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EFEITO DA FISIOTERAPIA AMBULATORIAL PÓS-OPERATÓRIA SOBRE A CAPACIDADE FUNCIONAL E A FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA.

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Academic year: 2017

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ABCD Arq Bras Cir Dig

Artigo Original

2016;29(Supl.1):43-47

DOI: /10.1590/0102-6720201600S10012

EFEITO DA FISIOTERAPIA AMBULATORIAL PÓS-OPERATÓRIA SOBRE

A CAPACIDADE FUNCIONAL E A FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA

EM PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA

Postoperative effect of physical therapy related to functional capacity and respiratory muscle strength in patients submitted to bariatric surgery

Josélia Jucirema Jarschel de OLIVEIRA, Alexandre Coutinho Teixeira de FREITAS, Andréa Adriana de ALMEIDA

Trabalho realizado no Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica, Setor de Ciências da Saúde, Hospital de Clínicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil.

DESCRITORES: Obesidade. Fisioterapia. Exercício. Cirurgia bariátrica.

RESUMO – Racional:A fisioterapia respiratória tem papel importante na prevenção das complicações

da cirurgia bariátrica. Objetivo: Avaliar os efeitos da fisioterapia ambulatorial no pós-operatório

através das pressões respiratórias e da capacidade funcional dos indivíduos submetidos à cirurgia bariátrica. Método: Estudo prospectivo, longitudinal, randomizado e controlado, em adultos com IMC≥40 kg/m², que se submeteram a cirurgia bariátrica, Foram divididos em dois grupos: grupo intervenção, que realizou fisioterapia ambulatorialmente, duas vezes por semana, do trigésimo ao sexagésimo dia de pós-operatório; e grupo controle, que seguiu orientações domiciliares. Ambos os grupos foram avaliados no pré-operatório e após 60 dias da operação através das pressões respiratórias com a manovacuometria, do teste da caminhada de 6 min e do índice de percepção de esforços pela escala de Borg. Resultados: Foram incluídos 20 participantes no grupo intervenção e 23 no grupo controle, ambos com perda de peso significativa e similar no pós-operatório. A manovacuometria não demonstrou diferenças nas pressões respiratórias na comparação entre o pré-operatório e o pós-operatório e na comparação entre os grupos. O resultado do teste da caminhada de 6 min para o grupo intervenção aumentou em 10,1% no pós-operatório em relação ao pré-operatório. A percepção de esforço pela escala de Borg no grupo intervenção reduziu em 13,5% no pós-operatório comparado ao pré. No grupo controle não foi observada diferença entre o pré e o pós-operatório bem como na comparação com o grupo intervenção. Conclusão: O programa de exercícios de baixa intensidade realizado entre o 30º e o 60º dia de pós-operatório de cirurgia bariátrica promoveu melhor capacidade funcional; não modificou a força muscular respiratória; e melhorou o índice de percepção de esforço.

ABSTRACT – Background: Respiratory physiotherapy plays an important role preventing complications in bariatric surgery. Aim: To assess the effects of out-patient physiotherapy

during post-operative period through respiratory pressures and functional capacity in individuals submitted to bariatric surgery. Method: A prospective longitudinal and controlled study was done in adults with body mass index (BMI) equal or greater than 40 kg/m², who have been submitted to bariatric surgery. They were divided into two groups: intervention-group, who performed out-patient physiotherapy twice a week, from thirty to sixty days after surgery; and the control-group, who only followed home instructions. Both groups were evaluated before surgery and sixty days after surgery through manovacuometry, six-minute walk test and the Borg Scale of perceived exertion. Results: Twenty participants were included the intervention-group and twenty-three in the control-group. Both groups had significant and similar weight loss after surgery. The manovacuometry presented no differences comparing pre- and post-surgery and in the comparison between the groups. The result of the six-minute walk test for the intervention-group increased by 10.1% in the post-operative period in relation to pre-. The Borg scale of perceived exertion in the intervention-group in pre-surgery decreased by 13.5% in the post-surgery compared to pre-surgery. In the control-group there was no difference comparing pre- and post-operative values, as in the comparison with the intervention-group. Conclusion: The low-intensity exercise program, carried out between the 30th and the 60th day after bariatric surgery provided better functional capacity; did not change respiratory muscle strength; and improved the perceived exertion rate.

Correspondência:

Josélia Jucirema Jarschel de Oliveira E-mail: joselia16oli@gmail.com

Fonte de financiamento: não há Conflito de interesses: não há

Recebido para publicação: 12/01/2016 Aceito para publicação: 20/05/2016

HEADINGS - Obesity. Physical Therapy. Exercise. Bariatric Surgery.

INTRODUÇÃO

A

obesidade pode ser definida como o acúmulo excessivo de gordura corporal.

Atualmente é fator de risco para diversas doenças. É um problema de saúde pública, de origem genética e metabólica, agravada pela exposição a

fenômenos ambientais, culturais, sociais e econômicos, associados a fatores demográficos

(sexo, raça, idade) e ao sedentarismo13,18.

Universalmente a classificação da obesidade é realizada pelo índice de massa corporal

(2)

índice para referência da medida da obesidade e classificou-a como grau I para os com IMC entre 30-34,9 kg/m²; grau II para os com 35-39,9 kg/m² e grau III ou obesidade mórbida para os com IMC igual ou superior a 40 kg/m². A mesma organização23

estima existirem 300 milhões de obesos em todo o mundo. No

Brasil estimam-se existirem 606 mil portadores de obesidade mórbida, com prevalência no sexo feminino16.

A terapêutica usual aplicada à obesidade é a dieta hipocalórica,

os exercícios físicos, o suporte psicológico e os medicamentos. A cirurgia bariátrica está indicada para indivíduos com IMC igual

ou superior a 40 kg/m² ou IMC de 35-39,9 kg/m² desde que associados às doenças crônicas desencadeadas ou agravados pela

obesidade. Outros fatores também devem ser observados, como ter entre 18-65 anos, insucesso nos tratamentos conservadores realizados regularmente há pelo menos dois anos, apresentar motivação e aceitação e conhecimento sobre os riscos da operação. Os candidatos ao procedimento não podem ser portadores de

contraindicações, como: causas endócrinas tratáveis para a

obesidade; dependência de álcool ou drogas ilícitas; doenças psiquiátricas graves sem controle; risco anestésico e cirúrgico

classificado como ASA-IV e dificuldade para compreender riscos,

benefícios, resultados esperados, alternativas de tratamento e mudanças no estilo de vida desencadeado pela cirurgia bariátrica1.

No período peri-operatório o fisioterapeuta, parte da equipe multidisciplinar, tem o papel de identificar e graduar, através

da história e do exame físico, os fatores de risco e prevenir

principalmente as complicações pulmonares e circulatórias21.

O objetivo deste estudo foiavaliar os efeitos de um programa de exercícios de baixa intensidade realizados entre o 30º e o 60º dia de pós-operatório sobre a capacidade funcional, força muscular respiratória e índice de percepção de esforço.

MÉTODO

O presente estudo foi do tipo prospectivo, longitudinal

e randomizado, no qual adultos obesos que se submeteram à

cirurgia bariátrica foram avaliados no período pré-operatório e pós-operatório, separados em dois grupos semelhantes, um com

intervenção fisioterapêutica ao 30º dia até completar 60 dias

sequenciais, e outro grupo não intervencional, apenas orientado, neste mesmo período de pós-operatório. O projeto de pesquisa obteve aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos do HC-UFPR e registrado na Plataforma Brasil sob o CAAE 021297120.0000.0096 e protocolo nº 24457/2012.

A população estudada foi de pacientes do ambulatório de obesidade do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Serviço Ambulatorial Médico no período de julho de 2012 a março de 2014.

Os critérios de inclusão foram: adultos, na faixa etária de 18-60 anos incompletos, de ambos os gêneros, com obesidade

de grau III, IMC ≥40 kg/m2, inscritos na fila de espera da

gastroplastia por derivação gastrojejunal em Y-de- Roux19

laparotômica, aptos a deambularem sem fatores limitantes e permanecer na cidade no período do pós-operatório. Os critérios de exclusão foram: portadores de cardiopatia grave, infecção grave, artropatias limitantes e contraindicação médica para realização de exercícios.

Todos os participantes foram avaliados no pré-operatório, e reavaliados após 60 dias de pós-operatório através do teste da caminhada de 6 min (TC6) 2, da medida das pressões inspiratórias

e expiratórias máximas por manovacuometria e pela escala de percepção subjetiva do esforço de Borg (EPSEB)17.

A manovacuometria foi realizada com o paciente na posição sentada com um manovacuômetro modelo analógico

da marca Wika®, com mensurações de -120/+120 cm H2O na escala de 4 cmH2O, com conector de silicone Rescal para manobra manual, onde possui um bocal com um orifício na extremidade distal que é fechado durante a inspiração, facilitando o momento exato a ser medido7. Explicou-se o teste de maneira

simples e objetiva, em que o indivíduo deveria expirar todo o ar e em seguida inspirar pela boca ocluída com o bocal entre os dentes, e orifício ocluído. Medido a pressão inspiratória máxima (Pimáx), na mesma manobra, foi mensurada a pressão expiratória máxima (PEmáx) através de expiração forçada. Essa manobra foi executada cinco vezes para cada paciente, com intervalo de 10 s cada, e anotado o maior valor de PImáx e de PEmáx. Para cada avaliado utilizou-se um conector estéril7.

Para maior clareza foi calculado o valor das pressões previstas tanto de Pimáx quanto de PEmáx, pelas equações de regressão

de Neder15 (Tabela 1).

TABELA 1 - Equação de regressão para o cálculo de Pimáx e Pemáx da população brasileira, em função da idade e de acordo com o gênero

Homens de 20 a 80 anos

PImáx = 155,3 – 0,80 x (idade em anos) LIN: PImáxp – 27,38 PEmáx = 165,3 – 0,81 x (idade em anos) LIN: PEmáxp – 25,58

Mulheres de 20 a 80 anos

PImáx = 110,4 – 0,49 x (idade em anos) LIN: PImáxp – 14,92 PEmáx = 115,6– 0,61 x (idade em anos) LIN: PEmáxp – 18,36

Adaptado por Neder, Castelo-Filho e Nery (1999)

Valores expressos em cm H2O; LIN=limite inferior de normalidade; PImáxp e PEmáxp pressões inspiratórias e expiratórias previstas

O teste da caminhada durante 6 min foi realizado de acordo com as diretrizes estabelecidas pela American Thoracic Society (ATS) com a concordância do paciente2,8. Em local

previamente marcado para o teste, o avaliador responsável explicou o objetivo e o percurso a ser caminhado, e que o teste poderia ser interrompido a qualquer momento, se necessário. Antes de iniciar o avaliador pediu para o paciente descrever seu nível de cansaço através da Escala de Percepção Subjetiva de Esforço de Borg (EPSEB). O TC6 foi aplicado em um corredor coberto, com pouco trânsito de pessoas, com ventilação através de janelas em toda a sua extensão, piso rígido e retilíneo. Uma faixa com 30 m de comprimento foi demarcada com

fitas adesivas no piso. Foram realizadas marcações a cada 3 m conforme recomendações da American Thoracic Society. Antes

e após o TC6 o paciente foi monitorado através da frequência cardíaca, da frequência respiratória, da saturação periférica de oxigênio, da pressão arterial e da EPSEB2,5,7,8.

O teste de caminhada durou 6 min, medidos através de cronômetro. Foi registrado em ficha própria para o teste o

número de voltas completas e incompletas no percurso. Para

cada volta completada o profissional avaliador usou palavras

de incentivo para o avaliado, como: “muito bem”, “continue assim”. Foi utilizada para valores preditos e o cálculo do TC6 esperado, a equação de referência para predição da distância no teste de caminhada dos 6 min segundo Enright e Sherril (1998). Para homens a distância prevista é igual a (7,57 x altura

cm) - (5,02 x idade ) - (1,76 x peso kg ) – 309 m, subtrair 153

m para obter o limite inferior de normalidade. Para mulher é

(2,11 x altura cm) - (2,29 x peso kg) - (5,78 x idade) + 667 m,

subtrair 153 m para obter o limite inferior de normalidade2,7.

Logo após era aplicada a escala de Borg mostrando-a

em papel A4 plastificado e os valores numéricos de 6 a 20 em

ordem crescente correspondendo a cor cinza para a vermelha. Esta numeração representava os batimentos cardíacos de 60-200

bpm, o que define o esforço demonstrado pelo individuo5.

Na fase pós-operatória o atendimento fisioterapêutico

hospitalar foi realizado para todos e com ênfase nos aparelhos respiratório e circulatório, em torno de três dias quando obtiveram alta hospitalar, e a randomização da amostra através de sorteio.

Os participantes do grupo de intervenção retomaram

as sessões de fisioterapia no 30º dia de pós-operatório após

liberação médica com uso da cinta elástica abdominal24.

(3)

do programa fisioterapêutico individualizado. Os participantes

efetuaram 10 min de caminhada para aquecimento, respeitando o ritmo individual. Em seguida realizaram exercícios respiratórios,

com exercícios diafragmáticos, com inspirações e expirações profundas com freno labial, e inspirações fracionadas em três

tempos para melhorar a expansão torácica simultaneamente a

flexão e extensão de membros superiores. Como otimizador dos exercícios foi usado bastões de madeira com 1 m de comprimento e sem peso significativo. Também para o movimento de adução e abdução de ombro usaram-se pesos de 1 kg seguros pelas

mãos do paciente. Os membros inferiores também seguiram

o padrão de flexão, extensão, adução e abdução, sem carga.

Estes, porém, respeitaram a articulação coxofemoral, não comprimindo o abdome, e foi realizado na posição deitada e em pé. Em seguida, na posição sentada, realizou-se alongamento

com os braços ao longo do corpo, respirações diafragmáticas, e inclinação do tronco para frente com a finalidade de relaxar e finalizar os exercícios. A duração das sessões era de 40 min, com dois atendimentos por semanas e sempre 15 repetições

em cada exercício10,14. Por questões financeiras e econômicas

nenhum dos sujeitos pesquisados utilizou incentivadores para realizar exercícios respiratórios. Ao completar 60 dias de pós-operatório os participantes foram novamente avaliados pelos mesmos testes.

O grupo controle (orientado) após alta foi instruído a realizar as atividades físicas inclusa na rotina de pós-operatório,

como não ficar deitado o dia todo, caminhar por meia hora três vezes por semana, realizar flexoextensão de tornozelos sempre

que estiver sentado ou ditado repousando pelo menos 20 vezes. Esse grupo também foi avaliado ao completar os 60 dias de operação, através dos mesmos testes do grupo de intervenção.

De posse dos dados coletados em ambos os grupos

compararam-se as variáveis pressões respiratórias máximas,

TC6 e a EPSEB.

RESULTADO

Foram avaliados 103 pacientes em condições de realizar

a operação bariátrica. Destes 43 foram incluídos no estudo. Sessenta indivíduos foram excluídos, 48 não realizaram a

operação, dois apresentaram complicações pós-operatórias,

dez não aceitaram participar da pesquisa.

Dos 43 pacientes participantes, 95,34% eram mulheres e 4,65% homens, com idade média de 37,27±12,04 anos. Todos

foram classificados como obesos de grau III. Como fatores de

risco 37,2% eram tabagistas com orientação para deixar de fumar pelo menos um mês antes da operação; hipertensos tratados em 46,51%; diabete melito tipo II em 27,9%; artralgias

em 58,13%; e dispneia aos esforços em 18,6% (Tabela 2). Vinte

pacientes foram randomizados para o grupo intervenção e 23 para o grupo controle. Dos 43, seis não realizaram o segundo teste.

TABELA 2 - Dados antropométricos da amostra

Perfil da amostra (n=43) Percentual

Média de idade 37,27 ± 12,04

-Sexo feminino 95,34

Sexo masculino Tabagistas

4,65 37,2

Hipertensos 46,51

Diabete do tipo II 27,9

Artralgias 58,13

Dispneia aos esforços 18,6

O peso médio inicial do grupo intervenção foi de 113,6±12,3

kg e, após 60 dias de pós-operatório foi de 95,6±11,3 kg (p=0,0001). No grupo controle o peso médio inicial foi de 122,4±19,6 kg e o final 100,1±17 kg (p=0,0005). Houve significativa perda de

peso em ambos os grupos.

Em relação ao IMC, no grupo intervenção a média inicial foi

de 44,9±4,7 kg/m² e a média final de 37,8±4,4 kg/m² (p=0,0001);

no grupo controle a média inicial foi de 46,4± 5,4 kg/m² e no final a média foi de 38,3 ± 5,4 Kg/m² (p=0,0001).

No grupo intervenção o valor da PImáx médio inicial foi de -84,7±16,2 cm H2O e o valor médio final de -96,5±19 cm H2O (p=0, 0661, Tabela 3). No grupo controle observou-se no início PImáx média de - 94,5±22,8 cm H2O e média final de -105±18,2 cm H2O (p=0,1271). Quando comparados os grupos também

não houve diferença entre o início e o final do tratamento.

Quando calculada a pressão inspiratória máxima prevista pela fórmula de Neder (1999) (Tabela 1) obteve-se Pimáx prevista -78.3±6,6 cmH2O; ambos os grupos obtiveram valores maiores que o esperado.

TABELA 3 - Comparação de PImáx do grupo intervenção

Variáveis/Grupos n Média (desvio-padrão) p

PImáx (cm H2O)

Grupo intervenção inicial 20 -84,7 ± 16,2

0,0661 Grupo intervenção final 17 -96,5 ± 19

Teste U Mann-Whitney

Comparando-se as pressões expiratórias obtive-se resultados

semelhantes. No grupo intervenção a PEmáx média inicial foi de 78,2±18,8 cm H2O, e a média final foi de 86,5 ± 17,7 cm H2O (p=0,3141). No grupo controle o valor médio inicial foi de 77±52,4 cm H2O, e o médio final foi de 86±20,6 (p=0,9888). Entre os grupos não foi observada diferença (Tabela 4)

Para os valores de PEmáx prevista, também calculada pela fórmula de Neder (1999) (Tabela 1) obteve-se como resultado 76.2±10.01, valores próximos aos encontrados.

TABELA 4 - Comparação entre grupos da PEmáx (cm H2O)

Variáveis/ Grupos n Média (desvio-padrão) p

PEmáx inicial (cm H2O)

Grupo controle 23 77 ± 52,4

0,2404 Grupo intervenção 20 78,2 ± 18,8

PEmáx final (cm H2O)

Grupo controle 20 86 ± 20,6

0,8923 Grupo intervenção 17 86,5 ± 17,7

Teste U Mann-Whitney

Em relação ao teste da caminhada dos 6 min, foi observado que antes da operação os pacientes o grupo controle andaram uma média de 424,5±92 m e os do grupo intervenção média

de 408,1±50,3 m. Não houve diferença significativa nos valores

percorridos (p=0,6866). O mesmo foi observado após a operação onde o grupo controle obteve média de 422,7±56,3 m e o grupo intervenção média de 449,4±43,6 m, p=0,0718.

Ainda constatou-se que o grupo intervenção caminhou

no início média de 408,6±48 m, e no final média 449,4±43,6 (p=0,0151), com diferença significativa estatisticamente. Isso

não foi observado no grupo controle, inicialmente o TC6 foi

de 424,5±96,8 m e no final de 422,4±56,3 (p=0,7452, Tabela 5).

TABELA 5 - Comparação das avaliações iniciais e finais no mesmo grupo

Variáveis/Grupos n Média (desvio-padrão) p

TC6 (m)

Grupo controle inicial 20 424,5 ± 96,8

0,7452 Grupo controle final 20 422,7 ± 56,3

TC6 (m)

Grupo intervenção inicial 17 408,6 ± 48

0,0151 Grupo intervenção final 17 449,4 ± 43,6

Teste U Mann-Whitney

Foi aplicada a equação de cálculo da distância prevista de Enright e Sherril (1998) para todos os participantes, obtendo-se para o pré-operatório o valor médio de 503,77±85,9 m e no

(4)

pós-operatório io de 568±22,20 m; em ambos os períodos o resultado real obtido foi menor que o esperado9.

Em relação ao índice de percepção de esforço pela escala de Borg, no grupo intervenção a percepção de esforço

inicial foi de 14,1±1,5 e a percepção final reduziu para 12,2±1

(p=0,0007). No grupo controle a percepção de esforço inicial

foi de 13,2±1,7e no final de 12,2±1,5 com (p=0,0623, Tabela

6). Na comparação entre grupos a percepção de esforço inicial no grupo intervenção não foi diferente do grupo controle (p=0.1208), o mesmo ocorrendo com a percepção de esforço

final com (p=0,7857).

TABELA 6 - Comparação do índice de percepção de esforço

(Borg) inicial e final no mesmo grupo

Variáveis/Grupos n Média (desvio-padrão) p

Borg

Grupo controle inicial 20 13,2 ± 1,7

0,0623 Grupo controle final 20 12,2 ± 1,5

Borg

Grupo intervenção inicial 17 14,1 ± 1,6

0,0007 Grupo intervenção final 17 12,2 ± 1

Teste U Mann-Whitney

DISCUSSÃO

O objetivo deste estudo foi verificar o desempenho respiratório, e das condições físicas dos participantes após 60 dias de cirurgia bariátrica, com acompanhamento fisioterapêutico,

em uma população adulta e com múltiplos fatores de risco adquiridos com a obesidade.

Para Segal e Fandiño19, obesidade é condição crônica

de causa multifatorial e seu tratamento envolve vários tipos de abordagens. A orientação dietética, a programação de atividade física e o uso de fármacos antiobesidade são pontos principais de tratamento. No entanto, tratamentos convencionais são insatisfatórios para a obesidade de grau III; observa-se que o peso inicial é recuperado em 95% em

até dois anos. Devido à necessidade de uma intervenção mais eficaz na obesidade mórbida, a indicação das operações

bariátricas vêm crescendo nos tempos atuais. Os participantes desta pesquisa fazem parte deste contexto de obesidade e recuperação pós-operatória.

Em revisão Carpio et al.6 descreveram as disfunções respiratórias; este estudo, através de eletromiografia, demonstrou

que há incremento no trabalho diafragmático, mas não foi evidenciado aumento da pressão inspiratória, observando-se

a ineficácia da contração muscular. Uma hipertrofia muscular

secundaria foi notada, supondo que o excesso de peso

impõe ao organismo sobrecarga como resposta ao trabalho

respiratório aumentado. No presente estudo estabeleceu-se

o perfil respiratório dos participantes submetidos à cirurgia

bariátrica desde o período pré-operatório até os 60 dias de

pós- operatório. Sabendo das disfunções respiratórias que

acompanham estes indivíduos obesos, optou-se por este intervalo de tempo para contemplar os dias de grande perda

de peso, e readaptação física, e compartilharam-se opiniões

semelhantes sobre as forças respiratórias avaliadas e não

houve modificação nas pressões.

Outro estudo descrito por Barbalho-Moulim et al.4 com

24 obesas com características antropométricas semelhantes ao presente estudo, foram analisados o pré e pós-operatório

com espirometria e pressões respiratórias máximas, obtiveram resultados negativos onde houve decréscimo dos valores

de ambas as pressões, porém não foi descrito nenhum acompanhamento fisioterapêutico pós-cirúrgico, acredita-se que isto se deva à perda de massa muscular magra junto com

a massa gorda. Estes resultados assemelham-se ao estudo em discussão onde os resultados mantiveram-se, mostrando apenas a variação da PImáx.

Forti et al12 em seu estudo, fizeram avaliações de obesos

e eutróficos, após aplicação de três diferentes métodos

fisioterapêuticos, e como conclusão nas três avaliações os

valores do grupo de obesos a PImáx foi maior. Enquanto os valores de PEmáx foram semelhantes nos dois grupos. Este relato corrobora em alguns aspectos do presente estudo, onde a PImáx mostrou acréscimo nos valores, no entanto a PEmáx manteve-se dentro dos valores esperados.

Em relação à capacidade funcional utilizou-se o teste da

caminhada de 6 min (TC6) e a EPSEB, também relacionados em

outros estudos. Troosters, Gosselnk e Decramer20 utilizaram o

TC6 em populações distintas, sem ser DPOC como preconiza

a ATS2. Na literatura atual não são descritos testes específicos

para pessoas obesas, porém alguns estudos utilizam o TC6 como instrumentos de avaliação optaram por realizá-lo com indivíduo obeso dado sua facilidade em aplicar. Mas, ressalta-se que os índices preditivos não podem ressalta-ser considerados,

pois os mesmos são para indivíduos normais, sem alterações

corporais.

Marcon, Gus e Neumann16 desenvolveram estudo de

acompanhamento de obesos nos períodos pré e pós-operatório, por seis meses com atividade física de baixa intensidade, com caminhada e alongamento, e pôde ser observado a evolução do estado de baixa tolerância ao exercício no pré-operatório

até a melhora significativa da capacidade funcional para o pós.

Este estudo, pesquisando a utilização do TC6 como fator de avaliação, mostrou aumento médio de 12,83% na distância, demonstrando assim melhora na capacidade funcional destes participantes. No presente estudo, a distância de pré e pós-treinamento foi incrementada em 10,12% do valor inicial (p=0,0151), o que corrobora com o estudo supra descrito, mostrando tendências a melhora da distância percorrida.

Ortega, Juan e Garcia17 buscaram um programa de

exercícios para pacientes obesos pós-cirúrgicos, e realizou teste de capacidade funcional com TC6, e encontraram

valores semelhantes ao estudo em questão. Com sessões

de exercícios aeróbicos realizados em 16 atendimentos, conseguiu aumento de distância percorrida de 6,3% maior que a inicial, demonstrando melhora da capacidade funcional. No estudo em discussão utilizou-se um programa semelhante ao

descrito, mas com número de sessões menores; mesmo assim

encontrou-se tendência ao aumento da distância percorrida. Em revisão, Fonseca-Junior et al.11 ressaltaram que em muitos artigos não há concordância no método para traçar o tipo de exercícios físicos prescritos para obesos, sabe-se

apenas da importância dos mesmos, e do efeito benéfico

que são encontrados nos obesos que no pós-operatório praticaram alguma forma de exercício. Assim como os autores

deste estudo, devido à falta de programa de referência para

prescrição de exercícios físicos próprios para obesos, optou-se por um programa de exercícios individualizados de baixa intensidade, não visando a perda de peso e sim a integridade respiratória e o restabelecimento da capacidade funcional, como em outros estudos3,11,14.

Faintuch et al.10 concluíram que a fisioterapia é recomendada

no período de pós-operatório no Brasil, e que em outros países isto não acontece, onde o enfoque maior é o estado nutricional e metabólico. Alimentação saudável e atividade física têm sido recomendadas para manutenção do peso após a cirurgia bariátrica por até 36 meses. Isto enaltece o estudo discutido demonstrando que o acompanhamento pós-cirúrgico

beneficia o estilo de vida, doméstico e profissional.

CONCLUSÃO

O programa de exercícios de baixa intensidade realizado entre o 30º e o 60º dia de pós-operatório de cirurgia bariátrica

promoveu melhor capacidade funcional; não modificou a força

(5)

REFERÊNCIAS

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TABELA 3  - Comparação de PImáx do grupo intervenção
TABELA 6  - Comparação do índice de percepção de esforço  (Borg) inicial e final no mesmo grupo

Referências

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