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Uma contribuição ao debate sobre as relações saúde e trabalho.

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Academic year: 2017

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Uma contribuição ao debate sobre

as relações saúde e trabalho

Contributions for a debate on the health

and work relationships

1 Departamento de Medicina Preventiva e Social da Universidade Federal de Minas Gerais. Av. Alfredo Balena 190/8.009, Bairro Santa Efigênia, 30130-100, Belo Horizonte MG. adavila@medicina.ufmg.br Ada Ávila Assunção 1

Abstract This study aim s to present theoret-ical and m ethodologtheoret-ical principles of research about health problems that are marked by mu-tations in work processes. In order to reach its goal, this article present results of recent re-searches about the health and work relation-ship that observed the effects of work m utations from the perspective of workers’ com -plaints and the will to face daily life. T he re-sults from these studies reveals an illness process among workers with unspecific complaints and bring about the interest in the ethnographic approach and in the work ergonom ic analysis. Traditional approaches to the them e are criti-cized and the author envisages the possibility of articulating disciplines in order to solve im -passes posed by classic approaches

Key wo rds Health, W ork, Ergonom ics, Pro-ductive reorganization

Resu m o O objetivo é apresentar os pressu-postos teórico-m etodológicos das investigações sobre problem as de saúde atuais m arcados pelas m utações nos processos de trabalho em curso. Para isso, o artigo apresenta os resulta-dos de algum as pesquisas recentes realizadas no cam po de estudo das relações saúde e tra-balho que observam os efeitos das mutações do trabalho, a partir das queixas que os traba-lhadores vêm apresentando no que diz respeito à sua saúde e disposição para o enfrentam en-to cotidiano. Os resultados dos estudos descrien-tos perm item visualizar um quadro de adoeci-mento dos trabalhadores em que as queixas são inespecíficas e suscitam o interesse pela abor-dagem da etnografia e pela m etodologia da análise ergonôm ica do trabalho. As aborda-gens tradicionais são criticadas e o autor vis-lum bra a possibilidade de articular as disci-plinas, a fim de resolver im passes colocados pelas abordagens clássicas.

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Introdução

Na tentativa de abranger os fenômenos complexos que envolvem as dim ensões hum anas im -plicadas no trabalho, o ponto de vista que orien-ta a análise dos resulorien-tados empíricos apresenorien-ta- apresenta-dos neste artigo entende a saúde para além da concepção de ausência de doenças, expandindo para os aspectos econômicos, sociais e psicoló-gicos.

O artigo descreve os cenários contemporâ-n eos dos sicontemporâ-n tom as m órbidos dos trabalhado-res in vestigados. São apresen tados resultados de pesquisas de cam po que têm a atividade de trabalhocomo noção orientadora. Para a esco-la de ergonomia francesa, atividade de trabalho designa a maneira do ser humano mobilizar as su as capacidades para atin gir os objetivos da produção. Tem-se como pressuposto que o tra-balho convoca o corpo inteiro e a inteligência para enfrentar o que não é dado pela estrutura técnico-organizacional, configurando-se como um dos espaços de vida determinantes na cons-trução e na desconscons-trução da saúde (Assunção, 1998).

Não é dem ais afirm ar que a proposição de desen volver os con ceitos e m étodos da ergo-n om ia ergo-n o cam po da saúde do trabalhador es-barra em suas carências epistem ológicas acer-ca dos fu n dam en tos m etodológicos qu e su s-tentam as suas pesquisas ao tempo que contri-bui para contorná-las, pois fornecem elem en-tos sobre o trabalho, os trabalhadores e a saú-de. Criar novas abordagens é parte de um pro-cesso que pretende contribuir para as práticas preventivas dos danos à saúde relacionados ao trabalho e abre as vias para form ulações futu-ras mais complexas.

Os processos investigatórios em curso for-n ecem , efor-n tre outros, os resultados apresefor-n ta-dos ao longo deste artigo que permitiram ava-liar criticam ente diferentes estratégias para se estudar as relações saúde e trabalho. A princi-pal crítica se dirige à insistência dos autores em tentar encontrar no perfil dos diagnósticos mé-dicos guiados pela Classificação Internacional das Doenças (CID-10), associações claras com as condições de trabalho. Ora, os sintomas nem sem pre são específicos, adem ais se referem à com plexidade psicofisiológica dos seres h u -m an os e à din a-m icidade das situações de tra-balho (Teiger & Laville, 1989); inútil, portanto, procurar associações óbvias entre os diagnósti-cos prevalentes da CID-10 e o trabalho.

O contexto dos problemas de saúde dos trabalhadores

A realidade atual vem exigin do dos pesquisa-dores envolvidos com a temática da saúde maio-res esforços para compreender as mudanças re-centes, pois o m odo de as pessoas fazerem uso de suas capacidades físicas, cognitivas e afetivas para produzir foi transformado.

A organização do trabalho, ao atingir o indi-víduo, m odifica a sua m aneira de enfrentar os riscos e traz efeitos sobre a saúde ainda não per-feitamente conhecidos ou dimensionados.

Enfrentam -se teoricam ente e na prática as m anifestações de saúde que é alterada no seio da sociedade devido aos efeitos da desigualda-de da distribuição dos bens produzidos, à aquisição de um a m ultiplicidade de con hecim en -tos e de erros, às possibilidades de domínio dos territórios e comportamentos e ao choque con-tínuo dos conflitos.

A saú de dos trabalhadores é alterada n o contexto da reestruturação produtiva que de-r iva de um am bien te social, político e econ ô-mico marcado pelas crises dos anos 60 e 70. As em presas com eçam a se reestru tu rar n ão so-m ente pelo acirraso-m ento da concorrência, so-m as tam bém por con flitos sociais relacion ados às formas tradicionais de organização do trabalho e da produção. A m aior integração e flexibili-dade das em presas surge com o um a form a de reagir à crise social e de aumentar a produtivi-dade num mercado instável (Antunes, 2001).

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-dadas pelo m ercado. Ao con trário do m odelo fordista de produção em série, voltada para o consumo de massa, demandando grandes esto-ques, o momento atual supõe formas mais fle-xíveis de organização e de gestão do trabalho.

A rígida divisão das tarefas, característica marcante do fordismo, vem cedendo lugar, mas sem desaparecer completamente, a formas ho-rizontais e aparentem ente m ais autônom as de organização do trabalho que, no entanto, possi-bilitam a intensificação da exploração do traba-lho (Castels, 1999).

Os trabalhadores do setor de serviços, da indústria ou inseridos na ponta da geração das tecn ologias da in form ação e com un icação, se ressentem dos prazos indevidos para entregar os produtos planejados (Abrahão, 2000). Dessa forma, cria-se um ambiente em que as pessoas só se encontram para resolver conflitos entre o sistema e as necessidades do cliente, entre o sis-tem a e a m áquina, porque não há espaço para o diálogo e as vivências humanas... Assim sendo, a divisão do trabalho term in a por en gen -drar form as sofisticadas de com petição en tre as pessoas.

Além da flexibilização da produção e da sua gestão, as relações de emprego também são fle-xibilizadas à medida que passam a ser entendi-das como a possibilidade de se contratar traba-lhadores sem os ônus advindos da legislação do trabalho, a qual consolidou ao longo das últi-m as qu atro décadas, direitos e garan tias últi-m í-n im as, com o 13osalário, férias, FGTS, en tre

outros.

Na atualidade, criou-se um movimento con-siderado processo de precarização do trabalho, por im plicar m udanças nas relações de traba-lho, incluindo as condições de realização, e nas relações de em prego que apontam para m aior in stabilidade e in segu ran ça para os trabalha-dores. O processo em curso pode estar ocor-rendo pela constatação de que, hoje, m ais que em qualquer m om ento do passado, é possível o crescim ento econôm ico sem a am pliação do núm ero de em pregos. Para alguns autores co-mo Castel (1997) tal evidência contribuiu para o acirram ento das desigualdades sociais no fi-nal do século 20, com importantes conseqüên-cias nos ambientes de trabalho.

O referido processo de precarização do tra-balho caracteriza-se, ainda, por uma forte seg-m entação do seg-m ercado produtivo, iseg-m plicando u m fracion am en to da oferta de em pregos e suas condições de realização, que variam desde os cenários fortem ente “tecnologizados” às

si-tuações m ais rudim entares de trabalho. Cate-gorias profission ais que se pen savam estáveis e permanentes até há bem pouco tempo vêemse am eaçadas de extinção à m edida que o em -prego de novas tecnologias no processo produ-tivo tem substituído a força de trabalho huma-na por máquihuma-nas e que a terceirização tem per-mitido outras formas de contratação que subs-tituem o emprego formal, regulamentado e re-lativamente estável (Antunes, 2003).

No plano social, as mutações nos processos produtivos forjam um a n ova realidade para a organ ização dos trabalhadores: desen ham -se form as veladas de resistência e/ou subm issão, m u itas vezes isoladas e in dividu alizadas, dos trabalhadores às condições de trabalho impos-tas (Bernardo, 1991; Oliveira, 1992). A organi-zação sindical, incluindo as Organizações por Local de Trabalho (OLT), está fraturada e divi-dida pelos próprios antagonism os que provo-cam a precarização (Castel, 1997).

O processo de reestruturação capitalista mo-difica as condições de trabalho no que diz res-peito às suas formas de organização e controle, im plicando novos ritm os, m uitas vezes deter-minados pela demanda externa do comprador e exigências com relação à formação dos traba-lhadores e sua disciplina no local de trabalho.

No plano econômico, a empresa não é mais organizada no interior dos limites políticos do Estado onde se encontra a sua sede, pois os sis-tem as de in form ação "perm itiram o con trole do processo a partir de um ponto central e pra-ticamente em tempo real" (Hobsbawm, 2000). Os m ercados ficaram diversificados e o ritm o de tran sform ação tecn ológica torn ou obsole-tos os equipam entos de produção com apenas uma função.

Nota-se tam bém u m a m u dan ça n o perfil da força de trabalho. Com o assin ala Oliveira (2000), as tecnologias de gestão e organização do trabalho em ergentes têm exigido trabalha-dores polivalentes, o que implica novos desafios para os mesmos pois não contam com o supor-te social, como será exemplificado adiansupor-te.

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ponto m áxim o, dobrando as pessoas, sem , no en -tanto, oferecer-lhes as chances para recupera-ção ao estado inicial.

Os limites das abordagens clássicas para identificar e compreender os sintomas

As abordagen s n o cam po da saúde e trabalho trouxeram con tribuições sobre a distribuição das doen ças n as populações com o reveladora das desigualdades sociais. No século 19, Viller-mé, na França, analisou as taxas de mortalida-de m ostran do relações en tre as con dições mortalida-de vida das classes sociais em diferen tes bairros de Paris e o perfil de adoecim en to desses ex-tratos sociais. En gels, tam bém n o sécu lo 19, faz um a descrição detalhada das condições de vida da classe operária na Inglaterra, associan-do o perfil de m orbi-m ortalidade da popu la-ção aos efeitos da in du strializala-ção n aqu ele país. Esses dois estudos marcam o nascimento da epidem iologia social, em bora os an tigos já tivessem elaborado modelos clínicos que frisa-vam a im portân cia da in vestigação, en tre ou-tros, dos m odos de vida dos seu s pacien tes, a fim de com preen der as su as qu eixas (Gorn y, 1991).

As abordagen s tradicion ais da saúde ocu -pacion al já foram objeto de críticas oriu n das de várias disciplinas que ressaltam a insuficiên-cia de sua prática e dos modelos teóricos diante das determ in ações sociais do processo saúde-doença (Breilh, 1991; Laurell & Noriega, 1989; Tambellini, 1978). Retomar as críticas nesse ní-vel geral fugiria aos propósitos do artigo. No entanto, cabe suscitar o debate, explicitado por Assun ção & Lim a (2003), sobre as in suficiên -cias dos m odelos tradicion ais n a form a com o se entende a relação trabalhador-fator de risco e com o essa relação é apreendida nas técnicas de análise empregadas.

Os profission ais se deparam , freqüen te-mente, com as suas tentativas frustradas em es-tabelecer um perfil de morbidade coerente com as queixas dos trabalhadores relacionadas, por exemplo, ao desconforto do posto de trabalho, à sensação de esgotamento, ou às perturbações n a vida fam iliar. Ou seja, o estudo da relação risco-doença é frutífero quando se trata de fa-tores específicos, mas grande parte dos proble-mas de saúde ligados ao trabalho não é especí-fica. Não sen do claram en te associadas aos fa-tores de risco, as queixas geradas nas situações

de hipersolicitação dos corpos e da in iciativa são pouco valorizadas.

As n oções de exposição aos fatores de ris-co fundam-se sobre a idéia do trabalho prescri-to e terminam por realizar um análise crua dos riscos ao in vés de con siderar a variabilidade in dustrial e dos serviços prestados, a qual pode ser determinante da penosidade da situação de trabalho e do adoecimento.

O interesse exclusivo pela morbidade pode im pedir a iden tificação das com petên cias dos trabalhadores construídas ao longo da experi-ência que, por vezes, tem o objetivo de evitar os riscos do sistem a técnico-organizacional (Cru & Volkoff, 1996; Dejours et al. 1994).

As in su ficiên cias das abordagen s pratica-das não ajudam a evitar o cam po fértil para as hipóteses preconceituosas sobre o ser humano: o problema seria a falta de motivação ou exces-so de submissão para o trabalho que podem ter relação com a m ais rem ota infância do sujeito (sem m encionar o peso do trabalho no desen-cadeam en to dos sin tom as), ou, en tão, aquele não seria o ser hum ano apropriado à situação de trabalho em questão.

Os resultados das pesquisas em epidem io-logia ocu pacion al orien tam a elaboração dos índices para os limites de exposição a partir de uma média. Mas os sintomas são diferentes de um indivíduo a outro, e além disto a exposição vai depen der tam bém da m an eira com o o in -divíduo pode realizar o seu trabalho. Por exem-plo, o risco de câncer de pulmão é ligado à ex-posição acumulada às fibras de amianto, mas é tam bém verdade que certos trabalhadores ex-postos não apresentarão o efeito provável (As-sunção & Lima, 2003).

Critican do os m odelos an teriores que co-locam no mesmo plano o agente, o hospedeiro e am bien te (quan do ele é con siderado), duas vias aparecem com força no cenário científico: a epidem iologia social e o espaço geográfico. Essas vias surgem para “tentar integrar o bioló-gico ao não biolóbioló-gico” (Paim, 1997, apudSilva, 1985), esboçando recentemente a operacionalização da categoria espaço nos estudos de con -dições de vida e saúde.

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No Brasil, ain da n a década de 1980 e in ício dos anos 90, o movimento sindical organizado em torno da Central Única dos Trabalhadores adotou o Mapa de Risco nas discussões sobre a saúde do trabalhador. Desse ponto de vista, o modelo prestou importante contribuição à dis-cussão sobre saúde do trabalhador brasileiro. Contudo, como ressalta Lima (2001), mostrou-se insuficiente e inadequado para uma aborda-gem das relações saúde e trabalho que contem-plasse não só as determ inações sociais do tra-balho, m as tam bém as estratégias construídas pelos trabalhadores no interior do processo de trabalho (Abrahão et al., 2003).

Da forma como vem sendo utilizado, o mo-delo operário italian o é redu zido ao seu in s-tru m ento, negando toda a m etodologia para a qual foi previsto, é hoje o símbolo maior do fe-tiche da consciência do risco, como se a regula-ção do comportamento decorresse direta e uni-cam en te da con sciên cia dos in divídu os. As-sim , o Mapa de Risco no Brasil acabou se tor-nando um instrumento burocrático e um sim-ples meio de comunicação que enfeita paredes de escritórios e galpões in du striais, aos qu ais n in gu ém m ais presta aten ção e n em poderia prestar, tão atarefados estão com a produção. Mais ainda, o Mapa de Risco reflete um prin -cípio cartesian o-racion alista extrem ado: to-dos os riscos podem ser identificados, quantifi-cados, classificados e localizados fisicam en te n o am bien te de trabalho. Não se con sideram , com o ilu stram as pesqu isas de De la Garza & Weill-Fassina (1995) e Almeida (2003), as inte-rações entre os riscos, que podem potencializar as condições acidentogênicas.

No geral, as abordagens dos fenôm enos de saúde relacion ados ao trabalho citadas con ti-nuam freqüentemente assentadas sobre a idéia de um a passividade dos trabalhadores face às condições de trabalho adversas. Os problem as de saúde ocupacional podem, todavia, ser ana-lisados sob um novo ângulo, se consideramos, com o sugerem Assun ção & Lim a (2003), que, em uma situação de trabalho, a nocividade está presente quando a organização do trabalho di-minui as possibilidades do trabalhador evitar a exposição ao fator de risco (formalmente reco-n hecido ou reco-n ão), por exem plo, ao im por um quadro tem poral rígido para a realização das tarefas ou negligenciar o investimento dos tra-balhadores para com pen sar os desequilíbrios das situações.

Resultados

A procura de medicamentos psicotrópicos nas em presas de processam ento de dados perm ite discutir o valor das queixas consideradas ines-pecíficas, não apreendidas pelas abordagens dicionais, na investigação das condições de tra-balho, tendo com o hipótese a sua relação com o adoecimento dos trabalhadores.

No caso descrito a seguir, a organ ização sindical indaga sobre um a possível associação en tre a prevalên cia de uso dos m edicam en tos citados com o desem prego tecnológico ou de-semprego interno em uma grande empresa na-cional de processam ento de dados, referindose aos trabalhadores que perm anecem na em -presa sem terem o que fazer. Na investigação, o gerente de produção verbaliza: o nosso call-cen-ter possui 50 trabalhadores, m as em breve fun-cionará com cinco... isso ainda não foi feito só porque falta recurso para im plantar a nova tec-nologia... você vê, às vezes, a falta de recursos até ajuda. O geren te queria dizer que o trabalho ainda sobrevive porque não houve recursos su-ficientes para dizimá-lo. O seu discurso expres-sava o problem a que atinge a saúde dos traba-lhadores da in form ática derivado da in serção da tecnologia em um am biente de fortes desi-gualdades sociais, que ameaça constantemente o emprego, fragiliza e deteriora o trabalho, ge-ran do fon tes de an gústia (Assun ção & Souza, 2001).

Na entrevista de explicitação, a trabalhado-ra da em presa responde à questão com o o seu corpo sen te o trabalho, m ostran do os efeitos que implicam tanto a dimensão física quanto a dim en são psíquica. Ela verbaliza: dores horrí-veis, inchaço nas m ãos e pernas, sensação de agulhas enfiadas nos om bros e coluna, conflito interior em superar as dores para executar o tra-balho(Fen adados, 2003). O con teú do do de-poim en to retorn a ao registro de prevalên cia aumentada de demandas por psicotrópicos no serviço m édico da em presa, a qu al preten de enxugar o efetivo. Os resultados da investiga-ção colocam em xeque a abordagem da m edi-cin a do trabalh o qu e procu rava explicar os sintom as depressivos e os distúrbios de ansie-dade exclusivam ente pela história de vida dos sujeitos.

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-fun de trabalho repetitivo com trabalho auto-matizado e reforça o mito do trabalho essenci-almente manual.

O caso das posturas estáticas dos trabalha-dores de um a indústria de jóias resultantes da tarefa de fabricar anéis, brincos e alianças que exige m ovim en tos precisos e con trolados das extremidades dos membros superiores, permi-te discutir a postura de trabalho não como ob-jeto de idiossin crasias pessoais, n os term os propostos por Lima (2001), mas como resulta-do resulta-do planejam ento da ação que opera em ní-veis cognitivos. Alves e Assunção (2002) m os-traram que é o tam anho da peça que explica a m aneira com o os indivíduos vão organizar os seus segmentos corporais. Por exemplo, em fle-xão cervical perm an en te para en xergar deta-lhes da peça (em sua maioria, muito pequenas) ao m esm o tem po em que é lapidada, o traba-lhador aproxim a sua cabeça para garantir m e-lhor foco (visível), intensificando a flexão. Os cinco com ponentes da atividade, m ovim entos precisos dos m em bros superiores, responsabilidade, atenção, m edo de errar e pressão tem -poral, aumentam a atividade muscular, fragili-zando o pressuposto clássico de que a organi-zação dos segm en tos corporais depen de so-m en te da von tade dos in divíduos, n a so-m aioria das vezes “mal-educados” ou “ignorantes” quan-to à postura correta. As medidas para o confor-to nos posconfor-tos de trabalho analisados devem ser elaboradas levan do-se em con ta as ações dos

trabalhadores, seus objetivos e im positivos do objeto trabalhado, no caso, de proporções pe-quenas, caro e bonito.

No setor de teleatendim ento, a análise que con sidera o trabalho repetitivo desvestido de sen tido n ão apreen de os fatores que estão n a origem das queixas de esgotam en to, pois uti-lizando-se de uma abordagem biomecânica di-rige-se unicamente aos efeitos musculo-esque-léticos, que nem sempre estão presentes e, nem por isso, a situação deixa de ser penosa. Assun-ção & Vilela (2002) descrevem o con trole ga-ran tido por m ecan ism os eletrôn icos qu e cal-cu lam em situação real o tempo de atendimen-to ao clien te, que servirá para outro cálculo o Tempo Médio de Atendimento (TMA), utiliza-do para a avaliação individual utiliza-do teleatenden-te. No setor de auxílio à lista, o TMA é de 25 se-gundos, de acordo com o prescrito pela empre-sa. Se o operador não encontrar a informação, deve dizer ao cliente que “Não consta”. Se exis-tem várias in form ações possíveis, o operador investiga, dialogando, qual seria a melhor para o cliente, mas sob economia de tempo.

Na em presa estudada, vê-se, pela figura 1, que apenas no mês de janeiro o conjunto de te-leoperadores n ão con seguiu, pela m édia esta-belecida, atingir a m eta de 25 segundos para o trato de uma ligação no setor de auxílio à lista. A perform an ce obtida tem u m cu sto físico e cognitivo, considerando que as dem andas são variadas e as con dições m ateriais de trabalho

Figura 1

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inadequadas (ruído, mobiliário, espaço físico). Alcançar a meta quase impossível significa res-ponder às exigências de qualidade em um qua-dro temporal incompatível. O dado indica o es-forço empreendido pelos trabalhadores para ga-rantir as m etas e pode estar associado às quei-xas de cansaço relatadas pois, apesar da exigüi-dade dos tempos, o operador consegue mobili-zar os conhecimentos estocados em sua memó-ria e tratar aquelas in form ações trazidas pelo cliente afobado e descontente.

O estudo concluiu que as situações são vi-venciadas com ansiedade e podem se associar a um com portam en to hiperacelerado que in vade a vida extratrabalho, con form e eviden -ciado por Le Gu illan t (1984). Da an álise dos resu ltados das en trevistas praticadas n o sin -d icato apreen -de-se que vem o “m e-do”, -dizem os trabalhadores, de não ter competência para resolver aquele problem a in édito (a m aioria dos problemas são inusitados); surge a dificul-dade em n ão dem on strar a su a irritabilidificul-dade face à grosseria do dem andante; vem a revolta por não ter sido selecionado para aquele curso que teria lhe forn ecido m eios para aprim orar as suas habilidades; nasce a raiva, pois sabe que todo o seu investim ento não será reconhecido pela hierarquia.

Assunção (2001) estudou o trabalho em um laboratório de análises clínicas e descreveu os ciclos repetitivos de trabalho, as exigências bio-m ecânicas ibio-m postas pelo bio-m obiliário e equipam en tos e a variabilidade da produção que in -terfere no ciclo básico (repetitivo), provocan-do nele uma instabilidade. No interior do ciclo, as operações exigem aten ção para n ão com e-ter erros na identificação das pipetas, em casos de envio de am ostras idênticas para pacientes homônimos e, em outros casos, em que vários exam es são solicitados de um a única am ostra, exigindo fracionamento do material com todo o cuidado necessário para evitar contato com as substâncias biológicas. Resum idam ente, além das exigên cias de m ovim en tos repetitivos, as tarefas caracterizam -se pelas su as exigên cias posturais estáticas, principalm ente envolven -do a musculatura cervical e dorsal, e exigências de atenção e concentração, pois, sendo o pro-duto final uma amostra biológica identificada, qualquer erro acarreta prejuízos importantes.

Notaram-se várias situações de contato com fluido corpóreo em que o risco originou-se da pressão temporal, pois o volume de amostras a serem tratadas e o tem po adequado para per-m anência fora da geladeira deterper-m inaper-m o

rit-m o erit-m que os rit-m ovirit-m en tos são realizados. É nessas situações que o trabalhador, ao efetuar rapidam en te, por exem plo, a retirada do in -vólucro da pipeta, surpreende-se com o jato de sangue ou urina contido no recipiente, poden-do atingir a sua pele e/ou mucosas.

Os resu ltados qu e explicam a origem da exposição aos riscos biológicos, desconhecida da organ ização form al do trabalho, só foram possíveis porque oriundos de uma investigação que tem como centro um modelo de ser huma-no pluridimensional que responde às variabili-dades da produção, contrariamente ao que pre-ten de a n oção de hom em da organ ização for-mal do trabalho.

O estudo das tarefas das auxiliares de enfer-m ageenfer-m eenfer-m uenfer-m banco de leite huenfer-m ano (BLH ) ten tan do com preen der as queixas de can saço físico geral e localizado nos membros superio-res dá visibilidade a um outro tipo de com po-n epo-n te da atividade: o afeto. O objetivo do se-tor é estim ular as m ães para que não utilizem alternativas da am am entação. As tarefas prin -cipais das fun cion árias do BLH são orden ha, orientação e tratamento das mães, atenção aos bebês, pasteurização e distribuição do leite aos bebês internados e registro dos dados e infor-mações pertinentes ao funcionamento do setor e do hospital (Assunção & Luz, 2001).

Viu-se, ao contrário da hipótese do serviço de medicina do trabalho que gerou a demanda do estudo ergonôm ico, que a ordenha m anual n ão era a atividade prin cipal. Na m aior parte do tempo, 30% da jornada, as funcionárias pro-curam orientar e acalmar as mães para que elas possam melhorar a relação com o bebê e com o aleitamento em si e conseguir o sucesso na lac-tação. As dificuldades externas em torno da vi-da vi-da m ãe repercu tem sobre a qu an tivi-dade e qualidade do aleitam en to, bem com o a saúde das mamas. As auxiliares, nesses casos, tranqüi-lizam e reduzem a ansiedade materna, a fim de contribuir no sucesso da lactação, e acalmam o lacten te, para que colabore. Quan do o bebê não reage ou reage mal, verifica se está sedado, se foi alim en tado com m am adeira ou lhe foi dado água ou se está agitado devido à fom e.

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adoecimen-to de outras en ferm eiras ou auxiliares, o que provoca mais absenteísmo... e sobrecarga para as funcionárias que com parecem ao trabalho.

Reduzir o trabalho das auxiliares de enfer-m ageenfer-m estudadas ao seu coenfer-m ponente bioenfer-m e-cânico seria injusto para o investimento de ca-da uma delas em responder às necessica-dades dos usuários do serviço e não explicaria as queixas de esgotamento.

Os exemplos citados permitem afirmar que, freqüentemente, é no imprevisto das situações de trabalho (pouco con hecidas dos organ iza-dores da produção) que se situa a explicação dos problemas de saúde. É essa a tese geral que orienta as investigações em curso, partindo da crítica de certos aspectos das abordagens tradi-cionais, a fim de estabelecer outros princípios de an álise da relação saúde-trabalho, in spira-dos na experiência spira-dos diferentes profissionais envolvidos presentes na II Conferência de Saú-de Ocupacional e Am biental em Salvador, em 2002.

Ainda voltado para a compreensão das quei-xas de cansaço e esgotam ento em algum as ca-tegorias profission ais, o estudo de Noron ha (2002) buscou, por m eio da an álise do traba-lho de um grupo de professoras do ensino fun-damental, em sala de aula, situar as práticas lo-calizadas no contexto m ais am plo da atual or-ganização do ensino, tentando identificar a ori-gem das queixas. Os resultados apresen tados perm item afirm ar que grande parte do tem po da professora em sala de aula é ocupado com o con trole, visan do dim in u ir a in disciplin a n a sala, gerando insatisfação para a professora in-vestigada (Noronha, op. cit.). A hipótese da au-tora discute a regulam entação expressa na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) sobre o trabalho dos professores e as reformas educacionais que não são acom pan hadas de um a efetiva adequação das con dições de trabalho ao perfil do alu n o nas escolas públicas da periferia, cada vez mais carente e violento.

Outro problem a de saúde atual que atrai cada vez m ais pesquisadores é a disfon ia pre-valen te em algum as categorias profission ais. Gon çalves (2003) in teressado em com preen -der a alta prevalência de disfonia entre as pro-fessoras, analisa o uso da voz em sala de aula e a sua relação com aspectos da organização do trabalho e da gestão escolar pública. As estraté-gias das professoras para economizar a solicita-ção das cordas vocais são descritas. O caso da um a professora é ilustrativo, pois ela m obiliza um recurso freqüente de não terminar as frases

para que os alun os as com pletem . Viu-se que ela evita fazer competição vocal com os alunos, e raram en te se dirige som en te a um grupo de alunos ou um aluno individualmente e preser-va o hábito de lepreser-var um a garrafinha com água para sala e bebê-la duran te a aula e aproveita os freqüentes “exercícios” durante as aulas de m atem ática, m om en tos em que alun os traba-lham sozin hos, para realizar o n ecessário re-pouso vocal. Ou seja, quando é possível, os tra-balhadores elaboram estratégias de preserva-ção da saúde.

Os resultados desse estudo permitem supor que nem todas as professoras conseguiram ela-borar e obter sucesso com as suas estratégias, pois se observou ou tra professora com qu ei-xa de problem as vocais apresentar poucos re-cursos de autoproteção vocal. No entanto, nas duas situações descritas, é possível localizar os elem entos da organização do trabalho que são determinantes da hipersolicitação vocal, como as normas rígidas para vencer o conteúdo pre-visto.

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de gás de cozin ha, garrafões de água m in eral, talões de cheques, m alotes de em presas, etc. Eles realizam também serviços de cunho buro-crático, com o: efetuam pagam en tos e depósi-tos; obtêm certidões negativas e “nada-consta” em repartições públicas e privadas.

Os resultados apontam que o modo opera-tório de risco im plem entado no trânsito pelos m otociclistas profission ais con stitui o últim o recu rso da categoria, n ão com o u m procem ento de rotina, procem as coprocem o forprocem a de ação di-ante de circunstâncias especiais relacionadas à organização do trabalho. A adoção de procedi-mentos que potencializam os riscos de aciden-tes é reconhecida pela categoria como efeito da organização do trabalho, e não uma necessida-de particular na busca necessida-de fortes emoções. Se as margens da organização do trabalho permitem, os m otociclistas profissionais tentam cum prir os objetivos estabelecidos pelo setor sustentan-do-se, como permitiu descrever a pesquisa rea-lizada, cen trada n a n oção de atividade de tra-balho, nas redes sociais solidárias, no planeja-m ento das rotas, no controle teplaneja-m poral das ta-refas, nas negociações das demandas de serviço com chefias e clientes.

Os pressupostos para futuras investigações

As categorias – saúde e trabalho – se referem a fen ôm en os que, por sua n atureza, são cam bi-antes. O uso do corpo no trabalho está associa-do a uma série de fenômenos de saúde, para os qu ais ain da tem os dado pou ca visibilidade e mínimas vias de transformação. Nos contornos da reestruturação produtiva, a desigualdade no interior dos processos de trabalho, imanente ao sistem a capitalista, assum e efeitos ain da n ão bem traduzidos, do seu m odelo de flexibiliza-ção, conforme discutido anteriormente.

Se as condições de trabalho hoje são sensi-velmente melhores que antigamente, numero-sos problem as se colocam e, m uitas vezes, de m an eira agu da. Mu itas das qu estões levan ta-das perten cem ao cam po da ação preven tiva, outros da pesquisa, se quisermos, em um esfor-ço de análise, dissociá-las. Mas o campo da saú-de do trabalhador se distancia da postura que favorece o acúm ulo de con hecim en tos já ad-quiridos sem avançar nas ações práticas. A ini-ciativa é de investigar objetos inexplorados ou aqueles que perm an ecem em suspen so, com o são exemplos os casos apresentados acima.

As relações saúde e trabalho não são anali-sadas basean do-se exclu sivam en te n os regis-tros m édicos, ou no perfil de adoecim ento ou nas taxas de absenteísmo originadas pelas esta-tísticas oficiais. Em bora os in dicadores dêem uma idéia do problema, há o risco de tornar te-m a te-m édico ute-m a questão social que deriva das condições de trabalho, e não das características estritam en te biológicas dos in divíduos. O so-frimento dos trabalhadores nem sempre é visí-vel ou objetivo como insistem algumas aborda-gens (Dejours et al., 1994). O efeito do trabalho sobre a saú de é m u itas vezes silen cioso e n ão apreendido pelo saber estritamente médico.

A abordagem proposta visa compreender o que se passa no trabalho, sem se deixar captu-rar pela idéia de que o responsável é a tecnolo-gia ou o progresso.

A n oção de con dições de trabalho está n o eixo da an álise dos problem as de saú de rela-t ados; ela design a as circu n srela-tân cias em qu e o trabalhador m obiliza as suas capacidades pa-ra obter os resultados almejados. Embora ada exista o mito do trabalho essencialmente in-telectual, trabalhar nos am bientes fortem ente tecnologizados sob restrição temporal só é pos-sível congelando o corpo, inibindo alguns dos seus m ovim en tos e hipersolicitan do a repeti-ções de outros (Sznelwar & Massetti, 2000). So-bre a in dividualização n o trabalho autom ati-zado, Carvalho (2002) sustenta que a atividade realizada por m eio das novas técnicas e sob as regras capitalistas de produção engendra efei-tos nos trabalhadores que são inédiefei-tos em sua form a e n a freqüên cia de sua ocorrên cia, tra-zendo mudanças no modo pelo qual as pessoas se individualizam , isto é, se constituem com o alguém perante os outros.

Os exemplos acima sobre a natureza do tra-balho repetitivo perm item con testar a idéia d om in an te n o sen so com um e, in felizm en te, para as práticas em saúde e seguran ça ocupa-cion al, de que o trabalho repetitivo é aquele que m obiliza os m em bros do corpo hum an o, dispen san do qualquer atividade m en tal. Nes-sa con cepção, trabalho repetitivo é sin ôn im o de trabalho autom atizado, onde as tarefas são realizadas sem qualquer mobilização da inteli-gência.

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todo trabalho, mesmo o que solicita gestos re-petitivos, só é possível graças à capacidade dos trabalhadores de constituir problemas, anteci-pá-los e tomar decisões em tempo real, inclusi-ve durante a realização de tarefas de curta du-ração que se repetem na unidade temporal. Em su m a, os resu ltados das pesqu isas ao identificarem o paradoxo entre gesto repetiti-vo e exigên cia de aten ção n o in terior de um curto ciclo de trabalho podem contribuir para a com preen são das queixas de saúde en tre os grupos expostos (Assunção, 2002).

Procura-se con struir um a abordagem ca-paz, com o sugere Morin (1995): “de reconhe-cer o singular, o individual, o concreto”, pois, n a con tem poran eidade, o desafio para a ação visan d o à m elh or ia d as con d ições d e t r aba-lh o pressupõe questionar a evolução do siste-m a produtivo, tentando cosiste-m preender as lógi-cas que originam a precarização do trabalho, a fim de desvelar as im plicações profundas para aqueles que sofrem as conseqüências dessas ló-gicas (Doniol-Shaw, 1993-94).

No espaço de trabalho, as exigên cias são contraditórias, m as os trabalhadores constro-em uma prática para contorná-las, que só é efi-caz, porque é rica em con hecim en tos. São os con hecim en tos que perm item respon der aos imprevistos no desenvolvimento, implantação e manutenção dos sistemas, e ainda gerir os ris-cos para a saúde.

Os gestores do capital são cônscios da im -portân cia do saber, m as n ão o valorizam ; ao contrário, adotam técnicas que infantilizam os funcionários, não reconhecem o investim ento pessoal para com pen sar a au sên cia da ferra-menta adequada e os tempos exíguos para tra-tar as necessidades dos clientes, como visto no caso dos teleatendentes.

A relação saúde e trabalho não diz respeito apenas ao adoecim ento, aos acidentes e ao so-frimento. Para os trabalhadores, a saúde é cons-truída no trabalho. Em primeiro lugar, porque ao conseguir os resultados desejados pela hie-rarquia, sem contar com as condições ideais, e ao dar conta das demandas complexas, inusita-das e não previstas, os trabalhadores reafirmam a sua auto-estima, desenvolvem as suas habili-dades, expressam as suas emoções, como no ca-so estudado do banco de leite humano.

Em segundo lugar, o trabalho é uma via para desen volver a person alidade. Relacion an -do-se com o outro por m eio do m aterial a ser tran sform ado, torn a-se possível con stituir os coletivos de trabalho, e os trabalhadores, aos

poucos, constroem a sua história e a identidade social (Assunção, 1998).

Em suma, para os trabalhadores, a constru-ção da saúde é a mobilizaconstru-ção consciente ou não das poten cialidades de adaptação do ser hu -m ano, per-mitindo-lhe interagir co-m o -meio de trabalho, lutando contra o sofrimento, contra a morte, as deficiências, as doenças e a tristeza.

O homem se distingue nitidamente do fun-cionamento dos sistemas técnicos com os quais ele se defronta, pois é um organismo vivo, per-petuamente em desenvolvimento. Isso quer di-zer que ele varia constantemente no tempo, que apren de e é m arcado perm an en tem en te pelas situações vivenciadas, que ajusta sua atividade a situações diferentes, dentro de certos limites, ligadas às próprias regras de fu n cion am en to biológico, fisiológico, perceptivo e mental.

Toda atividade predom in an tem en te física ou predom in an tem en te m en tal exercida pelo hom em tem repercussões sobre o seu estado funcional, o que im plica um custo psicofisio-lógico do trabalho, que pode se m anifestar de maneiras diversas a curto e a médio prazo: mu-dan ças do m odo operatório, fadiga, doen ças, aciden tes (Dan iellou et al., 1989; Abrahão, 2002).

Por outro lado, a variabilidade interindivi-dual é grande: o custo psicofisiológico, as mo-dalidades de execução deste trabalho são dife-rentes de um trabalhador para outro, e um mm o in divíduo n ão as cumm pre semm pre da mm es-ma es-maneira. Alguns encontram saídas para evi-tar o sofrimento e o adoecimento e protegem o seu tem po extralaboral, não levando para casa as marcas do trabalho, como foi citado no caso das professoras do ensino fundamental. Os fa-tores constitucionais, como sexo, idade, origem geográfica; os fatores ambientais, como forma-ção, aprendizagem , nutriforma-ção, tradições socio-culturais; e os fatores limitantes, por exemplo, a senescência, deficiências e hábitos alim enta-res irregulaenta-res, interferem na maneira de fazer o trabalho e de reagir aos agentes agressores. O indivíduo-padrão não existe e, tampouco, a ta-refa-padrão da organização científica do traba-lho (Wisner & Marcelin, 1971).

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situa-ção de trabalho: a m atéria-prim a não é forne-cida a tem po ou na qualidade desejada; as fer-ram entas se desgastam , as m áquinas se desre-gulam ou quebram ; colegas faltam ou entram novatos na equipe; os m odelos de produtos se modificam; etc.

Mesm o se todos esses parâm etros fossem controlados e m antidos dentro de m argens de segurança aceitáveis, ainda assim haveria algo que sempre muda, o próprio trabalhador: hoje está m ais cansado do que ontem , não dorm iu direito, está preocupado com a falta de dinhei-ro, neste ano está mais velho do que no ano an-terior, mas também mais experiente, aprendeu com o fazer essa m ontagem que era considera-da difícil, desenvolveu mais uma habiliconsidera-dade etc. (Lim a, 2001). Com o afirm a o autor, lon ge de ser um conjunto de regras conhecidas de ante-m ão, a atividade é uante-m conjunto de regulações contextualizadas, no qual tomam parte tanto a variabilidade do am bien te quan to a variabili-dade própria ao trabalhador. Por isso, para se en ten der o que é o trabalho de um a pessoa, é necessário observar e analisar o desenrolar de sua atividade em situações reais, em seu con -texto, procurando identificar tudo o que muda e faz o trabalhador tomar micro-decisões a fim de resolver os pequenos m as recorrentes pro-blemas do cotidiano da produção.

Nos am bientes de trabalho, as circunstân -cias em que o trabalhador se encontra para ope-rar são in coeren tes com os objetivos de qu a-lidade da produção e incom patíveis com suas características e necessidades humanas para re-alizar tarefas.

Existe um a idéia corrente de que as condi-ções de trabalho tal como elas se encontram são inevitáveis. É a m esm a ideologia neoliberal da in evitabilidade dos problem as sociais, vistos como “os custos do progresso”. Os empregado-res se sentem “feridos” quando as pesquisas ou os relatórios dos agen tes de in speção do n istério do Trabalho ou os in qu éritos do Mi-nistério Público evidenciam a origem do sofri-m ento dos trabalhadores, suas doenças e suas frustrações por não poderem desenvolver o seu trabalho e a sua inteligência com o desejariam (Silva, 2003).

É forte a ideologia da in evitabilidade das condições reais de trabalho. Ela se expressa pe-lo com portam ento que considera a tecnope-logia im utável e, portanto, acaba caindo num a prá-tica que encara como inevitáveis as más condi-ções de trabalho, pois elas são derivadas de uma tecnologia inexorável.

As condições em que a atividade de traba-lho é desen volvida con stituem a un idade de análise da abordagem proposta, pois exprimem de m odo determ in ado a sociedade de que faz parte, ou seja, é uma expressão histórica de uma sociedade determ inada, pois os seus atores di-retos são inseridos no ambiente de trabalho de form a desigual: desigualdade de acesso às in -form ações, im possibilidade de escolher a boa ferramenta, limitações na mobilização do cole-ga quando precisar, participação necole-gada na di-visão dos ganhos.

A m an eira de se organ izar u m trabalho é u m fator social determ in ado e determ in an te de uma lógica social. As condições de trabalho portam , en tão, as m arcas de um a relação de forças e dos valores da sociedade em que elas são geradas. Na atualidade, as relações de tra-balho são realizadas como relação entre um su-perior que naturalm entemanda, e um inferior, que por ser trabalhador e depender de um sa-lário, naturalm enteobedece. No espaço de tra-balho as diferenças biológicas, afetivas, cogniti-vas, culturais e as assim etrias delas resultantes são transformadas em desigualdades que refor-çam a relação m ando-obediência. Nesse espa-ço, o outro jam ais é reconhecido com o sujeito nem com o sujeito de direitos, jam ais é reconhe-cido com o subjetividade nem com o alteridade

(Chauí, 2001).

As con dições de trabalho revelam essa ló-gica social, pois são incom patíveis com as ne-cessidades e as diferenças entre os indivíduos. No exemplo das empresas de teleatendimento, a hierarquia despreza a necessidade humana de umidificar as cordas vocais num ambiente on-de a voz é meio (Vilela & Assunção, 2002).

Os futuros desenhos investigatórios

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assun-to de significativa relevância social sem pre es-teve presente na história da ciência ocidental, sobretudo no que se refere à busca de compre-ensão de fenômenos sociais que atingem grandes con tin gen tes popu lacion ais. A con flu ên -cia entre a medicina, a sociologia, a psicologia, a economia, entre outras, tem sido vital para a m elhoria das con dições de m an uten ção e re-produção da vida.

O m ovim en to social carece de fôlego para o enfrentamento ideológico necessário e solici-ta peças cien tíficas que viabilizem um debate sobre a saúde no trabalho, o qual se contrapo-nha ao m odelo do hom em -padrão inesgotável para dar conta das condições inevitáveis fruto de um a tecnologia im utável. O cam po saúde e trabalho se propõe a construir um conhecimen-to que respeite os seres hum an os e as realida-des com as quais eles se vêem confrontados, cri-ticando o conhecimento mutilado. Coloca-se o desafio de, ao se contrapor ao ideário que justi-fica a desigualdade nos espaços de trabalho, ex-plicitar os conhecimentos desenvolvidos pelos trabalhadores que viabilizem um a altern ativa de humanização do trabalho.

Os próximos anos exigirão a formulação au-tônoma de um saber e de uma estratégia coleti-va para transformar a percepção dos riscos, hi-persolicitação da voz, por exem plo, em ações preventivas (Gonçalves, 2003; Guedes, 2003). As ações preventivas visam incorporar os pon-tos de vista dos trabalhadores no planejamento da prevenção, como seria o caso dos motociclis-tas profissionais a fim de fazer valer os critérios das pessoas na identificação das situações noci-vas e n a con strução das pistas de tran sform a-ção (Diniz, 2002).

Na in vestigação das relações saúde-traba-lho em situações reais de trabasaúde-traba-lho, propõe-se evidenciar os sentidos latentes e a pluralidade de sen tidos: ver o m u n do dos trabalhadores por seus próprios olhos, parafraseando o lema fu n dam en tal da m odern a etn ografia. Lim a (2001) enfatiza que aprender a ver o mundo do trabalho pelos olhos dos trabalhadores n ão é uma atitude espontânea, sobretudo quando de

trata de profission ais já im pregn ados de pre-conceitos ideológicos, com formações e experi-ên cias que ten dem a afastá-los do m un do do trabalho e a contrapô-los socialm ente aos tra-balhadores, como é o caso de alguns engenhei-ros de seguran ça e os m édicos do trabalho. A m u dan ça de perspectiva deve ser con stru ída, segundo o autor, superando obstáculos arrai-gados no senso comum e nas visões de mundo hegemônicas.

A etnografia moderna nasce também dessa m udança de perspectiva, quando deixa de en -qu adrar ou tros povos e cu ltu ras n os padrões eurocêntricos.

Trata-se de com preen der a atividade por dentro, reconstituir a sua lógica em seu curso próprio de ação. A ergonomia, ao buscar o sen-tido do comportamento dos trabalhadores, per-mite o descentramento de perspectiva: colocar-se no lugar do outro, não m ais com o um princí-pio moral, mas baseado em observações objetivas do sentido subjetivo e de explicitação de razões razoáveis e intercomunicáveis”(Lima, 2001).

À luz das dem andas atuais, dos objetos ca-da vez mais complexos de nossas pesquisas cu-jos resultados foram apresen tados e da perti-nência da elaboração de argum entos sofistica-dos para gerar medidas preventivas, vislumbra-se ultrapassar a árdua tarefa de propor um mo-delo de investigação para as relações saúde-tra-balho, convocando um debate sobre a aborda-gem multidisciplinar ou, quem sabe, transdisci-plinar em nossa linha de pesquisa.

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Artigo apresentado em 16/8/2003 Aprovado em 20/11/2003

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