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Urbanismo português na cidade de Maputo: passado, presente e futuro.

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Academic year: 2017

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DOI: 10.7213/urbe.7786

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ISSN 2175-3369

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Vanessa de Pacheco Melo

Portuguese urbanism in the city of Maputo: past, present and future

Arquitet⁷ e doutor⁷nd⁷, investig⁷dor⁷ do Grupo de Estudos Socioterritori⁷is Ur⁸⁷nos e de Ação Loc⁷l GESTUAL do Centro de )nvestig⁷ção em Arquitetur⁷, Ur⁸⁷nismo e Design C)AUD d⁷ F⁷culd⁷de de Arquitetur⁷ d⁷ Universid⁷de Técnic⁷ de Lis⁸o⁷ FAUTL , Lis⁸o⁷ - Portug⁷l, e-m⁷il: v⁷ness⁷.p.melo@gm⁷il.com

Resumo

O ur⁸⁷nismo português c⁷r⁷cteriz⁷-se por um conjunto de princípios ur⁸⁷nísticos e processos de concep-ção e implement⁷concep-ção que se for⁷m mold⁷ndo ⁷o longo de diversos contextos e geogr⁷fi⁷s, veicul⁷ndo um consórcio de idei⁷s ur⁸⁷n⁷s so⁸ o qu⁷l se construiu ⁷ identid⁷de comum d⁷ cid⁷de portugues⁷ . Por meio d⁷ ⁷nálise históric⁷ do desenvolvimento d⁷ c⁷pit⁷l moç⁷m⁸ic⁷n⁷, M⁷puto, e do ur⁸⁷nismo português nel⁷ p⁷tente desde ⁷ su⁷ génese, procur⁷-se entender em que consistiu em contexto ⁷fric⁷no este ur⁸⁷nismo, ⁸em como qu⁷l o signific⁷do e o p⁷pel presente e futuro dest⁷ her⁷nç⁷. Em M⁷puto, predomin⁷m ⁷tu⁷l-mente divers⁷s e extens⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s sem ⁷s devid⁷s condições de h⁷⁸it⁷⁸ilid⁷de, h⁷⁸it⁷d⁷s pel⁷ m⁷iori⁷ d⁷ popul⁷ção, tendenci⁷lmente de ⁸⁷ixos recursos, que pouco evidenci⁷m ⁷ influênci⁷ do ur-⁸⁷nismo português, ⁷ind⁷ hoje presente no centro ur⁸⁷niz⁷do. Atendendo às p⁷rticul⁷rid⁷des socioeco-nómic⁷s, cultur⁷is e polític⁷s dess⁷ cid⁷de, esse ur⁸⁷nismo revel⁷-se descontextu⁷liz⁷do e des⁷dequ⁷do, princip⁷lmente em f⁷ce d⁷s especificid⁷des e dos pro⁸lem⁷s d⁷s su⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s, que c⁷recem de um novo modelo ur⁸⁷no. Alguns dos seus princípios e processos poderi⁷m contri⁸uir p⁷r⁷ ⁷ procur⁷ desse modelo, m⁷s o seu p⁷pel presente e futuro ⁷ssume m⁷ior signific⁷do ⁷o nível d⁷ memóri⁷ e d⁷ cultur⁷, conferindo ⁷ M⁷puto um⁷ identid⁷de singul⁷r, só presente em outr⁷s cid⁷des lusófon⁷s d⁷ Áfric⁷ Austr⁷l. A perm⁷nênci⁷ dess⁷ her⁷nç⁷ torn⁷-se, contudo, incert⁷, di⁷nte do crescente n’mero de intervenções desenvolvid⁷s no ⁷tu⁷l contexto de glo⁸⁷liz⁷ção e economi⁷ neoli⁸er⁷l domin⁷nte, que rompem com ⁷s su⁷s lógic⁷s pel⁷s mãos de um⁷ multiplicid⁷de de ⁷tores, port⁷dores de v⁷ri⁷d⁷s influênci⁷s, lusófon⁷s ou não.

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Abstract

The Portuguese urbanism is characterised by a set of urban principles and processes of conception and imple-mentation, shaped through various contexts and geographies, conveying a consortium of urban ideas under which the common identity of the “Portuguese city” has been constructed. The historical analysis of the deve-lopment of the Mozambican capital, Maputo, and of the Portuguese urbanism present in it since its genesis, seeks to understand in what consisted this urbanism in African context, as well as the meaning and the present and future role of this heritage. Currently in Maputo, predominate diverse and extensive semiurbanized areas without adequate living conditions, inhabited by the majority of the population, generally low income, whi-ch show little evidence of the Portuguese urbanism inϔluence, still present in the urbanized centre. Given the socioeconomic, cultural and politic particularities of this city, this urbanism proves to be out of context and unsuitable, manly regarding the speciϔicities and problems of its semiurbanized areas, to which is necessary a new urban model. Some of its principles and processes could contribute to the search of such model, but its present and future role assumes greater signiϔicance in terms of memory and culture, giving a unique identity to Maputo, only present in other Lusophone cities in Southern Africa. Yet, the permanence of this heritage beco-mes uncertain, given the growing number of interventions developed in the current globalization context and dominant neoliberal economy, which break with its logics at the hands of a multiplicity of actors, conveyers of varied inϔluences, Lusophone or not.

Keywords: Portuguese urbanism. Maputo. Semiurbanized areas. Urbanized centre. Urban development actors.

Introdução

A influênci⁷ do ur⁸⁷nismo português so⁸re ⁷s cid⁷des d⁷s ⁷ntig⁷s colóni⁷s lus⁷s é incontornável e Ross⁷ , p. refere mesmo que à p⁷r-tid⁷ só o «sim» é ⁷ respost⁷ p⁷r⁷ ⁷ questão – há um⁷ «cid⁷de portugues⁷»? . Teixeir⁷ e V⁷ll⁷ , p. mencion⁷m que, ⁷pes⁷r d⁷s c⁷r⁷cterístic⁷s p⁷rticul⁷res de c⁷d⁷ cid⁷de coloni⁷l e d⁷ ⁷p⁷rente c⁷su⁷lid⁷de como se estrutur⁷r⁷m e desenvolve-r⁷m, os modelos e tr⁷dição ur⁸⁷nos de referênci⁷ p⁷rtilh⁷dos ⁷ssegur⁷r⁷m um⁷ identid⁷de form⁷l e estrutur⁷l comum, conferindo-lhes um inques-tionável c⁷rácter português . Tod⁷vi⁷, não é cl⁷ro em que consiste esse ur⁸⁷nismo português, no-me⁷d⁷mente no que respeit⁷ à su⁷ periodiz⁷ção e progressiv⁷ ⁷lter⁷ção d⁷s su⁷s c⁷r⁷cterístic⁷s, quer em função de diferentes momentos históri-cos, quer por influênci⁷ de modelos ur⁸⁷nísticos estr⁷ngeiros. Teixeir⁷ mencion⁷ que ess⁷s dificuld⁷des podem dever-se ⁷o ⁷tr⁷so d⁷ históri⁷ ur⁸⁷n⁷ portugues⁷ em rel⁷ção à europei⁷ e ⁷meri-c⁷n⁷, e Ross⁷ rel⁷cion⁷-⁷s princip⁷lmente com ⁷ diversid⁷de de contextos em que o ur⁸⁷-nismo português se desenvolveu, num período de tempo longo e num território v⁷sto.

As dificuld⁷des n⁷ definição do ur⁸⁷nismo por-tuguês influenci⁷m por su⁷ vez ⁷ determin⁷ção do seu p⁷pel no desenvolvimento dess⁷s cid⁷des e d⁷ su⁷ eventu⁷l perm⁷nênci⁷ no contexto ⁷tu⁷l, ⁸em como d⁷ su⁷ pertinênci⁷ e ⁷dequ⁷ção às necessi-d⁷des e pro⁸lem⁷s ur⁸⁷nos que hoje se f⁷zem sen-tir. O presente ⁷rtigo retom⁷ ess⁷ pro⁸lemátic⁷ em contexto ⁷fric⁷no, por meio d⁷ ⁷nálise d⁷ cid⁷de de M⁷puto, procur⁷ndo responder às questões: Qu⁷l é o signific⁷do do ur⁸⁷nismo português n⁷ cid⁷de ⁷tu⁷l? Que rel⁷ção pode est⁷⁸elecer com o seu de-senvolvimento futuro?

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«Método Lusitânico» e síntese entre ⁷ tr⁷dição, ⁷ presenç⁷ esp⁷nhol⁷ e o contri⁸uto de engenheiros milit⁷res fr⁷nceses e hol⁷ndeses. Teixeir⁷ e V⁷ll⁷ ⁷crescent⁷m ⁷ind⁷ ⁷ influênci⁷ d⁷s nov⁷s concepções teóric⁷s ren⁷scentist⁷s no c⁷mpo do ur⁸⁷nismo, ⁷ssim como d⁷ experiênci⁷ científic⁷ e dos conhecimentos desenvolvidos pelos m⁷temá-ticos e cosmógr⁷fos d⁷s desco⁸ert⁷s m⁷rítim⁷s. P⁷r⁷ Ross⁷ , p. , o ur⁸⁷nismo português deste período result⁷ d⁷ formul⁷ção de leis e pos-tur⁷s e é regul⁷do por vi⁷ processu⁷l e descritiv⁷ com ⁸⁷se num⁷ fortíssim⁷ tr⁷dição dem⁷rc⁷dor⁷ . Segundo Teixeir⁷ e V⁷ll⁷ , p. , os constru-tores não lev⁷v⁷m necess⁷ri⁷mente pl⁷nos dese-nh⁷dos ou instruções específic⁷s so⁸re ⁷ fund⁷ção d⁷s cid⁷des e, n⁷ m⁷iori⁷ dos c⁷sos, os modelos de referênci⁷ er⁷m conhecidos empiric⁷mente e ⁷d⁷pt⁷dos às condições loc⁷is. A ⁷plic⁷ção desses modelos não originou tipos puros de tr⁷ç⁷do, sur-gindo p⁷drões ur⁸⁷nos de origem vernácul⁷ ou mediev⁷l sintetiz⁷dos com ide⁷is ren⁷scentist⁷s

TE)XE)RA; VALLA, , p. .

Ess⁷s c⁷r⁷cterístic⁷s ⁷ssoci⁷m-se ⁷ outr⁷s, que podem identific⁷r-se n⁷ pl⁷nt⁷ d⁷ povo⁷ção de Lourenço M⁷rques de e no descrito por Mendes e Mor⁷is . A escolh⁷ do lo-c⁷l de implement⁷ção, num⁷ ⁸⁷í⁷ ⁷⁸rig⁷d⁷ vir⁷d⁷ ⁷ sul, com ⁸o⁷s condições de porto n⁷tur⁷l e prote-gid⁷ por um promontório, é um dos ⁷spectos men-cion⁷dos por Teixeir⁷ e V⁷ll⁷ , ⁷o qu⁷l pode ⁷crescent⁷r-se: o tr⁷ç⁷do geométrico regul⁷r ⁷d⁷p-t⁷do à topogr⁷fi⁷, m⁷s não r⁷cion⁷liz⁷do; o prot⁷-gonismo ur⁸⁷nístico d⁷ ru⁷, em que ⁷s vi⁷s princi-p⁷is m⁷is l⁷rg⁷s se dispõem p⁷r⁷lel⁷mente à cost⁷, desenh⁷ndo um⁷ estrutur⁷ de qu⁷rteirões line⁷res, com ru⁷ de ⁷m⁸os os l⁷dos, idênticos ⁷os do perío-do mediev⁷l; ⁷ existênci⁷ de um⁷ pr⁷ç⁷ estrutur⁷n-te de c⁷riz m⁷is ren⁷scentist⁷, ⁷rticul⁷ndo ⁷s vi⁷s e o ⁷cesso d⁷ língu⁷ de ⁷rei⁷ à m⁷rgem continent⁷l, onde se loc⁷liz⁷m os equip⁷mentos prioritários, ⁷present⁷ndo um⁷ constânci⁷ e inter⁷ção esp⁷ci⁷l; o esp⁷ço hier⁷rquiz⁷do e ⁷ independênci⁷ morfo-lógic⁷ rel⁷tiv⁷mente ⁷o cerco mur⁷lh⁷do ROSSA,

; TE)XE)RA; VALLA, . A Figur⁷ so⁸re-põe ⁷ pl⁷nt⁷ de com ⁷ ⁷tu⁷l, identific⁷ndo os prementes, identific⁷ndo-se os ⁷tores envolvidos.

O confronto d⁷s situ⁷ções encontr⁷d⁷s nestes dois momentos serve de ⁸⁷se à reflexão so⁸re o p⁷pel do ur⁸⁷nismo português n⁷ cid⁷de presente e fu-tur⁷ e so⁸re ⁷ su⁷ rel⁷ção com o diversific⁷do con-sórcio de idei⁷s ur⁸⁷n⁷s no mundo ⁷tu⁷l de língu⁷ portugues⁷ em Áfric⁷.

Urbanismo português e desenvolvimento da cidade de Maputo

A cidade colonial de Lourenço Marques1

A fix⁷ção portugues⁷ em Lourenço M⁷rques iniciou-se com ⁷ cri⁷ção de um presídio em , m⁷s só se efectivou depois de com ⁷ cheg⁷d⁷ de um⁷ forç⁷ milit⁷r e ⁷ constituição de um⁷ pe-quen⁷ povo⁷ção fortific⁷d⁷, p⁷r⁷ qu⁷rtel e feitori⁷, que ocup⁷v⁷ […] um⁷ língu⁷ de ⁷rei⁷, de cerc⁷ de metros de comprimento e metros de l⁷r-gur⁷, rode⁷d⁷ de pânt⁷nos MENDES, , p. -. O seu surgimento no contexto do ur⁸⁷nismo português d⁷ f⁷se de exp⁷nsão ultr⁷m⁷rin⁷ é t⁷r-dio, um⁷ vez que ⁷ ocup⁷ção d⁷s ilh⁷s ⁷tlântic⁷s se deu no século XV e o processo de ur⁸⁷niz⁷ção do Br⁷sil se iniciou com ⁷ fund⁷ção d⁷ cid⁷de de São S⁷lv⁷dor d⁷ B⁷i⁷ em me⁷dos do século XV). Ross⁷ , p. refere que só muito m⁷is t⁷rde hou-ve interesse e meios p⁷r⁷ coloniz⁷r o extenso ⁸or-do ⁷fro-⁷siático que v⁷i ⁸or-do S⁷h⁷r⁷ ⁷té Diu , ⁷tr⁷vés de est⁷⁸elecimentos milit⁷res de ⁷poio à n⁷ve-g⁷ção e controlo hegemónico dos m⁷res . Mor⁷is

mencion⁷ que ⁷ ocup⁷ção se d⁷v⁷ em pon-tos estr⁷tégicos d⁷s zon⁷s costeir⁷s, em Lourenço M⁷rques com o o⁸jetivo de domin⁷r o território ⁷o sul do rio S⁷ve, so⁸ ⁷ form⁷ de presídios que gu⁷r-d⁷v⁷m ⁷ rot⁷ m⁷rítim⁷ d⁷ Índi⁷.

Apes⁷r do seu surgimento t⁷rdio, o primeiro povo⁷do de Lourenço M⁷rques evidenci⁷ c⁷r⁷c-terístic⁷s semelh⁷ntes às de outr⁷s estrutur⁷s ur⁸⁷n⁷s que surgir⁷m no período de exp⁷nsão. Ross⁷ refere que est⁷s denot⁷m ⁷ exis-tênci⁷ de um⁷ escol⁷ portugues⁷ de ur⁸⁷nismo, cujo r⁷dic⁷l foi ⁷ engenh⁷ri⁷ milit⁷r, ⁸⁷se⁷d⁷ num

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território ⁷fric⁷no, ⁷tr⁷vés dum⁷ polític⁷ de o⁸r⁷s p’⁸lic⁷s ⁷o nível d⁷s infr⁷estrutur⁷s, e que conti-nu⁷v⁷ ⁷ ⁸⁷se⁷r-se n⁷ engenh⁷ri⁷ milit⁷r MORA)S,

. Este é influenci⁷do pelos pl⁷nos de desen-volvimento ur⁸⁷no que surgir⁷m n⁷ Metrópole n⁷ segund⁷ met⁷de do século X)X, p⁷rticul⁷rmente os de Lis⁸o⁷, de Ress⁷no G⁷rci⁷, que procur⁷v⁷m d⁷r respost⁷ às situ⁷ções cri⁷d⁷s pel⁷ Revolução )ndustri⁷l: um forte crescimento ur⁸⁷no ger⁷do pelo gr⁷nde ⁷fluxo de popul⁷ção m⁷iorit⁷ri⁷men-te rur⁷l, ⁷ introdução de nov⁷s funcion⁷lid⁷des e necessid⁷des de s⁷ne⁷mento e provisão de infr⁷-estrutur⁷s ⁷dequ⁷d⁷s viári⁷s, ferroviári⁷s, por-tuári⁷s e de ⁷⁸⁷stecimento de águ⁷, eletricid⁷de e gás . Esses pl⁷nos, muito influenci⁷dos pelos de (⁷ussm⁷nn em P⁷ris LÔBO, , introduzir⁷m ⁷lter⁷ções às prátic⁷s ur⁸⁷nístic⁷s ⁷ntecedentes, t⁷is como: um⁷ esc⁷l⁷ m⁷ior de intervenção e de tr⁷ç⁷do, um⁷ geometri⁷ ortogon⁷l m⁷is ⁷ssumid⁷ elementos ur⁸⁷nos perm⁷necentes, em⁸or⁷ ⁷lguns

reconfigur⁷dos.

Em , Lourenço M⁷rques é elev⁷d⁷ ⁷ cidade

e em ⁷ c⁷pit⁷l d⁷ Provínci⁷ Ultr⁷m⁷rin⁷ de Moç⁷m⁸ique. Ess⁷s mud⁷nç⁷s devem-se ⁷ f⁷tores como: ⁷ loc⁷liz⁷ção num⁷ ⁸⁷í⁷ de fácil ⁷cesso em qu⁷lquer époc⁷ do ⁷no e ⁷ posição estr⁷tégic⁷ de entr⁷d⁷ no território sul-⁷fric⁷no, que decret⁷r⁷m o import⁷nte p⁷pel que o porto desempenh⁷ri⁷; ⁷ desco⁸ert⁷ de ouro em Lidem⁸urgo, em ; e eventos políticos – ⁷ procl⁷m⁷ção d⁷ sentenç⁷ ⁷r⁸i-tr⁷l de M⁷c-M⁷hon, em , que reconhece ⁷ so⁸e-r⁷ni⁷ portugues⁷ so⁸re Lourenço M⁷rques contr⁷ ⁷s pretensões d⁷ )ngl⁷terr⁷; ⁷ ⁷nex⁷ção do Tr⁷nsv⁷l por est⁷ ’ltim⁷, em MENDES, ; e ⁷ defi-nição d⁷s fronteir⁷s dest⁷ região n⁷ Conferênci⁷ de

Berlim, em ENDERS, .

Em , surge o primeiro pl⁷no de ur⁸⁷niz⁷-ção d⁷ cid⁷de2, que procur⁷v⁷ ⁷ moderniz⁷ção do Figura 1- Lourenço Marques em 1876 e Maputo atualmente

Legenda: 1 = Praça da Picota (atual Praça 25 de Junho); 2 = Fortaleza; 3 = Linha de defesa; 4 = Pântano; A = Lourenço Marque (1876); B = Maputo (2012); C = Elementos urbanos permanecentes.

Fonte: Figura elaborada pela autora com base em cartografi a disponibilizada pela Faculdade de Arquitetura e Planeamento Físico da Universidade Eduardo Mondlane (FAPF-UEM) e em fotografi a da planta de Lourenço Marques de 1876, em MORAIS, 2001, p. 63.

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de menor declive, que est⁷⁸elece ⁷ lig⁷ção com ⁷ zon⁷ de pl⁷n⁷lto entre os e os metros ; implement⁷ção de estr⁷tégi⁷s do uso e ocup⁷ção do solo, por vi⁷ dum tr⁷ç⁷do regul⁷r em qu⁷drícul⁷, ⁷ que se su⁸mete ⁷ prátic⁷ edific⁷tóri⁷ e se ⁷d⁷pt⁷ às preexistênci⁷s e à topogr⁷fi⁷; cri⁷ção de um esp⁷ço hier⁷rquiz⁷do ⁷tr⁷vés de vi⁷s de diferentes l⁷rgur⁷s e d⁷ su⁷ ⁷rticul⁷ção com esp⁷ços p’⁸licos estrutur⁷ntes, como p⁷rques e pr⁷ç⁷s, onde se lo-c⁷liz⁷m equip⁷mentos import⁷ntes; e rel⁷ção entre um tr⁷ç⁷do form⁷l e cert⁷ inform⁷liz⁷ção de ocup⁷ção, sendo os qu⁷rteirões delimit⁷dos, m⁷s não edific⁷dos. Port⁷s , p. refere que ⁷ es-colh⁷ do tr⁷ç⁷do ortogon⁷l deve-se à su⁷ ⁷d⁷pt⁷⁸i-lid⁷de – ou indiferenç⁷ – ⁷os diferentes sítios, ⁷sse-gur⁷ndo desde logo um⁷ distri⁸uição equit⁷tiv⁷ dos e o surgimento de novos elementos ur⁸⁷nos, como

os p⁷rques e os j⁷rdins.

A Figur⁷ so⁸repõe o pl⁷no de com o tr⁷-ç⁷do ⁷tu⁷l d⁷ cid⁷de. A su⁷ o⁸serv⁷ção e o

descri-to por Mendes e Mor⁷is evidenci⁷m

⁷lgum⁷s dess⁷s c⁷r⁷cterístic⁷s, ⁷lém de outr⁷s que perm⁷necem ⁷ssoci⁷d⁷s ⁷o ur⁸⁷nismo português ⁷nterior, t⁷is como: um⁷ exp⁷nsão que dá conti-nuid⁷de por vi⁷ do tr⁷ç⁷do à estrutur⁷ preexistente

determin⁷ndo ⁷ sec⁷gem dos pânt⁷nos envolven-tes e m⁷ntém ⁷ orient⁷ção do tr⁷ç⁷do p⁷r⁷lelo à cost⁷, propondo ⁷lter⁷ções pontu⁷is d⁷ m⁷lh⁷ ⁷n-tig⁷, como ⁷ regul⁷riz⁷ção de vi⁷s e do edific⁷do e ⁷ demolição d⁷ linh⁷ de defes⁷; ⁷d⁷pt⁷ção à topogr⁷fi⁷, propondo ⁷ extensão do n’cleo ⁷ntigo ⁷o nível do m⁷r medi⁷nte ⁷ ocup⁷ção de um⁷ áre⁷

Figura 2 - Plano de Lourenço Marques em 1887 e Maputo atualmente

Legenda: 1 = Praça da Estação (atual Praça dos Trabalhadores) junto à estação do caminho-de-ferro; 2 = Praça D. Vasco da Gama, centro da nova cidade, destinado a edifícios públicos de relevo (atual mercado central); 3 = Jardim Vasco da Gama (atual Jardim Tunduro); 4 = Bairro indígena; 5 = Porto; 6 = Caminho-de-ferro; 7 = Áreas de declive acentuado; A = Lourenço Marques (1887); B = Maputo (2012); C = Elementos urbanos permanecentes (1876); D = Elementos urbanos permanecentes (1887).

Fonte: Figura elaborada pela autora com base em cartografi a disponibilizada pela FAPF-UEM e em fotografi a do plano de Lourenço Marques de 1887, em MORAIS, 2001, p. 87

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utiliz⁷ção de form⁷s construtiv⁷s de c⁷rácter per-m⁷nente. N⁷ tent⁷tiv⁷ de est⁷⁸elecer um⁷ ordem nos su⁸’r⁸ios […] ⁷ind⁷ só dens⁷mente ocup⁷dos junto à estr⁷d⁷ de Circunv⁷l⁷ção , surgem os ⁸⁷ir-ros de Xip⁷m⁷nine e Munhu⁷n⁷, m⁷rc⁷dos por um tr⁷ç⁷do regul⁷dor : o do primeiro, semelh⁷nte ⁷o dos ⁸⁷irros indígen⁷s e idêntico ⁷o projet⁷do no pl⁷no de , equ⁷cion⁷ num⁷ ⁷titude colo-ni⁷l, ⁷ pro⁸lemátic⁷ d⁷ logístic⁷ dos ⁷utóctones ; e o do segundo, um tr⁷ç⁷do m⁷is complexo, r⁷-di⁷l, centr⁷do num⁷ pr⁷ç⁷ circul⁷r que constitui o centro d⁷ estrutur⁷ p’⁸lic⁷ do ⁸⁷irro idem, p. - . N⁷ Figur⁷ , onde se so⁸repõe ⁷ pl⁷n-t⁷ de Lourenço M⁷rques em com o tr⁷ç⁷do d⁷ cid⁷de ⁷tu⁷l, ⁷ssin⁷l⁷m-se ⁷lguns dos ⁷spectos re-feridos e procur⁷-se identific⁷r ⁷proxim⁷d⁷mente o c⁷niço , d⁷do que, segundo Mor⁷is , entre e os lev⁷nt⁷mentos que o contempl⁷m são poucos ou incompletos.

A p⁷rtir d⁷ déc⁷d⁷ de , em pleno período do Est⁷do Novo, inici⁷-se um⁷ polític⁷ coloni⁷l m⁷r-c⁷d⁷ pel⁷ ⁷⁸ertur⁷ ⁷o c⁷pit⁷l estr⁷ngeiro, d⁷ qu⁷l result⁷m nov⁷s inici⁷tiv⁷s e projetos industri⁷is e ⁷grários; e pel⁷ implement⁷ção de medid⁷s que procur⁷m ⁷tenu⁷r ⁷s tensões soci⁷is existentes, como ⁷ ⁷⁸olição do indigen⁷to e do tr⁷⁸⁷lho forç⁷do CABRAL, , que não são ⁷lhei⁷s à lut⁷ ⁷rm⁷d⁷ pel⁷ independênci⁷ inici⁷d⁷ em . Mendes et ⁷l. referem que, dur⁷nte esse período, o Est⁷do português incentivou ⁷ migr⁷ção de colonos p⁷r⁷ Moç⁷m⁸ique, p⁷r⁷ um⁷ m⁷ior ocup⁷ção e controlo do território, que resultou n⁷ cri⁷ção e crescimento de in’meros ⁷glomer⁷dos com função ⁷dministr⁷ti-v⁷ e no desenvolvimento de projetos ⁷grícol⁷s so⁸ form⁷ de colon⁷tos, justific⁷ndo t⁷m⁸ém o surgi-mento de ⁷tivid⁷des industri⁷is nos meios ur⁸⁷nos, em f⁷ce do ⁷umento d⁷ popul⁷ção colon⁷ e d⁷s ne-cessid⁷des de consumo.

Em termos ur⁸⁷nísticos, ⁷ polític⁷ do Est⁷do Novo promoveu ⁷ concretiz⁷ção de esp⁷ços que consolid⁷s-sem ⁷ im⁷gem do poder e do regime. À consolid⁷s-semelh⁷nç⁷ do ur⁸⁷nismo português dos períodos ⁷nteriores, o tr⁷ç⁷do perm⁷nece como elemento regul⁷dor do pre-existente e d⁷s nov⁷s áre⁷s ⁷ ur⁸⁷niz⁷r, produzindo um esp⁷ço hier⁷rquiz⁷do, no qu⁷l ⁷s pr⁷ç⁷s, p⁷rques e j⁷rdins ⁷ssumem um p⁷pel estrutur⁷nte, m⁷s verifi-c⁷m-se t⁷m⁸ém diferenç⁷s. Algum⁷s dest⁷s decorrem d⁷ influênci⁷ de ur⁸⁷nist⁷s estr⁷ngeiros convid⁷dos ⁷ tr⁷⁸⁷lh⁷r n⁷ Metrópole , como Alfred Don⁷t-Ag⁷che lotes ur⁸⁷nos ou d⁷s quint⁷s su⁸ur⁸⁷n⁷s e um⁷ fácil

reprodução f⁷ce às necessid⁷des de extensão , res-s⁷lt⁷ndo um⁷ preocup⁷ção com os lotes de terreno e ⁷s edific⁷ções e o ⁷pelo ⁷ que se deix⁷ssem ru⁷s l⁷rg⁷s e direit⁷s . O pl⁷no de prevê ⁷ind⁷ ⁷ cri⁷ção de um pequeno ⁸⁷irro indígen⁷ que não foi construído. Ess⁷ popul⁷ção er⁷ ger⁷lmente pouco consider⁷d⁷ nos pl⁷nos de ur⁸⁷niz⁷ção d⁷ cid⁷de coloni⁷l, ⁷ qu⁷l h⁷⁸it⁷v⁷ m⁷rgin⁷lmente, em ⁷ssen-t⁷mentos periféricos, junto às vi⁷s princip⁷is, sem infr⁷estrutur⁷s e com c⁷rácter semirrur⁷l MORA)S,

, ⁷qui denomin⁷dos semiur⁸⁷niz⁷dos.

Até me⁷dos do século XX, o desenvolvimento de Lourenço M⁷rques está ⁷ssoci⁷do à economi⁷ ferro-portuári⁷ e sul-⁷fric⁷n⁷, d⁷ndo-se ⁷ um rit-mo m⁷is ou menos lento. Entre e , ⁷ ci-d⁷de cresce p⁷r⁷ norte e oeste de form⁷ f⁷se⁷d⁷, seguindo vários projetos de ⁷mpli⁷ção que refle-tem os mesmos princípios ur⁸⁷nísticos do pl⁷no de

; dest⁷c⁷m-se ⁷lgum⁷s intervenções pontu⁷is n⁷s áre⁷s consolid⁷d⁷s, como ⁷ Pr⁷ç⁷ Mousinho de Al⁸uquerque ⁷tu⁷l Pr⁷ç⁷ d⁷ )ndependênci⁷, onde se loc⁷liz⁷ o Conselho Municip⁷l e ⁷ C⁷tedr⁷l e ⁷ ocup⁷ção d⁷ Pr⁷ç⁷ D. V⁷sco d⁷ G⁷m⁷ pelo merc⁷do centr⁷l. Tr⁷t⁷-se t⁷m⁸ém de um período de con-solid⁷ção d⁷s estrutur⁷s p’⁸lic⁷s – surgem novos equip⁷mentos de vulto, como o (ospit⁷l Centr⁷l – e de áre⁷s mer⁷mente residenci⁷is, ⁷centu⁷ndo-se ⁷ sep⁷r⁷ção entre diferentes usos do solo, que remete p⁷r⁷ outr⁷ c⁷r⁷cterístic⁷ do ur⁸⁷nismo português, nome⁷d⁷mente um⁷ ocup⁷ção diferenci⁷d⁷ segun-do cot⁷s ⁷ltimétric⁷s: ⁷ cid⁷de ⁷lt⁷, m⁷is fresc⁷ e ⁷rej⁷d⁷, destin⁷d⁷ ⁷os edifícios ⁷dministr⁷tivos, às princip⁷is instituições cívic⁷s e religios⁷s e às re-sidênci⁷s d⁷s cl⁷sses m⁷is ⁷lt⁷s; e ⁷ cid⁷de ⁸⁷ix⁷, destin⁷d⁷ às ⁷tivid⁷des m⁷rítim⁷s, ⁷os serviços e ⁷o comércio, ⁸em como às cl⁷sses m⁷is ⁸⁷ix⁷s, junto ⁷o porto e ⁷os loc⁷is de emprego MENDES, ;

MORA)S, ; TE)XE)RA; VALLA, .

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p⁷nor⁷m⁷ se m⁷nifest⁷ de vári⁷s form⁷s: surge um zon⁷mento funcion⁷l primário, evidenci⁷ndo--se áre⁷s ⁷dministr⁷tiv⁷s, de serviços, comércio, h⁷⁸it⁷ção e l⁷zer; distinguem-se esp⁷ços e equip⁷mentos p’⁸licos m⁷is import⁷ntes, dot⁷dos de esc⁷l⁷ monument⁷l à im⁷gem d⁷ gr⁷ndiosid⁷-de e orgr⁷ndiosid⁷-dem do Est⁷do, e esp⁷ços h⁷⁸it⁷cion⁷is gr⁷ndiosid⁷-de esc⁷l⁷ m⁷is comedid⁷, em que predomin⁷ ⁷ h⁷⁸i-t⁷ção unif⁷mili⁷r isol⁷d⁷, com reminiscênci⁷s

ru-r⁷is COSTA, ; MORA)S, ; o tr⁷ç⁷do

regul⁷dor ⁷⁸⁷ndon⁷ ⁷ ortogon⁷lid⁷de e ⁷s vi⁷s e Etienne de Gröer, que introduzem, entre outros

⁷s-pectos: um⁷ visão region⁷l do pl⁷ne⁷mento, em que gr⁷ndes áre⁷s ur⁸⁷n⁷s se ⁷rticul⁷m ⁷tr⁷vés de um⁷ rede viá ri⁷ princip⁷l; ⁷ ⁷plic⁷ção do zon⁷mento às exp⁷nsões ur⁸⁷n⁷s e os princípios ur⁸⁷nísticos d⁷ ci-d⁷de-j⁷rdim; ⁷ssim como consolid⁷m o desenho ur⁸⁷no form⁷l e ⁷ v⁷loriz⁷ção do esp⁷ço p’⁸lico LÔBO, .

É nesse contexto que surge, em , o Pl⁷no Ger⁷l de Ur⁸⁷niz⁷ção de Lourenço M⁷rques, el⁷-⁸or⁷do pelo ⁷rquiteto João Agui⁷r, su⁸diretor do G⁷⁸inete de Ur⁸⁷niz⁷ção Coloni⁷l, no qu⁷l este Figura 3 - Planta de Lourenço Marques em 1940 e Maputo atualmente

Legenda: 1 = Praça Mousinho de Albuquerque (atual Praça da Independência); 2 = Mercado Central; 3 = Hospital Central; 4 = Parque José Cabral (atual Parque dos Continuadores); 5 = Bairros de Xipamanine e Munhuana; 6 = Áreas semiurbanizadas (aproximação); 7 = Área planeada mas não construída; 8 = Áreas de declive acentuado; A = Lourenço Marques (1940); B = Maputo (2012); C = Elementos urbanos permanecentes (1876); D = Elementos urbanos permanecentes (1887); E = Elementos urbanos permanecentes (1940).

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⁷os pro⁸lem⁷s ⁷tu⁷is […] outros m⁷is gr⁷ves e infini-t⁷mente m⁷is sérios . Segundo o ⁷utor, o c⁷niço re-present⁷v⁷ já outr⁷ cid⁷de, com um⁷ dinâmic⁷ pró-pri⁷ e um n’mero de h⁷⁸it⁷ntes desconhecido, com notóri⁷ ⁷usênci⁷ de infr⁷estrutur⁷s e equip⁷mentos, de org⁷niz⁷ção esp⁷ci⁷l irregul⁷r, ⁸⁷se⁷d⁷ num es-quem⁷ funcion⁷l de vi⁷s, c⁷minhos e ⁷t⁷lhos, que se tr⁷nsform⁷v⁷m ger⁷lmente em ru⁷s cul-de-sac, onde

se form⁷v⁷ um gr⁷nde pátio irregul⁷r GUEDES,

⁷pud MORA)S, .

Em f⁷ce d⁷ in⁷dequ⁷ção do pl⁷no de , inici⁷--se ⁷ el⁷⁸or⁷ção do Pl⁷no Diretor de Ur⁸⁷niz⁷ção de Lourenço M⁷rques de ⁷prov⁷do em , coor-den⁷do pelo engenheiro Mário de Azevedo, num perío-do m⁷rc⁷perío-do pel⁷ cri⁷ção perío-do G⁷⁸inete de Ur⁸⁷niz⁷ção d⁷ Câm⁷r⁷ , destin⁷do ⁷ estud⁷r e retific⁷r o pl⁷no de e ⁷ el⁷⁸or⁷r pequenos pl⁷nos p⁷rcel⁷-res MORA)S, ; ⁷ssim como pel⁷ export⁷ção de ⁷rquitetos portugueses p⁷r⁷ ⁷s colóni⁷s por questões polític⁷s. Segundo Lô⁸o , p. , ⁷ ineficiênci⁷ do pl⁷no-im⁷gem decorrente d⁷ su⁷ rigidez conduziu à su⁷ su⁸stituição pelo pl⁷no de gestão m⁷is flexível e suscetível de ⁷d⁷pt⁷ção dur⁷nte ⁷ implement⁷ção, à medid⁷ que nov⁷s inform⁷ções ⁷ssim o exij⁷m . O pl⁷no foc⁷ diferentes esc⁷l⁷s territori⁷is e ⁷present⁷ preocup⁷ções com vári⁷s vertentes do ur⁸⁷nismo – evolução ur⁸⁷nístic⁷, conforto climático, c⁷niço , trá-fego, ⁷spectos demográficos e soci⁷is – p⁷r⁷ ⁷s qu⁷is el⁷⁸or⁷ estudos especi⁷is e formul⁷ propost⁷s p⁷r⁷ ⁷ org⁷niz⁷ção d⁷ cid⁷de, de ⁷cordo com diversos usos do solo e ⁷ circul⁷ção AZEVEDO, .

Se ⁷o longo dos séculos X)X e XX já se tinh⁷m introduzido ⁷lter⁷ções ⁷o ur⁸⁷nismo português d⁷ f⁷se de exp⁷nsão ultr⁷m⁷rin⁷, o pl⁷no de m⁷rc⁷ ⁷ que⁸r⁷ m⁷is visível. So⁸ influênci⁷ do Movimento Moderno, esse pl⁷no procede ⁷ pro-post⁷s de zon⁷mento e de org⁷niz⁷ção funcion⁷l do esp⁷ço, ⁷poi⁷d⁷s no sistem⁷ viário e ⁸⁷se⁷d⁷s em di⁷gnósticos ex⁷ustivos e pluridisciplin⁷res, nos qu⁷is ⁷spectos como ⁷ m⁷lh⁷ ur⁸⁷n⁷ e os lotes deix⁷m de ser um⁷ preocup⁷ção. Mor⁷is re-fere que este p⁷ss⁷ ⁷ ⁷ssumir t⁷m⁸ém um⁷ respon-s⁷⁸ilid⁷de sociocultur⁷l, procur⁷ndo integr⁷r ⁷s comunid⁷des plurirr⁷ci⁷is pel⁷ distri⁸uição do es-p⁷ço. Assim, ⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s são englo-⁸⁷d⁷s n⁷ áre⁷ de desenvolvimento ur⁸⁷no, em⁸or⁷

sujeit⁷[s] ⁷ um orden⁷mento sumário, e servid⁷[s] por convenientes ⁷cessos e pel⁷s infr⁷estrutur⁷s e equip⁷mentos exigid⁷s pelo s⁷ne⁷mento d⁷ zon⁷ princip⁷is que ⁷rticul⁷m os esp⁷ços desenh⁷m

nov⁷s direções; e ⁷ lógic⁷ dos qu⁷rteirões é desmont⁷d⁷ e distorcid⁷, surgindo vi⁷s sinuos⁷s e imp⁷sses, que continu⁷m, tod⁷vi⁷, confin⁷d⁷ à ge-ometri⁷ do tr⁷ç⁷do.

Esse pl⁷no-im⁷gem nunc⁷ cheg⁷ ⁷ implemen-t⁷r-se n⁷ tot⁷lid⁷de; segundo Mor⁷is , por limit⁷ções técnic⁷s e ⁷dministr⁷tiv⁷s, podendo ⁷crescent⁷r-se ⁷ dificuld⁷de fin⁷nceir⁷. Conforme ⁷s su⁷s propost⁷s, tr⁷ç⁷m-se ⁷pen⁷s ⁷lgum⁷s vi⁷s princip⁷is estrutur⁷ntes e exp⁷nde-se ⁷ zon⁷ resi-denci⁷l pel⁷ áre⁷ de Sommerschield ⁷ norte, ⁷tr⁷-vés d⁷ cri⁷ção de ⁷lguns ⁸⁷irros, definindo-se em gr⁷nde p⁷rte o contorno fin⁷l d⁷ cid⁷de de cimen-to , ⁷tu⁷l centro ur⁸⁷niz⁷do.

Mendes ⁷crescent⁷ que esse pl⁷no eviden-ci⁷ um profundo desconhecimento d⁷ re⁷lid⁷de soeviden-ci⁷l de Lourenço M⁷rques. N⁷ déc⁷d⁷ de , iniciou-se um crescimento ⁷celer⁷do d⁷ cid⁷de, cujo m⁷ior im-p⁷cte se deu ⁷o nível d⁷ consolid⁷ção e exp⁷nsão d⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s, devido ⁷ f⁷tores identific⁷dos por Oppenheimer e R⁷poso , como: ⁷s con-dições do meio rur⁷l, que promovem ⁷ expulsão e o êxodo d⁷s popul⁷ções fr⁷co desenvolvimento, refor-m⁷s ⁷grári⁷s, pressão ⁷crescid⁷ so⁸re ⁷ terr⁷, ⁷umen-to d⁷ t⁷x⁷ de fecundid⁷de e diferenç⁷ de s⁷lários entre o c⁷mpo e ⁷ cid⁷de ; o desenvolvimento industri⁷l, portuário e ferroviário de Lourenço M⁷rques, que ⁷tr⁷i um⁷ crescente mão-de-o⁸r⁷ rur⁷l e ⁷ imigr⁷ção de co-lonos portugueses nos ⁷nos ; e ⁷ redução do n’mero de moç⁷m⁸ic⁷nos que emigr⁷v⁷m p⁷r⁷ tr⁷-⁸⁷lh⁷r n⁷s min⁷s d⁷ Áfric⁷ do Sul, contri⁸uindo p⁷r⁷ ⁷ su⁷ fix⁷ção n⁷ c⁷pit⁷l. O pl⁷no de não ⁷tende ⁷ ess⁷ re⁷lid⁷de e, segundo Mor⁷is , evidenci⁷ um⁷ polític⁷ de segreg⁷ção, que sep⁷r⁷ físic⁷ e cultu-r⁷lmente ⁷ cid⁷de de cimento e o c⁷niço , propondo ⁷ cri⁷ção de um⁷ áre⁷ exterior, ⁷dj⁷cente às vi⁷s de ⁷cesso, p⁷r⁷ residênci⁷ d⁷ popul⁷ção ⁷utóctone.

Em , dur⁷nte o período de m⁷ior

crescimen-to popul⁷cion⁷l ⁷ LOPES; AMADO;

MUANAMO(A, , Amâncio Guedes GUEDES,

⁷pud MORA)S, , p. ⁷cus⁷ ⁷ existênci⁷ de um⁷ cid⁷de doente , n⁷ pu⁸lic⁷ção do seu m⁷ni-festo Manual da Alfabetização do Vogal sem Mestre. Ali,

(9)

medid⁷s com o o⁸jetivo de reduzir ⁷ pol⁷riz⁷ção soci⁷l, como ⁷ n⁷cion⁷liz⁷ção de diversos sectores educ⁷ção, s⁷’de, terr⁷ e prédios de rendimento , ⁷ inst⁷l⁷ção de equip⁷mentos soci⁷is nos ⁸⁷irros semiur⁸⁷niz⁷dos, o fornecimento est⁷t⁷l de h⁷⁸it⁷ções, ⁷ melhori⁷ de infr⁷-estrutur⁷s ⁸ásic⁷s e ⁷lgum⁷s intervenções de qu⁷lific⁷-ção ur⁸⁷n⁷ RAPOSO, ; ROSÁR)O, .

Em M⁷puto, ⁷s primeir⁷s medid⁷s contempl⁷r⁷m: ⁷ inclusão do c⁷niço nos limites ⁷dministr⁷tivos d⁷ cid⁷de, implic⁷ndo funções ⁷crescid⁷s p⁷r⁷ o mu-nicípio, ⁷pes⁷r d⁷ diminuição de recursos; ⁷ imple-ment⁷ção exempl⁷r dos projetos de reorden⁷mento p⁷rticip⁷do e flexível em M⁷x⁷quene e Pol⁷n⁷ C⁷niço, so⁸ inici⁷tiv⁷ d⁷ DN( e fin⁷nci⁷mento d⁷s N⁷ções Unid⁷s RAPOSO, ; ⁷ melhori⁷ de infr⁷estrutu-r⁷s em áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s font⁷nários p’⁸licos, rede elétric⁷, s⁷ne⁷mento e dren⁷gem de águ⁷s plu-vi⁷is , como em )nh⁷ngói⁷/Ns⁷lene OPPEN(E)MER; RAPOSO, ; o fornecimento est⁷t⁷l de cerc⁷ de . h⁷⁸it⁷ções ⁷ ; e ⁷ disponi⁸iliz⁷ção de ⁷proxim⁷d⁷mente . t⁷lhões p⁷r⁷ ⁷utocons-trução em M⁷puto e n⁷ M⁷tol⁷ e PROL,

, ⁷pud OPPEN(E)MER; RAPOSO, .

Ess⁷s medid⁷s contri⁸uír⁷m t⁷m⁸ém p⁷r⁷ ⁷ cres-cente ⁷tr⁷ção d⁷ popul⁷ção ⁷os centros ur⁸⁷nos, ⁷crescid⁷s por f⁷tores como: ⁷ s⁷íd⁷ d⁷ comuni-d⁷de coloni⁷l e europei⁷, ⁷ssoci⁷d⁷ à n⁷cion⁷liz⁷ção dos prédios de rendimento, permitindo o ⁷cesso de milh⁷res de ⁷fric⁷nos ⁷os mesmos; ⁷ cri⁷ção de novos postos de tr⁷⁸⁷lho ⁷tr⁷vés d⁷ reestrutur⁷ção do ⁷p⁷relho ⁷dministr⁷tivo do Est⁷do e d⁷ n⁷cio-n⁷liz⁷ção de vári⁷s empres⁷s; ⁷ su⁸venção de produtos ⁷liment⁷res; o imp⁷cte d⁷ guerr⁷ civil so⁸re ⁷s comunid⁷des rur⁷is; e o insucesso d⁷s reform⁷s ⁷grári⁷s implement⁷d⁷s nos primeiros ⁷nos d⁷ independênci⁷ Oppenheimer e R⁷poso, . D⁷t⁷m desse período inici⁷tiv⁷s p⁷r⁷ tr⁷v⁷r o crescimento ur⁸⁷no, como o sistem⁷ de gui⁷ e m⁷rch⁷ e ⁷ opressiv⁷ Oper⁷ção Produção, l⁷nç⁷d⁷ em , ⁷ssente em ev⁷cu⁷ções forç⁷d⁷s d⁷ cid⁷-de p⁷r⁷ o c⁷mpo dos ch⁷m⁷dos improdutivos , com fortes imp⁷ctes neg⁷tivos ⁷o nível soci⁷l, eco-nómico e político OPPEN(E)MER; RAPOSO, . e vid⁷ norm⁷l dos seus h⁷⁸it⁷ntes AZEVEDO,

, p. . Est⁷s intervenções nunc⁷ cheg⁷r⁷m ⁷ efetiv⁷r-se de form⁷ gener⁷liz⁷d⁷ e signific⁷tiv⁷ e os recursos continu⁷r⁷m ⁷ ⁸enefici⁷r m⁷iorit⁷ri⁷-mente o centro ur⁸⁷niz⁷do.

Segundo Mor⁷is , p. - , ⁷s déc⁷d⁷s de e ⁷té à independênci⁷ for⁷m m⁷rc⁷d⁷s pel⁷ implement⁷ção de um⁷ nov⁷ tipologi⁷ edific⁷tóri⁷ n⁷ áre⁷ centr⁷l d⁷ cid⁷de , que reflete ⁷s tendênci⁷s ⁷rquitetónic⁷s d⁷ époc⁷, inici⁷ndo-se ⁷ su⁸stituição do c⁷rácter tropic⁷l [e português] d⁷ cid⁷de por um⁷ im⁷gem de metrópole intern⁷cion⁷l, m⁷is ver-tic⁷liz⁷d⁷, enqu⁷nto ⁷ áre⁷ su⁸ur⁸⁷n⁷ se exp⁷ndi⁷ d⁷ndo origem ⁷ novos ⁸⁷irros, ⁷lguns de c⁷rácter espontâneo e outros pl⁷ne⁷dos.

A cidade de Maputo pós-independência

Até me⁷dos d⁷ déc⁷d⁷ de Moç⁷m⁸ique é di-rigido por um p⁷rtido ’nico de pendor soci⁷list⁷, ⁷ Frelimo, e ⁷ssiste ⁷o recuo drástico d⁷ su⁷ economi⁷, determin⁷do pel⁷ her⁷nç⁷ do período coloni⁷l, ⁷ ino-perânci⁷ do sistem⁷ político implement⁷do, ⁷ des⁷-dequ⁷ção de ⁷lgum⁷s polític⁷s e medid⁷s ⁷dot⁷d⁷s e ⁷ guerr⁷ civil inici⁷d⁷ pel⁷ Ren⁷mo contr⁷ ⁷ Frelimo - . O pl⁷ne⁷mento ur⁸⁷no deste período é m⁷rc⁷do por medid⁷s estrutur⁷is como: no ))) Congresso d⁷ Frelimo são definid⁷s diretrizes p⁷r⁷ o pl⁷ne⁷mento e ⁷ intervenção no meio ur⁸⁷no e é cri⁷d⁷ ⁷ Direção N⁷cion⁷l de (⁷⁸it⁷ção DN( , que de-senvolveu ⁷lgum⁷s ⁷ções inov⁷dor⁷s de melhor⁷mento d⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s; n⁷ ) Reunião N⁷cion⁷l so⁸re Cid⁷des e B⁷irros Comun⁷is refletiu-se so-⁸re os pro⁸lem⁷s ur⁸⁷nos e defender⁷m-se soluções de ⁷utoconstrução, di⁷nte d⁷ ⁸⁷ix⁷ disponi⁸ilid⁷de de re-cursos est⁷t⁷is Centro de Estudos de Desenvolvimento do (⁷⁸it⁷t, ; e ⁷ DN( é convertid⁷ no )nstituto N⁷cion⁷l de Pl⁷nific⁷ção Físic⁷ )NPF , com ⁷ competênci⁷ de definir polític⁷s h⁷⁸it⁷cion⁷is e ur-⁸⁷n⁷s e proceder ⁷o pl⁷ne⁷mento territori⁷l, fic⁷ndo ⁷ su⁷ implement⁷ção e ⁷ gestão ur⁸⁷n⁷ p⁷r⁷ os então Conselhos Executivos d⁷s cid⁷des. Tom⁷m-se t⁷m⁸ém

Segundo R⁷poso , ⁷ DN( foi constituíd⁷ por meio d⁷ conversão do G⁷⁸inete de Ur⁸⁷niz⁷ção e (⁷⁸it⁷ção p⁷r⁷ ⁷ Região de M⁷puto, cri⁷do nos ’ltimos ⁷nos do governo coloni⁷l.

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N⁷ primeir⁷ déc⁷d⁷ do novo milénio, for⁷m ⁷pro-v⁷dos o Pl⁷no de Estrutur⁷ Ur⁸⁷n⁷ do Município de M⁷puto PEUMM e os Pl⁷nos P⁷rci⁷is de Ur⁸⁷niz⁷ção PPU dos ⁸⁷irros m⁷is ⁷ norte d⁷ ci-d⁷de , n⁷ sequênci⁷ d⁷ pu⁸lic⁷ção d⁷ Lei do Orden⁷mento do Território Lei n. / , que os enqu⁷drou, e d⁷ implement⁷ção do Progr⁷m⁷ de Desenvolvimento Municip⁷l PROMAPUTO em . Esse progr⁷m⁷ de dez ⁷nos, cofin⁷nci⁷do pelo BM e outros do⁷dores, vis⁷ melhor⁷r ⁷ co⁸ertur⁷ e ⁷ qu⁷lid⁷de dos serviços municip⁷is, ⁷tr⁷vés do fort⁷-lecimento institucion⁷l e do ⁷umento d⁷ c⁷p⁷cid⁷de fin⁷nceir⁷, dest⁷c⁷ndo-se vári⁷s ⁷ções ⁷o nível dos serviços de limpez⁷, dos sistem⁷s de s⁷ne⁷mento e dren⁷gem e d⁷s infr⁷estrutur⁷s viári⁷s, como ⁷ re⁷-⁸ilit⁷ção d⁷ ⁷venid⁷ Julius Nyerere. No âm⁸ito desse progr⁷m⁷, dest⁷c⁷-se ⁷ind⁷ o incipiente orç⁷mento p⁷rticip⁷tivo l⁷nç⁷do em , ⁷tu⁷lmente n⁷ su⁷ terceir⁷ edição, que est⁷⁸elece um p⁷r⁷lelismo com ⁷ pioneir⁷ experiênci⁷ ⁸r⁷sileir⁷.

À semelh⁷nç⁷ do pl⁷no de , no PEUMM, pou-co ou n⁷d⁷ se repou-conhece do ur⁸⁷nismo português dos períodos ⁷nteriores. Após um⁷ ⁷nálise ⁷⁸r⁷ngente d⁷ c⁷pit⁷l, o orden⁷mento do território centr⁷-se em pro-post⁷s de zon⁷mento e nov⁷s centr⁷lid⁷des, no est⁷-⁸elecimento de condicion⁷ntes e de um esquem⁷ de mo⁸ilid⁷de ur⁸⁷n⁷, ⁸⁷se⁷do em vi⁷s princip⁷is, nós e termin⁷is de tr⁷nsportes p’⁸licos. Alguns ⁷spectos identific⁷dos e previstos como ⁷ nov⁷ centr⁷lid⁷de do Zimpeto, ⁷ ponte p⁷r⁷ ⁷ K⁷Tem⁸e e ⁷ Circul⁷r es-tão ⁷ m⁷teri⁷liz⁷r-se lent⁷mente, m⁷s outros for⁷m ultr⁷p⁷ss⁷dos ou desvirtu⁷dos pelo re⁷l crescimento d⁷ cid⁷de, à semelh⁷nç⁷ de pl⁷nos ⁷nteriores. Jenkins ⁷ssoci⁷ ess⁷ situ⁷ção ⁷o f⁷cto do PEUMM con-tinu⁷r ⁷ ⁷dot⁷r um⁷ ⁷⁸ord⁷gem top-down, muito

cen-tr⁷d⁷ no p⁷pel do Est⁷do ⁷o nível do desenvolvimento ur⁸⁷no, privilegi⁷ndo ⁷m⁸icios⁷s ⁷spir⁷ções físic⁷s e pouco consider⁷ndo necessid⁷des soci⁷is, tendênci⁷s demográfic⁷s, ⁷ re⁷l ⁸⁷se económic⁷ p⁷r⁷ ⁷ su⁷ imple-ment⁷ção e questões de n⁷turez⁷ metropolit⁷n⁷. No que refere ⁷os PPU, dest⁷c⁷-se o f⁷cto de terem reco-nhecido ⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s ocup⁷d⁷s e edific⁷-d⁷s não ofici⁷lmente como áre⁷s legítim⁷s ⁷ m⁷nter.

Desde o início do novo período económico e polí-tico ⁷té à ⁷tu⁷lid⁷de, o n’mero de ⁷tores envolvidos em diversos tipos de intervenções ur⁸⁷n⁷s é crescen-te, podendo ou não ⁷gir em p⁷rceri⁷ com entid⁷des do governo centr⁷l ou loc⁷l. As ⁷gênci⁷s intern⁷cion⁷is, p⁷r⁷ ⁷lém d⁷s referid⁷s ⁷ções ⁷o nível do processo de Tod⁷vi⁷, em f⁷ce do fluxo migr⁷tório p⁷r⁷ ⁷s

cid⁷-des, d⁷ f⁷lt⁷ de recursos económicos, de inform⁷-ções de ⁸⁷se e de qu⁷dros técnicos p⁷r⁷ intervir no sector, d⁷ ⁸urocr⁷ci⁷ e d⁷ excessiv⁷ centr⁷liz⁷ção, o ⁷celer⁷do crescimento d⁷ c⁷pit⁷l continuou ⁷ f⁷zer--se essenci⁷lmente ⁷tr⁷vés d⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷-d⁷s, ⁷gudiz⁷ndo ⁷ situ⁷ção de prec⁷ried⁷de

existen-te RAPOSO, .

Em me⁷dos d⁷ déc⁷d⁷ de inici⁷-se um novo ciclo económico e político no p⁷ís. Por um l⁷do, ⁷s-siste-se à ⁷⁸ertur⁷ à economi⁷ de merc⁷do e ⁷o iní-cio d⁷ li⁸er⁷liz⁷ção d⁷ economi⁷, com ⁷ ⁷desão ⁷o Fundo Monetário )ntern⁷cion⁷l e ⁷o B⁷nco Mundi⁷l BM , pel⁷ implement⁷ção de Progr⁷m⁷s de Est⁷-⁸iliz⁷ção Económic⁷ e Ajust⁷mento Estrutur⁷l, que promover⁷m um crescimento económico irregul⁷r e desigu⁷l e o ⁷umento d⁷ pol⁷riz⁷ção soci⁷l. Por ou-tro, inici⁷-se o processo de democr⁷tiz⁷ção, ⁷ p⁷rtir d⁷ implement⁷ção de um regime multip⁷rtidário e d⁷ descentr⁷liz⁷ção do poder, m⁷rc⁷d⁷ pel⁷ revisão d⁷ Constituição , pelo Progr⁷m⁷ de Reform⁷ dos Órgãos Loc⁷is, l⁷nç⁷do pelo BM ⁷nos , e pel⁷ ⁷prov⁷ção d⁷ Lei dos Municípios Lei n. /

, revog⁷d⁷ pel⁷ Lei de B⁷ses d⁷s Aut⁷rqui⁷s Lei n. / . Dos instrumentos jurídicos pu⁸li-c⁷dos nesse período com imp⁷ctes so⁸re o territó-rio, dest⁷c⁷-se ⁷ind⁷ ⁷ Lei de Terr⁷s Decreto-lei n.

/ , que ⁷present⁷ um compromisso entre ⁷ jurisdição form⁷l e ⁷ tr⁷dicion⁷l, em que ⁷ terr⁷ per-m⁷nece propried⁷de do Est⁷do.

Em , no qu⁷dro do )NPF, surge o Pl⁷no de Estrutur⁷ de M⁷puto, m⁷s ⁷ su⁷ implement⁷ção é dificult⁷d⁷ por f⁷tores como ⁷ f⁷lt⁷ de recursos e de inform⁷ção, o dirigismo do Est⁷do e ⁷ dificuld⁷de de negoci⁷ção com os ⁷tores. Posteriormente, o )NPF é convertido em Secret⁷ri⁷ do Est⁷do e m⁷is t⁷rde incorpor⁷do no Ministério d⁷ Coorden⁷ção d⁷ Ação Am⁸ient⁷l, p⁷ss⁷ndo ⁷ design⁷r-se Direção N⁷cion⁷l do Pl⁷ne⁷mento e Orden⁷mento do Território, que, ⁷pes⁷r d⁷ f⁷lt⁷ de recursos, contri⁸uiu p⁷r⁷ ⁷ for-m⁷ção de técnicos loc⁷is e tem ⁷poi⁷do os muni-cípios n⁷ el⁷⁸or⁷ção de diversos pl⁷nos ur⁸⁷nos. Em , conclui-se o Pl⁷no de Estrutur⁷ d⁷ Áre⁷ Metropolit⁷n⁷ de M⁷puto, el⁷⁸or⁷do por du⁷s em-pres⁷s estr⁷ngeir⁷s Arc⁷dis Euroconsult e JTK Associ⁷tes e fin⁷nci⁷do pelo BM, execut⁷do num⁷ perspectiv⁷ top-down, ger⁷ndo discussão e polémic⁷

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equip⁷mentos e infr⁷estrutur⁷s viári⁷s. No centro, ⁷s nov⁷s edific⁷ções individu⁷is integr⁷m-se n⁷ m⁷lh⁷ ur⁸⁷n⁷ existente ou impl⁷nt⁷m-se em áre⁷s não edi-fic⁷d⁷s no período coloni⁷l declivos⁷s ou com um nível freático elev⁷do , cort⁷ndo nesse c⁷so com o princípio do ur⁸⁷nismo português de ⁷d⁷pt⁷ção à to-pogr⁷fi⁷ e respeito pel⁷s condicion⁷ntes n⁷tur⁷is de c⁷d⁷ loc⁷l. O edific⁷do pode ou não su⁸stituir cons-truções m⁷is ⁷ntig⁷s e rompe com ⁷ im⁷gem d⁷ ci-d⁷de portugues⁷ pel⁷ ⁷rquitetur⁷ de c⁷riz intern⁷-cion⁷l ⁷dot⁷d⁷ e pel⁷ m⁷ior vertic⁷liz⁷ção. N⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s, ess⁷ form⁷ de intervir é ⁷crescid⁷ pel⁷ m⁷ior esc⁷l⁷ de impl⁷nt⁷ção d⁷s superfícies co-merci⁷is e dos conjuntos residenci⁷is, deix⁷ndo de ser evidentes outros princípios do ur⁸⁷nismo por-tuguês: surgem ruptur⁷s entre tr⁷ç⁷dos, ⁷ lógic⁷ dos qu⁷rteirões des⁷p⁷rece, ⁷ ru⁷ deix⁷ de ⁷ssumir um p⁷pel preponder⁷nte e introduzem-se nov⁷s tipolo-gi⁷s, como os condomínios fech⁷dos, entre outros.

Su⁸sistem ⁷ind⁷ ⁷ções p’⁸lic⁷s, como: dem⁷r-c⁷ção e disponi⁸iliz⁷ção de t⁷lhões com ou sem in-fr⁷estrutur⁷s ⁸ásic⁷s, fornecimento de h⁷⁸it⁷ções evolutiv⁷s e de ⁸⁷ixo custo e progr⁷m⁷s de fomento à ⁷utoconstrução. Nesse âm⁸ito, os re⁷ssent⁷men-tos ⁷ssumem p⁷rticul⁷r relevânci⁷, dest⁷c⁷ndo-se os decorrentes de: chei⁷s sendo m⁷is signific⁷tivo o de M⁷go⁷nine C, result⁷nte d⁷s chei⁷s de , que contou com ⁷ p⁷rticip⁷ção de vári⁷s org⁷niz⁷-ções d⁷ socied⁷de civil e d⁷ popul⁷ção ; processos de qu⁷lific⁷ção de áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s m⁷is cen-tr⁷is M⁷f⁷l⁷l⁷ e Ch⁷m⁷nculo C ; ou infr⁷estrutur⁷s viári⁷s como ⁷ Estr⁷d⁷ N⁷cion⁷l n. , envolvendo ⁷ empres⁷ CMC Áfric⁷ Austr⁷l .

Nesse contexto de glo⁸⁷liz⁷ção e economi⁷ ne-oli⁸er⁷l domin⁷nte, o p⁷nor⁷m⁷ ur⁸⁷no remete p⁷r⁷ ⁷ existênci⁷ de vári⁷s inici⁷tiv⁷s com esc⁷l⁷s, níveis e tipos de ⁷tu⁷ção distintos, implement⁷d⁷s por ⁷tores n⁷cion⁷is e intern⁷cion⁷is, deix⁷ndo o pl⁷ne⁷ mento e ⁷ gestão ur⁸⁷nos de ser d⁷ exclusiv⁷ respons⁷⁸ilid⁷de d⁷s instituições p’⁸lic⁷s. Segundo Forj⁷z [?] , não há c⁷p⁷cid⁷de efetiv⁷ de coor-den⁷ção dos diferentes ⁷tores e ⁷s inici⁷tiv⁷s não têm um o⁸jetivo definido de conjunto, um⁷ linh⁷ de coerênci⁷ cl⁷r⁷ entre princípios ideológicos e ⁷ descentr⁷liz⁷ção e d⁷ produção de pl⁷nos

ur⁸⁷nísti-cos, estão ⁷ind⁷ ⁷ssoci⁷d⁷s ⁷ outr⁷s, como: o Projeto de Re⁷⁸ilit⁷ção Ur⁸⁷n⁷, no início de BM ; o progr⁷-m⁷ de Endereç⁷mento, com vist⁷ ⁷ uprogr⁷-m⁷ melhor gestão municip⁷l BM e Cooper⁷ção Fr⁷nces⁷ ; o progr⁷m⁷ R⁷pid Ur⁸⁷n Sector Profiling for Sust⁷in⁷⁸ility , em UN-(AB)TAT ; o pl⁷no p⁷r⁷ melhor⁷mento dos ⁷ssent⁷mentos inform⁷is , em UN-(AB)TAT ; e o projeto de qu⁷lific⁷ção do Ch⁷m⁷nculo C, fin⁷nci⁷do pel⁷ Cities Alli⁷nce, em p⁷rceri⁷ com Br⁷sil, )táli⁷ e BM, ⁷pro-v⁷do em , e que segue um⁷ metodologi⁷ integr⁷d⁷ de intervenção, incluindo processos de empowerment e ⁷

p⁷rticip⁷ção d⁷ popul⁷ção

As org⁷niz⁷ções d⁷ socied⁷de civil – org⁷ni-z⁷ções não govern⁷ment⁷is ONG estr⁷ngeir⁷s e n⁷cion⁷is, congreg⁷ções religios⁷s e org⁷niz⁷-ções comunitári⁷s de ⁸⁷se – emergem n⁷s déc⁷d⁷s

de e e t⁷m⁸ém p⁷ss⁷m ⁷ ter um p⁷pel

⁷tivo em vári⁷s intervenções ur⁸⁷n⁷s, p⁷rticul⁷r-mente em qu⁷lific⁷ções pontu⁷is de áre⁷s semiur-⁸⁷niz⁷d⁷s, como: o progr⁷m⁷ Pfuk⁷ Dzixile ONG Associ⁷ção Moç⁷m⁸ic⁷n⁷ p⁷r⁷ o Desenvolvimento Ur⁸⁷no – AMDU, com ⁷ p⁷rticip⁷ção d⁷s comunid⁷-des ROSÁR)O, ; e ⁷s intervenções que procu-r⁷r⁷m envolver ⁷ popul⁷ção com ⁸⁷se em comid⁷ pelo tr⁷⁸⁷lho inici⁷tiv⁷ municip⁷l, com cooper⁷ção d⁷ AMDU e pontu⁷lmente d⁷ ONG it⁷li⁷n⁷ MOL)SV

OPPEN(E)MER; RAPOSO, .

T⁷m⁸ém ⁷s ⁷ções desenvolvid⁷s num⁷ lógic⁷ de merc⁷do por investidores priv⁷dos, n⁷cion⁷is e inter-n⁷cion⁷is dest⁷c⁷ndo-se portugueses, ⁸r⁷sileiros, chineses e sul-⁷fric⁷nos , ⁷ssumem um peso c⁷d⁷ vez m⁷ior, princip⁷lmente no centro ur⁸⁷niz⁷do, exer-cendo um⁷ crescente pressão imo⁸iliári⁷ so⁸re ⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s m⁷is próxim⁷s e t⁷m⁸ém já n⁷s m⁷is ⁷f⁷st⁷d⁷s. Assiste-se, por exemplo: à cons-trução de edifícios ⁷dministr⁷tivos, de serviços cen-tro e residenci⁷is p⁷r⁷ cl⁷sses médi⁷ e ⁷lt⁷ cencen-tro, Cost⁷ do Sol e Zimpeto , podendo envolver proces-sos de gentriϔication Pol⁷n⁷ C⁷niço A e M⁷x⁷quene

A ; à construção de h⁷⁸it⁷ções su⁸sidi⁷d⁷s pelo Est⁷do Zimpeto ; à formul⁷ção de projetos ur⁸⁷nís-ticos áre⁷ d⁷ Pr⁷ç⁷ de Touros e M⁷x⁷quene A ; e à implement⁷ção de gr⁷ndes superfícies comerci⁷is,

Est⁷ áre⁷ não inclui ⁷ )lh⁷ d⁷ )nh⁷c⁷ e ⁷ região d⁷ K⁷Tem⁸e, t⁷m⁸ém pertencentes ⁷o Conselho Municip⁷l de M⁷puto, por terem pouco imp⁷cte em termos popul⁷cion⁷is e um contri⁸uto reduzido p⁷r⁷ ⁷s questões em ⁷nálise.

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hier⁷rquiz⁷d⁷ e ⁷d⁷pt⁷d⁷ ⁷o território, do tr⁷ç⁷do viário regul⁷r, do p⁷trimónio edific⁷do desde o pe-ríodo de exp⁷nsão ⁷té ⁷o Movimento Moderno, d⁷s su⁷s pr⁷ç⁷s, p⁷rques e j⁷rdins e do seu reconheci-mento enqu⁷nto t⁷l por p⁷rte d⁷ popul⁷ção.

Por su⁷ vez, ⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s exp⁷ndem--se, consolid⁷m-se e densific⁷mexp⁷ndem--se, repercutindo-se n⁷ s⁷tur⁷ção dos equip⁷mentos e infr⁷estrutur⁷s e su⁷ insuficiênci⁷, n⁷ dificuld⁷de de ⁷cesso à educ⁷ção e à s⁷’de, no desemprego e n⁷ economi⁷ inform⁷l, n⁷ po⁸rez⁷ ur⁸⁷n⁷, n⁷ emergênci⁷ de pro⁸lem⁷s ⁷m-⁸ient⁷is e soci⁷is, entre outros. P⁷r⁷ R⁷poso e S⁷lv⁷dor

, ess⁷s áre⁷s são ⁷ m⁷teri⁷liz⁷ção do sincre-tismo e inter⁷ção entre o mundo ur⁸⁷no de origem coloni⁷l e ocident⁷l, que lhe serve de referênci⁷, e o mundo rur⁷l moç⁷m⁸ic⁷no, princip⁷l origem dos seus h⁷⁸it⁷ntes, onde os p⁷drões de vid⁷ se ⁷f⁷st⁷m d⁷s referênci⁷s rur⁷is, m⁷s t⁷m⁸ém não seguem ⁷s cit⁷di-n⁷s do centro. Em⁸or⁷ ⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s ex-tr⁷v⁷sem o limite ⁷dministr⁷tivo d⁷ c⁷pit⁷l, ⁷ Figur⁷ ⁷plic⁷ção prátic⁷ e um compromisso político

rel⁷-tivo ⁷os complexos pro⁸lem⁷s ur⁸⁷nos existentes, que continu⁷m sem resolução.

Atu⁷lmente ⁷ cid⁷de de M⁷puto, com ⁷pro-xim⁷d⁷mente km de extensão , cont⁷ com

. . h⁷⁸it⁷ntes )NE, censos de e ⁷ UN-(⁷⁸it⁷t , p. estim⁷ que % desses h⁷-⁸it⁷m áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s. O crescimento do c⁷niço , pressentido em por Amâncio Guedes, confirm⁷-se ⁷pós independênci⁷, so⁸ ⁷ insuficiente ⁷ção dos governos centr⁷is e loc⁷is, envolvendo ou não outros ⁷tores, m⁷s princip⁷lmente pel⁷s mãos dos seus residentes construtores , ⁷ssumindo um⁷ esc⁷l⁷ no tecido ur⁸⁷no ⁸em m⁷is signific⁷tiv⁷ que o centro ur⁸⁷niz⁷do. A estrutur⁷ deste ’ltimo pou-co se ⁷lterou desde o período pou-coloni⁷l e, ⁷pes⁷r d⁷ degr⁷d⁷ção e s⁷tur⁷ção de ⁷lgum⁷s áre⁷s e d⁷s crescentes nov⁷s intervenções de que tem sido p⁷l-co, continu⁷ ⁷ constituir-se essenci⁷lmente como her⁷nç⁷ portugues⁷ ⁷o nível: d⁷ su⁷ m⁷lh⁷ ur⁸⁷n⁷

Figura 4 - Centro urbanizado e evolução das áreas semiurbanizadas de Maputo

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deix⁷rem de se reconhecer no pl⁷no de , que pouco imp⁷cte teve já so⁸re ⁷ cid⁷de, e n⁷s inter-venções ⁷rquitetónic⁷s de c⁷riz intern⁷cion⁷l que inici⁷r⁷m no fim do período coloni⁷l ⁷ vertic⁷liz⁷-ção d⁷ cid⁷de de cimento . Após ⁷ independênci⁷ de Moç⁷m⁸ique, ⁷ exp⁷nsão de M⁷puto dá-se es-senci⁷lmente ⁷tr⁷vés d⁷ prolifer⁷ção de contínu⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s, que revel⁷m um⁷ re⁷lid⁷de ⁷ind⁷ m⁷is divers⁷, em⁸or⁷ se identifique ⁷lgum⁷ influênci⁷ d⁷ her⁷nç⁷ ur⁸⁷n⁷ portugues⁷.

Por um l⁷do, os processos de produção não ofi-ci⁷l dess⁷s áre⁷s, p⁷rticul⁷rmente ⁷s que ⁷ssumem um⁷ m⁷lh⁷ orgânic⁷, são de n⁷turez⁷ ⁷utóctone, d⁷ndo-se à m⁷rgem do ur⁸⁷nismo português desde o período coloni⁷l. Por outro l⁷do, n⁷s áre⁷s cri⁷-d⁷s por processos ofici⁷is, ⁷ existênci⁷ de um tr⁷-ç⁷do regul⁷dor de geometri⁷ ortogon⁷l, m⁷is ou menos hier⁷rquiz⁷do, no qu⁷l ⁷s vi⁷s ⁷ssumem um p⁷pel preponder⁷nte n⁷ estrutur⁷ção territori⁷l, remete p⁷r⁷ um dos princípios m⁷is const⁷ntes do ur⁸⁷nismo português; este t⁷m⁸ém rel⁷cion⁷do, nesse c⁷so, com ⁷ m⁷ior f⁷cilid⁷de de impl⁷nt⁷ção no terreno, de exp⁷nsão ur⁸⁷n⁷ e de inst⁷l⁷ção de infr⁷estrutur⁷s. Entrevist⁷s efetu⁷d⁷s pel⁷ ⁷utor⁷ ⁷ residentes e ⁷ outros ⁷tores de relevo

inform⁷-ção ver⁸⁷l, e ⁷ evidenci⁷m o seu

⁷gr⁷do per⁷nte este tipo de org⁷niz⁷ção esp⁷ci⁷l, que ⁷ssoci⁷m ⁷ um⁷ m⁷ior modernid⁷de, desenvol-vimento e ur⁸⁷nid⁷de espelh⁷dos no centro. A ci-d⁷de de cimento funcion⁷ ⁷ssim como um modelo de referênci⁷, quer d⁷s intervenções lev⁷d⁷s ⁷ c⁷⁸o pelos governos loc⁷is, como t⁷m⁸ém de um⁷ p⁷rte signific⁷tiv⁷ d⁷s ocup⁷ções não ofici⁷is m⁷is recen-tes que ⁷s seguem. Contudo, ess⁷ c⁷r⁷cterístic⁷ não represent⁷ m⁷is do que um⁷ influênci⁷, que se re-flete de form⁷ fr⁷gment⁷d⁷ no território, sendo in-c⁷p⁷z de conferir ⁷ ess⁷s áre⁷s qu⁷lquer identid⁷de ur⁸⁷n⁷ rel⁷cion⁷d⁷ com ⁷ cid⁷de portugues⁷ .

Ao nível processu⁷l identific⁷m-se t⁷m⁸ém dois ⁷spectos semelh⁷ntes entre o ur⁸⁷nismo portu-guês d⁷ f⁷se de exp⁷nsão ultr⁷m⁷rin⁷ e ⁷ produ-ção d⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s: ⁷ implement⁷produ-ção do tr⁷ç⁷do não depende de um pl⁷no previ⁷mente el⁷⁸or⁷do, ⁸⁷se⁷ndo-se n⁷ ⁷usênci⁷ do mesmo no conhecimento empírico dos execut⁷ntes e em mo-delos de referênci⁷; e, à semelh⁷nç⁷ do que descre-vem Teixeir⁷ e V⁷ll⁷ , p. , em conjuntos ur⁸⁷nos de menor dimensão, ⁷s respectiv⁷s ⁷uto-rid⁷des municip⁷is ⁷poi⁷v⁷m-se em mestres ou ⁷ssin⁷l⁷ ⁷pen⁷s ⁷s que se encontr⁷m dentro desse

li-mite, ⁷ su⁷ evolução desde o fim do período coloni⁷l ⁷té e o centro ur⁸⁷niz⁷do.

N⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s cri⁷d⁷s por pro-cessos ofici⁷is – disponi⁸iliz⁷ção de t⁷lhões com ou sem h⁷⁸it⁷ção e re⁷ssent⁷mentos – é notóri⁷ ⁷ existênci⁷ de um tr⁷ç⁷do regul⁷dor de geometri⁷ ortogon⁷l, cuj⁷s vi⁷s m⁷is ou menos hier⁷rquiz⁷-d⁷s conform⁷m diferentes conjuntos de t⁷lhões. As áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s ocup⁷d⁷s por processos não ofici⁷is ⁷present⁷m um p⁷nor⁷m⁷ m⁷is complexo. N⁷s m⁷is recentes é comum encontr⁷rem-se áre⁷s com um tr⁷ç⁷do regul⁷r, cuj⁷ implement⁷ção envol-ve ger⁷lmente líderes loc⁷is e técnicos municip⁷is

de form⁷ não ofici⁷l , e onde, como refere Nielsen , se procur⁷ f⁷cilit⁷r ⁷ legitim⁷ção d⁷ ocup⁷-ção ⁷o seguir o modelo d⁷s áre⁷s tr⁷ç⁷d⁷s ofici⁷l-mente, confundindo-se com ⁷s mesm⁷s. N⁷s áre⁷s m⁷is ⁷ntig⁷s, ⁷ m⁷lh⁷ orgânic⁷ é m⁷is preponde-r⁷nte e ⁷ssume um c⁷riz m⁷is ⁷utóctone, m⁷s t⁷m-⁸ém surgem exemplos n⁷s m⁷is recentes. Jenkins e Andersen mencion⁷m que ness⁷s ’ltim⁷s áre⁷s, previ⁷mente ocup⁷d⁷s por residênci⁷s dis-pers⁷s, cujos mor⁷dores n⁷tivos detinh⁷m direi-to costumeiro de uso e ocup⁷ção so⁸re territórios rel⁷tiv⁷mente gr⁷ndes, o p⁷rcel⁷mento é feito pelos próprios, m⁷teri⁷liz⁷ndo-se num⁷ m⁷lh⁷ orgânic⁷, com o o⁸jetivo de dissimul⁷r ⁷s ocup⁷ções poste-riores, ⁷ssemelh⁷ndo-⁷s às existentes. A Figur⁷ ilustr⁷ ⁷lguns exemplos d⁷s diferentes expressões territori⁷is que podem encontr⁷r-se ⁷tu⁷lmente n⁷ c⁷pit⁷l moç⁷m⁸ic⁷n⁷.

Refl exão crítica: o urbanismo português no presente e no futuro da cidade de Maputo

P⁷r⁷ responder às du⁷s questões inici⁷is foi ne-cessário c⁷r⁷cteriz⁷r primeir⁷mente como o ur⁸⁷-nismo português se m⁷nifestou n⁷ c⁷pit⁷l moç⁷m-⁸ic⁷n⁷. A ⁷nálise históric⁷ do seu desenvolvimento permite identific⁷r três ⁷spectos que influem ess⁷ c⁷r⁷cteriz⁷ção e ⁷ form⁷ como est⁷ se foi ⁷lter⁷ndo ⁷o longo do tempo: os princípios ur⁸⁷nísticos que regem este ur⁸⁷nismo, o seu processo de concepção e implement⁷ção e o contexto em que ele se dá.

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centr⁷liz⁷do de ⁷⁸ord⁷gem top-down, ⁸⁷se⁷do em

conhecimentos técnicos e científicos, procur⁷ndo control⁷r e regul⁷ment⁷r o desenvolvimento ur⁸⁷-no. Após , esse tipo de ⁷⁸ord⁷gem perm⁷neceu n⁷ m⁷iori⁷ dos pl⁷nos el⁷⁸or⁷dos, como o de e o PEUMM. Tod⁷vi⁷, esse tipo de pl⁷ne⁷mento tem vindo ⁷ ser contest⁷do desde ⁷ déc⁷d⁷ de e, em contexto ⁷fric⁷no, Jenkins, Smith e W⁷ng

critic⁷m: ⁷ reduzid⁷ rel⁷ção com questões so-ci⁷is, económic⁷s e ⁷m⁸ient⁷is; ⁷ des⁷dequ⁷ção às forç⁷s de mud⁷nç⁷ e crescimento rápidos que c⁷r⁷cteriz⁷m o desenvolvimento ur⁸⁷no, torn⁷ndo--se os pl⁷nos r⁷pid⁷mente o⁸soletos; os p⁷drões ocident⁷is que os nortei⁷m e não se ⁷dequ⁷m à n⁷-turez⁷ d⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s e às necessid⁷des d⁷s comunid⁷des loc⁷is, ⁷ssim como su⁸estim⁷m ⁷ ⁷rru⁷dores p⁷r⁷ implement⁷ção do tr⁷ç⁷do ou est⁷

podi⁷ ser d⁷ respons⁷⁸ilid⁷de dos h⁷⁸it⁷ntes m⁷is há⁸eis ou m⁷is qu⁷lific⁷dos TE)XE)RA; VALLA, , p. , que no c⁷so d⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷-d⁷s remete p⁷r⁷ ⁷ p⁷rticip⁷ção ofici⁷l ou não de lí-deres loc⁷is, técnicos municip⁷is e d⁷ popul⁷ção n⁷ dem⁷rc⁷ção de vi⁷s e t⁷lhões. No ent⁷nto, em f⁷ce d⁷ distânci⁷ tempor⁷l, ess⁷s semelh⁷nç⁷s processu-⁷is não pressupõem ⁷ existênci⁷ de um⁷ influênci⁷, m⁷s ⁷ntes um modo de ⁷gir que se ⁷d⁷pt⁷ simil⁷r-mente às contingênci⁷s contextu⁷is específic⁷s de c⁷d⁷ époc⁷.

Ao longo do tempo, ⁷ implement⁷ção do ur⁸⁷nis-mo português foi ⁷ssumindo um c⁷rácter m⁷is nor-m⁷tivo; qu⁷ndo o desenho p⁷ss⁷ ⁷ ter um p⁷pel pre-ponder⁷nte. O pl⁷ne⁷mento torn⁷-se c⁷d⁷ vez m⁷is Figura 5 - Exemplos de diferentes expressões territoriais de Maputo

Legenda: 1, 2 = Áreas semiurbanizadas mais afastadas do centro urbanizado; 3, 4 = Áreas semiurbanizadas mais próximas do centro urbanizado; 2 e 4 = Áreas sermiurbanizadas orgânicas de ocupação não ofi cial; 1, 3 = Áreas semiurbanizadas regulares de ocupação ofi cial ou não; 5, 6 = Centro urbanizado.

Fonte: Figura elaborada pela autora com base em fotografi as aéreas recolhidas no Google Earth8.

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do tempo. Como referido, ⁷ influênci⁷ de modelos in-tern⁷cion⁷is t⁷m⁸ém contri⁸uiu p⁷r⁷ ⁷ su⁷ progres-siv⁷ reconfigur⁷ção e é com o Movimento Moderno que este pr⁷tic⁷mente se desv⁷nece. Ess⁷ influênci⁷ retrocede ⁷pós ⁷ independênci⁷ de Moç⁷m⁸ique, dur⁷nte o período soci⁷list⁷, m⁷s retorn⁷ com vir⁷-gem económic⁷ e polític⁷ de me⁷dos dos ⁷nos , ⁷ssumindo um p⁷pel c⁷d⁷ vez m⁷is preponder⁷nte em pleno contexto de glo⁸⁷liz⁷ção e de economi⁷ neoli⁸er⁷l domin⁷nte. Como referem Jenkins, Smith e W⁷ng , p. , cities will ⁸e resh⁷ped ⁸y glo-⁸⁷l economic forces over the course of this century e est⁷ reconfigur⁷ção process⁷-se ⁷tr⁷vés de um in-trinc⁷do jogo de interesses, ⁷tores e diferentes for-m⁷s de intervir, onde o Est⁷do se reconfigur⁷ e tende ⁷ privilegi⁷r o interesse económico em detrimento do soci⁷l SASSEN, . Em Moç⁷m⁸ique, ⁷ ⁷tu⁷-ção do governo centr⁷l e loc⁷l e ⁷ su⁷ c⁷p⁷cid⁷de de gerir e coorden⁷r ⁷s ⁷ções do crescente n’mero de ⁷tores e seus interesses, ⁷present⁷ ⁷tu⁷lmente ⁷in-d⁷ m⁷ior fr⁷gili⁷in-d⁷de devido ⁷ f⁷tores como: ⁷ extre-m⁷ juventude do processo político, ⁷ má govern⁷ção

so⁸ ⁷ form⁷ de corrupção, f⁷lt⁷ de tr⁷nsp⁷rênci⁷ e respons⁷⁸ilid⁷de soci⁷l, de ⁷usênci⁷ de compromis-so político e de coerênci⁷ entre princípios e prátic⁷s, entre outros , ⁷s limit⁷ções de competênci⁷s e recur-sos e ⁷ dependênci⁷ d⁷ ⁷jud⁷ extern⁷.

Nesse contexto, ⁷ influênci⁷ d⁷s ⁷gênci⁷s inter-n⁷cion⁷is e de org⁷niz⁷ções d⁷ socied⁷de civil ⁷o nível do pl⁷ne⁷mento d⁷ cid⁷de, d⁷ su⁷ gestão e d⁷s intervenções ur⁸⁷n⁷s é notóri⁷, centr⁷ndo-se ger⁷l-mente nos pro⁸lem⁷s d⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s, em⁸or⁷ com insuficiente eficáci⁷. Tod⁷vi⁷, são ⁷s in-tervenções efetu⁷d⁷s num⁷ lógic⁷ de merc⁷do por investidores priv⁷dos que têm m⁷ior imp⁷cte ⁷o ní-vel do território, evidenci⁷ndo t⁷m⁸ém ⁷s m⁷iores ruptur⁷s com ⁷ her⁷nç⁷ ur⁸⁷n⁷ portugues⁷. Est⁷s estão ⁷ssoci⁷d⁷s às nov⁷s ⁷spir⁷ções socioeconómi-c⁷s e cultur⁷is d⁷ socied⁷de moç⁷m⁸ic⁷n⁷, em espe-ci⁷l d⁷s elites, introduzid⁷s e crescentemente pro-movid⁷s em contexto de glo⁸⁷liz⁷ção, ⁸em como ⁷os novos modelos ⁷rquitetónicos e ur⁸⁷nísticos intern⁷cion⁷is que ⁷s vincul⁷m e são us⁷dos pelos investidores so⁸ vári⁷s influênci⁷s. Ess⁷s interven-ções com vist⁷ ⁷o lucro, pouco têm contri⁸uído p⁷r⁷ ⁷ resolução dos pro⁸lem⁷s ur⁸⁷nos que ⁷fet⁷m ⁷s extens⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s, tendendo ⁷ntes ⁷ promover o ⁷umento d⁷ segreg⁷ção socioesp⁷ci⁷l

JENK)NS; W)LK)NSON, ; RAPOSO, .

reduzid⁷ c⁷p⁷cid⁷de fin⁷nceir⁷, legisl⁷tiv⁷ e ⁷dmi-nistr⁷tiv⁷ dos governos p⁷r⁷ os implement⁷r; e ⁷ fr⁷c⁷ interlig⁷ção institucion⁷l e entre interesses políticos, decisões orç⁷ment⁷is dos governos loc⁷is e outr⁷s entid⁷des envolvid⁷s no processo ur⁸⁷no.

Dess⁷s contest⁷ções têm emergido propost⁷s ⁷l-tern⁷tiv⁷s de pl⁷ne⁷mento à esc⁷l⁷ glo⁸⁷l como o pl⁷ne⁷mento estrutur⁷l, o pl⁷no ⁷ção, ⁷ gestão do solo e infr⁷estrutur⁷s e por negoci⁷ção , ⁷lgum⁷s d⁷s qu⁷is contempl⁷m processos de empowerment

d⁷s comunid⁷des. Estes torn⁷m-se p⁷rticul⁷rmente import⁷ntes em contextos de gr⁷nde desigu⁷ld⁷-de socioeconómic⁷ e polític⁷, como o desigu⁷ld⁷-de M⁷puto, por promoverem o equilí⁸rio d⁷s iniquid⁷des que se repercutem no esp⁷ço ur⁸⁷no, como refere Friedm⁷nn , e estão intim⁷mente rel⁷cion⁷-dos com questões inerentes ⁷o pl⁷ne⁷mento p⁷rti-cip⁷tivo, à p⁷rticip⁷ção dos cid⁷dãos no ⁷ssunto p’-⁸lico, à pro⁸lemátic⁷ d⁷ democr⁷ci⁷ represent⁷tiv⁷, p⁷rticip⁷d⁷ e inclusiv⁷.

Os projetos de reorden⁷mento p⁷rticip⁷do e fle-xível em M⁷x⁷quene e Pol⁷n⁷ C⁷niço, implement⁷dos logo ⁷pós ⁷ independênci⁷ com o fin⁷nci⁷mento d⁷s N⁷ções Unid⁷s, cort⁷m com ⁷ tr⁷dição desse pl⁷ne⁷-mento centr⁷liz⁷do, norm⁷tivo e tecnocr⁷t⁷ e est⁷⁸e-lecem um p⁷r⁷lelo com ⁷ experiênci⁷ do Serviço de Apoio Am⁸ul⁷tório Loc⁷l, implement⁷do em Portug⁷l entre e , cuj⁷s intervenções de pl⁷ne⁷men-to e qu⁷lific⁷ção em áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s cont⁷v⁷m com ⁷ p⁷rticip⁷ção d⁷ popul⁷ção. Esse p⁷r⁷lelismo não é ⁷lheio ⁷ um contexto de recente li⁸ert⁷ção de regimes políticos repressivos Portug⁷l ⁷pós o fim d⁷ dit⁷dur⁷ e Moç⁷m⁸ique em seguid⁷ independente , ⁷ssoci⁷d⁷ ⁷ um forte din⁷mismo popul⁷r. Esse tipo de ⁷⁸ord⁷gem volt⁷rá ⁷ est⁷r presente n⁷s intervenções ur⁸⁷n⁷s que ocorrem ⁷pós me⁷dos d⁷ déc⁷d⁷ de com ⁷ p⁷rticip⁷ção de org⁷niz⁷ções d⁷ socied⁷de civil

Pfuka Dzixile, ⁷s intervenções com ⁸⁷se em comid⁷

pelo tr⁷⁸⁷lho e o re⁷ssent⁷mento de M⁷go⁷nine C e de ⁷gênci⁷s intern⁷cion⁷is o projeto de qu⁷lific⁷ção do Ch⁷m⁷nculo C e o orç⁷mento p⁷rticip⁷tivo , sendo os moç⁷m⁸ic⁷nos e os ⁸r⁷sileiros os ⁷tores lusófonos m⁷is presentes.

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simult⁷ne⁷mente com ⁷ her⁷nç⁷ ur⁸⁷n⁷ portugues⁷ e com um modo m⁷is endógeno de h⁷⁸it⁷r e produzir o esp⁷ço, não respondendo t⁷m⁸ém ⁷os pro⁸lem⁷s d⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s. Nesse p⁷nor⁷m⁷ ur⁸⁷no complexo e imprevisível, o leg⁷do do ur⁸⁷nismo por-tuguês continu⁷ ⁷ ⁷d⁷pt⁷r-se ⁷o novo consórcio de idei⁷s ur⁸⁷n⁷s vigente, onde ⁷s lusófon⁷s se es⁸⁷tem entre ⁷s de outr⁷s proveniênci⁷s, m⁷s ⁷ perspectiv⁷ fu-tur⁷ dest⁷ signific⁷tiv⁷ her⁷nç⁷ ur⁸⁷n⁷ portugues⁷ em Áfric⁷ torn⁷-se incert⁷.

Conclusão

A presenç⁷ coloni⁷l portugues⁷ em Áfric⁷ foi m⁷is dur⁷dour⁷ que em outr⁷s regiões, permitindo sediment⁷r ⁷té m⁷is t⁷rde ⁷ su⁷ her⁷nç⁷ ur⁸⁷n⁷. Contudo, é ⁷ind⁷ nesse período que os princípios do ur⁸⁷nismo português d⁷ f⁷se de exp⁷nsão, que veicul⁷r⁷m de form⁷ m⁷is contundente ⁷ identid⁷-de d⁷ cid⁷identid⁷-de portugues⁷ , se começ⁷m ⁷ identid⁷- desmon-t⁷r, ⁷d⁷pt⁷ndo-se ⁷ novos contextos e incorpor⁷n-do influênci⁷s exteriores, senincorpor⁷n-do m⁷is decisiv⁷s ⁷s que ⁷dvier⁷m do Movimento Moderno. Após ⁷ independênci⁷ de Moç⁷m⁸ique, ⁷ consolid⁷ção e imens⁷ exp⁷nsão d⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s, já inici⁷d⁷ no período coloni⁷l à m⁷rgem do centro pl⁷ne⁷do e edific⁷do pelos portugueses, ⁷present⁷ ⁷ m⁷ior ruptur⁷ com est⁷ tr⁷dição, ⁷ssumindo um modo de produção, um⁷ configur⁷ção e um⁷ iden-tid⁷de muito próprios.

O contexto que m⁷rc⁷ ⁷tu⁷lmente ⁷ c⁷pit⁷l mo-ç⁷m⁸ic⁷n⁷ é muito distinto dos que m⁷rc⁷r⁷m o ur-⁸⁷nismo português, t⁷l como é muito diferente ⁷ n⁷tu-rez⁷ dos pro⁸lem⁷s ur⁸⁷nos nel⁷ p⁷tentes, evidentes, so⁸retudo n⁷ po⁸rez⁷ e n⁷ f⁷lt⁷ de habitat condigno

que se espelh⁷m n⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s, p⁷r⁷ os qu⁷is é necessário encontr⁷r um novo modelo ur⁸⁷-no. Ness⁷ procur⁷, pode consider⁷r-se ⁷ v⁷lid⁷de de ⁷lguns princípios e processos ⁷ssoci⁷dos ⁷o ur⁸⁷nis-mo português, cour⁸⁷nis-mo ⁷queles ⁷ind⁷ hoje presentes n⁷ produção d⁷s áre⁷s semiur⁸⁷niz⁷d⁷s, sendo que ⁷s experiênci⁷s em⁷ncip⁷dor⁷s que surgem ⁷pós ⁷ independênci⁷, contempl⁷ndo o empowerment e ⁷

p⁷rticip⁷ção d⁷s comunid⁷des, prest⁷m t⁷m⁸ém um válido contri⁸uto. Ess⁷s refletem ⁷ influênci⁷ de ⁷gên-ci⁷s intern⁷cion⁷is e org⁷niz⁷ções d⁷ socied⁷de civil, ⁸em como de um consórcio de idei⁷s lusófon⁷s, dis-t⁷nci⁷ndo-se d⁷ ⁷⁸ord⁷gem centr⁷liz⁷d⁷, norm⁷tiv⁷ É nesse p⁷nor⁷m⁷ que ⁷ind⁷ prev⁷lecem no

cen-tro ur⁸⁷niz⁷do os princípios do ur⁸⁷nismo português que m⁷rc⁷m ⁷ su⁷ génese e ⁷ m⁷ior p⁷rte do seu de-senvolvimento. Aqui, ⁷ existênci⁷ de um⁷ cid⁷de de origem portugues⁷ intui-se, entre outros f⁷tores, n⁷ su⁷ rel⁷ção com ⁷s p⁷rticul⁷rid⁷des geográfic⁷s loc⁷is, n⁷ estrutur⁷ ur⁸⁷n⁷ hier⁷rquiz⁷d⁷ e deline⁷d⁷ pelo tr⁷ç⁷do regul⁷r d⁷s su⁷s vi⁷s, pel⁷ form⁷ como este se ⁷rticul⁷ com o conjunto de p⁷rques e j⁷rdins, com os equip⁷mentos m⁷rc⁷ntes e com o ⁷ind⁷ gr⁷nde p⁷-trimónio edific⁷do nesse período. Esse leg⁷do, reco-nhecido pel⁷ popul⁷ção, ⁷licerç⁷ ess⁷ cid⁷de ⁷fric⁷n⁷ num p⁷ss⁷do histórico singul⁷r, conferindo-lhe um⁷ memóri⁷ e riquez⁷ cultur⁷l ’nic⁷s, que f⁷zem p⁷rte d⁷ su⁷ identid⁷de e, que n⁷ Áfric⁷ Austr⁷l, ⁷pen⁷s encon-tr⁷ p⁷r⁷lelo em ouencon-tr⁷s cid⁷des lusófon⁷s.

Contudo, o seu surgimento deu-se pel⁷ lig⁷ção co-loni⁷l ⁷ Portug⁷l e qu⁷se sempre à m⁷rgem ou negli-genci⁷ndo ⁷ cultur⁷ e ⁷s necessid⁷des d⁷ popul⁷ção loc⁷l. Find⁷ ess⁷ lig⁷ção, e sendo M⁷puto o reflexo de um contexto extrem⁷mente complexo, distinto dos dem⁷is, com c⁷r⁷terístic⁷s socioeconómic⁷s, cultu-r⁷is e polític⁷s própri⁷s e com necessid⁷des e pro-⁸lem⁷s específicos, impõem-se des⁷fios ur⁸⁷nísticos diferentes dos que mold⁷r⁷m ⁷o longo do tempo o ur⁸⁷nismo português. P⁷r⁷ P⁷rker , p. , ⁷s cid⁷des com elev⁷dos níveis de su⁸ur⁸⁷niz⁷ção requerem nov⁷s ⁷⁸ord⁷gens e não devem ser enten-did⁷s como the untamed past of modernity’s future

[m⁷s] as the untamed future of modernity’s present.

No c⁷so de Moç⁷m⁸ique, Forj⁷z [?] refere que o pro⁸lem⁷ é encontr⁷r um novo modelo ur⁸⁷no, sem exemplo n⁷ históri⁷ d⁷s cid⁷des ou d⁷ civiliz⁷-ção, ⁷dequ⁷do ⁷o seu contexto específico.

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e tecnocr⁷t⁷ dos pl⁷nos coloni⁷is, p⁷tente t⁷m⁸ém n⁷ m⁷iori⁷ dos produzidos ⁷pós .

Atu⁷lmente o p⁷pel m⁷is signific⁷tivo d⁷ he-r⁷nç⁷ ur⁸⁷n⁷ portugues⁷ coloc⁷-se ⁷o nível d⁷ memóri⁷ d⁷ cid⁷de e d⁷ su⁷ riquez⁷ cultur⁷l, que contri⁸uem p⁷r⁷ ⁷ su⁷ identid⁷de singul⁷r no p⁷nor⁷m⁷ d⁷ Áfric⁷ Austr⁷l, ⁷pen⁷s presente em outr⁷s cid⁷des lusófon⁷s. A cisão com o ur⁸⁷nis-mo português no período soci⁷list⁷ ⁷pós ⁷ inde-pendênci⁷, decorrente d⁷s ⁷lter⁷ções e limit⁷ções contextu⁷is, não coloc⁷r⁷m em c⁷us⁷ est⁷ her⁷n-ç⁷. Contudo, ⁷ emergênci⁷ de novos ⁷tores ⁷pós ⁷ vir⁷gem económic⁷ e polític⁷ de me⁷dos d⁷ déc⁷-d⁷ de e ⁷ crescente preponderânci⁷ d⁷s su⁷s intervenções em pleno contexto de glo⁸⁷liz⁷ção e economi⁷ neoli⁸er⁷l domin⁷nte, vem torn⁷r in-certo o futuro d⁷ mesm⁷. So⁸ um Est⁷do reconfi-gur⁷do com vári⁷s fr⁷gilid⁷des de ⁷tu⁷ção, ⁷ lógi-c⁷ d⁷ produção lógi-c⁷pit⁷list⁷ do esp⁷ço ⁷ssume um p⁷pel c⁷d⁷ vez m⁷ior, respondendo ⁷ ⁷spir⁷ções que se enqu⁷dr⁷m em modelos de referênci⁷ in-tern⁷cion⁷is, difundidos so⁸ um⁷ gr⁷nde v⁷ried⁷-de v⁷ried⁷-de fluxos v⁷ried⁷-de influênci⁷, n⁷s qu⁷is ⁷s lusófon⁷s se es⁸⁷tem. Se, por um l⁷do, os pro⁸lem⁷s ur⁸⁷-nos m⁷is prementes d⁷ m⁷iori⁷ d⁷ popul⁷ção d⁷ c⁷pit⁷l continu⁷m por ⁷tender, por outro, v⁷i-se comprometendo o leg⁷do d⁷ cid⁷de portugues⁷ .

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Figura 2 - Plano de Lourenço Marques em 1887 e Maputo atualmente
Figura 4 - Centro urbanizado e evolução das áreas semiurbanizadas de Maputo

Referências

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