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O sono como ativador do eletrencefalograma nos pacientes epilépticos.

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Academic year: 2017

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(1)

O SONO COMO ATIVADOR DO ELETRENCEFALOGRAMA

NOS PACIENTES EPILÉPTICOS

ROSA HELENA LONGO; JOSÉ GERALDO CAMARGO L I M A

Desde que em 1947 os Gibbs

8

chamaram a atenção para a ação do sono

como ativador de descargas epilépticas no eletrencefalograma, têm sido esse

método amplamente utilizado. Naquele trabalho esses autores mostraram

que o sono duplicava o número de traçados patológicos em casos de epilepsia

sintomática e triplicava esse número em casos de epilepsia idiopática; além

disso admitiram que os focos em vigília não eram obliterados durante o sono

e realçaram o valor do sono nas crises psicomotoras, nas quais a percentagem

de traçados anormais se elevou de 30 para 90%. Trabalhos ulteriores como

os de Bado & Dies \ Batini & col.

2

>

3

, Caveness

4

, Caveness & col.

5

, Delange

& col.

6

, Gastaut & col.

7

, K a j t o r

1 1

, K e l l a w a y

1 2

, Passouant

1 5

, Silverman

1 7

,

Silverman & M o r i s a k i

1 8

e White & c o l .

1 9

confirmaram ser o sono bom

sen-sibilizador das descargas epilépticas. Discordando desses resultados temos

Gloor & col.

9

.

1 0

, Merlis & c o l .

1 3

e Nekhorocheff

1 4

. Entre nós Pupo & Reis

F i l h o

1 6

, analizando os dados assinalados em 700 pacientes epilépticos

mos-traram que a freqüência de eletrencefalogramas anormais foi mais alta em

vigília (50%) do que em estado de sono ( 2 6 % ) . Essas discordancias

encon-tradas na literatura nos levaram à feitura deste trabalho.

M A T E R I A L , M É T O D O E R E S U L T A D O S

O m a t e r i a l consta de 1.868 pacientes epilépticos * nos quais f o r a m feitos eletren-c e f a l o g r a m a s em v i r g í l i a (repouso e h i p e r p n é i a ) e em sono ( f a s e l e n t a ) , sendo os achados c o m p a r a d o s . Foi considerado que h o u v e a t i v a ç ã o q u a n d o o sono, por si só, provocou o a p a r e c i m e n t o de a n o r m a l i d a d e s eletrencefalográficas que não existiam antes ou q u a n d o a u m e n t o u d e modo i n d u b i t á v e l as alterações r e g i s t r a d a s em vi-gília; consideramos como desativação q u a n d o a s a n o r m a l i d a d e s r e g i s t r a d a s em v i g í l i a d e s a p a r e c e r a m d u r a n t e o sono ou d i m i n u í r a m de modo indubitável. Os tipos clínicos d a síndrome c o n v u l s i v a a p r e s e n t a d a pelos pacientes e a ação do sono estão registrados n a t a b e l a 1. N ã o encontramos d i f e r e n ç a significativa entre os achados d u r a n t e o sono espontâneo e o medicamentoso.

T r a b a l h o d o D e p a r t a m e n t o de N e u r o l o g i a e N e u r o c i r u r g i a d a E s c o l a P a u l i s t a de M e d i c i n a : P r o f e s s o r e s A d j u n t o s .

(2)

C O M E N T Á R I O S

Na maioria de nossos pacientes o eletrencefalograma realizado durante

o sono apenas confirmou os achados encontrados em vigília, quer nos

traça-dos normais como nos anormais. Concordando com Gloor & c o l .

9

.

1 0

, Merlis

& c o l .

1 3

e Nekhorocheff

1 4

, a ação ativadora do sono foi registrada em número

relativamente pequeno de casos, tendo atingido o seu máximo no grupo de

pacientes com crises psicomotoras ( 2 6 % ) . Deve ser realçado o fato de que

entre os pacientes com crises generalizadas, crises temporais não

psicomoto-ras, crises focais não temporais e crises convulsivas noturnas o sono atuou

mais como desativador do que ativador das anormalidades registradas em

vigília, o que contraria a idéia de Gibbs e Gibbs

8

.

Em conclusão, pensamos que o papel ativador do sono sobre as

anorma-lidades eletrencefalográficas encontradas nos pacientes epilépticos não deve

ser muito valorizado pois não raramente essas alterações são muito

atenua-das ou mesmo bloqueaatenua-das totalmente nesse estado.

R E S U M O

(3)

seu máximo no grupo de pacientes com crises psicomotoras ( 2 6 % ) . Nas

crises generalizadas, temporais não psicomotoras, focais não temporais e

no-turnas o sono funcionou mais como desativador do que como ativador das

anormalidades registradas em vigília.

S U M M A R Y

The sleep as an activator on epileptic patient's electroencephalogram

In order to study the influence of sleep on the electroencephalograms

of epileptic patients the tracings obtained of 1.868 such patients were analised

(572 generalized seizures; 121 non-psychomotor temporal; 118 psychomotor; 410

non-temporal focal; 314 noctural seizures; 165 febrile seizures; 168 convulsive

seizures associated with psychomotor retard).

The electroencephalograms were made with the patients awake (rest

and hyperpnea) and sleeping (slow phase), the findings being compared.

There was not found any significant difference between the EEG tracings

obtained during spontaneous sleep and medically induced sleep. In the

majority of the cases the records obtained while the patients were asleep

merely confirmed the ones made while the patients were awake. The

activa-tor action of sleep appeared only in small number of the cases, having it's

peak on the group with psychomotor seizures ( 2 6 % ) . In the generalized

non-psychomotor temporal, non-temporal focal and noctural seizures the

sleep acted as an antiactivator instead of an activator of the abnormalities

recorded while the patients were awake.

R E F E R Ê N C I A S

1 . B A D O , J. V . & D I E S , J. M . S. — E l s u e n o i n d u c i d o c o m o m e t o d o d e e l e c c i ó n en l a a c t i v a c i ó n d e l E E G d e l o s e p i l e p t i c o s . E l e c t r o e n c e p h . c l i n . N e u r o p h y s i o l . 5:460, 1953.

2 . B A T I N I , C.; F R E S S Y , J.; N A Q U E T , R . ; O R F A N O S , A . & S A I N T - L A U R E N T , J. — É t u d e du s o m m e i l n o c t u r n e c h e z 20 sujets p r é s e n t a n t d e s c h a r g e s i r r i ¬ t a t i v e s f o c a l i s é e s . R e v . n e u r o l . ( P a r i s ) 108:172, 1963.

3 . B A T I N I , C.; C R I T I C O S , A . ; F R E S S Y , J. & G A S T A U T , H . — N o c t u r n a l s l e e p in p a t i e n t s p r e s e n t i n g e p i l e p s y w i t h b i s y n c h r o n o u s E E G d i s c h a r g e s . E l e c t r o e n c e p h . c l i n . N e u r o p h y s i o l . 14:957, 1962.

4 . C A V E N E S S , W . F . — R e l a t i o n s o f s e i z u r e s t o v a r i o u s a s p e c t s o f s l e e p . E l e c t r o -e n c -e p h . c l i n . N -e u r o p h y s i o l . 9:380, 1957.

5 . C A V E N E S S , W . F . ; R O B B I N S , M . B . & J O H N S , T . R . — C o n v u l s i v e s e i z u r e s c o i n c i d e n t w i t h s l e e p w i t h s p e c i a l e n p h a s i s o n t h e r e l a t i o n b e t w e e n s e i z u r e a n d c h a n g e s i n p h a s e o f s l e e p . E l e c t r o e n c e p h . c l i n . N e u r o p h y s i o l . 10:182, 1958. 6 . D E L A N G E , M . ; C A S T A N , P . H . ; C A D I L H A C , J. & P A S S O U A N T , P . — S t u d y o f t h e n i g h t s l e e p d u r i n g c e n t r e n c e p h a l i c a n d t e m p o r a l e p i l e p s i e s . E l e c t r o e n c e p h . c l i n . N e u r o p h y s i o l . 14:777, 1962.

7 . G A S T A U T , H . ; B A T I N I , C.; F R E S S Y , J.; B R O U G H T O N , R . ; T A S S I N A R I , C. A . & V I T T I N I , F . — É t u d e é l e c t r o e n c e p h a l o g r a p h i q u e des p h é n o m è n e s é p i s o ¬ d i q u e s é p i l e p t i q u e s a u c o u r s du s o m m e i l . In L e S o m m e i l d e N u i t N o r m a l e t P a t h o l o g i q u e . V o l . 2 d a s é r i e E l e c t r o e n c e p h a l o g r a p h i e e t N e u r o p h y s i o l o g i e

(4)

8 . G I B B S , E . L . & G I B B S , F . A . — D i a g n o s t i c a n d l o c a l i s i n g v a l u e o f e l e c t r o e n c e ¬ p h a l o g r a p h i c s t u d i e s i n s l e e p . N e r v . M e n t . D i s . P r o c . 26:366, 1947.

9 . G L O O R , P . ; T S A I , C. & H A D D A D , F . — A n a s s e s s m e n t o f t h e v a l u e o f s l e e p e l e c t r o e n c e p h a l o g r a p h y f o r t h e d i a g n o s i s o f t e m p o r a l l o b e e p i l e p s y . E l e c t r o e n c e p h . c l i n . N e u r o p h y s i o l . 10:663, 1958.

1 0 . G L O O R , P . T S A I , C.; H A D D A D , F . & J A S P E R , H . H . — T h e l a c k o f n e c e s s i t y f o r s l e e p in t h e E E G o r E E G d i a g n o s i s o f t e m p o r a l s e i z u r e s . E l e c t r o e n c e p h . c l i n . N e u r o p h y s i o l . 9:379, 1957.

1 1 . K A J T O R , F . — T h e i n f l u e n c e o f s l e e p a n d t h e w a k i n g s t a t e o n t h e e p i l e p t i c a c t i v i t y o f d i f f e r e n t c e r e b r a l s t r u c t u r e s . E p i l e p s i a ( A m s t e r d a m ) 3:274, 1962. 1 2 . K E L L A W A Y , P . — T h e use o f s e d a t i v e - i n d u c e d s l e e p a s a n a i d t o e l e c t r o e n c e ¬

p h a l o g r a p h i c d i a g n o s i s i n c h i l d r e n . J. P e d i a t . 37:862, 1950.

1 3 . M E R L I S , J. K . ; G R O S S M A N , C. & H E N R I K S E N , G. F . — C o m p a r a t i v e e f f e c t i -v e n e s s o f s l e e p a n d m e t r a z o l - a c t i -v a t e d e l e c t r o e n c e p h a l o g r a p h y . E l e c t r o e n c e p h . c l i n . N e u r o p h y s i o l . 3 : 7 1 , 1951.

1 4 . N E K H O R O C H E F F , I . — L e v a l e u r du s o m m e i l en t a n t q u e m é t h o d e de sensi¬ b i l i s a t i o n E E G c h e z l ' e n f a n t . R e v . n e u r o l . ( P a r i s ) 83:570, 1950.

1 5 . P A S S O U A N T , P . — S é m i o l o g i e é l e c t r o e n c e p h a l o g r a f i q u e du s o m m e i l n o r m a l e t p a t h o l o g i q u e . R e v . n e u r o l . ( P a r i s ) 83:545, 1950.

1 6 . P U P O , P . P . & R E I S F I L H O , I . — C o n v u l s i o n in c h i l d h o o d : e l e c t r o e n c e p h a l o g r a ¬ p h i c a s p e c t s . A r q . N e u r o - P s i q u i a t . ( S ã o P a u l o ) 25:17, 1967.

1 7 . S I L V E R M A N , D . — S l e e p as a g e n e r a l a c t i v a t i o n p r o c e d u r e in e l e c t r o e n c e p h a -l o g r a p h y . E -l e c t r o e n c e p h . c -l i n . N e u r o p y s i o -l . 8:317, 1956.

1 8 . S I L V E R M A N , D . & M O R I S A K I , A . — R e e v a l u a t i o n o f s l e e p e l e c t r o e n c e p h a l o -g r a p h y . E l e c t r o e n c e p h . c l i n . N e u r o p h y s i o l . 10:425, 1958.

1 9 . W H I T E , P . ; D Y K E N , M . ; G R A N T , P . & J A C K S O N , L . — E l e c t r o e n c e p h a l o g r a p h i c a b n o r m a l i t i e s d u r i n g s l e e p as r e l a t e d t o t h e t e m p o r a l d i s t r i b u t i o n o f s e i z u r e s . E p i l e p s i a ( A m s t e r d a m ) 3:167, 1962.

Referências

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