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Implicações éticas na assistência de enfermagem do paciente crítico.

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Academic year: 2017

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A RT I G O D E ATU A L I ZAÇÃO

I MP L lCAÇO ES ET lCAS NA ASSISTeNC IA D E EN F E R MAG EM DO PAC I E NT E C R li lCO

D u l ce Cristi na U nt i Noro nha)

A n a Cristina de Sá )

Edna Faria Ass i n j l

Márcia Cristi na d e A l me id a )

Castelo B ra nco)

NORONH A , D . C . V . e t a l i i . l mplicaçõ�s é ticas na a ssis­ tência de enfennagem ao paciente crítico. R ev. Bras. Enl, Brasília, 38(3/4) : 3 4 9-354, jul./dez. 1 985.

R ESUMO_ As a u toras abordam as i m p l i cações éticas na assistência de enfermagem ao pa­ cien te cr ítico em U n i dade de Terapia I ntensiva como: eutanásia, doação de órgãos para transp lante, manu tenção a rtificial da vida, ressuscitação, o dire i to do pacien te em deci dir sobre sua vida, experimentações e manuenção da privaci dade.

ABSTRACT. The authors descri e n ursing care ethical i mp lications in I CU to criticai pa­ tients I i ke euthanasia, transp lantation, l i fe-sustaining treatment, resuscitation, patient's right to decide to l ive or die, experiments and privacy .

I NTRODUÇÃO

Os tempos atuais caracterizam-se por profun­ das mudanças as quais sofrem uma aceleração constante e quase que virtiginosa no que diz res­ peito aos avanços técnico-cientíicos. Em noso meio, esses avanços ão facilmente notados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e Unida­ des de Transplante , onde nos deparamos com vá­ rios aparelhos que permitem a manutenção e o prolongamento da via e onde a tecnologia é das mais avançadas. B nesse mesmo ambiente que va­ mos encontrar os pacientes em estado crítico, ou seja, aqueles que têm abaladas de. forma intensa suas necessidades básicas.

Todos esses progresos foram possíveis a�ravés do homem e para ele. Em virtude deles, o homem também passou por profundas modiicações em suas condutas, sua maneira de pensar e até llemo em suas crenças, deixando por vezes de "enxer�ar" o ser humano como um t>do, com aspectos huma­ nos, éticos e religiosos, dando mais importância à

máquint do que ao próprio homem.

É nesse momento que surgem as preocupações com os assunt>s ligados à humanização, à Ética e à religiosidade .

Ao abordarmos o tema "Implicações Bticas na Assistência de Enfermagem ao Paciente Crítico", achamos por bem reairmar alguns conceitos

rela-cionados a ele :

gica: palavra qUe vem do grego ethos que sig­ niica "modo de ser" ou "caráter". É a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. B a ciência de uma forma específica do comportamento humano, a exemplo das diversas proissões. Alia a causa e a inalidade das ações em forma de nonas ou deveres. Portanto, ética é

também a ciência dos deveres. Os devlres norteiam o homem em sua trajetória existencial.

- Deveres: qundo o ser humano se apresenta sob as vestes de um proissional, OS deveres são norm�s ' de condua que orientam q exercício de suas atividades nas relações dos proissionais entre si, com seus clientes e com a comunidade. A

ciên-Enfcneiras do I Cursq de Aprimoramen to em UTI do Hospital das Clínicas de São Paulo.

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cia dos deveres, assim delimitados, tem o nome de Ética rofissional ou Deontologa (tratado dos de­ veres) (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMA­ GEM)! o.

Moral: a ética não cria a moral, apesar de de­ terminar princípios, normas e regras do comporta; mento. É uma abordagem científica dos problemas morais.

- Moral: é um conjunto de normas e regras destinadas a regular as relações dos indivíduos numa comunidade social dada.

- Moral Geral: estuda a atividade moral humana, as normas e os princípios fundamentais dos atos humanos.

- Moral Especal: aborda a aplicação dos princípios estudados na Moral Geral. Trata das de­ terminações concretas do atuar moral humano. Dentro da Moral Especial encontra-se a Moral ro­

fissonal, que estuda uma forma específica da moral.

- A to Moral: são atos humanos deliberada­ mente praticados, sem envolver situações puramen­ te instintivas.

Seredo rofissoal: baseia-se numa espécie de contrato entre o profissional e o paciente, onde este poderá depositar toda a coniança de que este segredo não erá revelado. A violação do segredo profissional implica na destruição de todo o rela­ cionamento proissional-paciente, exceto median te permissão ou quando o fato de não revelá-lo acar­ rete perigo para o indivíduo ou para a sociedade.

IMPLICAÇÕES ÉTICAS NA ASSISTÊNCIA AO PAC I E NTE C R ITICO:

PRIVACI DADE

O paciente tem ou não direito à privacidade quando em estado crítico?

Este é um questionamento que vem sendo bas­ tante discutido, dada a preocupação com a Huma­ nização nos hospitais.

Dentro do atual Código de Deontologia de En­ fermagem (CONSELHO FEDERAL DE ENFER­ MAGEM)! o nos deparamos com os seguintes ítens:

Capítulo 11: São everes do Enfermeiro: Artigo 89

IV - respeitar a vida humana desde a concep­ ção até a morte , jamais cooperando em ato em que voluntariamente se atente contra ela ou que

colo-3 , 0 -R'v. Bras. Enf, Bras1ia, 38( 3/4) , jul./dcz. 1 985

que em risco a interiade isica ou psíquica do ser humano ;

V - respeitar os valores culturais e as crenças religoas do cliente ;

VIl - respeitar o natural pudor e a intimida­ de do cliente ;

VIll - respeitar o direito do cliente de decidir sobre sua pessoa e seu bem-estar.

Entretanto, não raro dentro de UTls nos depa­ ramos com situações em que o enfermeiro foge to­ talmente aos precçitos éticos acima citados. As re­ postas mais freqüentes ao serem questionados quanto ao porquê desta atitude, são : "- Ora, para nós, profissionais da saúde , não existe pudor, des­ de que a vida seja salva." ou "- e o paciente qui­ ser sobreviver, terá que se submeter a tudo isso" e assim por diante .

Quanto ao item IV do Código (art. 89), subli­ nhamos "ato ( ... ) que coioque em risco a integri­ dade física ou psíquica do ser humano". Os proce­ dimentos em UTl são quase todos invasivos para o cliente . Assm que chega à unidade ele é cateteri­ zado por sondagem vesical, nasogástrica, endotra­ queal, venosa; moiütorzado; um aparelho respira por ele ; o enfermeiro e o médico pensm , agem e

decidem por ele.

Despojado até do direito de pensar, o pacien­ te, de uma maneira geral, somente tem uma opção : entregar-se . e tenta se comunicar, amarram suas mãos e o privam da consciência com sedativos: " ­ Ele está agitado, vamos sedá-Io !". Aqui, vemos também item VIII do artigo 89 do Códi�o sendo esquecido : "respeitar o direito do cliente de deci­

dir sobre sua pessoa e seu bem-estar". É preciso sa­ ber distinguir quando o paciente realmente está confuso e a restrição será uma forma de protegê,lo e quando este está apenas tentando se comunicar conosco. A empata é um instrumento que o enfer­ meiro poderá utilizar para saber diferenciar estas duas situações. Restringir o doente é uma atitude cômoda para a equipe de saúde, porém, bastante incômoda para o paciente.

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vista auditivo, do que está acontecendo ao lado. Muitas UTIs sequer possuem divisóias, icndo o cliente exposto aos demais pacientes que ali se en­ contram, independentemente de divisão por sexo e idade .

Os conceitos de nomalidade, moral, pudor, diferem de ndivíduo para ndivíduo , de acordo com eus valores culturais. Para alguns, o fato de terem suas partes pudendas expostas poderá não ser causa de constrangimento, entretanto, para outros, este fato poderá ser mais agressivo que um procedi­ mento técnico como ser aspirado, por exemplo .

Independentemente do fator cultural, cabe a nós e}fermeiros evitar que o paciente passe por essas situações embaraçosas. Podemos u tilizar biombos em UTIs abertas, pelo menos para separar os pacientes por sexo ou idade ; cobrir o paciente durante o banho no leito ; caso seja necessário dei­ xá-lo exposto, cobrir o esencial com compressas, enfin, tomar medidas simples e práticas que quase sempre nos "esquecemos" de utilizar.

A separação da família e do mundo exterior também atingem frontalmente a privacidade do paciente. Somos estranhos, num ambiente estra­ ho e com linguagem e procedmentos estranhos ao paciente. Nos hospitais norte-americanos e eu­ ropeus é comum se deixar junto ao leito do pacien­ te da UTI, fotos, cartões, etc., para não romper totalmente o v ínculo com a fam11ia. O momento da visita deve ser preservado, pois é o momento de maior privacidade do doente. Atuamos aí, orien­ tando previamente o familiar das limitações do cli­ ente como por exemplo, somente fzer perguntas cuja resposta possa ser sim ou não a pacientes en­ tubados.

Ainda como implicação ética ligada à privaci­ dade , não podemos nos esquecer que devemos "respeitar os valores religiosos do paciente" (item

V, art. 89 -Código de Deontologia) permitindo a

entrada na UTI do padre , pastor, pai de santo , es­ piritualista, etc., a fim de satisfazer necessidades religiosas afetadas do cliente, desde que estes res­ peitem o ambiente da UTI, evitando rituais que ex­ trapolem o regimento interno da unidade.

Podemos, após estas considerações, concluir que a privacidade é e deve ser um direito do clien­ te. Somente nos custará respeitá-lo utilizando a empatia, o bom seno e o Código de Deontologia de Enfermagem endo "gente que cuida de gente" e não máquinas que controlam uma coisa sem von­ tades e desejos chamada paciente.

A ATITUDE DA E N F E RMEIRA PERANTE O

PAC I ENTE TE RMINAL

A enfermeira freqüentemente repreenta o ele­ mento chave no tratamento de um paciente que está morrendo. Tanto o paciente como sua flmília nela procuram, com freqüência, apoio e assistên­ cia. Para que possa prestar os cuidados necessários de forma eiciente , é preciso que a enfermeira re­ formule alguns dos seus próprios sentimentos no

que diz respeito à morte , pois a sociedade bem

como antecedentes educacionais, são intensamente enfocados para a saúde e vida ; a proximidade da ocorrência da morte , entretanto, constitui uma situação difícil.

Há necessidade de manejamento e relexões sobre pontos de vista éticos sobre meios artificiais de manutenção da vida, eutanásia, privacidade ; pois constitui a maneira mais eiciente de com­ preender melhor, e de aprender a controlar emo­ ções pessoais. Em contrapartida, os profissionais que negligenciam a abordagem de eus sentimentos com referência à vida, ao processo de morte e à morte em si, não desenvolvem a capacidade de ana-lisar e encarar as necessidades dos padentes que e defrontam com a morte e , coneqüentemente, o paciente e eus familiares enfrentam sozinhos uma situação que , por suas próprias características, é muito desoladora.

Os ' proissionais da aúde atualmente estão sendo melhor conscientizados em relação aos senti­ mentos decorrentes da morte. A enfermeira deve­ rá utilizar todas as medidas de que dispõe, a m de que o paciente possa viver eus últimos dias dentro do mximo conforto e dignidade possíveis, livre d;

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ansiedade e dor, sem perder sua identidade, seu

sentimento de valor pessoal i sua ensação de po­

se. A atuação da enfermeira é, até certo ponto, res­ ponsável por essa maneira de viver essa última ex­

periência humana, zelando · pela paz; e dignidade

com que o paciente enfrentará a morte .

"A hora da morte é o momento em que de­ vemos er enfermeiras no sentido pleno, pois, é a hora da solidão , do abandono, onde toda a segu­ rança na vida desaparece. Um aperto de mão, uma palavra de conforto, uma oração ao lado de quem agoniza é o que podemos dar de mais belo e pre­ cioso" .

"Para nós é mais um cao, mas para o paciente

é a única vez que acontece e não e repete". (MARKl 2 .

E UTANAsIA; MANUTENÇÃO ART I F IC IA L DA V I DA; R EA N IMAÇÃO CA R D l O-R ESP I R ATÓ R I A

Sob o ponto de vista pluridimensional da vida humana, deve-se considerar que o processo de mor­ te não ocorre num só momento, mas em diversas fases, como a parada cardíaca, ntroduzindo a morte cl ínica ; a parada neurológica, introduzindo a perda da ensibilidade e relexos; a parada dos centros bulbares, introduzindo a morte real e a

autólie . dos tecidos, consumando a morte bioló­

gica.

Apesar das divergências entre os cientistas e a 'morte ocorre com parada cárdio-respiratória ou parada cerebral, a tarefa de precisar o momento da morte cabe ao médico. Enão , dentro da ética, a vida deve er respeitada, até que aconteçam as duas paradas: a cardíaca e a cerebral.

Os critérios utilizados para uma contatação de perda irreversível da totalidade funcional do cérebro , a partir de uma parada cerebral são os e­ guintes:

• dilatação completa das pupilas em ne­

nhuma resposta relexa à luz;

• auência total da respiração espontânea de­

pois que o respirador mecânico cessou por cinco minutos;

• queda contínua da pressão sangüínea, ape­

sar das does maciças de drogas vaso-ativas;

• traçado do eletroencefalograma (EEG) com

ona ioelétrica durante vários minutos. Esse conceito vem mudando as formas de conduta frente decisões de reanimação cá r­ dio-respiratória, manutenção de respiração mecânica e eutanásia, além de outras.

352 -Rev_ Bras. En., Brasília, 38(3/4) , jul./dez. 1985

O

entido etmológico da palavra euanásia é morte boa ou honrada. Atualmente , o significado prático é "abreviação da vida ou antecipação da morte, por algum dos eguintes motivos: inutilida­ de, sofrmento atroz, economia, ncurablidade, consentimento do doente".

Hoje em dia, a eutanásia vem sendo estudada ·

sob três aspectos diferentes: a euanásia positiva,

uma ação prática, visando tornar preente a morte

antes do que eria esperada; a eutaásia negativa,

que eria a omissão de ocorro ou cuidados que provavelmente prolongariam a vida do doente e a

distaásia, que é traduzida cno a prática que procura afastar o máximo possível a morte , através de métodos extraordinários para manter a vida de um enfermo, em esperança humana de recupe­ ração .

Diante desse problema tão ério, um conceito

deve er entendido e deve estar presente em nossas

mentes: todo homem tem direito a uma morte Im­ mana. Ninguém pode privar-se da mor te , mas an­

tes, deve er ajudado nesse momento , o qu esignifi­

ca, antes de tudo, o alívio do sofrimento dos doe n-tes, de forma que eles possam superar humana­

mente a última fase de suas vidas.· Isso significa,

dar-lhes a melhor assistência possível, incluindoa

administração de drogas que acalmem a dor ou an­ siedade , mesmo com o conhecimento que esse tipo de terapia possa levar à inconciência e abreviar a vida.

É l ícito também, frente à einência de uma

morte inevitável , apesar dos meios empregados, to­

mar a, decisão de renunciar a alguns tratamentos

que poderiam apenas proporcionar um prolonga­ mento precário e muitas vezes penoo da existên­ cia, porém, em interromper as curas normais dis­ pensadas ao doente, como por exemplo um pacien­ te que esteja endo mantido por respirador artii­

cial e apreente uma parada cardíaca, pode não er

atendlo, com manobras de reanimação, visto ser irrecuperável seu estado de enfermidade.

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A EXPER IMENTAÇÃO EM S E R ES V IVOS

Uma das características mais marcantes da Medicina Moderna é a de ela não se preocupar ape­ nas com o restabelecimento dos doentes, mas de dar sempre uma maior atenção às várias doenças. De medicina mermente terapêutica, ela passa a er também preventiva (profilática), endo para iso necessário lançar mão da experimentação.

É ponto pacífico que a toda experimentação em seres vivos, devem preceder a competência pro­ fissional, a consciência proissional, pesquisas em laboratório e testes feitos em animais; endo impe­ rativo para previnir doenças que um dia e chegue ao própio homem, entrando aí o problema moral. Devem ser distinguidos os vários tipos ou n í­ veis de experimentação :

• aplicação de qualquer medicamento ou in­ tervenção cirúrgica : há empre uma reação diversiicada para cada organimo, endo impossível de prevê-la, pois há a originali­ dade de cada indivíduo ;

• terapia combinada com pesquisa clínica: ao lado do medicamento e/ou tratamento co­ nhecido mas não totalmente eicaz, tenta­ -se aplicar outro medicamento e/ou trata­ mento, visando ampliar a margem de egu­ rança ;

• pesquisa clínica em pessoas sadias: o risco desse tipo do expermentação fazia com que a moral tradicional mantivesse-se bas­ tante intransigente diante da pesquisa pura: mente clínica, sem ins terap�uticos. Esse tipo de pesquisa deve visar o "bem total da pessoa humana" e não por mera curiosida­ de ou utilidade técnico-cientíica.

E esse "bem total da pessoa humana" deve ser bem compreendido, pois nada impede que uma pessoa e disponha livremente a assumir, em favor dos outros, riscos pro­ porcionais ao bem visado.

E o problema se coloca no "assumir livremen­ te um risco", pois o indiv íduo deve estar bem e s­ clarecido sobre os objetivos e riscos do empreendi­ mento (incluindo efeitos diretos e esperados, bem como efeitos colaterais não de todo previstos). E esse assumir livremente o risco exclui com certeza todo tipo de pressão, exibicionismo, ambição, re­ muneração, condição de prisioneiro , dependente ou mesmo um doente desenganado.

Normas éticas: considerando que para o pro­ gresso da Medicina é necessária a experiência,

in-clusive a pesquisa puramente clínica, foi aprovada pela Assembléia Médica Mundial a Declaração de Helsini, efetuada em julho de 1964.

DOAÇÃO DE Ó R GÃOS E TECI DOS

Os órgãos e tecidos do corpo são muitas vezes utilizados para transplantes, bem como para pes­ quisa médica e estudos. É necessária uma permis­ são legal para a remoção de partes do corpo tais como : o coração, o fígado, os olhos, os rins, a pele, o cérebro e os ossos.

A enfermeira deverá familiarizar-se com as leis locais que regem a permissão de transplantes, prin­ cipalmente se ela trabalha em locais onde se encon­ tram pacientes em tais condições, isto é , críticos, como nas UTIs, a fm de evitar o aborrecimento de uma possível ação legal.

Aspectos legais nos transplantes de órgãos: a lei que regulamenta os transplantes de órgãos é a ei Federal 5 .479 de 1 0 de agosto de 1 968 . .

No Brasil, essa é a única lei de que temos co­ nhecmento e que e relaciona à extirpação de ór­ gãos e transplantes. Sua intepretação é a seguinte :

- Pode a pessoa dispor sobre a extirpação de deteminado órgão ou tecido, após sua morte, a ser transplantado em outrem com inalidade terapêuti­ ca, a bem da ciência e da saúde daqueles que care­ çam de tal providência.

Entretanto , não assiste à fam1ia do morto o direito de contrapor-se ao cumprimento dessa von­ tade, desde que , por ato causa-mortis, a autoriza­ ção poderá constar de testamento, codicilo , decla­ ração de última vontade ou qualquer ouro ato au­ têntico.

- Na falta de manifestação a vontade do dis­ ponente, a permissão poderá er au torizada pelo cônjuge não-separado, e sucessivamente por des­ cendentes, ascendentes e colaterais, ou por corpo­ rações religiosas ou civis responsáveis pelo destino dos despojos . .

Para o transplante de cadáver é de responabi­ lidade médica a assinatura do "termo de autoriza­ ção" para a doação do órgão, cabendo à Enferma­ gem o controle do termo de doação. Deve-se ter também a assinatura do responsável pela doação inteiramente quiicado por documentação pes­ soal.

O paciente doador deve ter o EEG com inati­ vidade cerebral (isoelétrico), e mesmo assim ele deve ser confotado pela enfermeira até que ocor­ ra o transplante .

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Cabe também à enfeneira conversar com a fam1ia do paciente doador, mantendo-se na posi­ ção de neutralidade e abordando o aspecto de doa­ ção de deterinado órgão ou tecido, sem colocar em jogo sua opinião pessoal sobre o assunto_

CONCLUSÃO

Como se pode inferir do texto acma, concluí­ mos que há uma série de implicações é ticas que envolvem a atuação do enfermeiro e equipe, no que tange à assistência ao paciente crítico_ Btica é um assunto amplo que gera opiniões conlitantes na vida proissional. O "agir eticamente" do enfer­ meiro irá depender muito de sua formação moral, proissional e sua sensibilidade, lançando mão do Código de Deontologia, desde que o interprete, tendo em mente como objetivo primário, o bem­ -estar do próprio proissional e, principalmente, do paciente que está sob seu cuidado.

O objetivo deste trabalho foi o de analisar as situações que envolvem a Btica no seu lado prático e. comum ao nosso dia-a-dia dentro das UTls. Espe­ ramos que os colegas enfeneiros utilizem este estudo como início para uma discussão mais ampla dos tópicos abordados e , a partir de então , relitam sobre sua atuação até aqui e o que se poderá fazer para melhorar a assistência ao paciente crítico dentro dos preceitos éticos.

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