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O controle do câncer no Brasil na primeira metade do século XX.

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Academic year: 2017

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O con trole do cân cer n o

Brasil n a prim eira m etade

do século XX

Cancer control in Brazil in

the first half of the twentieth

century

Luiz Antonio Teixeira Pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz/

Fundação Oswaldo Cruz Av. Brasil, 4036/403 21040-361– Rio de Janeiro – RJ – Brasil

teixeira@coc.fiocruz.br

Recebido para publicação em outubro de 2009. Aprovado para publicação em março de 2010.

TEIXEIRA, Lu iz An ton io. O con trole d o cân cer n o Brasil n a p rim eira m etad e d o sécu lo XX. História, Ciências, Saúde –

Manguinhos, v.17, su p l.1, ju l. 2010,

p .13-31.

Re su m o

Discu te as ações p ú blicas p ara o con trole d o cân cer n o p aís, en tre a d écad a d e 1920 e o fin al d os an os 1940. Trata d a criação d a In sp etoria d e Profilaxia d a Lep ra e d as Doen ças Ven éreas, n o âm bito d o Dep artam en to Nacion al d e Saú d e Pú blica, p rim eira ação p ú blica relacion ad a à d oen ça. Em bora d e p ou co alcan ce, seu su rgim en to p erm ite a com p reen são d o cam p o p rofission al, relacion ad o à d oen ça, existen te à ép oca. Observa o p ap el d a d ifu são d a eletrociru rgia n a am p liação d o in teresse m éd ico p elo cân cer e n a criação d o Cen tro d e Can cerologia d o Distrito Fed eral. Discu te a criação e a p rim eira d écad a d e atu ação d o Serviço Nacion al d e Cân cer, ap roxim an d o seu p erfil in icial d as q u estões q u e n ortearam su a trajetória.

Palavras-ch ave: h istória d a saú d e p ú blica, h istória d a m ed icin a, con trole d o cân cer; h istória d as d oen ças; Brasil.

Abstract

The article discusses public efforts to control cancer in Brazil from the 1920s to the close of the 1940s. It exam ines the process which brought about creation of the Inspectorship to Com bat Leprosy, Venereal Diseases, and Cancer within the National Departm ent of Public Health. Creation of the Inspectorship was the first public action to target cancer and, while it was not far-reaching, its em ergence enables us to understand the professional field of cancer at that tim e. The text also points to the role played by the diffusion of electrosurgery in expanding m edical interest about cancer and in the founding of the Cancerology Center in the Federal District. It discusses the

establishm ent and first decade of activities of the National Cancer Service, endeavoring to link the Service’s initial profile with the issues that guided its history.

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E

m seu clássico trabalh o sobre a h istória d o com bate ao cân cer n a Fran ça, Patrice Pin ell (1992) observa q u e, n a virad a d o sécu lo XIX p ara o XX, se op era u m a tran sform ação em relação à p ercep ção social d a d oen ça. Nu m con texto d e au m en to d e su a in cid ên cia, em virtu d e d o en velh ecim en to d a p op u lação, com eçam a su rgir in stitu ições estatais e filan -tróp icas relacion ad as aos cu id ad os com os d oen tes, socied ad es m éd icas d ed icad as à d oen ça, h osp itais esp ecializados e cen tros d e p esq u isa. Até en tão con sid erad o raro e excep cion al, o cân cer p assa a ser visto com o u m p roblem a cad a vez m ais p resen te, verdadeira am eaça à sociedade por sua gran de in cidên cia e letalidade. A tran sform ação observada por Pin ell n ão se redu z à Fran ça, se ap lican do tam bém aos EUA e ou tros p aíses eu rop eu s, que se em pen h aram n a criação de in stitu ições sem elh an tes. Além disso, a din âm ica do m u n do cien tífico, com seus en con tros e publicações, se en carregaria de globalizar essas preocupações.

Em p ou co tem p o, a in q u ietação em relação ao cân cer teria algu n s ecos en tre n ossos m éd ico s. Prim eiram en t e co m o su rgim en t o d e t rabalh o s d e p erfil ep id em io ló gico , q u e bu scavam m ostrar q u e a d oen ça era u m m al d o m u n d o m od ern o e em p ou co tem p o tam -bém d everia ch egar ao Brasil (Teixeira, n o p relo). No in ício d os an os 1920, essas p reocu p ações u n iram filan trop ia e in iciativa estatal em p rojetos d e criação d e esp aços esp ecíficos p ara o tratam en to d e d oen tes e d as p rim eiras ações d o p od er p ú blico relacion ad as ao cân cer, q u e visavam a levar à p op u lação in form ações sobre p reven ção e a am p liar o con h ecim en to sobre su a in cid ên cia n o p aís. Mas, a d esp eito d o recu o tem p oral d essas in iciativas, p or q u ase tod a a p rim eira m etad e d o sécu lo XX as ações govern am en tais em relação à d oen ça seriam esp arsas e d escon tín u as, n a m aioria d as vezes resp ostas a in iciativas p essoais ou d e gru p os p rofission ais q u e bu scavam tran sform á-lo em objeto d e aten ção d a saú d e p ú blica. Ap en as n os ú ltim os an os d a d écad a d e 1940 essa situ ação com eçaria a se tran sform ar, com o p rogressivo desen volvim en to do Serviço Nacion al do Cân cer (SNC) e de seu In stitu to de Cân cer.

O p eríod o an alisad o n as p ágin as segu in tes traz à lu z a atu ação d e gru p os d e esp ecialistas e algu m as d e su as lid eran ças, n o p rocesso d e form atação d e u m a p olítica d e con trole d o cân cer n o p aís. Procu ro m ostrar com o esses p rofission ais – d e in ício os d erm atologistas, em segu ida os ciru rgiões, circu n dados p or p atologistas e ep idem iologistas – foram os res-p on sáveis res-p ela con form ação d as ações con tra o cân cer n esse res-p eríod o e, em gran d e m ed id a, p elos ru m os das p olíticas voltad as p ara a d oen ça n o p eríod o su bseq u en te.

Dermatologia, câncer e saúde pública

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O Brasil n ão ficaria in d iferen te a esse con texto. No fin al d os an os 1910, a rad ioterap ia co m eça a at rair a at en ção d e algu n s m éd ico s, em p art icu lar d o s d erm at o lo gist as q u e trabalh avam com cân cer d e p ele. A ligação en tre can cerologia e d erm atologia estaria n a base d o estabelecim en to d e u m a in sp etoria relacion ad a ao con trole d o cân cer, n o âm bito d a p rim eira organ ização d e saú d e p ú blica d e caráter n acion al criad a n o p aís.

O d esen volvim en to d a d erm atologia com o área d e p esq u isa, n o Brasil, d ata d o in ício d o sécu lo XX, m o m en t o em q u e a art icu lação d as p esq u isas d erm at o ló gicas co m as em ergen tes áreas d a m ed icin a exp erim en tal, com o a m icrobiologia e a m ed icin a trop ical, ap ro xim avam -n a d o s p o lo s m ais d in âm ico s d a p esq u isa bio m éd ica brasileira, est abele-cid os n os in stitu tos d e p esq u isa d o Rio d e Jan eiro e São Pau lo.1 Em 1906, o in gresso d o

d erm atologista Fern an d o Terra n os q u ad ros d a Facu ld ad e d e Med icin a d o Rio d e Jan eiro d eu in ício à ren ovação d o en sin o e d a p esq u isa n esse cam p o. A p artir d e 1912, com a fu n d ação d a So cied ad e Brasileira d e Derm at o lo gia e Sifilo grafia, t am bém p o r Fern an d o Terra, a com u n id ad e d e d erm atologistas fortaleceria seu p rocesso d e in stitu cion alização crian d o n o vas p u blicaçõ es, even t o s cien t ífico s e esp aço s in st it u cio n ais, q u e en red aram d iversos gru p os d e p esq u isa d e d iferen tes estad os (Carrara, 1996).

Person agem cen tral n esse con texto foi o m éd ico Ed u ard o Rabello, au torid ad e recon h ecid a n o cam p o d a d erm atologia e d a sifilografia e p rin cip al resp on sável p ela tran sform ação d o cân cer em p roblem a d e saú d e p ú blica.2 Em 1914, q u an d o ocu p ava o cargo d e secretário d a

Socied ad e Brasileira d e Derm atologia e Sifilografia, Rabello foi com ission ad o p ela Diretoria Geral d e Saú d e Pú blica (DGSP) p ara u m a viagem à Eu rop a, p ara estu d ar m ed id as d e com bate à sífilis lá ad otad as. Em Paris, se in teressou p ela rad ioterap ia e d e volta ao Brasil su geriu , à co n gregação d a facu ld ad e, a criação d e u m in st it u t o p ara o t rat am en t o rad io ló gico d o cân cer e p ara a form ação p rofission al n esse cam p o. Em 1919 con segu iu seu in ten to fu n dan do, ju n to com Fern an d o Terra, o In stitu to d e Rad iologia d a Facu ld ad e d e Med icin a d o Rio d e Jan eiro , an exo à clín ica d erm at o ló gica q u e d irigiam . In st alava-se, p ela p rim eira vez n o Brasil, u m serviço p ú b lico t o t alm en t e d irecio n ad o ao at en d im en t o d e aco m et id o s p o r cân cer (Costa Ju n ior, 1921;).

Co m o en ferm aria d a San t a Casa e clín ica d a Facu ld ad e d e Med icin a, o In st it u t o d e Rad iologia d ed icava-se p rin cip alm en te aos tratam en tos e à form ação n essa área. Em m en os d e d ois an os d e atu ação, n ele já se h avia efetu ad o tratam en to rad iológico em m ais d e 300 d oen tes, n ão se aten d o ap en as a cân ceres d erm atológicos. Cân ceres d o tu bo d igestivo, d a face, d os seios e d o colo d o ú tero foram seu s p rin cip ais objetos (Costa Ju n ior, 1921). Além d e su as ativid ad es cotid ian as, o In stitu to teve im p ortan te atu ação n a facilitação d e trata-m en tos e p esq u isas clín icas, ao ced er su as in stalações e ap arelh agen s p ara trata-m éd icos in teres-sad os n a n ova tecn ologia.3

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No fin al dos an os 1910, o Brasil in gressou n um processo de reform a san itária que visava a exp an d ir geograficam en te o raio d e ação d os serviços d e saú d e d a Un ião e in serir, n o esco p o d e su as at ivid ad es, p ro gram as d irecio n ad o s às d o en ças en d êm icas, at é en t ão n egligen ciadas. A criação do Departam en to Nacion al de Saúde Pública (DNSP), em substituição à an tiga Diretoria Geral de Saúde Pública, em n ovem bro de 1919, foi o m arco cen tral desse p rocesso. O n ovo dep artam en to tin h a abran gên cia n acion al e in clu ía cam p os de atu ação que a saúde pública brasileira ain da n ão abarcava – com o a h igien e in dustrial e alim en tar. No que tan ge à profilaxia de doen ças específicas, foram criadas duas diferen tes in spetorias, um a para o con trole da tuberculose – de ação restrita ao Distrito Federal – e outra en globan do o con trole das doen ças ven éreas, lepra e cân cer (Brasil, 31 dez. 1923).

A In sp etoria d e Profilaxia d a Lep ra e d as Doen ças Ven éreas d everia estabelecer estatísticas sobre óbitos d e cân cer, p ossibilitan d o u m con h ecim en to m ais ap u rad o acerca d os n íveis d e in cid ên cia d a d oen ça. A p ossibilid ad e d e ser u m m al con tagioso levou seu s criad ores a in clu ir, en tre su as ativid ad es, a d esin fecção n os d om icílios on d e tivesse h avid o óbito d e cân cer (San glard , 2008). Tam bém eram p revistas a gratu id ad e d os exam es d e laboratório n ecessários aos d iagn ósticos e a organ ização d e u m a cam p an h a ed u cativa con tra a d oen ça, realizada p or m eio de folh etos, con ferên cias e exp osições ed u cativas. Por fim , o regu lam en to q u e criou a In sp etoria assin alava q u e ela p od eria, em con ju n to com a filan trop ia, fu n d ar in stitu tos d e cân cer com fin s terap êu ticos e exp erim en tais (Brasil, 31 d ez. 1923).

A in clu são d o cân cer com o objeto d e ação d a In sp etoria m erece ser exp licad a, p ois n o fin al d a d écad a d e 1910 as p rin cip ais p reocu p ações d a saú d e p ú blica se relacion avam ao cam p o d as en d em ias ru rais d e m aio r in cid ên cia, co m o a m alária e as verm in o ses. Em relação às d oen ças u rban as, as in q u ietações estavam d irecion ad as à tu bercu lose e à sífilis e, em m en or m ed id a, à lep ra, m ales q u e n o en ten d er d e m u itos m éd icos eram a fon te d a degen eração de n ossa p op u lação e p rin cip ais obstácu los ao desen volvim en to do p aís. Ao cân cer n ão era d ad a sim ilar im p ortân cia, p ois até en tão ele n ão se con figu rava com d oen ça d e ín d ices exp ressivos. Além d isso, n ão p arecia ter caráter h ered itário, d e m od o q u e colocasse o p aís em risco p ela d egen eração d e su a p op u lação (Teixeira, n o p relo).

O fio q u e ligava essas d oen ças ao cân cer e as torn ava esp ecialm en te p reocu p an tes p ara a saú d e p ú blica, n a reform a d e 1919, era a cren ça n o seu alto p oten cial d e p rop agação. A tu bercu lose, p or su a forte in cid ên cia n as áreas d e aglom eração e p obreza, era o p rin cip al p roblem a d e saú d e p ú blica. A sífilis era sabid am en te d e tran sm issão sexu al e acred itava-se q u e est ava em fran ca exp an são . Já a lep ra era co n sid erad a co n t agio sa, em b o ra n ão se con h ecesse seu m ecan ism o d e tran sm issão. À ép oca, m u itos m éd icos acred itavam q u e o cân cer d everia ter u m a form a d e tran sm issão sem elh an te à lep ra e, com o as estatísticas elaboradas tan to n o Brasil com o n o exterior p areciam m ostrar a con stan te am p liação dos seu s ín d ices, torn ava-se n ecessário u m m aior acom p an h am en to n a ten tativa d e ações q u e evitassem su a p ossível d issem in ação (Rabello, 1922).

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(Carrara, 1996; Cu n h a, 2005). Os sifilógrafos e p osteriorm en te os lep rólogos tin h am gran d e rep u tação acadêm ica, p articip an d o ativam en te dos con gressos in tern acion ais e p u blican do n os p rin cip ais p eriódicos relacion ad os a essas d oen ças. Nu m con texto em q u e o in teresse d os d erm atologistas p elo cân cer vin h a se am p lian d o, em virtu d e d o d esen volvim en to d a rad ioterap ia, n ão su rp reen d e o fato d e a d oen ça vir a fazer p arte d a in sp etoria q u e con gregaria os p rin cip ais objetos d e aten ção d os d erm atologistas.

Tam bém é n ecessário assin alar a im p ortân cia d a ação p essoal d e Ed u ard o Rabello n a criação d a In sp et o ria. Co m o vim o s, ele era d et en t o r d e gran d e p rest ígio n o cam p o d a derm atologia e da sifilografia. Além disso, m an tin h a ótim o relacion am en to com o grupo de m édicos que form atou a reform a da saúde pública, possivelm en te sen do correspon sável por essa em preitada (San glard, 2008; Teixeira, n o prelo). A in clusão do cân cer en tre as doen ças con tem pladas pela In spetoria en feixava, em um a m esm a seção do Departam en to de Saúde Pú blica, tod as as d iscip lin as con tem p lad as n o seu cam p o p rofission al e lh e p ossibilitava atuar sobre as doen ças m ais im portan tes de sua especialidade (Teixeira, n o prelo).

Po r fim , a vin cu lação d o cân cer à In sp et o ria d e Pro filaxia d a Lep ra e d as Do en ças Ven éreas se relacion ou a u m p rojeto p ara a saú d e p ú blica q u e con tava com a atu ação d a filan t ro p ia n o p at ro cín io a h o sp it ais e cen t ro s d e p esq u isa. A p art ir d e 1921 o m éd ico Carlos Ch agas, resp on sável p elo p rojeto de criação e p rim eiro d iretor do DNSP, com eçou , ju n to com Ed u ard o Rabello, a n egociar com o in d u strial e filan trop o Gu ilh erm e Gu in le o fin an ciam en to p ara a con stru ção e in stalação d e u m gran d e h osp ital an tiven éreo n o Rio d e Jan eiro – trata-se d o Hosp ital Gaffreé e Gu in le, in au gu rad o n o bairro d a Tiju ca em 1929 (San glard , 2008). No an o segu in te, Gu ilh erm e Gu in le se p rop ôs a fin an ciar a con stru ção d o p rim eiro h osp ital d e cân cer n o Distrito Fed eral, m as ap esar d e ter se em p en h ad o p or m ais d e d ez an os, o p rojeto n ão ch egou a bom term o, extin gu in d o-se sem a con stru ção d o h osp ital. Segu in d o as p rop osições d e San glard , acred itam os q u e a p ossibilid ad e d e Ch agas con tar com a in iciativa filan tróp ica d os Gu in le, com o aliad a n a estru tu ração d e u m setor d a saú d e p ú blica, foi fu n d am en tal n a eleição d o cân cer com o p roblem a m éd ico d ign o d e m aior in terven ção estatal.

Por tod a a su a existên cia, a ação d a In sp etoria foi bastan te tím id a em relação ao cân cer, lim itan d o-se à p ad ron ização d os atestad os d e óbitos, com o objetivo d e obter d ad os m ais con fiáveis p ara as estatísticas4 (Teixeira, n o p relo). Em bora su a criação m arq u e o in gresso

d o cân cer n o rol d e p reocu p ações d a saú d e p ú blica, su a fraca atu ação em relação à d oen ça m o st ra q u e essa in serção se fez d e m o d o bast an t e p ecu liar. Nesse p ro cesso , o in t eresse p rofission al d os d erm atologistas em u m cam p o d e atu ação em vias d e am p liação era a força q u e u n ia o cân cer às ou tras d oen ças q u e eram objeto d a In sp etoria. Por ou tro lad o, a cap acid ad e d e con h ecer e con trolar a tran sm issão d e u m a d oen ça p ossivelm en te con ta-giosa e d e con tar com a filan trop ia n a criação d e u m a in stitu ição p ara o tratam en to d os acom etid os era o lim ite d as ações p reten d id as p ela saú d e p ú blica.

Ampliando as perspectivas

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1922 foi fu n d ad o, n a cap ital d o estad o d e Min as Gerais, o In stitu to d o Rad iu m d e Belo H o rizo n t e, q u e fu n cio n ava em asso ciação co m a Facu ld ad e d e M ed icin a d o est ad o . Em 1 9 2 9 o u t ra in st it u içã o d o m esm o p erfil fo i in a u gu ra d a em Sã o Pa u lo . O In st it u t o Dr. Arn ald o era m an tid o p or u m a in stitu ição filan tróp ica e fu n cion ava n as in stalações d o Hosp ital Cen tral d a San ta Casa d a Misericórd ia d e São Pau lo (Teixeira, Fon seca, 2007). Ain d a n eq u ele an o viria à lu z, n o Rio d e Jan eiro, o q u e acred ito ter sid o o p rim eiro en con tro cien tífico brasileiro d e cân cer. Elaborad o p ela Acad em ia Nacion al d e Med icin a em p arceria com a Socied ad e d e Med icin a e Ciru rgia d o Rio d e Jan eiro, a Sem an a d o Cân cer visava a colocar o cân cer em m aior evid ên cia tan to p ara os m éd icos com o p ara o p ú blico leigo. Essas in iciativas m ostram q u e, n o d ecorrer d a d écad a, o cam p o d a can cerologia brasileira am p liou -se e torn ou -se m ais com p lexo, en globan d o u m n ú m ero m aior d e p rofission ais e d an d o origem a in stitu ições d iretam en te ligad as ao con trole d a d oen ça.

No in ício d a d écad a segu in te esse in teresse alcan çaria m aior vitalid ad e. No cam p o d as organ izações sociais isso p ode ser observado p elo su rgim en to das p rim eiras ligas con tra a d oen ça. Em 1934 o m éd ico p au lista An ton io Pru d en te criou a Liga Pau lista d e Com bate ao Cân cer; n o m esm o an o, n o Rio d e Jan eiro, foi criad a, p or Ugo Pin h eiro Gu im arães, a Liga Brasileira Con tra o Cân cer. Em 1936 o gin ecologista Aristid es Maltez criou a Liga Baian a Co n t ra o Cân cer. As t rês t in h am o o b jet ivo d e an gariar fu n d o s p ara a co n st ru ção d e cen t ro s d e d iagn ó st ico e t rat am en t o ; as d u as p rim eiras t am bém o bjet ivavam o rgan izar cam p an h as ed u cativas p ara a p reven ção d o cân cer. Essas ligas p ion eiras serviram com o m od elo p ara a criação d e in stitu ições sim ilares, n as m ais d iversas regiões d o p aís.

O Prim eiro Con gresso de Cân cer, em n ovem bro d e 1935, seria o p on to alto desse p rocesso. O even to era u m a in iciativa d a Socied ad e d e Med icin a e Ciru rgia d o Rio d e Jan eiro, em com em oração ao seu cin q u en ten ário, e, além d e con gregar os estu d os q u e vin h am sen d o elaborad os n o p aís, visava a p ersu ad ir os resp on sáveis p ela saú d e p ú blica d a n ecessid ad e d e criação d e u m a p olítica d e con trole d a d oen ça. Além d e su a im p ortân cia p ara o cam p o m éd ico, o even to teve o m érito d e trazer à lu z u m n ovo p rojeto d a saú d e p ú blica voltad o p ara o cân cer. Em su a p rim eira sessão , o san it arist a Barro s Barret o , en t ão d iret o r d o Dep artam en to Nacion al d e Saú d e, d o Min istério d a Ed u cação e Saú d e Pú blica5, ap resen tou

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am p liação d as ações estad u ais e filan tróp icas p ara o con trole d a d oen ça. Se até en tão a sa ú d e p ú b lica h a via se rest rin gid o à b u sca d e d a d o s ep id em io ló gico s p a ra m elh o r con h ecim en to d o cân cer, tratava-se agora d e im p lan tar, em con sórcio com a in iciativa p rivad a, u m a red e d e cen tros e h osp itais d irecion ad os ao seu con trole. No en tan to, essa p rop osta teria q u e esp erar q u ase u m a d écad a p ara com eçar a ser im p lan tad a.

Câncer e cirurgia

Ap esar d o in t eresse q u e algu n s d erm at o lo gist as ap resen t aram em relação ao cân cer, d esd e o d esen volvim en to d a ciru rgia m od ern a, n o terceiro q u artel d o sécu lo XIX, a d oen ça esteve in tim am en te ligad a à ação d os ciru rgiões, p rin cip ais esp ecialistas n as técn icas d e ablação d e tu m ores. Du ran te a d écad a d e 1920, essa vin cu lação teve com o im p ortan te característica a valorização d e u m a técn ica esp ecífica, a eletrociru rgia6. Seriam os ciru rgiões

devotados a essa técn ica op eratória os p rin cip ais p róceres da can cerologia n o p eríodo. A eletrociru rgia h avia d esp ertad o m aior in teresse d os m éd icos eu rop eu s n o in ício d o sécu lo XX, q u an d o se im agin ava q u e a en ergia t ran sm it id a p elo b ist u ri t in h a efeit o s terap êu ticos (Pin ell, 1992). Em p ou co tem p o essa id eia foi d esacred itad a, m as o p roced im en to p erm an eceu em d iferen tes ciru rgias, p rin cip alm en te em virtu d e d o m en or san gram en to q u e p rop orcion ava, p or cau terizar os tecid os em con tato com o bistu ri. No Brasil, a técn ica seria u t ilizad a p o r d iverso s ciru rgiõ es, in icialm en t e em ret irad as d e p eq u en o s t u m o res cu tân eos e em ciru rgias d e cân ceres d a boca. O m éd ico Fran cisco Eiras, esp ecialista em d oen ças d a gargan ta d a Policlín ica d e Botafogo, n o Rio d e Jan eiro, foi o p rim eiro a elaborar co m u n icação so bre o t em a n a Acad em ia Nacio n al d e Med icin a, em q u e ap resen t o u o s resu ltad os d e su a ap licação em d iversos casos, con clam an d o os m éd icos brasileiros a se in teressassem p ela n ovid ad e (Eiras, 1927).

Caberia ao ciru rgião gaú ch o Mario Kroeff p ap el d e d estaq u e n a d ivu lgação d a eletro-ciru rgia. Person agem cen tral n a h istória su bseq u en te d o con trole d o cân cer n o p aís – p or su a at u ação n a criação d e esp aço s relacio n ad o s ao t rat am en t o d a d o en ça n o Dist rit o Fed eral e n a form atação d e u m a p olítica n acion al p ara o setor –, seu trabalh o, ao m esm o tem p o q u e p op u larizava e criava d em an d a p ara a n ova técn ica, favorecia a am p liação d as p reo cu p açõ es so ciais co m o cân cer. Esse refo rço recíp ro co fo i d et erm in an t e n a in st it u -cion alização d as ações con tra o cân cer, n as d écad as segu in tes.

Em 1924, q u an d o trabalh ava n a In sp etoria d e Profilaxia d a Lep ra e d as Doen ças Ven éreas, Kroeff foi com ission ado p ara estu dar n a Eu rop a as ações lá existen tes con tra a sífilis. Nessa viagem se in teressou p ela eletrociru rgia, u tilizada p or algu n s m éd icos alem ães con tra cân ceres e o u t ro s p ro b lem a s d erm a t o ló gico s. Q u a n d o ret o rn o u a o Bra sil, t ro u x e co n sigo a ap arelh agem n ecessária p ara se in iciar n a n ova técn ica. A p artir d e 1927 ele p assaria a u tilizá-la em d iversos tip os d e cân cer, n a San ta Casa d a Misericórd ia d o Rio d e Jan eiro. Diferen tem en te de seu s colegas eu rop eu s, Kroeff p rocu rou d ar-lh e u tilização m ais am p la, em p regan d o-a em várias m od alid ad es d a d oen ça (Kroeff, 1971, p .203).

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En tão tran sform ad o em caixeiro viajan te d e seu n ovo eq u ip am en to, ele se ap roxim aria d e Kroeff, efetu an d o algu m as d em on strações n a San ta Casa (Kroeff, 1947). O m éd ico brasileiro, p or su a vez, se in teressaria ain d a m ais p ela técn ica q u e, ren ovad a, com ap arelh agem m ais m o d ern a, p arecia p ro m et er n o vo s resu lt ad o s. Dep o is d e o p erar u m gran d e n ú m ero d e p acien tes u tilizan d o a eletrociru rgia, ele p u blicou , em 1929, a tese Diaterm o coagulação no

tratam ento do câncer, p ara o in gresso com o livre d ocen te n a Facu ld ad e d e Med icin a d o Rio

d e Jan eiro (Kroeff, 1928).

Em p ou co tem p o ou tros ciru rgiões tam bém se in teressariam p ela n ova u tilização d a elet ro ciru rgia. En t re eles d est aca-se o m éd ico An t ô n io Pru d en t e. Im p ressio n ad o co m o trabalh o d e Keysser, Pru d en te foi p ara a Alem an h a, em 1929, trabalh ar com o assisten te d e seu serviço de ciru rgia. Lá p erm an eceu p or d ois an os, esp ecializan d o-se, e q u an do retorn ou com eçou a u tilizar a técn ica em ciru rgias. Assim com o Kroeff, Pru d en te colocou seu in teresse p rofission al a serviço d o ‘p roblem a d o cân cer’, p assan d o a se d ed icar à criação d e in stitu ições e p olíticas p ara o con trole d a d oen ça em São Pau lo.7

O in teresse p ela eletrociru rgia se am p liaria ain d a m ais, n a d écad a d e 1930, n u m p rocesso q u e t eve co m o p an o d e fu n d o a ap ro xim ação en t re Brasil e Alem an h a n o s an o s q u e p reced eram a Segu n d a Gu erra Mu n d ial e a am p liação d a cap acid ad e d e ação d e Mário Kroeff, com a ch egad a d e Getú lio Vargas ao p od er, em 1930.

Co m o vim o s, em 1935 fo i realizad o n o Rio o Prim eiro Co n gresso d e Cân cer. Nesse en con tro, tan to Kroeff com o An ton io Pru den te – q u e rep resen tava oficialm en te o estado d e São Pau lo – ap resen taram trabalh os relacion ad os à eletrociru rgia. O estu d o d e Pru d en te versava sobre su a u tilização com o técn ica d e rep aração d as ciru rgias d e cân cer, d iscu tin d o os casos p or ele tratad os com a referid a técn ica. O d e Kroeff era u m a atu alização d e su a tese d e livre d o cên cia e m o st rava as p o ssibilid ad es d e u t ilização d a elet ro ciru rgia n o s m ais d iversos tip os d e cân cer. Ele ap resen tou ain d a u m segu n d o trabalh o, q u e p od e ser visto com o p rop osta p ara o con trole do cân cer n o p aís com a u tilização da eletrociru rgia. Partin do d o p rin cíp io d e q u e a vastid ão d o território e as gran d es d ificu ld ad es econ ôm icas existen tes n o in terior d o p aís in viabilizariam u m a cam p an h a alicerçad a em cen tros d e can cerologia region ais, Kroeff (1936) p rop u n h a a cap acitação d os m éd icos d as regiões m ais d istan tes p ara a p rim eira ação co n t ra o cân cer. Isso se faria p ela d ivu lgação d a elet ro ciru rgia e h abilitação d os m éd icos locais p ara seu em p rego em casos sim p les. A u tilização d a técn ica seria acrescid a d o in cen tivo às p ráticas d e exam es laboratoriais, q u e p od eriam ser en viad os p elo correio das regiões m ais distan tes aos cen tros m aiores. Ap en as n as m aiores cid ades d o p aís seriam estabelecid os cen tros n os m old es d os in stitu tos d e cân cer eu rop eu s, on d e se em p regariam d iversas técn icas p ara o tratam en to d a d oen ça.

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Em 1936, Kroeff e a eletrociru rgia se torn ariam foco d e aten ção p ara a m íd ia carioca. Naq u ele m om en to, o ciru rgião alem ão Fran z Keysser voltava ao p aís, e o clim a p ró-germ ân ico existen te fez com q u e su a visita fosse tratad a com o gran d e acon tecim en to. O m éd ico foi n otícia em diversos jorn ais e ch egou a ser con decorad o p elo p róp rio Getú lio Vargas com a Ord em d o Cru zeiro (Kroeff, 1947). Con form e m en cion ad o, Keysser tin h a d esen volvid o n ovos ap arelh os de eletrociru rgia e ap erfeiçoad o su as form as d e u tilização. Em 1931 escrevera o livro Die Elektrochirurgie, sobre a n ova técn ica, e, n a bu sca p or am p liação d a in flu ên cia cien t ífica alem ã n o co n t in en t e, vin h a visit an d o d iverso s p aíses d a Am érica Lat in a, em m issão oficial d e seu p aís.

A visita d o alem ão virava os h olofotes d a m íd ia tam bém em d ireção a Kroeff, já ap on tad o p ela im p ren sa com o seu con tin u ad or. Pou cos m eses d ep ois d a visita d e Keysser, o ciru rgião gaú ch o voltava a ser m an ch ete n a im p ren sa carioca p or ocasião d o lan çam en to d e seu livro sobre a eletrociru rgia. Tratam ento do câncer pela eletrocirurgia era u m a obra d e d ivu lgação, basead a em su a tese d e livre d ocên cia, q u e exp lan ava d iversos asp ectos d esse tip o d e ciru rgia e su a im p ortân cia n os tratam en tos d e cân cer. Tal q u al a visita d o alem ão, o livro d e Kroeff fez gran de su cesso, sen d o com en tado em d iversos jorn ais e m erecen do m u itos elogios da classe m éd ica em seu s p eriód icos (Kroeff, 1947).

O p rocesso d e valorização d a eletrociru rgia n avegava n a con tram ão d o q u e ocorria n os p rin cip ais cen tros d e m ed icin a d a Eu rop a e d os EUA, on d e, n o p eríod o q u e an teced eu a Segu n d a Gu erra Mu n d ial, a rad ioterap ia assu m iu d iferen tes con figu rações em relação à organ ização dos p rofission ais d o cân cer (Pickeston e, 2007). Su bm etid a à ação dos ciru rgiões – n os EUA – ou aplicada por profission ais de form ação específica – em Fran ça e In glaterra –, era cad a vez m ais u tilizad a com o terap êu tica n o tratam en to d e d iversos tip os d e cân cer. No Brasil, em bora n ão h ou vesse d iscord ân cias sobre o valor d a rad ioterap ia, a gran d e d ifi-cu ld ad e d e aq u isição d e rád io p ela in iciat iva p rivad a e filan t ró p ica e o d esin t eresse d o Estad o em fin an ciá-lo favoreciam a valorização d a ciru rgia, em esp ecial d a eletrociru rgia, n o tratam en to da doen ça. Em bora, n a p rática, p ou cos m éd icos u tilizassem o p roced im en to e algu n s criticassem velad am en te o q u e ch am avam d e excessos n a su a u tilização, o in teresse so cial em t o rn o d a n o vid ad e t ecn o ló gica, so m ad o à firm e at u ação d e seu s p rin cip ais d ivu lgad ores, p oten cializou o in teresse p elo cân cer e p ossibilitou o su rgim en to d e n ovas in stitu ições relacion ad as ao tratam en to d a d oen ça.9

A criação d o Cen tro d e Can cerologia d o Distrito Fed eral, em 1937, seria a coroação d os esforços d e Kroeff n esse sen tid o. Além d o recon h ecim en to p rofission al q u e obteve, em virt u d e d e su a at u ação co m a elet ro ciru rgia, a t o m ad a d o p o d er p elo gaú ch o Get ú lio Vargas, em 1930, am p liara co n sid eravelm en t e su a cap acid ad e d e ação , p o is m an t in h a ótim a relação com seu s con terrân eos q u e agora ocu p avam cargos im p ortan tes n o Execu tivo fed eral.10 De p osse d essa bagagem , Kroeff bu scaria p or tod os os m eios criar u m serviço p ara

o con trole do cân cer. Em 1931 con segu iu q u e o govern o in clu ísse, n o orçam en to federal, u m a verba esp ecial p ara a con stru ção d e u m p avilh ão d e can cerologia n o Rio d e Jan eiro, q u e, em bora ten h a sid o con stru íd o, acabou d estin ad o p ara ou tro fim (Kroeff, 1947). Em 1936, d ep ois d e vários ap elos ao Execu tivo fed eral, foram -lh e facu ltad os n ovos recu rsos p ara con stru ir u m n ovo cen tro d e can cerologia n o Hosp ital Estácio d e Sá11, in au gu rad o

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rad io d iagn ó st ico e rad io lo gia.12 Criad o n a ó rb it a d o Min ist ério d a Ed u cação e Saú d e

(MES), p ou co d ep ois d e en trar em ativid ad e foi tran sferid o p ara os serviços d e saú d e d a Prefeitu ra d o Distrito Fed eral. Su a criação, m u ito m ais d o q u e u m a d iretriz d o Estad o p ara o con trole do cân cer, se con figu rou com o aten ção do govern o vargu ista às dem an das de Kroeff. O Cen tro d e Can cerologia se caracterizava com o u m serviço m éd ico esp ecializad o p ara o aten d im en to d e d oen tes d o Distrito Fed eral, d e acord o com a p ersp ectiva d e am p liação d as açõ es d a m ed icin a cu rat iva d e base u rban a, valo rizad as p ela p o lít ica d e assist ên cia m éd ica d o govern o Vargas. No en tan to, ap esar d e su a atu ação geograficam en te lim itad a e d as d ificu ld ad es orçam en tárias q u e p or m u itos an os restrin giu su as ativid ad es, ele seria o alicerce sobre o q u al se con stru iu u m serviço n acion al d e con trole d o cân cer.

Um serviço nacional de câncer

O p ro cesso d e criação d e u m a o rgan ização d e âm b it o n acio n al p ara o co n t ro le d o cân cer o co rreria t en d o em vist a as at ivid ad es p o st as em p rát ica p o r Kro eff n o Dist rit o Fed eral. Naq u ele m o m en t o , a saú d e p ú b lica p assava p o r u m n o vo p ro cesso d e t ran s-form ações, em virtu d e d a im p lan tação d e m ais u m p eríod o d itatorial – o Estad o Novo. Em 1937, em razão d e u m a n o va refo rm a, o en t ão d en o m in ad o Min ist ério d a Ed u cação e Saú de p assou a en fatizar as ações verticais con tra doen ças esp ecíficas, caracterizadas com o en traves ao desen volvim en to d o p aís. Ain d a em 1937 foram criad os os p rim eiros serviços n acion ais con tra algu m as d oen ças13, e o p róp rio Kroeff p ostu laria a criação de u m serviço

n acion al d irecion ad o ao cân cer.

Figu ran d o a p rofilaxia e o tratam en to d o cân cer en tre as cap itais q u estões san itárias d o p aís, co m o o im p alu d ism o , a lep ra, a feb re am arela, é im p rescin d ível q u e est eja a su a fren t e u m o rgan ism o cen t ralizad o r d o go vern o fed eral, d est in ad o a est abelecer n o rm as gerais d e n atu reza teórica e p rática, p ara orien tar a cam p an h a con tra o cân cer, p rom over a ed u cação p op u lar, form ar técn icos, realizar cu rsos e exten são u n iversitária, p u rgar p ela obten ção dos cu stosos aparelh os fisioterápicos, raios X, rádio, etc., q u e, ao lado da ciru rgia, con stitu em o recu rso n ecessário à lu ta an tican cerosa (Kroeff, 1947, p .115).

Em abril d e 1941 u m a n ova reform a reorgan izou o Dep artam en to Nacion al d e Saú d e, in stau ran do diversos serviços n acion ais voltados p ara o con trole de doen ças q u e à ép oca se m ostravam p rioritárias.14 Porém , a d esp eito d o em p en h o d e Kroeff, o govern o vargu ista

relu tava em criar u m serviço d e atu ação n acion al con tra o cân cer. Isso p orq u e as au torid ad es d o MES d ivergiam d a con cep ção d e Kroeff, q u e p revia o fortalecim en to d e u m a in stitu ição cen tral com atu ação em n ível n acion al, em d iversos asp ectos relacion ad os à d oen ça. Essa p rop osta con trariava a d iretriz d o Min istério d e fortalecer ap en as a ação n orm atizad ora d o p od er cen tral e in cen tivar as ativid ad es e in stitu ições criad as p elos estad os e m u n icíp ios, em con ju n to com a filan trop ia (Cap an em a, 19 d ez. 1939). Ap esar d as resistên cias d o MES, ain da em setem bro de 1941 a pu blicação de u m n ovo decreto acrescia aos serviços já existen tes u m serviço n acion al d ed icad o ao cân cer (Brasil, 23 set. 1941).

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Dep artam en to Nacion al d e Saú d e e q u e, com o vim os, n o Prim eiro Con gresso d e Cân cer ap resen tou p rop osta p ara a criação d e u m a cam p an h a con tra a d oen ça n os m old es d o q u e ago ra era su gerid o p ara o Serviço Nacio n al. Em am b o s o s p ro jet o s cab ia ao Est ad o a organ ização e a n orm atização d as ativid ad es, fican d o a in iciativa filan tróp ica resp on sável p elas ações de tratam en to e acolh im en to d os in cu ráveis.

O d ecreto q u e criou o Serviço Nacion al d o Cân cer lh e con feria a resp on sabilid ad e d e orien tar e con trolar, em tod o o p aís, u m a cam p an h a p erm an en te con tra a d oen ça, a Cam -p an h a Nacion al Con tra o Cân cer. Su a atu ação teria com o eixos a -p esq u isa sobre a etiologia, a ep id em io lo gia, a p ro filax ia, o d iagn ó st ico e a t erap êu t ica; as açõ es p reven t ivas; a p rop agan d a d os exam es d e saú d e p eriód icos e d a im p ortân cia d o d iagn óstico p recoce; o tratam en to e a vigilân cia d os recu p erad os; e o in tern am en to d os can cerosos n ecessitados. O d ecreto ain d a fazia m en ção à criação d e u m a revista d e can cerologia, a ser p u blicad a p elo n ovo serviço, e à coop eração d o SNC com a Facu ld ad e d e Med icin a d o Rio d e Jan eiro n a form ação de p rofission ais p ara a área, p or m eio de cu rsos de esp ecialização em can cerologia (d ecreto-lei 3.643, 23 set. 1941). Um a sem an a ap ós a criação d o SNC, Mario Kroeff foi n om ead o seu d iretor, e as ativid ad es d o n ovo órgão p assaram a ter com o base o Cen tro d e Can cerologia q u e ele d irigia, n o Hosp ital d a Estácio d e Sá.15

Em 1944, o d ecreto 15.971 regu lam en tou a estru tu ra e o fu n cion am en to d o SNC p or m eio d e u m regim en to. O Serviço p assava a ser com p osto p or três seções, u m a ad m in istrativa e d u as voltad as p ara as ativid ad es fin s: o In stitu to d e Cân cer e a Seção d e Organ ização e Con trole. O p rim eiro n ad a m ais era q u e o Cen tro criad o p or Kroeff n o Hosp ital Estácio d e Sá e q u e, em bora segu isse efetu an d o ativid ad es d e d iagn óstico e tratam en to, tin h a su a ação lim itad a p ela extrem a d eficiên cia d e su as in stalações físicas. Por su a vez, a Seção d e O rgan ização e Co n t ro le seria resp o n sável p ela Cam p an h a Nacio n al Co n t ra o Cân cer (CNCC), atu an d o em n ível n acion al n a u n iform ização d as ativid ad es d e in stitu ições p ú blicas e p rivad as. Tam bém p restaria con su ltoria ao Min istério em relação à su bven ção fed eral a in stitu ições p rivad as, q u e se faria p or m eio d e con vên ios en volven d o recu rsos m in isteriais (p or in term édio do SNC), d o estad o on d e a in stitu ição estivesse organ izada e das p róp rias in stitu ições. A Seção d e Organ ização e Con trole era tam bém resp on sável p ela execu ção d as m ed id as p reven tivas em relação à d oen ça (Brasil, 4 ju l. 1944).

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d e Cân cer. Os relatórios d o Serviço m ostram q u e, até 1945, h avia sid o in iciad o u m in q u érito ep id em io ló gico e co m eçavam a ser p o st as em m arch a algu m as in iciat ivas d e ed u cação san itária, cen trad as n a d istribu ição d e p an fletos ed u cativos sobre a d oen ça e em p alestras rad io fô n icas. Q u an t o à fo rm ação d e p esso al t écn ico , o In st it u t o d e Cân cer t in h a d ad o in ício a u m cu rso d e cap acitação p ara m éd icos. Visan d o alcan çar a clien tela d as d iferen tes regiões d o p aís, o cu rso oferecia bolsas p ara alu n os d e ou tras regiões. Fora as ativid ad es atin en tes ao In stitu to d e Cân cer, in iciad as p or Kroeff e con tin u ad as p or Alberto Cou tin h o – q u e em 1944 p assou a d irigir a in stitu ição –, m u ito restava a ser feito n o q u e con cern ia à execu ção de u m a p olítica con sisten te con tra a d oen ça.

“Água mole em pedra dura...”

A segu n d a m etad e d os an os 1940 m arca o in ício d e u m a tran sform ação n o con trole d o cân cer n o p aís. Em bora o p rojeto en cetad o com a criação d o SNC in icialm en te avan çasse a p assos len tos – com p ou cos recu rsos e ações lim itad as –, n o âm bito m ais geral d a m ed icin a brasileira a can cerologia se exp an d ia, com a criação d e n ovas in stitu ições e form ação d e esp ecialistas. Além d isso, fortalecia-se, en tre os can cerologistas, a n oção d e q u e a d oen ça d everia ser alvo d e p olíticas p ú blicas esp ecialm en te d irecion ad as à su a p reven ção. Tom an d o p or base as ações d e p rop agan d a su rgid as n os EUA e n a Eu rop a, esp ecialistas brasileiros colocariam em m arch a as p rim eiras cam p an h as d e p reven ção d irigid as ao gran d e p ú blico, q u e d ariam a t ô n ica d a at u ação d a can cero lo gia b rasileira n o cam p o d a p reven ção à d oen ça, n as d écad as segu in tes.

Para o In stitu to d e Cân cer, esse foi u m p eríod o d e extrem a p rod u tivid ad e. Em 1945 su a d ireção arren d ou u m setor d o Hosp ital Gaffreé e Gu in le, tran sform an d o-o em su a n ova sed e, q u e p assou a con tar com con d ições ad eq u ad as ao d esen volvim en to d e su as ativid ad es.16

Além d o au m en to n o n ú m ero d e leitos, as n ovas in stalações p ossibilitaram a criação d e n ovos serviços clín icos e cirú rgicos e a exp an são dos cu rsos d e esp ecialização. Paralelam en te, in icio u -se in t en sa at ivid ad e d e in t ercâm bio d e p esq u isad o res, co m a vin d a d e d iverso s estu diosos eu rop eu s p ara o In stitu to e o en vio de vários m édicos brasileiros p ara in stitu ições d e d iferen tes p aíses.17 No in ício d a d écad a segu in te, esse p rocesso se in ten sificaria ain d a

m ais. Com n ovos ap ortes d e recu rsos, o In stitu to de Cân cer am p liaria seu p essoal e reestru -tu raria su as ativid ad es, crian d o as seções d e ciru rgia d o tórax, d e ciru rgia d a cabeça e d o p escoço, u m laboratório de citologia vin cu lado à seção d e an atom ia p atológica e o p rim eiro am bu latório d e p reven ção d o cân cer gin ecológico (Marcillac, 1968).

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O in ício d a d écad a d e 1950 am p lificaria esse p rocesso. No con texto p olítico d e retorn o de Getú lio Vargas ao p oder, o In stitu to de Cân cer p rotagon izou u m ep isódio in esp erado, q u e favoreceria o ap orte d e m aiores recu rsos p ara a CNCC e, con seq u en tem en te, o fortale-cim en to in stitu cion al d o In stitu to. O m éd ico e veread or p araiban o Nap oleão Lau rean o, so fren d o d e u m cân cer t erm in al, bu sco u t rat am en t o n aq u ela in st it u ição . Já em aco m -p an h am en t o m éd ico , m as ven d o a d o en ça se agravar, -p ô s em m arch a u m a cam -p an h a p ara a criação d e u m h o sp it al d e cân cer em su a região d e o rigem . Su a in iciat iva t eve gran d e rep ercu ssão, p or m eio d a im p ren sa escrita e falad a, ten d o com o clím ax u m d ebate realizad o n a sed e d o jorn al Diário Carioca sobre o p roblem a d o cân cer n o p aís. Com a p resen ça d o m in istro d a Ed u cação e Saú d e rep resen tan d o o p resid en te Vargas, d e Kroeff e d iversos m éd icos d o In stitu to d e Cân cer, o d ebate foi tran sm itid o p elas rád ios Mayrin k e Veiga e Nacion al e p u blicad o p elo jorn al Diário Carioca (Carvalh o, 2006). A tran sm issão gerou forte com oção p op u lar e, além d e p rop orcion ar gran d e n ú m ero d e d oações p ara a fu n d ação d o Hosp ital Lau rean o, d eixou o In stitu to d e Cân cer em gran d e evid ên cia (Teixeira, Fon seca, 2007).

Ain d a em 1951, com o con seq u ên cia d esse acon tecim en to, a Com issão d e Saú d e d o Con gresso Nacion al con vidou Mario Kroeff p ara p roferir con ferên cia n u m a de su as seções, exclu sivam en te voltad a p ara o cân cer. Presid id a p elo m éd ico Jan d u í Carn eiro, con terrân eo e am igo d e Lau rean o, a Com issão p rop ôs u m p rojeto d e lei con ced en d o u m créd ito d e cem m ilh ões d e cru zeiros p ara o CNCC (Brasil, 28 abr. 1954). Tal recu rso era bastan te vu ltoso, levan d o-se em con ta q u e, até en tão, o orçam en to d o SNC girava em torn o d e d ois m ilh ões an u ais. Os n ovos ap ortes seriam u tilizados n o ap oio às in stitu ições an ticân cer n os estados e n a m od ern ização d o In stitu to d e Cân cer, p rin cip alm en te n as obras d e su a n ova sed e, q u e estava sen d o con stru íd a n a Praça d a Cru z Verm elh a.18

Fora d a ação d o In stitu to, ou tras in iciativas tam bém con tribu íam p ara reforçar a can ce-ro lo gia b rasileira. Um a d elas fo i a criação d a Revista Brasileira de Cancece-rologia. O decreto qu e criou os diversos serviços n acion ais, em 1941, previa qu e eles deveriam pu blicar periódicos voltad os p ara q u estões atin en tes ao seu cam p o d e atu ação. Devid o às d ificu ld ad es fin an ceiras e ad m in istrativas, ap en as em 1947 o SNC com eçou a ed itar seu p eriód ico. A Revista Brasileira

de Cancerologia (RBC) fo i in icialm en t e ed it ad a p o r Mo acyr San t o s Silva e t in h a co m o

o b jet ivo leva r à co m u n id a d e cien t ífica o q u e vin h a sen d o rea liza d o n o ca m p o d a can cerologia. Bu scava, tam bém , au xiliar n a d ivu lgação d e con h ecim en tos sobre p reven ção e d iagn óstico d o cân cer, ju n to a m éd icos sem form ação esp ecializad a n a d oen ça e m esm o ju n to a leigos. A revista tam bém d ivu lgava as ativid ad es d o SNC – em esp ecial seu s cu rsos d e esp ecialização – e d iscu t ia as q u est õ es p ro fissio n ais relacio n ad as à co m u n id ad e d e can cerologistas.19 De in ício, a RBC n ão se caracterizou com o p eriód ico cien tífico, direcion ado

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Ou tra in stitu ição im p ortan te p ara a coesão d os can cerologistas foi a Sociedad e Brasileira d e Can cerologia (SBC). Fu n d ad a em 25 d e ju n h o d e 1946 p or u m gru p o d e can cerologistas lid erad os p or Mario Kroeff, a SBC ju stificava su a criação p ela in existên cia d e u m esp aço “o n d e se co n gregassem esp ecialist as, p at o lo gist as, m éd ico s, ed u cad o res e t o d o s aq u eles q u e, d e algu m m o d o , se in t eressem p elo m agn o p ro blem a m éd ico -so cial q u e o cân cer rep resen ta” (SBC, 22 ju n . 1945). Seu q u ad ro d e associad os era form ad o p rin cip alm en te p or m éd icos d o SNC, sen d o q u e, p or q u ase d u as d écad as, su as d iretorias foram com p os-tas p or d irigen tes d o Serviço.20 A SBC fu n cion ou com o esp aço d e d iscu ssão d as p rin cip ais

q u est õ es relacio n ad as à can cero lo gia. Além d isso , at u o u co m o esp aço in st it u cio n al d e ap roxim ação e valorização d os can cerologistas em relação a ou tras esp ecialid ad es m éd icas. Em su a tribu n a eram recebid os estu d iosos d e d iversas áreas d a m ed icin a, q u e trocavam con h ecim en tos e exp eriên cias sobre os diversos asp ectos do tratam en to de cân cer.

No q u e t an ge ao co n t ro le p ro fissio n al d e seu cam p o d e at u ação , o s can cero lo gist as con segu iram , em 1949, alterar o regim en to d o SNC, restrin gin d o as ch efias d o In stitu to d e Cân cer e d a Seção d e Organ ização e Con trole ap en as a fu n cion ários d a carreira d e m éd ico san itarista, ou a m éd icos extran u m erários q u e p ossu íssem certificad os do Cu rso de Can ce-rologia d o Dep artam en to Nacion al d e Saú d e, m in istrad o p elo In stitu to d e Cân cer d esd e 1942 (d ecreto 26.313; Brasil, 4 fev. 1949). Com o vim os, d esd e 1942 o SNC p rom ovia cu rsos d e exten são n o cam p o d a can cerologia. O in stru m en to legal q u e lh e garan tia o m on op ólio d a ação p rofission al n o cam p o d a saú d e p ú blica foi d e gran d e im p ortân cia n a coesão d o gru p o d e can cerologistas d o SNC e favoreceu , p or várias d écad as, a p erm an ên cia d o Serviço à fren te das p olíticas e in stitu ições an tican cerosas do p aís. Form ados n as con cep ções dos cu rsos m in istrados n o In stitu to de Cân cer, esses esp ecialistas iriam difu n dir as n oções q u e p ostu lavam a im p ortân cia d a ação d a saú d e p ú blica em relação à d oen ça e a im p ortân cia d e p olíticas d e p reven ção d u ran te as d écad as segu in tes.

O fin al dos an os 1940 tam bém testem u n h ou o desen volvim en to das cam pan h as edu-cativas direcion adas ao cân cer. Essa atividade h avia se in iciado quan do da criação do SNC – estava prevista n a lei que o criou –, m as se resum ia à elaboração de cartazes e folh etos, que eram distribu ídos em con su ltórios m édicos, escolas e ou tras in stitu ições, e à realização de algum as palestras sobre o tem a, proferidas por m édicos do In stituto (Carvalh o, 2006).

Mu ito em voga n os EUA n os an os 1930, essas cam p an h as vin h am sen d o in cen tivad as p or An ton io Pru d en te, em São Pau lo. Com o d irigen te d a Associação Pau lista d e Com bate ao Cân cer, Pru d en te criou d iversas ativid ad es ed u cativas voltad as p ara o cân cer, q u e tam bém fu n cion avam com o form a d e in cen tivar a arrecad ação d e fu n d os p ara a fu n d ação d e u m h osp ital p ara a Associação. Ain d a em 1946 ele in stitu iu , em São Pau lo, a Cam p an h a Con tra o Cân cer, visan d o a am p liar a p rop agan d a sobre a d oen ça. Naq u ele m om en to, além d e gran d e d istribu ição d e p an fletos exp lican d o a d oen ça e as form as d e p reven ção, foi m on tad a u m a exp osição n o cen tro d a cid ad e d e São Pau lo.

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m aior in cid ên cia etc. Nos an os segu in tes, várias rem on tagen s foram feitas. Na d écad a d e 1950, q u an d o Kroeff já h avia d eixad o a d ireção d o SNC, as ações ed u cativas – exp osições, em issões radiofôn icas, film es etc. – foram aos p ou cos se in stitu cion alizan d o. As cam p an h as eram realizad as an u alm en te n os estad os, em colaboração com as ligas filiad as ao SNC, q u e a cad a m ês d e abril levavam exp osições a algu m as gran d es cid ad es, com m aterial ced id o p elo SNC (Teixeira, Fon seca, 2007).

Am p lian d o cad a vez m ais o s co n vên io s co m in st it u içõ es lo cais, in t en sifican d o su as ações d e p esq u isa e tratam en to em seu In stitu to d e Cân cer e colocan d o em m arch a u m a série d e cam p an h as ed u cativas p ara a p reven ção d a d oen ça, o SNC cam in h ou a p assos largos em seu p rocesso de in stitu cion alização. A in ten sificação dos ideais desen volvim en tistas q u e m arcam os an os 1950 reforçaria as ações d o Estad o n o con trole d a d oen ça, favorecen d o a con solidação do SNC e d e seu In stitu to d e Cân cer. No en tan to, esse p rocesso de am p liação d e ativid ad es e con seq u en te con solid ação in stitu cion al d e n en h u m a m an eira se trad u ziria n o aten d im en to às d em an d as sociais, p ois as ações m éd ico-h osp italares p erm an eceram in su ficien tes e restritas às cid ad es m aiores. Nu m p aís on d e d oen ças in fecciosas e p arasitárias d e m ais fácil con trole ain d a eram os p rin cip ais p roblem as d e saú d e, o cân cer p erm an eceria sen d o visto com o p roblem a d e m en or am p litu d e.

Conclusão

Observei, n esta an álise, q u e os cam in h os q u e levaram a essa organ ização in stitu cion al esp ecífica, cen trada n o In stitu o d e Cân cer, n ão foram os m esm os d os p aíses desen volvid os – q u e tiveram n as in stitu ições filan tróp icas ou estatais, voltad as p ara a rad ioterap ia, im p or-tan tes in stru m en tos d e en fren tam en to d a d oen ça. Nossa h istória m ostra u m a realid ad e diferen te: em bora n o in ício dos an os 1920 ten h am surgido os prim eiros in stitutos de cân cer e a atu ação d os d erm atologistas ten h a origin ad o a p rim eira ação estatal p ara o con trole d a d oen ça, n ão seria p or esse cam in h o q u e o con trole d o cân cer se con form aria com o ação efetiva n o Brasil.

O p ercu rso q u e levaria a esse objetivo seria aberto, u m a d écad a m ais tard e, p elas ações m u it as vezes in d ivid u ais o u d e gru p o s p ro fissio n ais, em co n t ext o s esp ecífico s. Nu m a in esp erad a com bin ação, o in teresse d o ciru rgião Mário Kroeff p ela eletrociru rgia, su a cap a-cid ad e em p reen d ed o ra e o co n t ext o favo rável – d et erm in ad o p ela su a p ro xim id ad e d o gru p o alçad o ao p od er p olítico com Getú lio Vargas e p elo in teresse d a d itad u ra vargu ista em se a p ro x im a r d a Alem a n h a –, p o ssib ilit a ria o su rgim en t o d a in st it u içã o q u e se tran sform aria n o cen tro irrad iad or d a p olítica d o cân cer n o p aís. A eletrociru rgia – técn ica já em desu so n os p aíses eu rop eu s – foi o in stru m en to q u e facilitaria a Kroeff o recon h e-cim en to n ecessário p ara p ôr em p rática su a em p reitad a.

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com u n id ad e d e esp ecialistas, a can cerologia brasileira e as p olíticas p ú blicas n o setor iriam com eçar a se in stitu cion alizar.

O in ício d a segu n d a m etad e d o sécu lo XX m arcaria u m gran d e d esen volvim en to d a can cerologia n o p aís. A am p liação d o n ú m ero d e in stitu ições vin cu lad as à CNCC, o d esen -volvim en to d as cam p an h as ed u cativas, a m aior atu alização d a tecn ologia d e d iagn óstico e tratam en to, o fortalecim en to do cam p o p or m eio da atu ação p rofission al em con gressos, p eriódicos e sociedades são elem en tos facilm en te visíveis ao observador do p eríodo. Gran de p arte d esse p rocesso teria com o p rotagon ista o In stitu to d e Cân cer. De seu s q u ad ros, e tam bém dos cu rsos q u e organ izava, sairiam os p rofission ais d irigen tes do SNC, coord en a-d ores a-d as p olíticas p ú blicas em relação à a-d oen ça, assim com o os q u e colocariam em m arch a as revistas, sociedad es e p ós-grad u ações n o cam p o d a can cerologia.

NOTAS

1 Refiro -m e ao In st it u t o Bact erio ló gico d e São Pau lo , In st it u t o Past eu r d e São Pau lo e In st it u t o So ro t eráp ico

Fed eral, h o je Fu n d ação O swald o Cru z.

2 Ed u ard o Rab ello fo i ch efe d o Serviço d e Do en ças d a Pele e Sífilis, d a Po liclín ica d e Bo t afo go , p ro fesso r

d a cát ed ra d e Derm at o lo gia e Sifilo grafia d a Facu ld ad e d e Med icin a d o Rio d e Jan eiro e u m d o s fu n d ad o res e secret ário d a So cied ad e Brasileira d e Derm at o lo gia e Sifilo grafia em seu s p rim eiro s an o s, vin d o a o cu p ar su a p resid ên cia em 1925 (Rab ello , 1974).

3 O m elh o r exem p lo d essa at ivid ad e d iz resp eit o às p esq u isas e at ivid ad es t erap êu t icas d esen vo lvid as p elo

m éd ico A. Agu in aga, d o Serviço d e G in eco lo gia d o H o sp it al São Fran cisco d e Assis. Ele fo i u m d o s p io n eiro s, n o Brasil, n a u t ilização d a rad io t erap ia n o t rat am en t o d e cân cer d e co lo d o ú t ero . Além d isso , efet u o u d iversas p esq u isas so b re o assu n t o e ain d a em 1925 p u b lico u u m livro so b re o t em a. To d o o seu t rab alh o t in h a co m o b ase a u t ilização d as ap arelh agen s d o In st it u t o d e Rad io lo gia (Agu in aga, 1925).

4 O d esin t eresse d a In sp et o ria p elo cân cer fo i t am an h o q u e, a p art ir d e 1927, at é o n o m e d a d o en ça

d eixaria d e ser u sad o em su as co m u n icaçõ es o ficiais, fazen d o -se a in st it u ição co n h ecid a ap en as p o r su a ação em relação à lep ra e às d o en ças ven éreas.

5 Em 1930 u m go lp e d e Est ad o alçara o líd er p o lít ico e gaú ch o Get ú lio Vargas à Presid ên cia d a Rep ú b lica.

Já n o p rim eiro an o d e seu go vern o fo i criad o u m m in ist ério en glo b an d o saú d e e ed u cação . No p erío d o em q u e fo i realizad o o Co n gresso , o Min ist ério d a Ed u cação e Saú d e Pú b lica, so b a d ireção d e Gu st avo Cap an em a, co m eçava a d eslan ch ar e co lo cava em m arch a u m a p o lít ica cen t ralizad o ra q u e o b jet ivava am p liar su a ação em relação a d iversas d o en ças, in clu sive o cân cer. O Dep art am en t o Nacio n al d e Saú d e Pú b lica era a seção resp o n sável p o r t o d as as açõ es n o cam p o d a saú d e. So b re as co n cep çõ es d e saú d e n o p erío d o , ver Fo n seca, 2007.

6 A eletrocau terização ou eletrociru rgia é u m a técn ica ain d a h oje u tilizad a em d iversas esp ecialid ad es cirú

r-gicas. O p roced im en to se baseia n a u tilização d e u m bistu ri elétrico, q u e tran sm ite in ten so calor aos tecid os.

7 Pru d en t e elab o ro u as p rim eiras p ro p o st as p ara a criação d e u m a p o lít ica est ad u al p ara o co n t ro le d a

d o en ça em São Pau lo , em 1934. Co m o vim o s, t am b ém fo i o resp o n sável p ela criação d a Asso ciação Pau list a Co n t ra o Cân cer. Graças a gran d es cam p an h as d e arrecad ação d e fu n d o s, co n segu iu fu n d ar em 1953 o Ho sp it al A.C. Cam argo p ara o t rat am en t o d o cân cer. An t o n io Pru d en t e p o r d u as vezes o cu p o u o cargo d e d iret o r d o Serviço Nacio n al d e Cân cer d o Min ist ério d a Saú d e (Teixeira, Fo n seca, 2007).

8 O s m éd ico s An t o n io Pru d en t e, Ro xo No b re, Ugo Pin h eiro Gu im arães e Barro s Barret o fo ram co n t rário s

às p ro p o siçõ es d e Kro eff. En t en d iam q u e o p rin cip al era q u e a p o p u lação d as regiõ es m ais d ist an t es p u d esse co n t ar co m m éd ico s cap azes d e realizar o d iagn ó st ico d a d o en ça, en vian d o o p acien t e p ara cen t ro s cap azes d e t rat á-lo (co n fo rm e an ais d o Prim eiro Co n gresso Brasileiro d e Cân cer, v.2, 1937).

9 So b re as d iscu ssõ es acerca d a eficácia d a rad io t erap ia e a u t ilização ad eq u ad a d a elet ro ciru rgia, ver as

at as d as d iscu ssõ es o co rrid as n o Prim eiro Co n gresso Brasileiro d e Cân cer, em 1937.

10 Além d a am izad e d e d iverso s p o lít ico s gaú ch o s q u e se ap ro xim aram d o p o d er n o go vern o Vargas,

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11 Nas p alavras d e Kro eff (1971, p .203), “vale a p en a exp licar em q u e co n d içõ es o s p o d eres p ú b ico s

reso lveram fu n d ar o serviço : o m in ist ro d a Fazen d a [O swald o Aran h a] era m eu am igo lá d o Rio Gran d e. Viera co m a Revo lu ção d e 30. Vo lt an d o -se p ara seu s au xiliares, d et erm in o u : ‘p o n h a n a cau d a d o o rçam en t o a verb a d e 150 co n t o s, assim o Kro eff so ssega’”.

1 2 O ciru rgião Alb ert o C o u t in h o , p ro fesso r d a Facu ld ad e d e M ed icin a e an t igo co lega d e Kro eff n a

en ferm aria d a San t a Casa d a Misericó rd ia, fo i en carregad o d e ch efiar a seção d e ciru rgia; Man o el d e Ab reu seria resp o n sá vel p elo serviço d e ra io s X; Sérgio d e Ba rro s Azeved o o rga n iza ria o s est u d o s ep id em io ló gico s so b re o cân cer; Am ad eu Fialh o d irigiria o Lab o rat ó rio d e An at o m ia Pat o ló gica; Jo sé Ju lio Velh o d a Silva seria o resp o n sável p elo s serviço s clín ico s; Frid a Ru h em an n , p elo co rp o d e en ferm eiras; e cab eria a Ed u ard o Vilela o serviço d e rad io t erap ia, criad o p o st erio rm en t e (Kro eff, 1947).

13 A p art ir d a refo rm a o co rrid a n o in ício d e 1937, o Min ist ério d a Ed u cação e Saú d e Pú b lica p asso u a

d en o m in ar-se Min ist ério d a Ed u cação e Saú d e e am p lio u a cen t ralização d e su as at ivid ad es. O s p rim eiro s serviço s criad o s em seu âm b it o fo ram o Serviço Nacio n al d a Feb re Am arela e o Serviço d e Malária d o N o rd est e, a m b o s em co la b o ra çã o co m a Fu n d a çã o Ro ckefeller, q u e já vin h a a t u a n d o em a çõ es d e co n t ro le d essas d o en ças n o p aís. So b re a co n fo rm ação e at u ação d a saú d e p ú b lica n a era Vargas, ver Fo n seca, 2007.

14 O d ecret o -lei 3.171 (Brasil, 2 ab r. 1941) reest ru t u ro u o Dep art am en t o Nacio n al d e Saú d e Pú b lica, q u e

p asso u a co n t ar co m as d ivisõ es d e O rgan ização San it ária e d e O rgan ização H o sp it alar; o In st it u t o O svald o Cru z e o s Serviço s n acio n ais d e Lep ra; d e Tu b ercu lo se; d e Feb re Am arela; d e Malária; d e Pest e; d e Do en ças Men t ais; d e Ed u cação San it ária; d e Fiscalização d a Med icin a; d e Saú d e d o s Po rt o s; d e Águ as e Esgo t o s; d e Bio est at íst ica; set e Delegacias Fed erais d e Saú d e e o serviço d e Ad m in ist ração .

15 Para ch efes d e serviço fo ram co n vid ad o s o s m éd ico s Sérgio Lim a d e Barro s Azeved o e Alb ert o Lim a d e

Mo raes Co u t in h o . O In st it u t o t am b ém co n t ava co m 11 m éd ico s assist en t es: Lu is Carlo s d e O liveira Ju n io r, Jo rge Marsillac Mo t t a, Egb ert o Pen id o Bu rn ier, O so lan o Mach ad o , Jo ão Bran cro ft Vian n a, Evarist o Net t o Jr., Tu ríb io Braz, Fran cisco Fialh o , Mo acir d o s San t o s Silva, An t o n io Pin t o Vieira, Am ad o r Co rreia Cam p o s. Mu it o s d esses p io n eiro s cu m p riram u m a lo n ga carreira n o cam p o d a can cero lo gia, vin d o a se t ran sfo rm ar n o s p rin cip ais at o res d o p ro cesso d e in st it u cio n alização d essa área, t an t o n o q u e co n cern e ao seu lad o acad êm ico , co m o em relação às p o lít icas d e saú d e.

16 No m esm o an o em q u e o In st it u t o o cu p o u o Ho sp it al Gafreé Gu in le, o en t ão p refeit o d o Dist rit o

Fed eral, Filad élfio d e Azeved o (irm ão d e Sérgio d e Azeved o , ch efe d a seção d e p esq u isas d o SNC), ced eu à Un ião u m t erren o d a Prefeit u ra, n a Praça d a Cru z verm elh a, a ser u t ilizad o p ara a co n st ru ção d e u m a sed e d efin it iva p ara o SNC (Carvalh o , 2006).

17 Desen vo lveram at ivid ad es t em p o rárias n o SNC o can cero lo gist a argen t in o An gel Ro ffo , em 1945; o

fran cês An t o in e Lacassagn e, em 1948; a in glesa Margaret To d d , em 1948; e o au st ríaco Pau l Wern er, em 1950 (Carvalh o , 2006).

18 O s relat ó rio s d o SNC, veicu lad o s n o p erió d ico Arquivos de Higiene (1945-1948) ap resen t am o s segu in t es

d ad o s relacio n ad o s a o rçam en t o : 1944, Cr$2.476.000; 1945, Cr$2.738.000; 1946, Cr$2.833.000; 1947, Cr$3.842.000. Não co n segu i o b t er o s d ad o s referen t es ao p erío d o p o st erio r. O d ecret o 35.408 (Brasil, 28 ab r. 1954) d et erm in ava q u e 38% d o valo r t o t al d est in ad o ao SNC d everiam ser u t ilizad o s n a co n st ru ção d a n o va sed e d o In st it u t o d e Cân cer.

19 A p art ir d o s an o s 1960, a RBC m o d ifico u su a lin h a ed it o rial e ad o t o u u m a p ro gressiva esp ecialização

n o cam p o d a o n co lo gia. En q u an t o n o s an o s 1940 e 1950 eram freq u en t es o s art igo s so b re o rgan ização d o s serviço s relacio n ad o s ao cân cer e à p o lít ica m ais geral d o Est ad o n esse cam p o , a p art ir d o s an o s 1960 o s art igo s cien t ífico s fo ram se t o rn an d o m u it o m ais n u m ero so s. M esm o assim , a revist a co n t in u o u p u b lican d o algu n s p o u co s est u d o s d e carát er h ist ó rico , cu jo o b jet ivo era refo rçar a id en t id ad e d o s t écn ico s d o SNC p o r m eio d a glo rificação d e seu s feit o s in iciais (Teixeira, Fo n seca, 2007).

20 Presid en t es d a SBC: Mario Kro eff (RJ), 1946 a 1950; Jo rge d e Marsillac (RJ), 1946 a 1950; Alb ert o Lim a

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REFERÊNCIAS

AG U IN AG A, A.

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Referências

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