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Transmissão vertical do HIV: expectativas e ações da gestante soropositiva.

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Academic year: 2017

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TRANSMI SSÃO VERTI CAL DO HI V: EXPECTATI VAS E AÇÕES DA GESTANTE SOROPOSI TI VA

1

Edilene Lins de Moura2 Neide de Souza Praça3

Moura EL, Praça NS. Transm issão vert ical do HI V: expect at ivas e ações da gest ant e soroposit iva. Rev Lat ino-am Enferm agem 2006 m aio- j unho; 14( 3) : 405- 13.

Est e est udo descr it ivo, com abor dagem qualit at iva, foi m ot ivado pelo elevado núm er o de casos de t ransm issão vert ical do HI V. Teve com o obj et ivo ident ificar as expect at ivas e ações da gest ant e HI V posit ivo quant o à gr avidez e ao concept o. A am ost r a const it uiu- se de 14 gest ant es infect adas, assint om át icas, que conheciam sua sor oposit iv idade ant es da gr av idez e que est av am no 3o t r im est r e de gest ação. Ut ilizou- se

entrevista para a coleta de dados que ocorreu em 2001 e 2002. Em pregou- se o Método do Discurso do Suj eito Colet ivo para analisar os dados. Verificou- se que, quant o à m at ernidade, as gest ant es t inham expect at ivas sem elh an t es, adapt ar am - se à gr av idez, e acr edit av am n a sor on egat iv idade do bebê e n a efet iv idade do t rat am ent o. Concluiu- se pela necessidade de im plem ent ação de orient ação para a saúde direcionada à m ulher com enfoque na t ransm issão vert ical do HI V/ aids.

DESCRI TORES: HI V; saúde da m ulher; gravidez; síndrom e de im unodeficiência adquirida

HI V PERI NATAL TRANSMI SSI ON: EXPECTATI ONS

AND ACTI ONS OF HI V-POSI TI VE PREGNANT W OMEN

This descript ive st udy wit h a qualit at ive approach was m ot ivat ed by t he high num ber of HI V posit ive children caused by perinatal transm ission. The aim of this study was to identify HI V- infected pregnant wom en’s expect at ions and act ions concerning t he pregnancy and t he fet us. The sam ple consist ed of 14 HI V- infect ed, asym ptom atic pregnant wom en, in their third m onth, who were aware of their condition before getting pregnant. An int er view w as car r ied out fr om 2001 t o 2002 in or der t o collect dat a. The Collect ive Subj ect Discour se Met hod w as adopt ed for dat a analysis. I t w as obser ved t hat t he pr egnant w om en had sim ilar expect at ions concerning m ot herhood. They got used t o pregnancy and believed t heir baby would be HI V negat ive and t hat t reat m ent would be effect ive. There is a need t o im plem ent counseling about wom en’s healt h wit h a focus on perinat al HI V/ aids t ransm ission.

DESCRI PTORS: HI V; wom en’s healt h; pregnancy; acquired im m unodeficiency syndrom e

TRANSMI SI ÓN VERTI CAL DEL VHI : EXPECTATI VAS

Y ACCI ONES DE LA GESTANTE SEROPOSI TI VA

Est e est udio descript ivo, con aproxim ación cualit at iva, fue m ot ivado por el gran núm ero de niños con t ransm isión ver t ical del VHI . Tuvo com o obj et ivo ident ificar las expect at ivas y acciones de la gest ant e VHI positivo en cuanto al em barazo y al concepto. La m uestra se constituyó de 14 gestantes infectadas, asintom áticas, que conocían su seroposit ividad ant es del em barazo y que est aban en el 3.er t rim est re de gest ación. Para la recolección de los datos, realizada en el período de 2001 y 2002, se utilizó la entrevista. El Método de Discurso de Sujeto Colectivo fue em pleado para analizar los datos. Se verificó que, en cuanto a la m aternidad, las gestantes tenían expectativas sem ejantes. Se adaptaron a la gestación, confiaban en que el bebé seria suero negativo y en la efect ividad del t rat am ient o realizado. Las conclusiones orient an hacia la necesidad de im plem ent ación de orientación sobre la salud de la m uj er con acercam iento en la transm isión vertical del VHI / SI DA.

DESCRI PTORES: VHI ; salud de las m uj eres; em barazo; síndrom e de inm unodeficiencia adquirida

1 Trabalho extraído da Dissertação de Mestrado; 2 Enferm eira Obstétrica, Aloj am ento Conj unto do Hospital Universitário, da Universidade de São Paulo; e-m ail:

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I NTRODUÇÃO

N

o Br a si l , o s d a d o s e p i d e m i o l ó g i co s m ostram que, até j unho de 2005, cerca de 83,7% de soropositividade do Vírus da I m unodeficiência Hum ana ( HI V) , em crianças m enores de 13 anos, ocorreram pela t ransm issão vert ical. No País, dent re os 11.901 casos not ificados da síndr om e da im unodeficiência adquirida ( aids) em crianças m enores de t reze anos de idade, 9.965 ocorreram por transm issão vertical( 1).

Esse s d a d o s t ê m o ca si o n a d o p r e o cu p a çã o a o s gest ores de program as de saúde.

Ainda que se reconheça que alguns fat ores int er fer em na t ransm issão v er t ical do HI V, não há com o se ident ificar o nível real de risco de infecção pelo feto, em bora a literatura indique que, na m aioria dos casos, a t ransm issão ocorre na gest ação e com m aior fr eqü ên cia du r an t e o t r abalh o de par t o e o part o( 2).

Est u d o s m o st r a m q u e m u i t a s m u l h e r e s t om am con h ecim en t o d a p r óp r ia sor op osit iv id ad e quando descobr em que seu filho est á infect ado, ou ao realizar o pré- natal, ou ainda durante o parto e no pós- par t o( 3). Quando a gest ant e descobr e que est á

i n f e ct a d a p e l o HI V e x p e r i m e n t a u m a si t u a çã o dolorosa, pois, além de lidar com o próprio diagnóstico, ainda cogita da possibilidade de transm issão do vírus da aids ao filho que est á gerando( 4).

Com o t ent at iva para m odificar a sit uação de t ransm issibilidade ver t ical do HI V, t em - se ut ilizado, p a r a a s g e st a n t es, a t er a p i a a n t i r et r o v i r a l co m Z i d o v u d i n a ( AZ T)( 5 ). Seu u so r ed u zi u o r i sco d e

t r an sm issão v er t ical d e 1 4 % a 3 0 % p ar a 8 , 3 % , o f er ecen d o esp er a n ça em r el a çã o à r ed u çã o d o núm ero de crianças infect adas. Por esse m ot ivo, no Brasil, o Ministério da Saúde recom enda seu em prego nas m aternidades a partir da 14a sem ana de gestação

( via oral) , durante o trabalho de parto e o parto ( via endov enosa) , ao r ecém - nascido ( v ia or al) at é seis sem anas de v ida, bem com o a r ealização do t est e anti- HI V para todas as gestantes durante o pré- natal. Recom en da, t am bém , qu e o aleit am en t o m at er n o deve ser evit ado( 6). A at enção a essas m edidas t em

reduzido o núm ero de casos de aids em m enores de 13 anos, no País, desde 1997( 1).

Mesm o com os benefícios dos ant iret rovirais, acr ed it a- se q u e a m u lh er in f ect ad a é q u em d ev e decidir se engravida ou não. É necessário, port ant o, que receba o m áxim o de inform ações para t om ar a decisão conscient em ent e. A ausência de sint om as da

aids, para essas m ulheres e o uso dos m edicam entos, t êm - lhes dado esperança de poder cuidar dos filhos e criá- los, e, se possível, um dia, obt er a cura. Esse fat o t em m odificado as per spect iv as das m ulher es port adoras do vírus em relação à gravidez.

Pa r a l e l a m e n t e a o f o r t e si g n i f i ca d o d a m at ernidade para a m ulher infect ada, há evidências de que nem sua condição de soropositiva para o HI V, nem a possibilidade de t ransm issão do vírus ao fet o, det erm inam sua decisão de int errom per a gest ação ou de não a levar ao t erm o. As m ulheres grávidas, in f ect ad as, d esej am q u e seu s f ilh os n asçam com saúde e que não recebam delas o vírus fat al( 2).

Durant e levant am ent o bibliográfico para est a pesquisa, verificou- se que existe um núm ero reduzido d e t ex t os com ab or d ag em sob r e a p er cep ção d a g e st a n t e p o r t a d o r a d o HI V, o q u e j u st i f i ca a necessidade de novas pesquisas. Assim , considerando qu e a aids é u m a doen ça f at al, qu e é possív el a transm issão vertical do vírus, que, quando ela ocorre, t raz conseqüências ao binôm io m ãe- filho e fam ília, e consider ando, t am bém , que o pr ofissional da ár ea da saúde, em especial o enferm eiro, t em im port ant e papel no com bat e à epidem ia de aids, est a pesquisa b u sco u r e sp o n d e r à q u e st ã o : Co m o a g e st a n t e infect ada pelo HI V, at endida em um a m at er nidade da rede pública do m unicípio de São Paulo, percebe a ger ação de um filho com r isco de sor oposit iv idade para o vírus da aids?

Par a r esponder a essa per gunt a, t r açar am -se o s -se g u i n t e s o b j e t i v o s: i d e n t i f i c a r a s e x p e ct a t iv a s d a g e st a n t e so r o p o sit iv a p a r a o H I V q u a n t o à g r a v i d e z e a o f i l h o q u e e s t á g e r a n d o, e v e r if ica r se su a s e x p e ct a t iv a s sã o g e r a d o r a s d e a çõ e s e n q u a n t o v iv e n cia m e st a f a se d o ciclo g r a v íd ico - p u e r p e r a l.

MÉTODO E CASUÍ STI CA

Est e e st u d o d e scr i t i v o , co m a b o r d a g e m qualit at iva, foi realizado no Am bulat ório de Pré- Nat al do Hospital e Maternidade Escola Dr. Mário de Moraes Al t e n f e l d e r Si l v a ( Ma t e r n i d a d e d e Vi l a No v a Cachoeirinha) , localizada no m unicípio de São Paulo, que at ende gest ant es com sorologia posit iva para o HI V em consult as de pré- nat al.

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vivenciando o 3o t rim est re de gravidez, e at endidas

no am bulat ório de pré- nat al da m at ernidade, cam po do est udo. For am selecionados esses cr it ér ios par a p o d e r i d e n t i f i ca r se o co n h e ci m e n t o so b r e o diagnóstico de soropositividade e o sentir- se saudável i n f l u en ci ar am n a d eci são d e en g r av i d ar e/ o u d e p r osseg u ir com a g r av id ez. Op t ou - se p elo ú lt im o t r im est r e d e g est ação p or q u e, n esse p er íod o, j á h a v i a m r e ce b i d o a s o r i e n t a çõ e s r e l a ci o n a d a s à t ransm issão vert ical, oferecidas durant e o pré- nat al, e j á t i n h a m co n h eci m en t o so b r e a ev o l u çã o d a gr av idez.

Vale acrescentar que, no período estabelecido p a r a a co l e t a d e d a d o s ( se i s m e se s) , apr ox im adam ent e 40 gest ant es com diagnóst ico de i n f ecçã o p el o HI V e o u a i d s er a m a t en d i d a s n a in st it u ição. Dessas, 1 4 g est an t es at en d er am aos crit érios de inclusão, const it uindo- se nas inform ant es d o est u d o e q u e co n co r d a r a m em p a r t i ci p a r d a pesquisa.

Após obt enção de aut orização da I nst it uição p a r a a r e a l i za çã o d o e st u d o , f o i r e a l i za d o l ev a n t a m en t o d o p r o n t u á r i o d a s g est a n t es p a r a ident ificar aquelas que fariam part e da pesquisa. O p r i m ei r o co n t a t o co m a s m u l h er es f o i r ea l i za d o durante um a de suas consultas m édicas, oportunidade em que era fornecida inform ação sobre a pesquisa. A part ir do prim eiro cont at o, assist iu- se a t odas as con su lt as d as g est an t es q u e sat isf aziam os d ois prim eiros critérios de inclusão no estudo. Quando sua idade gestacional chegava ao 3o trim estre, a entrevista

era realizada. Cabe esclarecer que, precedendo cada entrevista, a pesquisadora assistiu, no m ínim o, a duas con su lt as m édicas de cada m u lh er qu e com pôs a am ost r a, o qu e f av or eceu o r elacion am en t o en t r e am bas. A ent r ev ist a foi r ealizada, indiv idualm ent e, no m esm o dia de um a consulta de pré- natal, em local privativo. Foram entrevistadas todas as gestantes que atenderam aos critérios de inclusão durante o período definido para a colet a de dados.

Par a a ent r ev ist a ut ilizou- se um for m ulár io su b d i v i d i d o e m d u a s p a r t e s. Na Pa r t e I , o n d e const av am dados sociodem ogr áficos e sit uação de saúde relacionadas à infecção pelo HI V/ aids da m ulher, dos filhos e do par ceir o, em pr egar am - se quest ões f e ch a d a s, cu j a s r e sp o st a s f o r a m r e g i st r a d a s m anualm ent e pela pesquisador a ( idade, ocupação, escolaridade, renda fam iliar, est ado m arit al, sorologia do parceiro para o vírus HI V, núm ero de gest ações, paridade, dat a da últ im a m enst ruação, dat a provável

do parto, núm eros de filhos vivos, a situação de saúde d o s f i l h o s e d o co m p a n h e i r o , se a g r a v i d e z f o i p l an ej ad a, t em p o d e co n h eci m en t o q u e er a HI V p o si t i v o e o u so d a m e d i ca çã o ) . A Pa r t e I I d o inst r um ent o er a com post a por um a quest ão aber t a sobre o foco de interesse do estudo: “ Me fale com o é ser HI V posit iv o e est ar esperan do u m bebê.” As g e st a n t e s p e r m i t i r a m a g r a v a çã o d e se u s depoim ent os referent es a essa quest ão.

O p r oj et o d e p esq u isa f oi ap r ov ad o p ela Com issão de Ensino e Pesquisa e Com issão de Ét ica da Mat er n idade, cam po de est u do. Cada gest an t e e n t r e v i st a d a a ssi n o u p r e v i a m e n t e o Te r m o d e Consent im ent o Livr e e Esclar ecido, aut or izando sua r ealização.

TRATAMENTO DOS DADOS

Os d a d o s so ci o d e m o g r á f i co s e so b r e a situação de saúde fam iliar das gestantes entrevistadas for am ut ilizados par a car act er izar as m ulher es. Os relat os ( quest ão abert a) foram analisados segundo a m etodologia do Discurso do Suj eito Coletivo ( DSC)( 7).

Est e consist e na análise do m at erial verbal colet ado, ex t r aindo- se de cada r elat o as idéias cent r ais e/ ou a n co r a g e n s e a s su a s e x p r e ssõ e s- ch a v e cor r espon den t es. O agr u pam en t o das ex pr essões-chave que originaram as idéias centrais ou ancoragens afins origina um ou vários discursos sínteses, redigidos na prim eira pessoa do singular e que represent am a colet iv idade. O Discur so do Suj eit o Colet iv o é um a f o r m a o u u m e x p e d i e n t e d e st i n a d o a f a ze r a colet ividade “ falar” diret am ent e, com o se fosse um a p essoa.

Na co m p o si ção d o s Di scu r so s d o Su j ei t o Colet iv o d est e est u d o, u t ilizar am - se as seg u in t es figuras m et odológicas( 7):

- e x p r e ssõ e s- ch a v e : são t r an scr ições lit er ais de

partes dos depoim entos, as quais perm item o resgate do essencial do cont eúdo de cada relat o. Geralm ent e é com as ex pr essões- ch av e qu e se con st r óem os D SC.

- idé ia ce nt r a l: int erpret ação do pesquisador sobre

o cont eúdo discur sivo explicit ado pelos suj eit os em se u d e p o i m e n t o . É a p r e se n t a d a a sso ci a d a à s ex pr essões- chav e que a or iginam .

- D iscu r so do Su j e it o Cole t ivo: é o agrupam ent o

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sín t e se s q u a n d o se j u l g u e m n e ce ssá r i o s p a r a expressar um a dada figura, ou sej a, um dado pensar ( ...) ”( 7). Cada discurso é ident ificado por um t em a.

Nest e est udo, após a t ranscrição int egral do cont eúdo das ent r ev ist as, for am r ealizadas leit ur as cu i d a d o sa s d e ca d a d ep o i m en t o , p r o cu r a n d o - se ident ificar os aspect os significat ivos sobre a t em át ica de interesse. A próxim a etapa consistiu em identificar as ex pr essões- chav e que os r elat os m ost r av am . A l ei t u r a at en t a d e cad a ex p r essão - ch av e l ev o u à int erpret ação da pesquisadora sobre seu significado, originando as idéias cent rais.

Após essa classificação, agr upar am - se, por sim ilar idade, as idéias cent r ais encont r adas nos 14 relat os, e obt iveram - se os t em as. Esses expressam , da m elhor m aneira possível, t odas as idéias cent rais neles cont idas. A seguir, const ruiu- se o Discurso do Suj eit o Colet ivo, reagrupando em sent indo lógico as ex pr essões- chav e per t inent es às idéias cent r ais de cada t em a, t r anscr it as lit er alm ent e, sendo um DSC cor r espondent e a cada t em a ident ificado no passo ant er ior.

RESULTADOS

Os d ad os f or am colet ad os n o p er íod o d e a g o st o d e 2 0 0 1 a f e v e r e i r o d e 2 0 0 2 e e st ã o apresent ados em dois m om ent os: caract erização das ent revist adas e cont eúdo dos relat os sob a form a do Discurso do Suj eit o Colet ivo.

Car act er ização dos suj eit os

Os d a d o s m o st r a r a m q u e , d e n t r e a s 1 4 gest ant es ent r evist adas, oit o t inham ent r e 27 e 33 anos de idade, três tinham idade entre 21 e 26 anos e três tinham até 20 anos. Dentre as gestantes, sete não t inham ocupação r em uner ada, quat r o est av am em p r eg a d a s, e t r ês, d esem p r eg a d a s. A m a i o r i a ( n o v e ) t i n h a o e n si n o f u n d a m e n t a l i n co m p l e t o , enquanto que três possuíam o ensino m édio com pleto e duas com plet aram o ensino fundam ent al.

A r enda fam iliar de nov e gest ant es er a de u m a q u at r o sal ár i o s m ín i m o s v i g en t es à ép o ca ( R$200,00 em m aio/ 2002) . Som ent e um a gest ant e p o ssu ía r e n d a f a m i l i a r a ci m a d e ci n co sa l á r i o s m ínim os; duas m ulher es viviam com m enos de um salário m ínim o ao m ês, e duas não souberam referir a renda m ensal da fam ília.

Dentre as 14 m ulheres, seis viviam em união est ável, e oit o referiram nam oro ou relacionam ent o ca su a l co m se u s p a r ce i r o s. Se i s m u l h e r e s r elacionav am - se com hom ens sor oposit iv os par a o HI V, e n q u a n t o q u e ci n co t i n h a m p a r ce i r o s co m sorologia negat iva e t rês desconheciam sua condição so r o l ó g i ca . D e z g e st a n t e s d e cl a r a r a m q u e se u s par ceir os er am saudáv eis.

Os d ad o s m o st r ar am , t am b ém , q u e set e gest ant es vivenciavam a 3ª ou 4ª gr avidez, quat r o eram grandes m ultíparas e três a 1ª ou 2ª gravidez. Verificou- se, tam bém , que som ente um a gestante era nulípar a.

Em relação aos filhos vivos, doze m ulheres possuíam filhos saudáveis e apenas um a desconhecia a saúde do filho por est ar separ ada dele. Som ent e t rês gest ant es planej aram a gravidez.

Se t e m u l h e r e s sa b i a m d e su a soroposit ividade por aproxim adam ent e um a quat ro anos, quatro conheciam a soropositividade entre cinco a oit o anos, e t rês t inham esse conhecim ent o ent re n ov e e doze an os. An t er ior m en t e à gr av idez, oit o m ulheres faziam uso de antiretrovirais, enquanto que, n a gest ação at u al, as 1 4 gest an t es en t r ev ist adas seguiam o t rat am ent o.

Discurso do Suj eit o Colet ivo

A an álise do con t eú do dos r elat os obt idos result ou em dez t em as, dest es, selecionaram - se dois para ser em apr esent ados nest e t ex t o: “Adapt ando-se à condição de estar grávida ando-sendo HI V positivo” e “ Acr edit ando que o bebê ser á sor onegat ivo para o HI V, m esm o que nasça com o vírus”, os quais serão apresent ados a seguir.

Vale lem br ar qu e o discu r so r epr esen t a o colet iv o das gest ant es ent r ev ist adas e, confor m e a t écn ica, é ap r esen t ad o com o se f osse u m a ú n ica pessoa falando. Com põe- se por fragm entos de relatos d a s 1 4 g e st a n t e s, e é i d e n t i f i ca d o p e l o t e m a cor r espon den t e.

Tem a: Ad ap t an d o- se à con d ição d e est ar g r áv id a sendo HI V posit ivo

É um sentim ento doloroso, m as eu consegui sufocá- lo.

Eu consegui fazer da dor que ele traz pra m im um a alegria, ainda

m ais depois que eu tive um a m enina. O doloroso era quando eu

não sabia que tinha o tratam ento, né? Quer dizer, duía saber que

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m orrer. Mas depois que eu com ecei a m e inform ar e estar m ais

inform ada sobre e com o que era na gravidez, aí eu j á m e senti

norm al. Me senti com o qualquer m ulher que pode ter um filho,

parto norm al, que vai am am entar. Eu já encaro m ais de frente. Eu

j á não tenho aquele sentim ento de dor, entendeu? Não tenho

sentim ento nenhum . É alegria m esm o . É assim que eu encaro.

Então, eu penso que sou um a m ulher igual a todas as outras. Que

no m om ento não tem nada m e diferenciando disso, só o rem édio.

Então, sinceram ente, ainda não sei o que é ser um HI V positivo.

A única coisa que eu faço é tom ar os rem édios que m e passaram

e ficar cuidando do m eu filho. A m inha vida tá girando em torno do

m eu filho e não da m inha doença. Porque pra m im é norm al, é

como uma pessoa qualquer, como uma gravidez qualquer. Qualquer

um a outra m ãe que não seja soropositiva. Já é a segunda gravidez,

é o 2o filho que eu tenho, sendo soropositivo, e é com o se eu não

t ivesse. Minha cabeça é assim , super boa, a m inha vida é

totalmente normal, então pra mim não tem drama, não tem trauma

nenhum . Eu m e sinto bem grávida, porque é um a coisa que eu

estava esperando, querendo, né? Porque eu sem pre quis ter filho,

sem pre quis ser m ãe. Eu não m e sint o diferent e de out ras

pessoas, eu me sinto normal, como que se eu não tivesse problema.

Vejo m uitas pessoas que têm um problem a, que estão em situação

m elhor do que eu, então eu encaro isso com um a norm alidade. Já

tenho o vírus há 12 anos e eu vivo t ot alm ent e norm al, não t enho

sintom as nenhum , nada m e at rapalha, então a m inha gravidez

está super tranqüila, tá super gostosa, tá super bem . Então, eu

não tenho preocupação nenhum a nisso daí. É com o se fosse um a

tuberculose que eu tô fazendo um tratam ento que ela vai curar,

que vai chegar um a hora que eu não vou ter m ais ela. É assim .

I sso j á é m uito bom , saber que apesar de eu ser soropositivo a

m inha saúde está boa! A fam ília tá ali j unto. Então, isso foi m e

aj udando e aí eu tenho um a gestação norm al. Então, pra m im é

norm al. E m e sinto feliz por estar grávida e com bastante saúde

pra cont inuar lut ando.

Tem a: Acreditando que o bebê será soronegativo para o HI V, m esm o que nasça com o vírus

Eu já sou, né? Fazer o que, né? Fazer m ais nada, eu fico

com m edo do nenê nascer tam bém positivo. É m uito difícil. Em

relação à gravidez ela não é dolorosa. Porque pra m im , na prim eira

gravidez foi m uito dolorosa até eu descobrir que eu poderia tom ar

o AZT, e que dim inuiria a chance do bebê nascer positivo, sem o

vírus. Mas ele vai nascer, entendeu, ele vai nascer. Só que as

chances são poucas, entendeu? Dela se curar nos prim eiros m eses

de vida, que são aquelas dos nove m eses pelo que eu sei pra

negativar. Eu pergunt o, ninguém sabe m e responder, ninguém

sabe. Eu converso com as pessoas que têm e tiveram filhos. Um a

fala que antes de 1 ano negativou, outros falam , 2 m eses de vida

m eu nenê negativou. Um a fala, m eu filho não nasceu com HI V,

entendeu? Eles dizem que o bebê tem chance de não ter o vírus,

que ele terá que fazer exam es de 5 a 6 m eses e depois negativar.

Mas eu fico com com plexo de culpa dela nascer, ela vai com eçar a

passar por um a fase m uito difícil, que é todo m ês ir no m édico,

tirar sangue, tom ar rem edinho. Eu acho que dói quando a gente

vê, depois que a criança nasce, é você ver ela ser furada, furada,

furada, porque tem que fazer os exam es, né? E o que dói m esm o

é isso! Mas eu acho que nesse eu vou encarar m ais de frente!

Agora, espero que tudo vai dar certo, né? Eu não deixo pegar

assim na cabeça, “ m as eu tenho HI V, m eu nenê, m eu bebê...” eu

não tenho aquele sentim ento de que “ ai vai passar, ai ele vai

nascer com isso” , pra m im , “ ai ele não vai ser, ele vai tom ar o

xaropinho bem direitinho, bonitinho, e vai ser com o o outro” taí

saudável. Então, aí eu vej o assim . Não vej o que m eu filho vai ser

soropositivo. Eu tenho sem pre na m ente que o m eu bebê não vai

ter nada, que ele nunca vai ter nada. Eu tô sem pre pensando

positivo. Acredito que vai dar certo. Espero que ele vai ser saudável,

que nasça bem e com saúde, com o o m eu filho é hoj e. E que não

sej a um portador. Se não ficar, eu fico m uito aliviada se isso

acontecer. Porque eu acho que com tudo e com tudo, quando eu

resolvi engravidar é porque eu sabia que existia um a possibilidade

enorm e de eu ser soropositivo e m eu filho não. I sso daí m e deu a

coragem de engravidar e de estar lutando, tá batalhando pra

continuar viva e criar ele. Meus filhos são todos negativos, espero

que esse daqui vai negativar tam bém , igual dos outros. Um dos

m eus filhos nasceu positivo, dei o AZT pra ele durante 6 sem anas

e com 1 ano e 8 m eses negativou, ele tá com 4 anos hoj e. Então,

eu creio, tenho certeza que esse vai ser a m esm a coisa. Que ele

não tenha nada. As m inhas expectativas são de que ele realm ente

não t enha o vírus. Eu t orço que não, com o t odas as m ães torcem

que não. Vou fazer o possível pra ele negativar que eu tenho

certeza que isso vai acontecer. Esse AZT, pelo que eu sei, ele é

bastante seguro, não é 100% de chance de ele não ter, entendeu?

Não vou am am entar ele, vou separar tudo, com o eu fiz do m eu

últim o filho. O im portante é a m edicação, eu dando pra ele e

acom panhando até os 3 anos. Quero fazer de tudo o possível,

com o eu fiz pros outros, eu quero fazer pra ele tam bém . A única

coisa que eu quero é salvar ele. Não fazendo o tratam ento você

corre o risco, im agina sem fazer, aí é que nasce m esm o! Porque o

que m e fez engravidar foi eu não ter criado os m eus filhos, m eu

m arido não ter filho nenhum e eu ter a vontade de ser m ãe

realm ente. Tô dando toda a m inha atenção. O m eu am or, carinho

pra ele. Tem tudo. Agora, se ele nascer eu não sei com o vai ser a

m inha reação. Eu não consegui nem reagir direit o a m inha,

principalm ente a dele agora. Eu tenho consciência que ele pode

nascer com o vírus que nem o m eu outro bebê. Mas tam bém ele

nasce com os anticorpos da m ãe, né, que falam . Eu só vou ter

certeza m esm o depois que ele nascer é que eu vou ficar sabendo.

Aí, eu tenho que aceit ar. Eu vou cuidar, fazer o que eu puder por

(6)

depois m orrer assim no braço da m ãe. Eu não sei se vou agüentar

( chora) , de não conseguir prosseguir, com o eu j á falei, com o ele

nascer doente. Porque pode dar m enos chance de vida depois que

ele nascer. Se por acaso for, a gente vai lutar, porque a criança

tem a chance de negativar até os 6 anos, 5 anos, então eu vou

continuar, porque ele pode nascer e depois negativar. Ele tam bém

tem a chance assim de um m ês negativar num prim eiro exam e

que eu fizer ele já é negativo, entendeu? Porque ele vai com eçar a

produzir seus anticorpos. E aí ele será um a criança norm al. Mas

eu costum o não ficar pensando. A única coisa que eu quero é a

salvação dela, porque o resto... Porque o m ais im portante é pensar

na m inha filhinha, só penso nela, agora que eu descobri que é

m enininha.

DI SCUTI NDO OS RESULTADOS

O presente estudo foi realizado com m ulheres j ovens, m ães, que est ão na fase r epr odut iva e são in fect adas pelo HI V. Essas m u lh er es t in h am baix a escolaridade, baixa renda fam iliar, a m aioria era do lar e não vivia em união est ável.

Os dados epidem iológicos têm m ostrado que, no Brasil, a m aioria dos casos de aids em m ulheres o co r r e n a q u e l a s co m b a i x a e sco l a r i d a d e e co m o cu p a çã o m e n o s q u a l i f i ca d a . A d i st r i b u i çã o d a escolaridade, m esm o que indiret am ent e, m ost rou- se u m i n d i ca d o r d a p a u p e r i za çã o d a s p e sso a s acom et idas pelo HI V, sendo m ais evident e ent re as m ulher es( 8). A dim inuição do nív el de escolar idade

d a s p e sso a s i n f e ct a d a s ( h o m e n s e m u l h e r e s) é evident e, ent re as m ulheres, que, desde o início da ep i d em i a d a ai d s, j á ap r esen t av am m en o r n ív el escolar em com paração aos hom ens( 9). Esses dados

encont rados na lit erat ura correspondem aos achados dest a pesquisa, no qual a m aioria das ent revist adas não com plet ou o ensino fundam ent al.

Pa r a l e l a m e n t e a e ssa si t u a çã o , o co r r e em pobr ecim ent o cr escent e da população acom et ida pela aids. Na am ost ra, t am bém se encont rou m aior núm er o de r espondent es com baix a r enda fam iliar m en sal. Esses ach ad os cor r esp on d em aos d ad os oficiais sobr e o env olv im ent o da m ulher com baix a renda e reduzida escolaridade na epidem ia de aids, no País.

Apesar de a t r an sm issão v er t ical ser u m a realidade, observou- se que as m ulheres que t iveram d e q u at r o a cin co g est ações an t er ior es est av am novam ent e grávidas, ainda que apresent assem risco d a t r an sm issão ao f ilh o . Por ou t r o lad o, as t r ês

gest ant es que planej ar am a gr avidez r efer ir am que quer iam ger ar um filho e ser m ães, m esm o sendo p or t ad or as d o HI V. Acr ed it a v am , assim com o as d e m a i s, q u e co m o t r a t a m e n t o m é d i co e m e d i ca m e n t o so , co n se g u i r i a m g e r a r u m b e b ê saudável e não infect ado.

Essas g est an t es r ef er ir am , t am b ém , q u e, estando grávidas, e com paravam - se a qualquer outra grávida que não fosse port adora do HI V. Relat aram que som ent e a m edicação as difer enciav a, pois se sen t iam b em est an d o g r áv id as e acr ed it av am n o nascim ent o de um a cr iança saudáv el, ou sej a, um filho com sorologia negat iva.

En con t r ou - se, n a lit er at u r a, u m a pesqu isa realizada na França, a qual m ost rou que a gravidez, par a as m ulher es sor oposit iv as, r epr esent av a um a prova tangível do bom funcionam ento de seu corpo e de sua int egridade psíquica. A criança represent ava um a força de vida, a deposit ária do desej o de vida da m ãe( 10).

Em um est udo com gest ant es soroposit ivas para o HI V, realizado em São Carlos, SP, observou-se q u e e ssa s m u l h e r e s, q u a n d o g r á v i d a s, a cr e d i t a v a m q u e , a o g e r a r u m f i l h o , e st a r i a m d em on st r an d o “ n or m alid ad e”, n ão v en d o am eaça para a criança, pois, em sua concepção, ao gerar a v i d a d e u m n o v o ser, est a v a m v a l o r i za n d o a si próprias. Foi observado, tam bém , que, ao engravidar, estariam desafiando a doença, um a vez que a criança sim bolizava a vida. O risco de t ransm issão do vírus seria m inim izado em favor de “ status” social conferido pelo nascim ent o do bebê, pelo fat o de ser m ãe( 11).

Par a m uit as m ulher es, a cr iança ser ia um a f or ça m ot iv ador a par a as su as v idas. Um f ilh o as aj udaria a se sent irem m ais fort es, dando- lhes razão par a r esist ir em ao v ír u s. Esse dado f oi v er if icado tam bém por um a pesquisa realizada em Porto Alegre, RS( 12).

(7)

Os dados m ostraram , tam bém , que a grande m aior ia das gest an t es ( t r eze) j á t in h a t ido ou t r os filhos, m esm o est ando infect adas, sendo que onze t iveram crianças com sorologia negat iva para o HI V. Em seus relatos, verificou- se que um a vez tendo filhos soronegativos encontravam nessa situação o estím ulo para um a próxim a gravidez e buscavam assist ência durant e o pré- nat al.

Em est udo realizado com m ulheres de um a com unidade favelar em São Paulo, SP, det ect ou- se que as m ulher es se pr eocupav am , pr incipalm ent e, com a saú de de seu s f am iliar es e de seu s f ilh os, delegando a m anut enção de sua própria saúde a um plano inferior de prioridades. Subm etiam - se a exam es som ent e dur ant e o pr é- nat al e er am r ar as as que p r o cu r a v a m o se r v i ço d e sa ú d e p a r a co n su l t a periódica( 13).

Essa a t i t u d e d a g e st a n t e , g e r a d a p e l a possibilidade de receber assistência, a qual favorecerá a ger ação de um bebê saudáv el, é confir m ada por u m a p e sq u i sa r e a l i za d a co m m u l h e r e s d e u m a com unidade de baix a r enda, em São Paulo, SP, no q u a l f o i d e scr i t o q u e “ q u a n d o a m u l h e r j á t e m incorporado dentro de si o valor de um filho, assum e a responsabilidade de cum prir a contento, com a sua função, ou sej a, t om ar cuidado com a própria saúde e com a do feto em desenvolvim ento, para poder dar à luz a criança sadia( 14)”.

Se g u n d o o s r e su l t a d o s o b t i d o s, a s en t r ev i st a d a s q u e n ã o est a v a m f a zen d o u so d e m edicam en t os an t ir et r ov ir ais aceit ar am r ealizar o tratam ento m édico no período gestacional. Esse dado, a sso ci a d o a o s D i scu r so s d o Su j e i t o Co l e t i v o encont rados, m ost ra que essas m ulheres procuraram a co m p a n h a m e n t o m é d i co p o r q u e se se n t i a m p r eocu p ad as com a saú d e d o f i l h o q u e est av am g e r a n d o . Ti n h a m co m o o b j e t i v o e sf o r ça r - se a o m áx im o par a que seu bebê nascesse sor onegat iv o para o HI V e, para que elas próprias se m antivessem saudáveis para poderem cuidar da criança e de seus out ros filhos.

Os dados m ostraram , tam bém , que a redução da t ransm issão vert ical do vírus, m ot ivada pelo uso de m edicam entos antiretrovirais, foi fator significativo para a decisão das gest ant es a prosseguirem com a gravidez. Est ar assint om át ica pode t er se const it uído em est ím ulo para essas m ulheres com pararem - se a out ras não infect adas com o HI V.

É co n se n so q u e a t e r a p i a a n t i r e t r o v i r a l obj et iv a r et ar dar a pr ogr essão da im unodeficiência

e/ ou rest aurar, t ant o quant o possível, a im unidade, a u m en t a n d o o t em p o e a q u a l i d a d e d e v i d a d o portador do HI V ou com aids. Desde a publicação do protocolo ACTG 076 ( CDC) em 1993, a profilaxia tem av an çado. Os t r abalh os en con t r ados n a lit er at u r a relatam que o período de m aior risco de transm issão do vírus concent ra- se no 3.º t rim est re da gravidez e principalm ent e no m om ent o do part o. Sabe- se que, quanto m enor for a carga viral da m ãe, m enor será a possibilidade de t ransm issão vert ical. Essa condição é o o b j e t i v o d a p r o f i l a x i a co m m e d i ca m e n t o s ant iret rovirais, cuj os efeit os visam fazer com que a gest ant e HI V posit iva chegue ao m om ent o do part o com a m en or car ga v ir al possív el, de pr ef er ên cia indetectável ou pelo m enos que sej a m enor de 1.000 cópias virais por m l. O estado clínico, a contagem de cél u l as T CD 4 + e o n ív el d a car g a v i r al são o s indicadores para a t erapia( 15).

Mesm o n ão v en do su a pr ópr ia cu r a com o possível, os Discursos do Suj eit o Colet ivo m ost raram q u e a s g e st a n t e s i n g e r i a m o s m e d i ca m e n t o s ant iret rovirais, acredit ando que, com isso, poderiam aj udar seu filho a se tornar HI V negativo, m ostrando, p o r t a n t o , a cr e d i b i l i d a d e n o s e f e i t o s d o s m edicam ent os em relação à cura do filho.

CONCLUSÃO

A a n á l i se d o s t em a s en co n t r a d o s e, em esp eci al , d o s d o i s Di scu r so s d o Su j ei t o Co l et i v o apresent ados nest e t ext o m ost rou que a expect at iva pelo n ascim en t o de u m r ecém - n ascido sau dáv el e não infect ado dav a for ças à gest ant e HI V posit iv o, en t r ev i st ad a, p ar a p r o sseg u i r co m a g r av i d ez e m ant er - se v iv a.

D e ssa f o r m a , f i co u e v i d e n t e q u e e r a m gest ant es que t inham com o obj et ivo m edicar- se com an t ir et r ov ir ais p ar a q u e o seu r ecém - n ascid o se t or nasse sor onegat iv o para o HI V, e para que elas próprias se m antivessem saudáveis para conseguirem cuidar da criança que est ava por nascer, bem com o de seus out ros filhos.

(8)

ant iret rovirais para soroconvert er o bebê, caso est e nascesse infect ado pelo HI V.

Os m ed i cam en t o s an t i r et r o v i r ai s er am o i n ce n t i v o d e ssa s m u l h e r e s p a r a a r e d u çã o d a possibilidade de t r ansm issão v er t ical. Pelos dados, conclui- se, t am bém , que, m esm o com a presença do v ír us, essas gest ant es esfor çav am - se par a m ant er um a vida igual a qualquer out ra pessoa, porque ser m ãe, para elas, era m uit o im port ant e.

D i a n t e d e sse s r e su l t a d o s, n o s q u a i s se ident ificaram a expect at iva e as ações das gest ant es i n f ect ad as, at en d i d as n a m at er n i d ad e cam p o d o est udo, v er ificou- se que essas m ulher es cent r av am seus esforços para m anter a qualidade de vida e para reduzir a t ransm issão vert ical. I dent ificou- se que foi r eduzido o núm er o de m ulher es que planej ar am a gravidez. Am bas as sit uações levaram as aut oras a considerar que a assist ência prest ada à m ulher HI V posit iv o dev e ser im plem ent ada com pr ogr am as de ed u cação p ar a a saú d e, em q u e sej am , t am b ém enfocadas m edidas de planej am ent o fam iliar.

Acredita- se que a educação em saúde sej a o m elh or m eio par a os pr of ission ais obt er em m aior envolvim ento da clientela. Julga- se que os program as da área de saúde da m ulher, desenvolvidos em t odo o Br asil, devam dar m aior ênfase à vulner abilidade desse segm ent o e de sua fam ília ao HI V, além de discutir tem as relacionados à sexualidade, procurando e n v o l v e r o s p a r ce i r o s n e ssa s a t i v i d a d e s. O e n v o l v i m e n t o d o ca sa l d e v e se r p r i o r i za d o n a

discussão de m edidas de sexo m ais seguro, m esm o ent r e a dupla infect ada, com o obj et iv o de m ant er r eduzida a car ga v ir al de am bos e ev it ar gr av idez n ão p lan ej ad a, com o ocor r eu com a m aior ia d as m ulheres dest e est udo.

Acr edit a- se n a im por t ân cia de cam pan h as educativas focadas na m ulher, para dim inuir o núm ero de gest an t es in f ect adas, qu e, n a gr an de m aior ia, encont ram - se na fase reprodut iva. Essas cam panhas, j u n t o às dem ais m edidas pr ev en t iv as, con t r ibu em par a a r edução da possibilidade de nascim ent o de crianças soroposit ivas para o vírus da aids.

Crê- se que o enferm eiro, pela sua form ação, est ej a capacit ado par a at uar nesse pr ocesso, pela sua função de educador e de cuidador. Conhecer com o as gest ant es sor oposit iv as par a o HI V per cebem a geração de um filho com risco de infecção, e saber das ações que realizam para t er com o result ado da gr av idez u m a cr ian ça sau dáv el con t r ibu em par a a a çã o d o s p r o f i ssi o n a i s d a sa ú d e e n v o l v i d o s n o atendim ento à gestante, no sentido de alertá- los para a p r o m o ção d e açõ es ed u cat i v as p er t i n en t es às necessidades dessa m ulher.

As au t or as v êem qu e os r esu lt ados dest a pesquisa contribuem na área da saúde da m ulher e o neonat al, pois t razem à t ona a percepção da m ulher infect ada sobre sua gravidez, o que a direciona para realizar ações visando, principalm ent e, ao bem - est ar da cr iança.

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