ãocomopióides.15Anecessidadededeterminac¸ão

deumadose capazdedemonstrarefeitosconsistentes,ou

mesmoaausênciadetaisefeitos,sebaseounaextrapolac¸ão

dosresultadosobtidosemtaisestudos,comsuaadequac¸ão

àsnecessidades desse trabalho.Assim, tomandopor base

pesquisas prévias que obtiveram resultados satisfatórios

com o uso de 30␮g.animal---1 de meloxicam

subarac-nóide sobre a dor neuropática experimental em animais

diabéticos,17 autilizac¸ãode dose semelhantefoi

preconi-zada,deformaaobservarseusefeitossobreahiperalgesia

inflamatória.

A dor neuropática, contudo, é uma síndrome

com-plexa que envolve teorias inflamatórias e imunes ainda

pouco esclarecidas, e cuja hiperalgesia resulta tanto do

comprometimento de tecidos neurais quanto não

neu-rais,estando associada àativac¸ão de fibrasA␤, alémdas

fibras A␦.40 Contudo, a complexidade do sistema

noci-ceptivo tem demonstrado que diferentes vias sensoriais

são ativadas após alterac¸ões mínimas na natureza do

processo doloroso,41 levando a acreditar que doses

dife-renciadas de um mesmo fármaco possam ser necessárias

para supressão das dores de diferentes origens. Tal

pos-sibilidade pode ser prontamente cogitada no presente

estudo,visto que umadose capazdecontrolar a

hiperal-gesianeuropática nãoobteve osmesmosresultados sobre

aquela deorigem inflamatória. Ficaassim demonstrada a

necessidadedepesquisasfuturascomdiferentesdoses do

fármaco.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

Agradecimentos

ÀCNPQ/CAPESpelaverbadeincentivoàpesquisa.

Referências

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